PRODUTIVIDADE DE MELÃO RENDILHADO BÔNUS Nº 2, EM FUNÇÃO DA MODALIDADE DE ENXERTIA

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1 ITO LA; CARDOSO AF; Produtividade BRAZ LT de melão Produtividade rendilhado de Bônus melão nº rendilhado 2, em função Bônus da modalidade nº 2, em de função enxertia da modalidade de enxertia. Horticultura Brasileira 26: S4049-S4053. PRODUTIVIDADE DE MELÃO RENDILHADO BÔNUS Nº 2, EM FUNÇÃO DA MODALIDADE DE ENXERTIA Letícia Akemi Ito; Atalita Francis Cardoso; Leila Trevizan Braz UNESP FCAV, Departamento de Produção Vegetal, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, Jaboticabal SP, , RESUMO O presente trabalho teve por objetivo avaliar tipos de enxertia em melão rendilhado e seus efeitos na produtividade. Foi realizado neste trabalho seis modalidades de enxertia, dentre as quais, duas normalmente utilizadas no Brasil (garfagem de fenda cheia e encostia), e quatro utilizadas na Coréia (perfuração com palito, combinação de palito com poda da raíz do porta-enxerto, corte em bisel do porta-enxerto e enxerto e combinação de poda da raíz do porta-enxerto com corte em bisel do portaenxerto e enxerto). As mudas enxertadas foram transplantadas para a casa de vegetação no espaçamento de 50 cm entre plantas e 50 cm entre linhas, onde foram tutoradas na vertical e orientadas. Cada parcela foi composta de 18 plantas, das quais 10 plantas foram utilizadas nas avaliações de efeitos da enxertia na produtividade. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com três repetições. Com base nos resultados obtidos, concluí-se que a enxertia de Bônus nº 2 no portaenxerto ( Shelper ) não promoveu melhoria na produção e qualidade de frutos, e que as enxertias do tipo Fenda Cheia e Bisel sem raíz não são recomendadas. PALAVRAS-CHAVE: melão, métodos de enxertia, produção. ABSTRACT Effects on yield of muskmelon Bônus nº 2 in function of grafting methods The present work had objective evaluat grafting types in muskmelon and its effects in yield. It was done in this work six modality of grafting, among wich, two normaly used in Brazil (cleft graft and approach), and four used in Korea (insertion grafting with thoothpick, combination of root pruning and hole insertion grafting, splice grafting and combination of root pruning and splice grafting). The grafting seedlings was transplanted to greenhouse in spacing 50 cm between plants and 50 cm between rows, where was conducted in the vertical and horizontal. Each plot was compound of 18 plants, 10 plants were used in the evaluated of effects of grafting in the yield. The experimental design was used randomized blocks, with three replications. Based in the results, conclude that Bônus nº 2 grafting in the rootstocks ( Shelper ), don t promoted improvement quality and yield of fruits, and that, cleft graft and splice grafting aren t recommended. KEYWORDS: melon, grafting methods, yield. INTRODUÇÃO O cultivo de melão rendilhado é recomendado em ambiente protegido, para o melhor controle das condições ambientais, possibilitando a semeadura em várias épocas, S4049

2 proporcionando muitas colheitas por ano (Brandão Filho e Vasconcelos, 1998). Porém, segundo Peil (2003) o cultivo intensivo de hortaliças em ambiente protegido tem ocasionado graves problemas de contaminação por patógenos de solo. Sendo assim, o processo de enxertia, consiste numa alternativa de cultivo em áreas contaminadas por patógenos, uma vez que evita o contato da planta sensível com o agente patógeno. Lee (2006) relata que na Coréia tem sido empregado diversos tipos de enxertia em hortaliças, dentre elas: perfuração com palito, combinação de palito com poda da raíz do portaenxerto), corte em bisel do porta-enxerto e enxerto e combinação de poda da raíz do portaenxerto com corte em bisel do porta-enxerto e enxerto. No Brasil, Rizzo et al. (2000), avaliaram três processos de enxertia: encostia, fenda cheia e perfuração lateral para melão Takii, observaram que os métodos que se destacaram foram encostia e fenda cheia. Diante do número limitado de trabalhos avaliando tipos de enxertia, o objetivo do presente trabalho foi o de avaliar os efeitos dos métodos de na produtividade de melão rendilhado Bônus nº 2, em função da modalidade de enxertia. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação pertencente ao Setor de Olericultura e Plantas Aromático-Medicinais do Departamento de Produção Vegetal da FCAV-UNESP, Câmpus de Jaboticabal SP. As sementes do porta-enxerto ( Shelper ) e enxerto ( Bônus nº 2 ) foram semeadas em bandejas de poliestireno expandido com 128 células, preenchidas com substrato comercial Plantmax HT. Como testemunha, foram produzidas mudas de melão Bônus nº 2. Os tratamentos foram os tipos de enxertia normalmente utilizados no Brasil: Garfagem de Fenda Cheia e Encostia e os tipos utilizados na Coréia: Hole Insertion Grafting - HIG (perfuração com palito), Combination of root pruning and hole insertion grafting - RPHIG (combinação de palito com poda da raiz do porta-enxerto), Splice Grafting SG (corte em bisel do porta-enxerto e enxerto) e Combination of Root pruning and Splice Grafting RPSG (combinação de poda da raiz do porta-enxerto com corte em bisel do porta-enxerto e enxerto), totalizando seis modalidades de enxertia. As plantas enxertadas foram colocadas em câmara com alta umidade relativa até o seu pegamento e posterior transplante para a casa de vegetação, que ocorreu 21 dias após a realização das enxertias. As plantas foram tutoradas utilizando-se de fitilho plástico amarrado a um arame na rente ao solo e outro arame na altura de dois metros. Foram realizadas podas semanais dos brotos até o 8º nó, a partir do qual os ramos que produziram frutos sofreram podas uma folha após o fruto e os demais, após a terceira folha. As plantas ao atingirem o último arame (2m de altura) sofreram corte do meristema apical. A irrigação foi realizada por gotejamento a cada 50 cm coincidindo com o espaçamento de cada muda. A calagem não foi necessária e adubação de plantio e de cobertura foram realizadas conforme Raij et al. (1997), com base nos resultados da análise química do solo, da área em que foi implantado o experimento. Foram utilizados 150 kg/ha de Sulfato de amônio, 666,67 kg/ha de Superfosfato simples e 51,72 kg/ha de Cloreto de potássio. Foram realizadas três adubações de cobertura (15g/m 2 de Nitrocálcio e 3,52g/m 2 de Cloreto de potássio). As colheitas foram realizadas nos dias: , , e O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com seis tratamentos e três repetições. S4050

3 Foram avaliados o diâmetro longitudinal do fruto (DL), diâmetro transversal do fruto (DT), diâmetro longitudinal do lóculo do fruto (DLL), diâmetro transversal do lóculo do fruto (DTL), espessura da polpa (EP), teor de sólidos solúveis (SS) e espessura da casca (EC). Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância (Teste F) e as médias comparadas pelo teste de Tukey (5%). RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas avaliações de diâmetro longitudinal e transversal do fruto, diâmetro longitudinal e transversal do lóculo e espessura da casca, não foram detectadas diferenças significativas entre os tratamentos (Tabela 1). O tratamento que obteve a maior espessura do mesocarpo foi a testemunha, com 3,08 cm de espessura, embora não tenha se diferido dos tratamentos de enxertia do tipo Palito e do tipo Bisel. As menores espessuras de polpa foram encontradas nas enxertias de Bisel sem raíz e Fenda cheia. Estes valores de espessura de polpa são superiores aos observados por Pádua (2001), que nas mesmas condições, obteve valor médio de 1,97cm. A testemunha também obteve a maior média de sólidos solúveis (13,37º Brix), diferindo apenas dos tratamentos com a enxertia dos tipos Bisel sem raíz e Encostia. Rizzo et al. (2000) testaram três métodos de enxertia para melão rendilhado, dentre eles a do tipo Fenda cheia e Encostia e diferentes porta-enxertos. Os autores destacam que o tipo de enxertia Fenda cheia foi o que promoveu maior valor para sólidos solúveis. Para massa fresca dos frutos, o maior valor foi encontrado na testemunha Bônus nº 2 (0,913 kg), embora só tenha se diferido dos tipos de enxertia Bisel sem raíz (0,769 kg) e Fenda cheia (0,779 kg) (Tabela 2). Para a produtividade, em kg/m 2, não verificou-se diferenças significativas entre os tratamentos, e o resultado da testemunha (5,48 kg/m 2 ), está de acordo com Gusmão et al. (2000), que obteve resultados semelhantes nas mesmas condições de cultivo do melão rendilhado Bônus nº 2. Já a produtividade (t/ha) dos diferentes tratamentos, embora não tenham se diferenciado estatisticamente, obtiveram valores abaixo da testemunha. Segundo Gusmão et al. (2000), a produção comercial de frutos por unidade de área é um dos fatores que melhor reflete a viabilidade do cultivo de uma espécie, em condições específicas. O mesmo autor, também cita que produtividade de melão rendilhado superior a 30 t/ha é um valor superior à média obtida no Brasil e em vários outros tradicionais produtores mundiais. A produção de todos os tipos de enxertia deste experimento, ficou acima deste valor. Para as características produtividade em (kg/m 2 ) e (kg/ha) não foram detectadas diferenças significativas entre os tratamentos e a testemunha, pois o coeficiente de variação foi elevado, portanto, são necessários novos estudos, utilizando também outros porta-enxertos. Com base nos resultados obtidos, conclui-se que a enxertia de Bônus nº 2 no porta-enxerto ( Shelper ) não promoveu melhoria na produção e qualidade de frutos, e que as enxertias do tipo Fenda Cheia e Bisel sem raíz não são recomendadas. AGRADECIMENTO À FAPESP, pelo apoio financeiro com a concessão da bolsa de mestrado, à Letícia Akemi Ito, Processo nº 06/ S4051

4 LITERATURA CITADA BRANDÃO FILHO JUT; VASCONCELLOS MAS A cultura do meloeiro. In: GOTO R; TIVELLI SW. Produção de hortaliças em ambiente protegido: condições subtropicais. São Paulo: Editora UNESP: GUSMÃO SAL; PÁDUA JG; GUSMÃO MTA; BRAZ LT Efeito do sistema de condução, espaçamento e desfolhamento na produção de melão rendilhado, nas condições de Jaboticabal - SP, Horticultura. Brasileira 18: Suplemento. LEE SG; JANG YA; MOON JH; LEE JW; KO KD Effect of seedling age, cell size, and Nursery conditions on grafted seedling quality in watermelon. In: INTERNATIONAL HORTICULTURAL CONGRESS & EXHIBITION, 27 th., Seoul. Abstracts...Seoul:.408. PÁDUA JG. Cultivo protegido de melão rendilhado, em duas épocas de plantio f. Tese (Doutorado em Agronomia) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal-SP. PEIL RM Grafting of vegetable crops. Ciência Rural 33: Disponível em: < Acesso em: 19 set RAIJ BV; CANTARELLA H; QUAGGIO JA; FURLANI A.M.C Recomendações de adubações e calagem para o Estado de São Paulo. 2. ed. Câmpinas: Instituto Agronômico: 181 (Boletim Técnico, 100). RIZZO AAN et al Avaliação de tipos de enxertia e porta-enxertos para melão rendilhado. Horticultura. Brasileira.18: S4052

5 Tabela 1. Médias das características: diâmetro longitudinal do fruto (DL), diâmetro transversal do fruto (DT), diâmetro longitudinal do lóculo do fruto (DLL), diâmetro transversal do lóculo do fruto (DTL), espessura da polpa (EP), teor de sólidos solúveis (SS) e espessura da casca (EC) de melão Bônus nº2, enxertado em Shelper, nos diferentes tipos de enxertia e do pé-franco ( Bônus nº 2 ). UNESP-FCAV, Jaboticabal SP, Tipos de enxertia DL 1 DT 1 DLL 1 DTL 1 EP 1 SS 1 EC 1 (cm) (ºBrix) (cm) Palito sem raiz 10,34 a 11,05 a 6,72 a 5,63 a 2,77 bc 11,73 ab 1,35 a Bisel sem raiz 10,94 a 10,59 a 6,84 a 5,44 a 2,69 c 10,81 b 1,36 a Fenda cheia 10,83 a 11,39 a 6,69 a 5,62 a 2,70 c 11,21 ab 1,27 a Encostia 10,93 a 11,83 a 7,07 a 5,58 a 2,79 bc 10,30 b 1,21 a Palito 11,45 a 11,99 a 6,95 a 5,63 a 2,98 ab 11,66 ab 1,23 a Bisel 11,15 a 11,69 a 6,86 a 5,58 a 2,91 abc 11,50 ab 1,18 a Testemunha 11,17 a 11,88 a 6,77 a 5,21 a 3,08 a 13,37 a 1,15 a Teste F 1,82 NS 0,55 NS 0,63 NS 2,33 NS 8,09** 3,83* 0,88 NS CV (%) 4,05 4,35 4,2 3,22 3,21 7,4 11,95 1 Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem significativamente, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. *Significativo ao nível de 5% de probabilidade. **Significativo ao nível de 1% de probabilidade. NS Não significativo. Tabela 2. Médias das características: massa fresca do fruto (MFF), produtividade em kg/m 2 (PROD) e produtividade em t/ha (PRODT) de Bônus nº 2, enxertado em Shelper, nos diferentes tipos de enxertia e do pé-franco ( Bônus nº2 ). UNESP-FCAV, Jaboticabal SP, Tipos de enxertia MFF 1 PROD 1 PRODT 1 (kg) (kg/m 2 ) (t/ha) Palito sem raiz 0,8137 ab 4,83 a 48,27 a Bisel sem raiz 0,7690 b 4,48 a 44,80 a Fenda cheia 0,7790 b 4,43 a 44,33 a Encostia 0,8597 ab 3,59 a 35,87 a Palito 0,8883 ab 3,78 a 37,83 a Bisel 0,8383 ab 3,31 a 33,10 a Testemunha 0,9133 ab 5,48 a 54,77 a Teste F 4,40* 1,96 NS 1,96 NS CV (%) 5,33 22,03 22,01 1 Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem significativamente, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. *Significativo ao nível de 5% de probabilidade. NS Não significativo. S4053