Assunto: Análise do Contrato de Compra de Energia Regulada e de Uso do Sistema de EMENTA:

Transcrição

1 Parecer nº. 49/2017 NAJ/SEJEL Processo Administrativo: 2017/ Interessado: Centrais Elétricas do Pará S/A. Assunto: Análise do Contrato de Compra de Energia Regulada e de Uso do Sistema de Distribuição. EMENTA: Direito. Administrativo. Análise dos elementos formais imprescindíveis à edição do ato administrativo de reconhecimento de dispensa de licitação. Contratação direta. Fornecimento de energia elétrica pela Centrais Elétricas do Pará S/A. - CELPA. Possibilidade legal. Recomendações necessárias. Arts. 24, inciso XXII e 26, parágrafo único, ambos da Lei n.º 8.666, de 21 de junho de Trata-se de contrato a ser firmado entre a CELPA - Centrais Elétricas do Pará S/A e a Secretaria de Esporte Juventude e Lazer - SEJEL, para Compra de Energia Regulada CCER e Uso do Sistema de Distribuição - CUSD. A Distribuidora é a concessionária de serviço público de distribuição de energia elétrica, usuária de Rede Básica, que opera e mantém os Sistemas de Distribuição. Tem por objeto regular as condições, procedimentos, direitos e obrigações de ambas as partes em relação ao uso do Sistema de Distribuição, observando a demanda. Tal como, o Contrato de Compra de Energia Regulada, tem por objeto regular a compra e venda de energia Elétrica no ambiente de Contratação Regulada ACR, a ser disponibilizado pela Distribuidora à SEJEL no ponto de entrega, durante o fornecimento destinado exclusivamente ao atendimento da Unidade Consumidora, nos termos e condições previstos no contrato, e observados o disposto na legislação e regulamentação aplicável.

2 O acesso aos sistemas elétricos baseia-se nas leis n.º 9.074/95, 9.648/98, n.º /02 e n.º /04. Tal como, nos Decretos n.º 2.003/96, n.º 4.562/02 e n.º 5.163/05, e nas Resoluções da ANEEL n.º 414/2010 e 506/2012, e demais legislações pertinentes. Assim, a conexão e o uso do Sistema de Distribuição são garantidos a SEJEL, e contratados separadamente da energia elétrica. A área técnica da SEURB/UGE da Prefeitura de Belém, justifica a contratação direta da Centrais Elétricas do Pará S/A, para fornecimento de energia elétrica da seguinte forma: Após análise técnica estamos devolvendo contratos para assinatura, visto que nenhuma irregularidade foi encontrada Registramos aqui que não consta nos autos a minuta do contrato para análise jurídica, nos termos do art. 38, Parágrafo Único da Lei no 8.666, de 1993 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos). No entanto, informação não constante nos autos, é de que a SEJEL anteriormente firmou ajuste com a Centrais Elétricas do Pará S/A, sem a necessidade de contrato administrativo, nos termos do art. 62, 2 o, da Lei no 8.666, de A Diretoria Administrativa e Financeira informou no processo, que há previsão e disponibilidade orçamentária para a contratação da despesa prevista, senão vejamos: Órgão: 2.16 SECRETARIA MUNICIPAL DE ESPORTE JUVENTUDE E LAZER. Unidade: 21 SECRETARIA MUNICIPAL DE ESPORTE JUVENTUDE E LAZER. Projeto/Atividade: Sub-Ação: 001. Tarefa: 001. Categoria Despesa OUTROS SERVIÇOS DE TERCEIROS PESSOA JURÍDICA. Fundo Financeiro: 999 APLICAÇÕES GERAIS Fonte: RECURSO DO TESOURO MUNICIPAL. É O RELATÓRIO. Estabelece o art. 37, inciso XXI, da Carta Magna, a obrigatoriedade de realização de procedimento licitatório, para contratações feitas pelo Poder Público. No entanto, o próprio dispositivo constitucional reconhece a existência de exceções à regra, ao efetuar a ressalva dos casos especificados na legislação, quais sejam a dispensa e a inexigibilidade de licitação.

3 Sendo assim, o legislador Constituinte admitiu a possibilidade de existirem casos em que a licitação poderá deixar de ser realizada, autorizando a Administração Pública a celebrar, de forma discricionária, contratações diretas, sem a concretização de certame licitatório. A dispensa de licitação é uma dessas modalidades de contratação direta. O art. 24, da Lei no 8.666, de 1993 elenca os possíveis casos de dispensa, especificando em seu inciso XXII que é dispensável a licitação quando da contratação de fornecimento de energia elétrica, in verbis: Art É dispensável a licitação: XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica; (Grifado). Contudo, o art. 26, Parágrafo Único da Lei de Licitações, exige que os processos de dispensa de licitação sejam formalizados com os elementos requeridos pelos incisos I a IV, no que couber. No caso específico, temos: a) razão da escolha do fornecedor ou executante (inciso II); e b justificativa do preço (inciso III). No que respeita ao requisito da escolha do fornecedor nos parece, salvo melhor juízo, que fica caracterizado, haja vista tratar-se de fornecedor concessionário ou permissionário, onde não haveria alternativas de fornecimento de energia elétrica. Para cumprimento do requisito de justificativa de preço, entendemos desnecessária qualquer tentativa no sentido da comprovação da sua compatibilidade, com os de mercado, na medida em que se trata de tarifas preestabelecidas, que são cobradas de todos os usuários dos serviços. Não pode ser olvidado, ainda, que nos termos do art. 26 da Lei no 8.666/93, os casos de dispensa de licitação previstos a partir do inciso III do art. 24 devem ser, necessariamente, justificado se comunicados dentro de três dias à autoridade superior, para ratificação e publicação na Imprensa Oficial, no prazo de cinco dias, como condição para eficácia dos atos. Por outro lado, a Lei de Licitações deu contornos distintos aos contratos em que a Administração Pública é contratante, e em que é mera usuária de serviço público. Nessa hipótese, as regras pertinentes são ditadas pelo concessionário, permissionário, sem sujeição a algumas regras da Lei referida. É nesse sentido, o comando do art. 62, 3 o, da lei no 8.666, de 1993, in verbis: Art. 62. (...)

4 3 o Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei e demais normas gerais, no que couber: I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação em que o Poder Público seja locatário, e aos demais cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por norma de direito privado; II- aos contratos em que a Administração for parte como usuária de serviço público. É preciso ter em conta que, nos casos de contratação de fornecimento de energia elétrica, a Administração figura como contratante. É usuária do serviço público prestado, sujeitando-se, pois, às condições impostas pelo concessionário ou permissionário. Não pode aqui utilizar-se de seu poder de império. Fica, pois, sujeita às mesmas condições contratuais, previstas para o usuário comum. Quanto ao contrato, o procedimento normal da Administração é aderir à minuta padrão do contrato para o fornecimento de energia elétrica da Centrais Elétricas do Pará S/A, com observância do disposto do art. 55 da Lei no 8.666, de 1993, que trata das cláusulas essenciais em todo contrato administrativo. Necessário, esclarecer que, por força do princípio da indisponibilidade do interesse público, a Administração deve agir com prudência e cautela, sempre com o intuito de resguardar o interesse público. Assim, ainda que a Administração dispense o instrumento próprio e típico de contrato, não pode dispensar as precauções fundamentais para resguardar o interesse público, prescrevendo os deveres e responsabilidades dos contratantes, nos moldes estatuídos nos incisos do artigo 55 e conforme determina o art. 62, 2 o, ambos da Lei no 8.666, de Portanto, percebe-se que os dispositivos acima transcritos autorizam a SEJEL contratar, com dispensa de licitação a concessionária de energia elétrica Centrais Elétricas do Pará S/A. Ressaltamos, contudo, a necessidade de a Diretoria Administrativa e Financeira solicitar a apresentação da documentação exigível, no que concerne ao caso em apreço. Tal como preceitua o artigo 29 da Lei de 21 de junho de 1993, e incisos transcritos abaixo: Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal, conforme o caso consistirá em: I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);

5 II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual; (grifo nosso) III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei. As cláusulas contratuais estão em consonância com a legislação em vigor, sobretudo em observância com a lei 4.320/64 e as normas das relações de consumo, motivo pelo qual aprovo o contrato. Nos termos do artigo 6º, III e VII, da Resolução /TCM-PA DE 01 DE JULHO DE 2013, devem ser publicados também no Mural de licitações do TCM, na mesma data da publicação no Diário Oficial do Município, o termo de dispensa e o extrato do contrato. Com relação aos elementos formais imprescindíveis à edição do ato administrativo de reconhecimento de dispensa de licitação, na contratação direta da Centrais Elétricas do Pará S/A, para o fornecimento de energia elétrica, ficou demonstrado que a referida empresa satisfaz os requisitos exigidos pela legislação pertinente. Portanto, opina-se pela assinatura dos contratos, e a respectiva contratação com dispensa de licitação, nos termos do artigo 24, inciso XXII, da Lei 8666/93, desde que atendidos os requisitos do art. 29 da Lei 8.666/93. É o Parecer S.M.J. Belém, 21 de novembro de Denis da Silva Farias Chefe do Núcleo de Assuntos Jurídico Mat