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Transcrição

1 PARECER Ementa: Exigência de documentação de regularidade fiscal perante o INSS e FGTS em contratos com a Administração Pública. Necessidade. ENTIDADE INTERESSADA: Secretaria de Administração e Tesouraria Municipal. 1 - RELATÓRIO Trata-se consulta feita pela Secretaria de Administração e pela Tesouraria Municipal, em nome de seu Secretário e Tesoureira, para se manifestar acerca da obrigatoriedade de exigência das certidões de situação perante o INSS e o FGTS quando na assinatura de contrato, no recebimento das notas fiscais e faturas e da efetivação de pagamentos a fornecedores contratados pelo poder público. Sabe-se que a máquina administrativa pública requer cuidados especiais nos pagamentos das obrigações contratuais, principalmente, em razão do cumprimento rigoroso às normas que regulamentam as relações de particulares com o poder público. Daí a preocupação natural advinda dos órgãos e entidades, relacionada, principalmente, em razão de pressões exercidas por prestadores de serviços ou de fornecedores da Administração Pública Municipal, que buscam maior celeridade e menor burocratização no trato com os despachos que tratam da contratação, liquidação de despesas e o conseqüente pagamento. Neste pronunciamento, embasaremos a Administração Municipal para que possa lidar com essas situações, sem subjugar-se a elas, abordando o assunto questionado e objetivando o respaldo da Entidade no questionamento proposto, fundamentando suas ações nas relações que mantém com os seus fornecedores. É o Relatório.

2 2- FUNDAMENTAÇÃO Garimpando os dispositivos legais regentes da Administração Pública que visam o atendimento da exigência de certificação de regularidade com o INSS e o FGTS, especialmente, em todas as fases do processo da despesa, seja nas compras de bens e/ou serviços, iniciando pela fase de habilitação dos participantes em certame licitatório, passando pela celebração do contrato, até sua execução, no acompanhamento da nota fiscal e/ou fatura e por ocasião do pagamento. 2.1: Na habilitação em certame licitatório: A Constituição federal dá o norte que deve permear as relações do Poder Público com o privado e proíbe, em seu art. 195, 3º, a contratação de pessoas jurídicas que se encontrem em débito com a Seguridade Social, in verbis: "Art A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes do orçamento da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios." O legislador foi intransigente e claro neste dispositivo constitucional, vedando aos que descumprirem essa norma de contratar com o poder público. Para o doutrinador Marçal Justen Filho, em seu livro "Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, a inabilitação de quem se encontre em situação de irregularidade fiscal deriva do risco de insolvência. Descumprir os deveres tributários atesta um indício de inidoneidade financeira, pois aquele que não pagou os tributos por falta de recursos, dificilmente poderá executar satisfatoriamente o contrato, por absoluta falta de meios financeiros.

3 Neste compasso, a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública, traz em seus art. 27 e 29 as exigências documentais relativas à regularidade fiscal para a habilitação nas licitações. Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a: IV - regularidade fiscal. Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal, conforme o caso,consistirá em: IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei. No mesmo diapasão, a Lei Federal nº 8.036, de 11 de maio de 1990, que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, exige a comprovação de regularidade perante o FGTS, conforme abaixo: 2.2: Do contrato e sua execução: Art. 27. A apresentação do Certificado de Regularidade do FGTS, fornecido pela Caixa Econômica Federal, é obrigatória nas seguintes situações: a) habilitação e licitação promovida por órgão da Administração Federal, Estadual e Municipal, direta, indireta ou fundacional ou por entidade controlada direta ou indiretamente pela União, Estado e Município; A lei 8666/93, em seu artigo 55, XIII, elenca as obrigações do contratado durante toda a execução do contrato: Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam: XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação. Corroborando com a matéria, o art. 2 da Lei Federal 9.012, de 30 de março de 1995, que proíbe as instituições oficiais de crédito de conceder empréstimos,

4 financiamentos e outros benefícios a pessoas jurídicas em débito com o FGTS, traz em seu bojo vedações específicas, conforme detalhamento abaixo: As pessoas jurídicas em débito com o FGTS não poderão celebrar contratos de prestação de serviços ou realizar transação comercial de compra e venda com qualquer órgão da administração direta, indireta, autárquica e fundacional, bem como participar de concorrência pública. Assim, podemos afirmar que em todas as fases da despesa faz-se necessária a exigência de prova de regularidade com o INSS e o FGTS. Para se efetuar o pagamento dos fornecedores, é imprescindível a exigência da apresentação de Certidões Negativas de Débitos com o FGTS e com o INSS, mesmo que já tenham sido apresentadas em outras fases da relação contratual, por imperativo legal. Como conseqüência, se a certidão já expirou, deve ser renovada e apresentada novamente, servindo como documento probatório para demonstrar a regularidade fiscal perante o Poder Público. Atente-se para o fato de que caso a empresa mantenha suas obrigações tributarias em dia, não encontrará óbice na expedição de referidas certidões, uma vez que, com a evolução vivida pelos meios tecnológicos, tais documentos são expedidos virtualmente, pela internet. Ademais, o fornecedor ou contratado deve encarar esse posicionamento com naturalidade e como seu dever obrigacional, vez que a comprovação da regularidade perante a Administração é um ônus que decorre de normas tributárias específicas previstas no Ordenamento Pátrio. Atente-se também, a condição de resguardar a Administração que pode ao ser condizente, figurar na condição de responsável solidário pelos encargos do contratado durante o contrato, conforme previsão textual na Lei de Licitações, in verbis: Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.

5 3- CONCLUSÂO 2o A Administração Pública responde solidariamente com o contratado pelos encargos previdenciários resultantes da execução do contrato, nos termos do. art. 31 da Lei 8212, de 24 de julho de Diante do exposto, conclui-se que a apresentação das certidões de prova de regularidade perante o INSS e o FGTS, especialmente, deve ser exigida em todas as fases da despesa de forma intransigente, visando o efetivo cumprimento dos objetivos perseguidos pelas normas que o legislador infraconstitucional desejou empregar a questão. Cabe a Administração não se constranger às pressões de que tal procedimento é protelatório, burocrático ou similar. São relativamente freqüentes as inconformidades com as exigências legais de regularidade fiscal para a prática de certos atos jurídicos. Quem contrata com a Administração Pública deve sempre estar ciente da sua obrigação de manutenção em dia da regularidade documental, inclusive, para fazer jus ao recebimento dos valores contratados. Assim, quando a fatura for apresentada, cabe ao fornecedor de bens e serviços o dever de exibir as certidões atualizadas, conforme exigências legais acima. É o parecer, S.M.J.. Ituaçu, Bahia, 01 de dezembro de 2010 Eduardo Moraes Pires - Assessor Jurídico do Município - Paulo Oliveira Araújo - Controlador Interno

6 José Marcos Oliveira Lopes - Assessor Contábil -