UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE SEDIMENTOLOGIA DEIVSON LUCAS DA SILVA SILVA
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- Guilherme Ximenes Brandt
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE SEDIMENTOLOGIA DEIVSON LUCAS DA SILVA SILVA SEDIMENTOLOGIA E ESTRATIGRAFIA DA SEQUÊNCIA TAIPUS- MIRIM NA PORÇÃO ONSHORE NA BACIA DE CAMAMU-BA. Salvador 2010
2 2 DEIVSON LUCAS DA SILVA SILVA SEDIMENTOLOGIA E ESTRATIGRAFIA DA SEQUÊNCIA TAIPUS- MIRIM NA PORÇÃO ONSHORE NA BACIA DE CAMAMU-BA. Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Graduação em Geologia, instituto de Geociências Universidade Federal da Bahia, com requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientador: Prof. Dr. Michael Holz Salvador 2010
3 3 TERMO DE APROVAÇÃO DEIVSON LUCAS DA SILVA SILVA (Bolsista PRH/ ANP/UFBA de Graduação em Geologia) SEDIMENTOLOGIA E ESTRATIGRAFIA DA SEQUÊNCIA TAIPUS-MIRIM NA PORÇÃO ONSHORE NA BACIA DE CAMAMU-BA. Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia. Comissão Examinadora: Roberto Rosa da Silva (Petrobras e UFBA) João Maurício Figueiredo Ramos (Petrobras) Michael Holz (Orientador/ UFBA) Salvador 2010
4 4 "Para realizar grandes conquistas, Devemos não apenas agir, mas também Sonhar; não apenas planejar, mas Também acreditar. Anatole France A Deus. A Minha Família. A Meus Amigos.
5 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por iluminar os meus passos e me guiar pelos melhores caminhos. A minha família que me deu apoio nessa jornada de lutar e dedicação, em especial aos meus pais Sonia Maria e Valter Santos, que sempre mim deram força nos momentos difíceis e no final vibrando com minhas vitórias. Ao meu irmão, Denis Matheus que esteve sempre do mau lado. Aos professores pelos ensinamentos, docentes como Haroldo Sá, Ângela, Tânia, Gisele, Aroldo Misi entre outros que contribuíram para minha formação acadêmica. Ao mestre Michael Holz, pela dedicação e paciência e conhecimento passado durante esse período de orientação. Aos meus amigos, Caio, Antonio Jorge, Karlos, Cleiton, Cleison, Mateus, Asafe, Danilo, Fabiane, Moises, Adriano, Eldes, Michele, Pank, Verônica, Carlinha, Antonia, Michel e tantos outros. Ao professor Sato que junto com Agência Nacional de Petróleo viabilizou o suporte financeiro, logístico necessário para a execução do trabalho.
6 6 RESUMO A Bacia de Camamu faz parte das bacias marginais brasileiras, está situada na faixa costeira do estado da Bahia, entre os paralelos 13 e 14 S, com uma área de Km². As lítologias presentes na área de estudo estão inseridas no Grupo Camamu, que é subdividida nas formações Taipus-Mirim, que foi depositado durante o Aptiano e a formação Algodões que foi depositado durante Albiano ao Cenoniano. Segundo Caixeta (2007), a formação Taipus-Mirim, é constituída por evaporitos e clásticos grossos (arenitos e conglomerados), e intercalações de folhelhos carbonáticos do Membro Serinhaem e os calcários, folhelhos e halita do Membro Igrapiuna. A Bacia de Camamu é dividida em trezes seqüências básicas (CAIXETA, 2007), tendo as seqüências que correspondem a formação Taipus-Mirim, que foi detalhada nesse estudo, é limitada na base pela discordância Pré-Alagoas e seu topo pela discordância correspondente a Formação Algodões. As Ilhas de Pedra Furada e Ilha Grande estão inseridas na formação Taipus-Mirim, e são compostas por cinco fácies sedimentares: i) conglomerados matriz-suportado; ii) arenito bioclastico; iii) arenito com wavy; iv) arenito médio a fino; v) lamitos. Todas as fácies são provenientes de canais fluvias e leques aluvias, que se depositaram durante a fase de extensão da bacia (rifte), durante o cretáceo. O presente trabalho tem por objetivo de apresentar os resultados da análise sedimentológica e estratigráfica da formação Taipus-Mirim contribuindo assim para elaboração de modelo deposicional. Palavras-chaves: Sedimentologia, Estratigrafia de Seqüências, Discordâncias e Fácies.
7 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA JUSTIFICATIVAS DO TRABALHO OBJETIVOS OBJETIVO ESPECIFICOS LOCALIZAÇÕES E VIAS DE ACESSOS METODOLOGIA ETAPA PRÉ CAMPO Levantamento Bibliográfico Sensoriamento Remoto Bases Cartográficas ETAPA DE CAMPO Descrição e Classificação de Fácies Construção de Foto-Mosaico e Perfis de Afloramento Analise Estrutural ETAPA PÓS CAMPO Integração dos Dados GEOLOGIA REGIONAL FASE PRÉ-RIFTE FASE RIFTE FASE PÓS-RIFTE ARCABOUÇO ESTRUTURAL COMPARTIMENTAÇÃO LITOESTRATIGRÁFICA Embasamento Cristalino Formação Afligidos Grupo Brotas Formação Aliança Formação Sergi Formação Itaípe Grupo Almada
8 Formação Morro do Barro Formação Rio de Contas Grupo Camamu Formação Taipus-Mirim Formação Algodões Grupo Espírito Santo ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS INTRODUÇÃO FATORES CONTROLADORES Variação Eustática do Nível do Mar Tectônica Aporte Sedimentar Clima CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS Acomodação Nível de Base Variação Relativa do Nível do Mar Trangressão-Regressão Normal-Regressão Forçada Padrão de Empilhamento Estratigráfico Superfície da Estratigrafia de seqüências Discordância Subaréa-DS Superfície Basal da Regressão Forçada ESTRATIGRAFIA DE SEQÜÊNCIAS DA BACIA DE CAMAMU Supersequências Paleozóicas Seqüências Permianas SUPERSEQUÊNCIAS PRÉ-RIFTE Seqüências A (J20-K05) SUPERSEQUÊNCIAS RIFTE Seqüências A (K10-K20) Seqüências A1 (K30) Seqüências A2 ( K40)
9 9 5.4 SUPERSEQUÊNCIAS PÓS-RIFTE Seqüências B (K50) SUPERSEQUÊNCIAS DRIFTE Seqüências C ( K60-K84) Seqüências D (K86-K90) e D1 (K100-K130) Seqüências E (E70-N10) e E1 (N20-N50) Seqüências N ANALISE FACIOLÓGICA E PETROGRÁFICA DA ÁREA DE ESTUDO AFLORAMENTOS DAS ILHAS DE PEDRA FURADA AFLORAMENTOS DE ILHA GRANDE MODELO DEPOSICIONAL CONCLUSÃO REFERÊNCIAS ANEXOS
10 10 LISTA DE FIGURAS Figura1-Mapa de localização e vias de acesso da Ilha de Pedra Furada e Ilha Grande localizada a 8 km da sede municipal de Camamu-Ba Figura 2- Imagens de satélite relativa á carta SD-24-V-D-VI da região NE da bacia de Camamu- BA. Em destaque área de estudo Figura 3 Reconstrução tectônica das bacias sedimentares na configuração pré-deriva continental Figura 4- Mapa esquemático apresentando a junção tríplice de Salvador, que gerou o sistema de bacias rifte de Camamu-Almada, Jacuípe, Recôncavo, Tucano, Jatobá, Sergipe-Alagoas e seus correlatos africanos Figura 5- Modelo de evolução da margem brasileira com seus respectivos estágios, litológias e fatores principais Figura 6- Coluna estratigráfica generalizada da Bacia de Camamu Figura 7- Figura mostrando as seqüências deposicionais de 2ª ordem para as fases pré-rifte e pósrifte, e seqüências de 3ª ordem para a fase rifte de Camamu-Almada Figura 8- Mapa estrutural da região de Camamu-Ba, mostrando os seus principais domínios estrutural Figura 9- Carta cronoestratigráfica da Bacia de Camamu Figura 10- Fatores controladores das variações dos estratos e da distribuição de litofácies em bacias sedimentares: variação eustática, subsidência tectônica, volume de sedimentos Figura 11 Figura esquemática demonstrando a relação entre nível do mar, nível eustático e espaço disponível para acumulação de sedimentos Figura 12 - Esquema ilustrativo de transgressão e regressão marinha Figura 13- Carta cronoestratigráfica da Bacia de Camamu Parte I Figura 14- Carta cronoestratigráfica da Bacia de Camamu Parte II Figura 15: Sequências K40, mostrando o seu padrão de empilhamento Figura 16- Imagem de satélite CBERS-2b, mostrando os afloramento de Ilha Grande que ficam cerca de 9 km de distância da sede municipal de Camamu Figura 17- Modelo deposicional da área de estudo Figura 18- Perfil de raio gama e resistividade mostrando as principais fácies do poço 1-BAS
11 11 LISTA DE FOTOS Foto 01-Fotomosaico dos afloramentos localizados na Ilha da Pedra Furada, mostrando as principais características da ilha que está cerca de 8 km da sede municipal de Camamu. Coordenadas / Foto 02-Conglomerado matriz-suportado, com clastos angulosos e subangulosos, mal selecionados, localizados na Ilha de Pedra de Furada. Com coordenadas / Foto 03 Afloramento localizado na Ilha de Pedra Furada, mostrando os conglomerados matrizsuportados. Com coordenadas / Foto 04- Conglomerado matriz-suportado, apresentando os seixos angulosos e subangulosos e mal selecionado. Coordenadas / Foto 05- Afloramento localizado na ilha de Pedra furada, apresentando uma coloração amarelada e com contatos curvos com as fácies sobrepostas. Encontra-se cerca de 8 km da sede municipal de Camamu.Coordenadas / Foto 06 Afloramento com baixa a média intensidade intempérica, composta por minerais de quartzo, fragmentos de rochas e alguns minerais pesados. Localizado na ilha de Pedra Furada com coordenadas / Foto 07-Afloramento apresentando estruturas de deformação, onde se observa a formação de estruturas de pseudonódulos. Com Coordenadas / Foto 8 - Arenitos finos, apresentando uma coloração amarelada a esverdeada, com baixa intensidade intemperica,composta por minerais de quartzo, mica branca, ilmenita. Com coordenadas / Foto 09 - Arenito fino mostrando estruturas do tipo de wavy, formada por fluxos de ondas. O afloramento encontra-se cerca de 1 km da ilha de Pedra Furada, com coordenadas / Foto 10- Arenito deformado, mostrando algumas fraturas e dobras, devido a sua capacidade rúptilductil.coordenadas / Foto 11 - Arenito mostrando estrutura de carga, devido á deposição de uma camada mais densa sobre uma camada mais plástica.coordenadas / Foto 12- Lamitos apresentando uma coloração esverdeada, com baixa intensidade intempérica, composta por minerais de quartzo, mica branca e muscovita. Coordenadas /
12 12 LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS Fotomicrografia 01: Contato curvo e ondulado entre os grãos de quartzo, matriz fina. Ocular 10X, objetiva 2,5X, nicois cruzados Fotomicrografia 02: Lamina composta, matriz calcitica composta por quartzo, mica branca e calcita.ocular 10X, objetiva 2,5X, nicois cruzados Fotomicrografia 03: Lamina composta, dolomita, e cimento esparito.ocular 10X, objetiva 2,5X, nicois cruzados LISTA DE TABELAS Tabela 1 Fácies identificadas durante os trabalhos de campo e sua interpretação. Seguindo a proposta de Miall (1996) Tabela 2: Modelo interpretativo de preenchimento da bacia
13 13 1 INTRODUÇÃO Por muito tempo definiu-se a estratigrafia como apenas a ciência de estratos, entendendo-se por estrato uma camada de rocha sedimentar. O seu desenvolvimento acentuou-se no início do século passado, na década de 30, com o progresso da indústria do petróleo. Ao longo dos anos, vem se tornando cada vez mais aperfeiçoada com a utilização de novas ferramentas que lhe permite uma maior precisão nas informações obtidas. No inicio dos anos 70, a sísmica ganhou um grande impulso com a indústria do petróleo, nesse período se desenvolveram técnicas de sísmica digital, que passaram a ser uma ferramenta indispensável para a prospecção e interpretação dos novos plays exploratórios. Segundo Della Fávera (2001), a estratigrafia de sequências é o estudo de relações de rochas sedimentares dentro de um arcabouço cronoestratigráfico de estratos relacionados geneticamente, o qual é limitado por superficies de erosão ou não-deposição, ou por suas concordâncias relativas que derivam basicamente da sismoestratigrafia. Durante muitos anos, foi reconhecido que o registro estratigráfico tem como mecanismos controladores a tectônica global e as mudanças do nível do mar. Um dos primeiros trabalhos apresentados sobre a estratigrafia de sequências foi realizado em 1949 por Sloss, onde se fez um estudo sobre a distribuição do espaço-temporal das rochas sedimentares sobre o cráton da América do Norte. O conceito de Sloss de correlacionar e delimitar as seqüências e discordância ajudou a revolucionar o estudo da geologia sedimentar. Depois de alguns anos, os geólogos da EXXON (Vail et al., 1977), com base em seus estudos, estabeleceram seqüências básicas e modelos estratigráficos que forneceram informações para a descrição das geometrias deposicionais e suas relações cronoestratigráficas, ajudando assim a constituir a base da estratigrafia de sequências atual (Wilgus et al,1988). Muito antes do conhecimento e do aperfeiçoamento da estratigrafia de sequências havia a necessidade da descoberta de petróleo nas bacias marginais brasileiras, impulsionado pelas necessidades dos derivaldos de petróleo após a revolução industrial. As atividades exploratórias na bacia sedimentar de Camamu iniciou-se com a perfuração de quatro poços estratigráficos terrestres rasos na Ilha de Itaparica e nos arredores da Baía de Camamu entre 1922 e A partir de 1970, as atividades exploratórias foram direcionadas principalmente para a plataforma continental. As descobertas da bacia em terra são: Morro do Barro (gás/óleo), Jiribatuba (óleo) e cinco acumulações marítimas. Que são representadas pelos campos Manati (gás/óleo), Sardinha (gás/óleo) e Pinaúna.
14 14 As pesquisas exploratórias que levaram a estas descobertas ampliaram o conhecimento da evolução geológica desta bacia e das bacias marginais semelhantes. A Bacia de Camamu contém algumas acumulações de óleo e gás em terra e no mar, todas consideradas como originadas a partir das rochas geradoras lacustres eocretáceas da Formação Morro do Barro (Gonçalves, 2000). Segundo Born (2009) a Bacia de Camamu é classificada com uma bacia geotectônica do tipo rifte, sendo uma região que se têm ainda muitas informações do sistema petrolífero em aberto. 1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA Poucos trabalhos a respeito da estratigrafia de seqüências da Bacia de Camamu foram realizados, necessitando de estudo mais apropriados a respeito dos principais sistemas deposicionais, e uma melhor definição das suas sequências e hirarquias. Permitindo assim, entender com uma maior definiçãos, os principais análogos de reservatórios e as suas unidades de fluxo. A escassez dessas informações se da em função de poucos afloramentos expressivos na parte onshore. Além disso, nessa bacia, se faz necessário de um estudo mais apropriado da estratigrafia de seqüências, da sismoestratigrafia e da e análise de poço, que favorecem um estudo mais especifico utilizando para isso ferramentas mais apropriadas. 1.2 JUSTIFICATIVAS DO TRABALHO Este estudo visa definir e caracterizar a sedimentologia e a estratigrafia de seqüências da região de Camamu-BA, e com isto, ampliar os conhecimento sobre as fácies e os processos sedimentares, colaborando para uma melhor compreensão dos principais sistemas deposicionais. Cada vez mais a indústria do petróleo busca informações e conhecimentos específicos que contribuem no detalhamento litoestratigráficos das bacias sedimentares, favorecendo com maior precisão as descobertas de novos campos petrolíferos. Para isso, utilizam-se ferramentas como: estratigrafia de seqüências, sismoestratigrafia, perfilagem geofísica, além da análise de afloramentos. Esta ultima pode auxiliar numa ligação entre
15 15 as ferramentas de engenharia de reservatório e o conhecimento geológico, assim, permitindo o planejamento e previsão do comportamento futuro de campos petrolíferos. 1.3 OBJETIVOS Objetivos Específicos Pretende-se com este trabalho: obter um maior detalhamento do conhecimento geológico e petrográfico acerca da Formação Taipus Mirim; um maior detalhamento sobre as seqüências deposicionais, referente á Fm. Taipus-Mirim; uma caracterização dos principais sistemas deposicionais; elaboração de um modelo deposicional. 1.4 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E VIAS DE ACESSOS O Município de Camamu localiza-se na Costa do Dendê, litoral Sul do estado da Bahia. A área de estudo fica cerca de 8 km de distância da sede municipal de Camamu, em duas localidades conhecida como Ilha da Pedra Furada e Ilha Grande. A melhor maneira de acessar a área é partir de Salvador para a região de Camamu utilizando-se a BR-324 (que liga Salvador a Feira de Santana), depois segue pela BR-101(que liga Conceição de Jacuipe a Cruz das Almas) e a BR-420 (que liga Santo Antonio de Jesus a Camamu) chegando-se assim na BA-001 que liga Salvador a mesma. Outra opção de acesso é sair de Salvador utilizando o terminal de ferry-boat com destino para Bom Despacho em seguida segue pela estrada que liga Bom Despacho a cidade de Nazaré. Chegando a Nazaré segue-se para sul pela BA-001 até chegar a Camamu. Depois que chegar em
16 16 Camamu utiliza-se de transporte por barco que pode ser locado no terminal marítimo de Camamu para que se possa chegar nas Ilhas denominadas de Pedra Furada e Ilha Grande (Figura 1). Camamu Figura 1 -Mapa de localização e vias de acesso da Ilha de Pedra Furada e Ilha Grande localizada a 8 km da sede municipal de Camamu-Ba. Fonte: Base SEI 2008.
17 17 2 METODOLOGIA A metodologia implementada foi divididas em três etapas: 2.1 ETAPA PRÉ-CAMPO Levantamento Bibliográfico Nesta fase foram realizados uma série de estudos bibliográficos sobre Bacia de Camamu, assim como as demais bacias marginais brasileiras, revisando os trabalhos publicados através de artigos, teses, projetos, livros e outros, além de uma maior revisão conceitual, referente à Formação Taipus-Mirim que pertence ao intervalo da fase rifte da bacia Sensoriamento remoto Para essa etapa foram utilizados diferentes tipos de imagens que foram obtidas por sensores remotos, buscando maiores detalhes a respeito das características de relevos, vegetação, dados estruturais, vias de acesos e outros, todas as imagens foram georreferenciadas e integradas em ambiente SIG, no programa Spring 5.1.5, onde foi possível á elaboração de mapas temáticos. As imagens utilizadas foram: Imagens CBERS 2B Estas imagens foram obtidas através do site da INPE ( com uma câmera de alta resolução CCD possuindo cinco faixas espectrais (5 bandas), com faixa de 113 Km de largura, com uma resolução de 20m. Essas imagens foram descarregadas e tratadas gratuitamente no programa Spring 5.1.1(32 Bits) onde passaram por tratamentos de imagens para que pudesse ter uma melhor visibilidade, podendo assim extrair um maior numero de informações da mesma. Foi
18 18 feitas composição coloridas RGB (Red-Green-Blue) com as bandas 2,3,4. Para que a partir daí pudesse extrair dados a respeito da geomorfologia como: padrão de drenagem, relevo, vegetação, localidades, tipos de contatos, delimitação do embasamento e outros (Figura 2). Figura 2 - Imagens de satélite CBERS_2b relativa á carta SD-24-V-D-VI da região NE da bacia de Camamu- BA.Em destaque área de estudo. Fonte: INPE, 2010.
19 Bases Cartográficas. As bases cartográficas utilizadas foram a SD-24-V-D na escala de 1: , que corresponde a carta topográfica de Ituberá e Velha Boipeba, que é obtida a partir do site do IBGE, onde foram lançadas gratuitamente no programa Spring Essas bases serviram para a obtenção dos mapas temáticos de localização e vias de acessos ETAPA DE CAMPO. As etapas de mapeamento e a amostragem foram realizadas em missão de campo visando checar as diferentes fácies, através das análises sedimentológicas e estratigráficas. Os melhores afloramentos foram encontrados no litoral de Camamu, especificamente nas ilhas de Pedra Furada e Ilha Grande, cujo acesso foi feito de lancha, nos períodos de maré baixa, quando os afloramentos estão mais expostos podendo-se fazer uma melhor descrição macroscópica, além de boas coletas de amostras que foram georeferenciadas Descrição e Classificação de Fácies A partir das características macroscópicas observadas em campo como: maturidade textural (tamanho dos grãos, arredondamento e selecionamento), composição mineralógica, conteúdo fossilífero, estruturas sedimentares, além das características estruturais presentes, foi possível a diferenciação de algumas fácies sedimentares, o estudo dessas fácies levou a determinação dos principais processos sedimentares que atuaram na origem dos depósitos estudados.
20 Construção de Foto-mosaico e Perfis de Afloramentos A obtenção das fotos tirada em campo possibilitou a elaboração de um foto-mosaico, onde se fez necessária da utilização de programas adequados para sua construção. Essas fotos foram tiradas a uma distância considerável dos afloramentos, para que a escala permanecesse a mesma, enquanto que o perfil vertical foi obtido a partir da anotação das descrições faciológicas em fichas de afloramentos, onde se tem na parte horizontal os valores granulométricos e na parte vertical a espessura de cada camada Análise Estrutural Nesta fase foram obtidas algumas características estruturais da área de estudo, utilizando para isso a bússola. Onde se verificou o grau de basculamento das camadas, a presença de estruturas rúpteis (falhas e fraturas), estruturas sin-deposicionais (pseudo-nodulos e dobras convolutas) ETAPA PÓS-CAMPO Integração dos dados Essa etapa consiste na integração dos dados que foram obtidos durante as fases pré-campo, campo e pós-campo com intuito de fornecer maiores descrições a respeito das características observadas. Na fase pós-campo foi feito as descrições das laminas petrográficas das amostras coletadas na fase de campo, além da elaboração de modelo deposicional da área de estudo e a interpretação e intergração de todos os dados obtidos durante as três fases.
21 21 3 GEOLOGIA REGIONAL A Bacia de Camamu faz parte das bacias marginais brasileiras, está situada na faixa costeira do estado da Bahia, entre os paralelos 13 e 14 S, com uma área de Km², se considerada sua porção emersa e sua porção marinha até a cota batimétrica de (CAIXETA et al., 2007). A bacia pertence ao conjunto de bacias meso-cenozóicas da margem continental brasileira, o qual apresenta história evolutiva e composição estratigráfica comum umas às outras (Figura 3). No jurássico Superior desenvolveu-se na região nordeste do Brasil uma ampla bacia sedimentar, alongada na direção N-S, conhecida como Depressão Afro-brasileira e está relacionada ao processo de estiramento crustal que culminou com a ruptura do continente Gondwana e a formação do Oceano Atlântico (GONÇALVES, 2001) A quebra do Gondwana deu-se a partir de grandes lineamentos proterozóicos e paleozóicos os quais são reconhecidos atualmente em cinturões de dobramentos, grandes províncias, crátons e bacias sedimentares continentais paleozóicas (CHANG et al, 1991). A partir da separação continental entre América do Sul e África, foram formadas inúmeras bacias sedimentares espalhadas ao longo da costa do Estado da Bahia. A Bacia de Camamu apresenta uma orientação geral N0 -N10 e se estende desde a cidade de Itacaré até as proximidades da cidade de Valença (CORRÊA-GOMES et al., 2005). A Bacia de Camamu-Almada possui uma evolução geológica caracterizada por três fases geotectônica distintas, divididas em fases pré-rifte, fase rifte e fase pós-rifte sendo a fase rifte correlacionada ao longo, de praticamente, toda a margem brasileira e riftes interiores, utilizando os andares Rio da Serra ( Ma), Aratu ( Ma), Buracica ( Ma), Jiquiá ( Ma) e Alagoas ( Ma) como marcadores cronológicos da evolução do sistema de riftes que geraram a abertura do Oceano Atlântico. A fase rifte foi constituída por um regime distensivo e intenso, até a quebra do Gondwana (Neocomiano a Aptiano, ou Rio da Serra a Alagoas), a qual é admitida como assimétrica da Bacia de Santos (MACEDO, 1991). A Bacia de Camamu-Almada teve o seu preenchimento no Cretáceo na fase de extensão da bacia (fase rifte), e a partir do inicio do Eocretáceo o seu preenchimento assumiu características de margem passiva (drift).
22 22 Figura 3 Bacias sedimentares brasileiras. Fonte: Extraido de Souza-Lima, (2003). A Bacia de Camamu-Almada apresenta um ponto de bifurcação da junção tríplice oriunda do sistema de riftes que antecederam a abertura do oceano atlântico e separação da América do Sul e da África. Esta junção tríplice teve um dos braços abortados, gerando o aulacógeno das bacias do Recôncavo, Tucano e Jatobá, enquanto que nos braços onde a deformação concentrou-se, ocorreu a quebra e formou-se o sistema de margem passiva atual (DIAS, 1991) (Figura 4).
23 23 Figura 4- Mapa esquemático apresentando a junção tríplice de Salvador, que gerou o sistema de bacias rifte de Camamu-Almada, Jacuípe, Recôncavo, Tucano, Jatobá, Sergipe-Alagoas e seus correlatos africanos. Fonte: Kuchle, 2004 apud DIAS, A Bacia de Camamu-Almada possui uma evolução tectono-sedimentar. E essa evolução das bacias do sistema de riftes do leste brasileiro segue um padrão sistemático geral. A evolução tectono-sedimentar é formada na base pela fase pré-rifte, seguida de uma fase rifte, que conseqüentemente passa por um período transicional onde comumente é evaporítica, evoluindo para uma seqüência marinha (pós-rifte) que seria um período de calmaria na bacia (Figura 5). E a seqüência marinha inicia com uma plataforma carbonática passando para uma seqüência marinha transgressiva e culminando com uma seqüência regressiva (CHANG et al 1988; 1991).
24 24 Figura 5- Modelo de evolução da margem brasileira com seus respectivos estágios, litológias e fatores principais. Fonte: Extraído de Kuchle et al.,(2005) apud Chang et al. (1991) Já segundo Gonçalves et al., (2000) a evolução tectono-sedimentar da Bacia de Camamu, pode ser descrita como uma sucessão dos seguintes estágios: (1) pré-rifte, que agrupa os sedimentos flúvio-lacustres, juro-eocretáceos das formações Aliança, Sergi e Itaípe; (2) rifte, representado pelas depósitos lacustres eocretáceos das formações Morro do Barro e Rio de Contas; e (3) drift, que compreende os sedimentos transicionais aptianos da Formação Taipus-Mirim e os estratos marinhos cretáceos e terciários, das formações Algodões,Urucutuca, Rio Doce e Caravelas (Figura 6).
25 25 Figura 6- Coluna estratigráfica generalizada da Bacia de Camamu. Fonte: Extraído de Gonçalves et al. (2000). Segundo Kuchle et al. (2005) a Bacia de Camamu-Almada apresenta três seqüências deposicionais de segunda ordem, onde foram divididas em seqüência pré-rift (SEQ-A), seqüência sin-rift (SEQ-B) que apresenta um estilo estrutural e deposicional característico de fase rift, onde são observados falhamentos normais lístricos, falhas sin-sedimentares com crescimento de seção, e altos estruturais internos á bacia, gerando sistemas de meio-graben e seqüência pós-rift associada a plataformas carbonáticas (SEQ-C) e uma seqüência pós-rift associada a um sistema de margem passiva (SEQ-D) (Figura 7).
26 26 Figura 7- Figura mostrando as seqüências deposicionais de 2ª ordem para as fases pré-rifte e pós-rifte, e seqüências de 3ª ordem para a fase rift de Camamu-Almada. Fonte: Extraído de Kuchle et al.(2005). 3.1 FASE PRÉ- RIFTE Na fase inicial pré-rifte da Bacia de Camamu predomina um estilo de sinéclise intracontinental no período NeoJurássico a Neocomiano Inferior, no Gondwana que ainda não se fragmentou, agrupando os sedimentos flúvio-lacustres, juro-eocretáceos das formações Aliança, Sergi e Itaípe.
27 FASE RIFTE Segundo Chang et al. (1991), o começo da fase principal do rifte no Cretáceo inferior, gerou uma série de meio grábens, rapidamente subsidentes, ao longo de toda margem leste. A fase rifte é representada pelos depósitos lacustres eocretáceos das formações Morro do Barro e Rio das Contas. O preenchimento sin-rifte é inicialmente caracterizado pela deposição de clásticos grosseiros, conglomerados e arenitos associados a sistemas aluvionares/fluviais na porção norte do sistema de bacias rifte preservado na margem brasileira, enquanto que na porção sul ocorre apenas rochas vulcânicas com restritos e raros sistemas aluvionares (Chang et al., 1992). Durante os Andares Rio da Serra e Aratu, ao norte, uma série de lagos profundo foram formados e preenchidos por folhelhos escuros, ricos em matéria orgânica e turbiditos associados com clásticos flúvio-deltáico (Chang et al., 1991). 3.3 FASE PÓS-RIFTE Por fim, um período pós-rifte, que compreende os sedimentos transicionais Aptianos que se formou ao longo de toda a margem leste brasileira a partir do norte da Bacia de Pelotas e resultou na deposição de uma completa suíte de evaporitos cuja espessura é estimada em torno de 2000m (Chang et al., 1988), conhecida na Bacia de Camamu como á Formação Taipus-Mirim. Durante o Albiano, a abertura da estreita passagem marinha fez com que os evaporitos fossem sucedidos por uma extensa plataforma carbonática de alta energia. No final do Albiano, a seqüência de carbonatos de alta energia deu lugar a uma seqüência de baixa energia, com características transgressivas (Chang et al., 1991). O pós-rifte inicia-se com carbonatos, de idade Albiana, que se depositaram em toda a margem brasileira, com a ocorrência de sistemas clásticos deltáicos/aluvionares proximais. Os carbonatos Albianos de pós-rifte atualmente são de pequena expressão, pois foram intensamente erodidos no período Santoniano-Coniaciano, evento registrado como uma discordância correlacionável em várias bacias. Acima da discordância é depositado no pacote pós-rifte marinho transgressivo, denominado Megasseqüência Marinha Transgressiva por Chang et al.,(1992), que tem como controle principal a variação do nível do mar. Por fim, ocorre um pacote marinho regressivo,
28 28 denominado por Chang et al.,(1992) como Megasseqüência Marinha Regressiva, controlado principalmente pelo aporte sedimentar. 3.4 ARCABOUÇOS ESTRUTURAL A Bacia de Camamu-Almada é limitada ao norte, com a bacia do Recôncavo e Jacúipe, através da Falha da Barra, que é uma importante feição regional que corta a bacia na direção lesteoeste. Enquanto que ao sul, o limite é apenas geográfico com a Bacia de Almada, observando-se uma continuidade tanto estrutural quanto estratigráfica entre ambas as bacias (CAIXETA, 2007). Na porção oeste da Bacia de Camamu o sistema de falhas de Maragogipe, é formada por uma série de falhas menores que se conectam, controla um longo sistema de grábens interconectados denominado Gráben de Maragogipe (Born,2009) A Bacia de Camamu pode ser estruturalmente dividida em três compartimentos de orientação geral NNE- SSW, sendo chamado de Plataforma do Jequiriçá, o Patamar de Boipeba e o Baixo da Costa (Netto et al 1990). Segundo Destro et al., 1994 as falhas de transferência na porção terrestre da Bacia de Camamu são responsáveis pelo deslocamento que a borda da bacia sofre em direção ao mar, ao sul da cidade de Camamu. Cuiñas Filho (2004) sugere que a Falha de Maragogipe pode ser reflexo do primeiro pulso de abertura do Atlântico sul, tendo a linha de charneira posteriormente migrada para leste á procura de zona de fraquezas (figura 8).
29 29 Área de Estudo Figura 8- Mapa estrutural da região de Camamu-Ba, mostrando os seus principais domínios estrutural. Fonte: Extraido de Souza-Lima, COMPARTIMENTAÇÃO LITOESTRATIGRÁFICA Neste presente trabalho será apresentado o arcabouço litoestratigráfico definido por Caixeta et al.,(2007), da formação mais antiga para a mais nova (Figura 9).
30 Embasamento Cristalino Segundo Alkimim. (2004), embasamento cristalino da Bacia de Camamu, e caracterizado por rochas gnassicas pertencentes ao Cinturão Proterozóico do leste da Bahia, constituinte do Cráton do São Francisco, cujos terrenos foram estabilizados a mais de 1.8 Ga Formação Afligidos Está formação possui idade Permiana Kunguriano, com base em palinomorfos (CAIXETA et al., 2007). Segundo Aguiar et al, 1990 a Fm. Afligidos é subdivididas nos membros Pedrão que é constituído por intercalações de arenito de depósito de maré com finas camadas de lamitos, pelitos e evaporitos e o membro Cazumba que é composto por folhelho vermelho de ambiente lacustre com intercalação de siltito. A Fm. Afligidos representa uma sedimentação marinha rasa a supramaré em clima árido, gradando para uma sedimentação lacustre no topo (CAIXETA et al., 2007).
31 31 Figura 9 - Carta cronoestratigráfica da Bacia de Camamu. Fonte: Caixeta et al.,(2007) Grupo Brotas O Gr. Brotas foi originalmente definido por Viana et al.,(1971), agrupando as formações Afligidos, Aliança e Sergi. O Grupo Brotas ocorre nas bacias Recôncavo, Tucano e Jatoba, e é
32 32 correlacionavel com as Formações Bananeira da Bacia de Sergipe-Alagoas e com o Grupo Mearim da Bacia do Parnaiba (Caixeta et al., 2007) Formação Aliança Abrangem os arcósios finos a médios com estratificação cruzada do Membro Boipeba que é interpretado como resultante da deposição por sistemas fluviais meandrantes e os folhelhos vermelho tijolo do Membro Capianga de ambiente flúvio lacustre em clima árido de idade Dom João (Neojurássico). Esta formação assenta-se em discordância erosiva regional sobre a Fm. Afligidos (Netto et al, 1996) Formação Sergi É composta por arenitos finos a conglomeráticos com estratificação cruzada acanalada de ambiente fluvial entrelaçado com retrabalhamento eólico com intercalações de folhelhos vermelhos e cinza esverdeados (VIANA et al., 1971). Segundo Bruhn et al., (1987), a Fm. Sergi foi definida na Bacia do Recôncavo e consiste de arenitos finos conglomeraticos, sub-maturo, depositados durante o Jurássico Superior por sistemas fluviais, eólicos e lacustre em clima semi-árido a árido. Na Bacia de Camamu, a Fm. Sergi ocorre de forma similar ao Recôncavo, e segundo a Scherer et al. (2007) apresentam uma análise estratigráfica detalhada da Fm. Sergi na Bacia do Recôncavo na qual identificaram três seqüências deposicionais( pré-rifte, rifte, pós-rifte) Formação Itaipe Segundo Netto et al. (1994), a Fm. Itaípe são formada pelos depósitos clásticos finos sobreposto aos arenitos da Fm. Sergi e sotoposto aos clásticos finos e grossos da Fm. Morro do Barro. Está unidade compreende um pacote de folhelho cinzento, podendo apresentar camadas de arenitos médios na sua porção intermediária.
33 33 As datações de ostracodes indicam uma idade Rio da Serra inicial (NRT 002) Neocomiano (Caixeta et al., 2007). A Fm. Itaípe representa a transição da fase pré-rifte para a fase sin-rifte a partir de uma sedimentação flúvio-lacustre (Netto et al., 1994). A Fm. Itaípe está restrita á Bacia de Almada, onde não se reconhece a mesma estratigrafia do Recôncavo (Caixeta et al.,2007) Grupo Almada O Grupo Almada compreende a sedimentação Neocomiana inferior (Barriasiana) ao EoAptiano (Jiquiá), compartimentado em formação Morro do Barro e Formação Rio de Contas (Netto et al., 1994). As unidades deste grupo refletem a sedimentação em lagos de origem tectônica, controlados por grábens e meio-grábens durante a Megassequência Rifte Formação Morro do Barro Essa unidade é composta por arenitos granulosos, com seixos equigranular, pelíticos do Membro Tinharé, e de folhelhos cinza esverdeados a castanho escuro calcífero, carbonosos, com intercalações de arenitos granulosos ricos em fragmentos de rochas carbonáticas do Membro Jeribatuba, e que alcançam uma espessura total de 1.451m. Define-se para esta unidade deposição em ambiente subaquoso, dominado por fluxo gravitacional em lago tectônico (Barroso 1994). E as rochas geradoras dessa unidade são os folhelhos negros lacustres de água doce á salobra da Fm. Morro do Barro (Mb. Jiribatuba), depositados durante a fase rifte no Neocomiano inferior (Gonçalves et al., 1997). Netto et al. (1994) definem a Formação Morro do Barro para abrigar os sedimentos clásticos grossos (membro Tinharé) e os finos (Membro Jiribatuba) que ocorrem em Camamu- Almada. A reconstituição paleolimnológica indica que a Formação Morro do Barro foi formada em condições de lago profundo, com águas doces a salobras, uma termoclina estável favorecendo a preservação da matéria orgânica e o desenvolvimento de rochas geradoras com altos índices de hidrogênio (Araujo, 2007). Estudos feitos por Gonçalves et al.,1997 das características geoquímicas, moleculares e isotópicas para as formações Morro do Barro, concluiu-se que a matéria orgânica nestas unidades é basicamente de origem fitoplanctônica e/ou bacteriana, com as variações nos índices de hidrogênio e oxigênio.
34 34 A Fm. Morro do Barro é correlata com parte da Fm. Candeias da Bacia do Recôncavo e Tucano, e com parte das Formações Penedo e Barra de Itiúba, da Bacia de Sergipe-Alagoas (NETTO et al., 1994). Está unidade é de idade Rio da Serra, devido à identificação de ostracodes não-marinhos Formação Rio de Contas Esta unidade é constituída por arenitos finos a grossos, margas, biocalcarenitos e dolomitos do Membro Mutá de ambiente lacustre, de leques deltaicos, e por folhelhos vermelhos a cinza esverdeados intercalados a arenitos muito finos do Membro Ilhéus. Na Formação Rio de Contas há um intervalo com cerca de 90m de espessura (aproximadamente entre e 1.160m de profundidade) onde predominam calcilutitos e margas de coloração creme e cinza-claro. A Formação Rio de Contas apresenta uma seqüência de fácies, da área proximal para a distal, que indica uma sucessão de ambientes de leques deltaicos, plataformais e talude (Netto et al., 1994). Segundo Gonçalves et al.,1997 as rochas geradoras da Formação Rio de Contas depositaramse num lago mais raso e amplo, de águas variando de salobras a doces, e clima progressivamente mais úmido. Com a maior área superficial e o conseqüente aumento do fetch, a termoclina do lago tornou-se mais profunda, favorecendo a reciclagem dos nutrientes e proporcionando uma melhor oxigenação da massa d água. A Fm. Rio de Contas é correlata com a Fm. Coqueiro Seco e parte da Fm. Penedo, da Bacia de Sergipe-Alagoas, e com parte da Fm. Cricaré, da Bacia do Espirito Santo (Netto et al., 1994) Grupo Camamu O grupo é composto pelas Fm. Taipus-Mirim e Algodões. Segundo Caixeta et al.(2007), a porção inferior do Grupo Camamu, foi depositada durante o Aptiano e encerra os últimos sedimentos da fase rifte.
35 Formação Taipus- Mirim Essa unidade é constituída por evaporitos e clásticos, e intercalações de arenitos e folhelho carbonosos do Membro Serinhaém; e dos calcários, folhelhos e halitas do Membro Igrapiúna. A Fm. Taipus-Mirim pode ser correlacionada com a Fm. Mariricu da Bacia do Espírito Santos até a Bacia do Jequitinhonha, com a Fm. Marizal, do Recôncavo e Tucano, com a Fm. Muribeca da Bacia de Sergipe, e com todas as demais unidades evaporiticas de idade Alagoas da margem brasileira (Caixeta et al., 2007). As datações disponíveis a partir de palinomorfos permitem caracterizá-las como idade Neo- Alagoas. Essa seria a idade estimada para o surgimento de crosta oceânica nas partes mais distais da Bacia de Camamu (NETTO et al., 1994) Formação Algodões Está seqüência é constituída pelos calcarenitos e calcirruditos ooliticos/oncoliticos do Membro Germânia e pelos calcilutitos com foraminíferos plantônicos do Membro Quiepe, ambos de ambiente de plataforma carbonática nerítica. Esta unidade apresenta-se sotoposta á Formação Urutuca e sobreposta á Formação Taipús Mirim. A espessura da Fm. Algodão não ultrapassa os 500 metros, e seu topo encontra-se intensamente erodido pela discordância regional Santoniana- Coniaciana, que limita a Fm. Algodões e a Fm. Urucutuca. A Fm. Algodões é correlata com a Fm. Macaé da Bacia de Campos, com a Fm. Regências das Bacias de Espírito Santo e Cunuruxatiba, com a Fm. Riachuelo da Bacia de Sergipe e com as demais unidades Albo-Turonianas carbonáticas da margem brasileira (Netto et al., 1994) Grupo Espírito Santo O Grupo Espírito Santo comporta as rochas sedimentares mais novas desta bacia, e são constituída pelos arenitos da Fm. Rio Doce, pelos carbonatos da Formação Caravelas e folhelhos da Formação Urucutuca. A deposição deste grupo se distribui até no Holoceno, formando um sistema
36 36 transgressivo e posteriormente regressivo, onde se reconhece os ambientes neríticos, batial e abissal como ambiente de deposição predominante. A Fm. Caravelas é composta por calcarenitos e calcilutitos de idade Oligocena ao recente, depositada em uma plataforma marinha carbonática. A Fm. Rio Doce é composta por arenitos finos a médio intercalados com pelitos cinzas ou esverdeados, interpretados como sistemas deltaicos marinho, seu contato com as Formações Urucutuca e Caravelas é gradacional, enquanto que seu contato com a Formação Barreiras e com sedimentos Holocênicos é marcado por uma discordância. A Fm. Barreiras, composta por conglomerados, diamictitos, arenitos, folhelho e crosta de limonita. Esta formação possui idade pliocena a Pleistocena e é interpretada como registro de sistemas aluvionares e parálicos (Netto et al., 1994).
37 37 4 ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS 4.1 INTRODUÇÃO A Estratigrafia de Seqüência estuda as mudanças nas tendências deposicionais em resposta à interação entre espaço de acomodação e taxas de aporte sedimentar, a partir da escala individual de cada um dos sistemas deposicionais em bacias sedimentares (Catuneanu, 2006). A unidade fundamental é a Seqüência, que é uma sucessão relativamente concordante de estratos geneticamente relacionados e limitados, no topo e na base por discordâncias e suas conformidades correlativas (Vail, 1987). 4.2 FATORES CONTROLADORES Existem quatro fatores principais que controlam as variações dos padrões de empilhamento dos estratos e a distribuição de litofácies nas bacias sedimentares: 1) variação eustática do nível do mar; 2) subsidência tectônica; 3) volume de sedimentos; 4) clima (figura 10). Figura 10- Fatores controladores das variações dos estratos e da distribuição de litofácies em bacias sedimentares: variação eustática, subsidência tectônica, volume de sedimentos e clima. Fonte: Extraido de Catuneanu, 2006 apud Vail, (1987). Segundo Bosence (1998) os principais fatores controladores da estratigrafia de seqüências em bacias do tipo rifte são a tectônica, o clima e o magmatismo, e estes fatores controlam direta, ou indiretamente as taxas de criação e destruição de espaço de acomodação e as taxas de aporte sedimentar.
38 38 O controle tectônico é representado por variações na posição do substrato da bacia por efeito de movimentos da crosta terrestre, ocorre em diferentes escalas, desde variações no volume das cadeias meso-oceânicas, acarretando um efeito global, até pequenas variações nas taxas de subsidência, de efeito local. A subsidência e o soerguimento do embasamento são os principais efeitos tectônicos que modulam o preenchimento das bacias. O fator clima é representado por variações atmosféricas, globais ou locais, relacionadas à temperatura, umidade, pluviosidade, regimes de correntes oceânicas, etc. O clima controla, juntamente com a tectônica, o aporte de sedimentos para a bacia, enquanto que o volume de sedimentos transportados e produzidos na bacia são fatores que controla a geometria de seu preenchimento Variação Eustática do nível do Mar É a variação, em escala global na elevação do nível mar em relação a um datum estacionário como o centro da terra, essa função de variações provoca uma variação no volume da bacia e no volume de água dos oceanos. De acordo com a Escola da EXXON, durante a história dos oceanos houve uma contínua variação eustática, que se manifestou em várias ordens de grandezas. E as causas dessas variações eustáticas podem ser divididas em duas fases que são chamadas de tectonoeustasia e a glacio-eustasia: Tectono-Eustasia: Refere-se a variações do volume das bacias por efeito de movimentação das placas litosféricas, como o surgimento e desaparecimento de cadeias mesoceânicas ou variações nas taxas de espalhamento do fundo oceânico. Este fenômeno provoca uma diminuição do volume dos oceanos.
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