ALEITAMENTO MATERNO E CONDIÇÕES BUCAIS DE CRIANÇAS PRÉ-TERMO E/OU DE BAIXO PESO AO NASCER
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- Maria das Dores Raminhos Arruda
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1 ALEITAMENTO MATERNO E CONDIÇÕES BUCAIS DE CRIANÇAS PRÉ-TERMO E/OU DE BAIXO PESO AO NASCER Karen Lima dos Santos (discente do programa ICV), Teresinha Soares Pereira Lopes (orientadora DPCO UFPI). INTODUÇÃO A prematuridade e/ou baixo peso, trazem diversas consequências para o recém-nascido que dificultam a adaptação do mesmo à vida extra-uterina, fazendo com que eles tenham um risco elevado de adquirir doenças, uma maior suscetibilidade às infecções, que são agravadas pelo grande período de permanência nas unidades neonatais, ou mesmo de virem a óbito em razão de seu incompleto desenvolvimento intra-uterino (BROGARDH-ROTH; MATSSON; KLINGBERG, 2011). Tanto problemas sistêmicos quanto localizados podem acometer crianças prematuras e com baixo peso. Os bebês PT e com baixo peso podem ter desenvolvimento e maturação incompleta das estruturas bucais, como a formação atrasada ou comprometida do esmalte em dentes decíduos e permanentes (BROGARDH-ROTH; MATSSON; KLINGBERG, 2011). Tais problemas, em conjunto, podem afetar a estética facial, tornar os dentes vulneráveis a processos dolorosos e patológicos e favorecer a presença de maloclusões (FERRINI; MARBA, 2007). Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo verificar a prevalência e os possíveis fatores associados às alterações bucais (tecidos duros e tecidos moles) em crianças pré-termo e de baixo peso ao nascer. METODOLOGIA Trata-se de um estudo transversal caso-controle, onde se verificou a prevalência de alterações bucais em crianças pré-termo e/ou de baixo peso ao nascer assistidas por um projeto de extensão da Universidade Federal do Piauí (UFPI), o Programa Preventivo para Gestante e Bebês (PPGB). As crianças foram selecionadas através do levantamento dos prontuários do PPGB, em seguida, foram enviadas correspondências aos pais convidando-os a levarem seus filhos para avaliação de sua saúde bucal. A amostra calculada foi do tipo probabilístico aleatório e proporcional. Considerou-se uma incidência de 10% e um erro de 5% com a precisão desejada em torno da incidência para possibilitar intervalo de confiança de 95%. Os cálculos foram elaborados utilizando a seguinte fórmula, n= Z 2.p.(1-p).N / e 2.(N-1)+ Z 2.p.(1-p), em que n, é a amostra calculada; N, a população; Z, a variável normal padronizada associada ao nível de confiança; p, a verdadeira probabilidade do evento; e, o erro amostral. A amostra ideal para o desenvolvimento do estudo foi de 123 crianças entre 1 ano a 3 anos de idade. Elas foram distribuídas em dois grupos: 49 crianças prematuras (G1) e 74 crianças a termo (G2). Os critérios para determinar a prematuridade e baixo peso ao nascer foram preconizados pela OMS.
2 Foram elegíveis para participar do estudo crianças prematuras nascidas entre os anos de 2009 e 2011, que tinham apresentado ou não baixo peso ao nascer e que já possuíam dentes erupcionados. Foram excluídas crianças em que não foi possível a realização do exame, pacientes sindrômicos, com disfunções neurológicas, portadores de fissura lábio-palatinas e com severo acometimento por lesões cariosas. O estudo foi realizado seguindo as normas que regulamentam a pesquisa em seres humanos contidas na resolução nº196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Brasil, 1996) e a Declaração de Helsinque II (2000). Para cada criança selecionada, o pesquisador aplicou um questionário com os pais ou responsáveis pela criança. Em seguida foi realizado o preenchimento de ficha clínica e exame clínico minucioso da cavidade bucal e de estruturas que compõem o sistema estomatognático. Os dados foram analisados e processados no programa SPSS para Windows versão Realizou-se a análise descritiva por meio das médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos das variáveis quantitativas e proporções para as variáveis qualitativas. Nas análises bivariadas, foram utilizados o teste qui-quadrado de Pearson (X ²), o teste exato de Fisher e o Teste t de Student para analisar possíveis associações. Considerando-se estatisticamente significativos valores p 0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram examinadas 123 crianças sendo 49 prematuras (G1) e 74 controle (G2). A maior parte das crianças do G1(65,3%) tiveram uma idade inferior a 25 meses já em G2 60,8% das crianças possuíam idade superior a esse intervalo. Tabela 1. Perfil da amostra (n=123). Variáveis Categorias G1 G2 P N % Média n % Média Idade da criança Renda familiar Até 25 meses 32 65,3 23, ,2 30,24 0,006* Mais de 25 meses < 1SM 1SM 2SM 3SM 4SM >=5SM 17 34, , ,4 40,8 26,5 4,1 2,0 8,2 1, ,9 55,4 16,2 9,5 1,4 2,7 1,44 0,298**
3 Peso < 2500g 32 65,3 2,145, ,2 3219,35 <0,001* 2500g 17 34, ,8 Naturalidade Teresina 47 95, ,6 0,946** Interior do Piauí Outros estados 1 2,0 2 2,7 1 2,0 2 2,7 Escolaridade da mãe EFincompleto 5 10,2 6 8,1 0,843** EF completo 1 2,0 4 5,4 EMincompleto 5 10, ,6 EM completo 31 63, ,7 ESincompleto 2 4,1 5 6,8 ES completo 5 10,2 7 9,5 Idade da mãe Até 25 anos 19 38,8 28, ,8 27,72 0,002** De 26 a 34 anos 35 anos ou mais 15 30, , ,6 6 8,1 Total , ,0 Fonte: Pesquisa direta. *Associação significativa ao nível de significância de 0,05 (Teste exato de Fisher) **Associação significativa ao nível de significância de 0,05 (Teste de Qui-quadrado) A baixa idade gestacional e o baixo peso ao nascer são os principais fatores que determinam a incidência de complicações neonatais. (FRANCO; PERES; MOURA-RIBEIRO, 2007). Além dos problemas de ordem sistêmica, a literatura relata que a prematuridade e baixo peso também podem afetar estruturas mais localizadas, como a cavidade bucal. Dentre as alterações mais relatadas estão: o aumento na incidência de defeitos de esmalte, aumento na incidência de cárie dentária e atraso do desenvolvimento e na erupção da dentição decídua (BARBOSA et al., 2008 e DINIZ et al., 2011). Analisando a amostra desse estudo verificou-se que a grande maioria das famílias de ambos os grupos apresentaram renda de até um salário mínimo (SM) e são naturais de Teresina. Verificouse também que a maior parte das mães, tanto do G1 quanto do G2, possui ensino médio completo, já quanto a idade observamos que as mães do G1 foram significativamente mais jovens que as do G2 (Tabela 1). Concorda-se com GUIMARAES e MELO (2011) que o perfil socioeconômico de uma população pode ser um fator importante na determinação de alguns desfechos negativos, dentre outros, o parto prematuro e/ou de baixo peso.
4 Tabela 2. Associação das variáveis Variáveis Categorias Prematuro Total p-valor Defeito esmalte em Sim Não Não Sim ,023* Não Total Idade de erupção do 1º dente Até 6 meses <0,001** De 7 a 12 meses Mais de 12 meses Total Fonte: Pesquisa direta. *Associação significativa ao nível de significância de 0,05 (Teste exato de Fisher) **Associação significativa ao nível de significância de 0,05 (Teste de Qui-quadrado) A principal alteração encontrada foram os defeitos em esmalte. Observou-se uma média de peso ao nascer inferior no G1(2145,1g) quando comparada a de G2(3219,3g) (Tabela 1); Das crianças prematuras 48,97% apresentaram algum tipo de defeito em esmalte já no grupo controle apenas 28,37% das crianças os apresentaram. Quanto à idade de erupção do 1º dente observou-se, que ela foi mais precoce nas crianças a termo (Tabela 2). Dentre as diversas alterações e disfunções orais presentes em crianças prematuras e de baixo peso ao nascer, a literatura têm mostrado aumento na incidência de defeitos de esmalte, aumento na incidência de cárie dentária e atraso do desenvolvimento e na erupção da dentição decídua (Barbosa et al., 2008 e DINIZ et al., 2011). CONCLUSÃO Crianças prematuras e de baixo peso tiveram maior probabilidade a desenvolver algum defeito de esmalte; Nascidos pré-termos possuíram uma erupção mais tardia dos primeiros dentes decíduos; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BARBOSA, D.M.L. et al. Prevalence of enamel hypoplasia in primary teeth of prematurelyborn children. Rev Odontol UNESP., v. 37, n. 3, p , BROGARDH-ROTH, S.; MATSSON, L.; KLINGBERG, G. Molar-incisor hypomineralization and oral hygiene in 10- to-12-yr-old Swedish children born preterm. Eur J Oral Sci, 119, p , DINIZ, M.B. et al. Oral abnormalities in preterm and low birth weight infants: the importance of the relations hip between pediatricians and pediatric dentists. Rev Paul Pediatr., v. 29, n. 3, p , FERRINI, F.R.O.; MARBA, S.T.M.; GAVIÃO, M.B. Alterações bucais em crianças prematuras e com baixo peso ao nascer. Rev Paul Pediatria, v. 25, n. 1, p , 2007.
5 5. FRANCO, K.M.D.; PERES, S.R.; MOURA-RIBEIRO, M.V.L. Prenatal and neonatal variables associated with enamel hypoplasia in deciduous teeth in low birth weight preterm infants. J Appl Oral Sci., v. 15, n. 6, p , GUIMARÃES, E.C.; MELO, E.C.P. Characteristics of social support associated with prematurity in a population of mothers of low income. Esc Anna Nery (impr.), v.15, n. 1, p , SALAMA, G.C.; DRAIDI, Y.M.; AYYASH, F.F. Impact of total parenteral nutrition on deciduous toth eruption of very low birthweight premature infants. Pakistan Oral & Dental Journal, v. 32, n. 1, p , Palavras-chave: Baixo peso ao nascer. Prematuridade. Esmalte dentário.
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