AAgro-pecuária CFM Ltda., empresa do grupo inglês

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2 Bovinocultura de corte CAPÍTULO 43 José Bento Sterman Ferraz Professor Titular Grupo de Melhoramento Animal FZEA/USP. Pirassununga, SP Joanir Pereira Eler Professor Titular Grupo de Melhoramento Animal FZEA/USP. Pirassununga, SP Programa de melhoramento genético da Agro-pecuária CFM Luis Adriano Teixeira Médico Veterinário Agropecuária CFM Ltda. São José do Rio Preto, SP Tamires Miranda Teixeira Médica Veterinária Agropecuária CFM Ltda. São José do Rio Preto, SP Introdução e um pouco da história Bovinocultura de corte Editor: Alexandre Vaz Pires Volume II p ISBN: Editora: FEALQ - Piracicaba, SP AAgro-pecuária CFM Ltda., empresa do grupo inglês Vestey, iniciou suas atividades no Brasil em 1908, com o Frigorífico Anglo. Por falta de matéria-prima de qualidade e para garantir parte do fornecimento de gado para indústria, em 1917 adquiriu terras na região Sudeste do Brasil (Estados de São Paulo e Minas Gerais) e iniciou a formação do rebanho com a compra de novilhas. A CFM introduziu, em 100 anos de história neste País, várias técnicas ligadas ao aumento de produtividade. Foi empresa pioneira no uso de curvas de nível para controle de erosão no solo de suas fazendas, assim como na introdução de sistemas de cultivo de grãos e nos trabalhos ligados à seleção de animais da raça Nelore e a programas de cruzamento em larga escala. Ferraz, Eler, Teixeira & Teixeira 837

3 838 Programa de melhoramento genético da Agropecuária CFM Com raízes na indústria, a prioridade, desde o início, foi melhorar as qualidades econômicas das carcaças. A visão empresarial norteou o melhoramento das características de produção do rebanho e eficiência econômica das fazendas. A Agro-pecuária CFM sempre se destacou no mercado agropecuário pela introdução de técnicas pioneiras e inovadoras no setor, abrindo as portas para uma pecuária moderna e sustentável. Foi uma das pioneiras na comercialização de reprodutores Nelore com 24 meses de idade e revolucionou a forma de comercialização, sendo a primeira empresa a realizar leilões de grande volume, chegando à marca de mais de touros comercializados num único evento. Empresa preocupada com a proteção do meio ambiente e com a preservação de recursos naturais, possui uma área particular de preservação natural, estimulada pelo Governo Federal, destinada à manutenção de áreas de proteção ambiental. Antecipando-se às exigências do mercado internacional, a Agro-pecuária CFM também é pioneira na rastreabilidade de seus animais. Os investimentos na área agrícola tiveram início na década de 80, com objetivo de renovação das pastagens e, pelos resultados obtidos, teve lugar permanente no grupo. Atualmente, também é forte produtora de cana-de-açúcar. Na área de pecuária de corte, o rebanho da empresa chegou à marca de 120 mil cabeças por volta de 1990, distribuído em suas várias fazendas, localizadas nos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo, além de já ter conduzido fazendas de produção de leite a pasto, todas elas de alta produtividade. O tradicional Frigorífico Anglo, fundado pela empresa no início das atividades no Brasil, foi um dos maiores e melhores frigoríficos do País, tendo sido vendido em A empresa teve uma motivação especial para entrar no ramo de seleção de reprodutores: a enorme demanda de touros para seus rebanhos de cria, uma vez que a empresa era a maior compradora de touros do Brasil, além da inexistência de touros geneticamente avaliados para características de real valor econômico no mercado. Com esse estímulo, a empresa iniciou, em 1980, sob o comando de Joseph Purgly, seu diretor presidente, um importante trabalho de melhoramento animal destinado à seleção de reprodutores de corte nos rebanhos da raça Nelore. Esse trabalho, iniciado com a orientação de técnicos da Nova Zelândia, teve como principal técnico o Médico Veterinário Paulo Roberto Silva, que permaneceu na mesma até a segunda metade da década de No início dos anos 90, sob a orientação técnica do Zootecnista Luis Alberto Fries, falecido em 2007, foram implantados vários controles adicionais e o sistema de avaliação visual CPM, ainda hoje em vigor, que avaliava a conformação, a precocidade e a musculosidade. Esses foram os primeiros quinze anos de estruturação do programa de melhoramento. Em 1994, os geneticistas Joanir Pereira Eler e José Bento Sterman Ferraz, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo, assumiram a orientação dos programas de melhoramento genético, permanecendo nessa função até os dias de hoje, em Em 1994, os líderes do mercado de touros dos Estados Unidos e Brasil, a Leachman Cattle Company e a Agro-pecuária CFM, associaram-se para dar início ao delineamento do primeiro programa de formação de bovinos compostos do Brasil. Surgia, então, o Programa de melhoramento genético do Montana Composto Tropical. A partir da segunda metade da década de 90, o projeto de melhoramento teve sua continuidade com o economista David V. Makin na presidência do grupo e com o Zootecnista Fábio Martins Guerra Nunes Dias na coordenação da pecuária. Desde 2004, essa função está sendo exercida pelo Médico Veterinário Luis Adriano Teixeira. No fim da década de 80, grandes transformações surgiram na área da regulamentação e legislação a respeito de avaliações genéticas. A Portaria SNAP 45, de outubro de 1986, criou normas para o controle leiteiro no País e a Portaria SNAP 45, de outubro de 1987, estabeleceu as normas para avaliação de potencial genético de touros de corte. Em fevereiro de 1987, a Portaria Ministerial nº 33 instituiu o Arquivo Zootécnico Nacional, objetivando a realização de trabalhos de avaliação genética pelas características de interesse econômico. Em 1989, a Portaria 690, de 29 de dezembro de 1989, criou o CEIP Certificado Especial

4 Bovinocultura de corte de Identificação e Produção - para bovinos resultantes de cruzamentos planificados e para animais de raças puras com aptidão para corte que, avaliados geneticamente, obtivessem classificação superior dentro do grupo de animais submetidos à seleção, iniciando com os 20% melhores animais e chegando ao limite de 30%, conforme progresso do programa de melhoramento ao longo das gerações. Esses Certificados garantem aos animais geneticamente avaliados o mesmo status tributário de animais registrados pelas Associações de Criadores. Em 1995, as portarias ministeriais nº 267, de maio de 1995 e a nº 22, de agosto de 1995, modificaram o sistema, mas mantiveram o forte estímulo à avaliação genética e à seleção de animais não registrados em associações de criadores, como animais puros de origem (PO), puros por cruzamento (PC) e livro aberto (LA). Em 1991, a empresa Natura obteve a primeira aprovação de CEIP. Em todo esse processo, é necessário ressaltar o papel dos técnicos do Ministério da Agricultura, Médicos Veterinários Walmoré Cortes e Jader Jacomini Ferreira, além do Zootecnista Luis Alberto Fries. Os CEIPs causaram uma autêntica revolução na distribuição de material genético superior de bovinos de corte, no Brasil, permitindo que uma parte considerável da variabilidade genética existente nos animais cara limpa, sem registro genealógico nas associações, fosse incorporada, e os animais geneticamente superiores vendidos como reprodutores. O projeto de melhoramento genético da raça Nelore da Agro-pecuária CFM foi autorizado a emitir CEIP em 1992, autorização essa renovada em Um fato que se destaca é que o objetivo do programa de melhoramento da CFM foi criado para atender à sua demanda interna de reprodutores; contudo, acabou atendendo à demanda do mercado, quando este constatou a evolução produtiva do rebanho. Atualmente, a empresa atende criadores de todo o País. Não foi por acaso que a Agro-pecuária CFM assumiu a liderança do mercado brasileiro de touros geneticamente avaliados, vendendo mais de touros da raça Nelore/ano. Por ser uma empresa que se mantém na vanguarda do desenvolvimento tecnológico, pelas inovações dos programas de avaliação genética e pela grande preocupação com o meio ambiente, recebeu inúmeros prêmios e distinções de diversas empresas e instituições de pesquisas ligadas ao setor, além de pesquisas junto a pecuaristas em âmbito nacional. As avaliações genéticas da Agro-pecuária CFM Na produção de bovinos de corte, a Agropecuária CFM foi pioneira na seleção massal da raça Nelore. No início da década de 80, a empresa implantou, com apoio de tecnologia neozelandesa, um sistema de escrituração zootécnica com identificação individual de seus animais e controle de desenvolvimento ponderal. Iniciavam-se os trabalhos de avaliação genética. Nos anos 90, lançou o Sumário de Touros, Nelore CFM, hoje na 19ª versão. A partir de 1994, passou a utilizar metodologias de estimação de valores genéticos de BLUP, com modelos animais completos, sendo pioneira, também, na aplicação dessa metodologia no Brasil. Atualmente, sua base de dados tem cerca de 430mil animais com mensurações, filhos de cerca de 900 touros, naquela que se constitui a maior avaliação genética da raça Nelore de apenas um proprietário. Todo o processo de seleção dos animais é realizado com base em medidas rigorosas, tomadas de animais criados em regime total de pastagem, sendo fornecido apenas sal mineral, e manejados em grupos de contemporâneos perfeitamente identificados e controlados. São mensuradas características ligadas ao desempenho ponderal, avaliações de conformação frigorífica, precocidade de acabamento, musculosidade. E desde 1994, um importante trabalho de seleção para características reprodutivas, como precocidade sexual e longevidade, vem sendo conduzido com excelentes resultados. A maior prova da seriedade dos trabalhos desenvolvidos pela empresa é o reconhecimento de seus clientes e da comunidade científica, que tem dado validade ao trabalho de seleção de animais da raça Nelore em todo País. Seus leilões de venda de touros têm alcançado, nos últimos anos, altos preços médios, maiores, inclusive, que os preços de leilões de animais re- Ferraz, Eler, Teixeira & Teixeira 839

5 840 Programa de melhoramento genético da Agropecuária CFM gistrados, numa clara indicação da qualidade de seus animais. O índice de fidelidade da CFM no mercado, medido pelo percentual de touros adquiridos por clientes que já utilizaram a genética CFM em anos anteriores, é maior que 60%, comprovando que os seus clientes também obtiveram êxito no uso dos reprodutores CFM em suas fazendas. Atualmente, o programa CFM de melhoramento genético da raça Nelore conta com cerca de 20 mil matrizes em produção, em 4 diferentes fazendas, produzindo mais de 2 mil tourinhos geneticamente avaliados e com CEIP por ano. Uma das preocupações da empresa é o controle da endogamia, conhecida popularmente como consanguinidade. O grande volume de matrizes envolvidas no projeto é fator importantíssimo para seu controle. Os níveis de endogamia são constantemente aferidos e têm-se um estudo detalhado dos pedigrees para realização dos acasalamentos. Desde 2001, o processo de acasalamento é realizado com auxílio de programas de computador, que também otimizam o resultado do índice CFM e suas respectivas DEPs, junto com o controle da endogamia. Em 1994, a Agro-pecuária CFM começou a estudar características reprodutivas e os efeitos genéticos sobre elas. A abordagem inovadora do assunto, estimulada pelo Dr. Bruce L. Golden, então na Colorado State University, resultou em características como Stayability, ou habilidade de permanência no rebanho, e probabilidade de prenhez de novilhas quando expostas aos touros, por volta dos 14 meses de idade, a conhecida PP14. O impacto dos trabalhos na área reprodutiva foi enorme, e hoje o rebanho Nelore da CFM conta com expressiva porcentagem de animais, filhos e netos de novilhas que emprenharam ao redor dos 14 meses de idade, ou seja, animais que têm genética para precocidade sexual. Hoje, mais de 30% das matrizes da CFM permanecem 6 ou mais anos no rebanho, produzindo um bezerro/ ano. Precocidade + longevidade, o caminho mais curto para a rentabilidade. O rigor na colheita dos dados no campo, a correta classificação dos animais em grupos de contemporâneos e sua representatividade dos efeitos de ambiente, o alto número de animais avaliados e a exatidão dos procedimentos utilizados na montagem dos bancos de dados, quer no que tange aos registros de produção, quer nos registros de pedigree, aliados à qualidade das metodologias aplicadas na estimação dos valores genéticos dos animais, expressos em DEP Diferenças Esperadas de Progênie - garantem a oferta, ao mercado, de animais de alta qualidade genética. Em congruência com a visão empresarial da Agro-pecuária CFM, corroborando o resultado efetivo na melhora da rentabilidade do seu projeto pecuário, são medidas características de real valor econômico para a produção de carne a pasto. No programa de melhoramento do Nelore CFM, são avaliadas as seguintes características, com suas devidas importâncias ao sistema de produção e suas respectivas DEPs: Peso ao nascer (kg) - DEP calculada com base no peso real ao nascimento. Esse peso vem sendo monitorado de modo a evitar um aumento significativo, o que poderia vir a causar problemas de parto. O peso ao nascer é o melhor indicador da facilidade de parto. Touros com DEPs baixas ou mesmo negativas são desejáveis para essa característica. Peso na desmama (kg) - DEP calculada com base no peso obtido ao redor de 205 dias de idade (próximo à desmama). A DEP para esse peso reflete o potencial de ganho de peso do animal, independentemente da produção de leite de sua mãe, ou seja, a ação direta dos genes do próprio animal. Esse peso é muito importante para os produtores de bezerros. Touros com DEPs elevadas e positivas são os mais indicados. Materno total (kg) - A DEP para essa característica é obtida pela soma da metade da DEP para Peso na Desmama (efeitos diretos) com a DEP para habilidade materna (diferença esperada para produção de leite e proteção do bezerro). A DEP para Materno Total expressa o potencial total de desmama que um animal pode transmitir, incluindo os efeitos diretos dos genes sobre o crescimento e que irão influenciar a produção das filhas do reprodutor. Ganho de peso da desmama ao sobreano (kg) - A DEP para essa característica expressa o potencial de ganho de peso no período compreendido entre a desmama e os 18 meses (550 dias) e, portanto, refere-se ao ganho de peso em

6 Bovinocultura de corte 345 dias após a desmama. Essa característica demonstra o desempenho potencial em pasto. DEPs mais elevadas são as mais indicadas. Conformação, precocidade e musculosidade (un) - As DEPs para essas características são baseadas nos escores de avaliação visual. A avaliação visual é realizada por pessoal treinado e segue procedimento padrão estabelecido pela CFM, com notas que variam de 1 a 6. O objetivo da seleção para essas características é a obtenção de animais adequados à competitiva indústria da carne bovina. Assim, DEPs mais elevadas são as mais indicadas, sempre levando-se em conta um perfeito balanceamento do animal. Umbigo (un) A DEP de umbigo baseiase na avaliação visual, com notas que variam de 1 a 5. Essa característica auxilia no monitoramento do tamanho do umbigo dos animais. Umbigos mais longos podem predispor o animal a lesões físicas localizadas. Altura (cm) - As DEPs são baseadas em medidas tomadas na garupa dos animais a uma idade em torno dos 18 meses, com a preocupação em formar um plantel de estatura média, evitando-se vacas muito grandes. As DEPs positivas são desejadas, mas nesse caso, as DEPs muito elevadas poderiam levar a um aumento excessivo do tamanho dos animais. A altura na garupa apresenta-se também correlacionada com a estrutura anatômica do animal para suportar a musculatura. Perímetro escrotal (cm) - As DEPs são calculadas com base em medidas do perímetro escrotal, obtidas ao redor dos 18 meses de idade. Pesquisas científicas têm demonstrado que o perímetro escrotal é favoravelmente correlacionado com a idade na puberdade, qualidade e quantidade de sêmen, desenvolvimento ponderal e precocidade sexual das filhas e irmãs dos touros. A utilização das DEPs para perímetro escrotal, como critério de seleção em bovinos de corte, tem sido prática comum em todo o mundo. As DEPs mais elevadas são as melhores. A seleção para perímetro escrotal, no entanto, não é uma substituição para a seleção direta sobre o desempenho reprodutivo da fêmea. Probabilidade de prenhez de novilhas (PP14 - %) - As DEPs são calculadas por metodologia especial, com base nas informações de prenhez das novilhas expostas ao touro, ao redor dos 14 meses (12 a 16) de idade, em uma estação de monta de 120 dias. As novilhas que, no final da estação, apresentem diagnóstico de prenhez positivo recebem o valor 1 (um), e as vazias recebem o valor 0 (zero). As DEPs são expressas em porcentagem, indicando a probabilidade (a mais ou a menos) de determinado touro produzir filhas precoces. Stayability, capacidade de permanência no rebanho (%) - A metodologia de cálculo das DEPs é a mesma utilizada para a PP14. A característica, no entanto, é definida como a capacidade que a vaca tem de permanecer no rebanho, produtiva, por seis anos ou mais. Desde que a vaca foi selecionada para integrar o rebanho, ela recebe o valor 1 (um) se apresentar um parto por ano até os seis anos ou mais; e recebe o valor 0 (zero) se tiver sido descartada antes dos seis anos. A característica tem validade se a política adotada no rebanho ou população for de descartar as vacas que não ficaram prenhes ao final de cada estação de monta. Com essa política, se a vaca pare aos seis anos ou após essa idade, é porque ela vinha parindo regularmente no rebanho desde a sua entrada em reprodução. As DEPs são também expressas em porcentagem e indicam a probabilidade (a mais ou a menos) que um touro apresenta para produzir filhas que permaneçam produtivas no rebanho por seis anos ou mais. A Tabela 1 apresenta a descrição sumária do banco de dados da avaliação genética da raça Nelore de 2007, com base na safra 2006 até a desmama. É importante ressaltar o expressivo número de observações utilizado para a estimação das DEPs, em alguns casos centenas de milhares, bem como o número de grupos de contemporâneos e de fazendas, em que as medidas foram tomadas. Esses números garantem estimativas mais acuradas dos valores genéticos dos reprodutores da CFM. Como a regulamentação do CEIP limita a um máximo de 30% dos animais geneticamente superiores que podem receber esse certificado, e esse critério, no caso da CFM é o Ferraz, Eler, Teixeira & Teixeira 841

7 842 Programa de melhoramento genético da Agropecuária CFM Tabela 1. Descrição do banco de dados utilizado na avaliação genética da raça Nelore, em 2007, e fazendas da empresa. Característica Nº de Nº de Nº de Nº de grup. Nº de fazenobservações touros vacas de contemp. das (CFM) Média Peso ao nascimento ,8 Peso na desmama ,4 Peso aos 550 dias ,8 Ganho de peso pós-desmama (345 dias) ,5 Conformação (notas 1 a 6) ,8 Precocidade (notas 1 a 6) ,7 Musculosidade (notas 1 a 6) ,6 Perímetro escrotal 550 dias ,0 Altura 550 dias ,8 Escore de umbigo (notas 1 a 5) ,6 Precocidade de novilhas (PP14) ,0% Stayability ,4% Índice CFM, pode-se garantir que os touros com CEIP de origem CFM são touros situados entre os 30% melhores quanto a esse critério de seleção, aprovados em exames andrológicos e, portanto, aptos a melhorar os rebanhos em que serão utilizados. Assim, o critério de seleção do programa CFM de melhoramento da raça Nelore é o Índice CFM, expresso por: Índice CFM 2(PD/σ gpd ) + 4(GPSOB/σ ggpsob ) + 2(MUSC/σ gmusc ) + 2PE/σ gpe ), Em que: Índice CFM PD GPSOB MUSC PE σ gpd σ ggpsob σ gmusc Índice CFM de seleção. DEP para peso na desmama. DEP para ganho de peso da desmama ao sobreano (medido ao redor dos 18 meses). DEP para o escore visual de musculosidade ao sobreano (medido ao redor dos 18 meses). DEP para perímetro escrotal ao sobreano (medido ao redor dos 18 meses). desvio-padrão genético para peso na desmama. desvio-padrão genético para ganho de peso da desmama ao sobreano. desvio-padrão genético σ gpe para musculosidade ao sobreano. desvio-padrão genético do perímetro escrotal ao sobreano. O programa CFM de melhoramento genético da raça Nelore é o maior e mais antigo programa privado de melhoramento genético dessa raça. Seu sucesso se deve a uma conjunção de fatores mas, principalmente, ao fato do mesmo ter sido desenvolvido para selecionar reprodutores adequados aos sistemas de produção mais comuns do País. O sucesso e o reconhecimento do programa CFM no mercado pecuário são a prova mais eloquente da adequação de seus critérios de seleção. A Agro-pecuária CFM, ao longo dos mais de 30 anos do programa de melhoramento genético do seu rebanho Nelore, já disponibilizou ao mercado mais de 27 mil touros geneticamente avaliados, desde 1985 até o ano de 2009 (safra 2007), todos entre os Top 20 a 30% de cada geração. Também já foram comercializadas mais de 600 mil doses de sêmen de seus touros pelas empresas de inseminação. Considerando-se taxas zootécnicas de fazendas comerciais e estabilidade de rebanho, os touros CFM já tiveram uma produção acumulada acima de 4,0 milhões de produtos com a influência da sua genética, levando-se em conta os descendentes até a quinta geração. Esse resultado com-

8 Bovinocultura de corte prova a importância da genética CFM no cenário da pecuária nacional. A Tabela 2 apresenta uma estimativa do impacto dos touros vendidos pela Agro-pecuária CFM, na pecuária nacional, nos últimos 27 anos. ma não tem comportamento linear com o número de progênies de um determinado touro, principalmente em números de filhos entre 10 e 50, e fica relativamente difícil para o criador leigo entender as grandes variações de acurácia Tabela 2. Produção acumulada de produtos com influência da genética CFM, conforme a sua geração, desde a primeira safra de touros até 2007*. Tipo de reprodução Total de Total de Total de Total de Total de Total Filhos (as) Netos (as) Bisnetos (as) Trinetos (as) Tetranetos (as) Geral Produtos de touros em monta natural Produtos de touros e inseminação *Índices zootécnicos de fazenda comercial: Relação touro/vaca de 1:25; Taxa de desmama: 70%; Taxa de mortalidade vaca: 1% ao ano; Taxa de prenhez de inseminação: 60%; Idade de prenhez de novilha: 24 meses; Touro trabalha por 5 anos; Número de crias por vaca: 4. A acurácia das avaliações A acurácia ou confiabilidade de uma estimativa pode ser conceituada como uma medida de risco que existe do parâmetro estimado vir a sofrer mudanças. Essa medida pode ser influenciada pela qualidade e pela quantidade das informações com as quais se estimaram as DEPs, os valores preditos. A acurácia, no entanto, não depende somente do número de filhos de um reprodutor que foram medidos, mas também do número de parentes medidos que esse reprodutor teve e dos diferentes ambientes a que tais progênies foram expostas. Assim, é comum touros com menor número de filhos terem acurácias maiores, em decorrênia da contribuição de maior número de parentes na estimação de seu valor genético ou de diferentes ambientes. A acurácia, correlação entre a predição do ^ valor genético (g) e o valor genético verdadeiro (g), é dada pela fórmula: ê ( Öˆ, Ö ) 1 sbm 2 σ na qual VEP é a variância do erro de predição. Definida por essa fórmula, a acurácia é conhecida como acurácia real. No entanto, a acurácia expressa dessa forque ocorrem com pequenas variações no número de filhos. Tendo em vista esse problema, o Beef Improvement Federation, dos Estados Unidos da América, adotou uma fórmula alternativa, que varia linearmente com o número de progênies e que dá valores de acurácia mais baixos e mais conservadores que os da acurácia real. A fórmula da Acurácia BIF é: ê EÖ¾ IÖ F sbm 1 2 σ Os programas de melhoramento e avaliação genética de reprodutores da raça Nelore da Agro-pecuária CFM e do Montana Composto Tropical, descritos a seguir, utilizam-se do conceito de Acurácia BIF, para fins de informação da qualidade das estimativas em seus Sumários de Touros, divulgados anualmente. Os resultados obtidos ao longo das gerações de um programa de melhoramento genético podem ser medidos por meio da tendência genética das suas características ao longo das gerações. Os Gráficos de 1 a 4 mostram a tendência genética do rebanho Nelore CFM, desde o início do programa de melhoramento para as principais características avaliadas e o Índice CFM de seleção. Esses resultados comprovam a evolução do potencial produtivo dos Ferraz, Eler, Teixeira & Teixeira 843

9 844 Programa de melhoramento genético da Agropecuária CFM Figura 1. Tendência genética do Peso ao sobreano do Nelore CFM. Figura 3. Tendência genética do perímetro escrotal do Nelore CFM. Figura 2. Tendência genética da musculosidade do Nelore CFM. (unidade da avaliação visual de musculosidade que varia da nota 1 a 6). Figura 4. Tendência genética do Índice CFM de seleção. (Unidades de Índice CFM conforme fórmula apresentada). animais Nelore CFM em regime de seleção totalmente a pasto. Conclusão A Agro-pecuária CFM tem contribuído, nos 100 anos de sua presença no Brasil, de maneira decisiva para a agricultura e pecuária do País. Da introdução de curvas de nível e outras técnicas de conservação de solo, as práticas de manejo e aperfeiçoamento dos sistemas de pro- dução de bovinos de corte e leite, passando pelo respeito pelo ambiente, a empresa atingiu seu ponto máximo na pecuária de corte, com seu programa CFM de melhoramento de bovinos da raça Nelore, que a colocou na liderança da venda de touros jovens geneticamente avaliados no mercado brasileiro, que vende mais de 2 mil touros por ano. O enfoque empresarial, o respeito ao cliente, a seleção rigorosa dos animais, direcionada para os sistemas de produção totalmente a pasto e semelhante aos usuários de sua genética, são alguns de seus mais importantes segredos.

10 Bovinocultura de corte Referências bibliográficas pertinentes ao assunto (citadas ou não no capítulo) Benyshek, L.L.; Bertrand, J.K. National genetic improvement programmes in the United States beef industry. S. Afri. J. Anim. Sci., v.20, p , Ferraz, J.B.S.; Eler, J.P. The importance of correct genetic evaluation before embryo transfer. Arquivos da Faculdade de Veterinária da UFRGS, v.27, p , (Suppl) Golden, B.L.; Snelling, W.M.; Mallinckrodt, C.H. Animal Breeder s Tool Kit - User s Guide and Reference Manual. Tech. Bulletin LTB92-2, Colorado State University, Agr. Exp. Station, Golden, B.L.; Brinks, J.S.; Bourdon, R. A performance programmed method for computing inbreeding coefficients from large data sets for use in mixed-model analyses. J. Anim. Sci., v.69, p , Golden, B.L.; Snelling, W.M.; Evans, J.L.; Comstock, C.R. Reproduction: The next era evaluation. In: Beef Improvement Federation Guidelines, Golden, B.L.; Snelling, W.M.; Mallinckrodt, C.H. Animal Breeder s Tool Kit - User s Guide and Reference Manual - TK3/TKBLUP. Tech. Bulletin LTB92-2, Colorado State University, Agr. Exp. Station, /suplemento/1995. Mallinckrodt, C.H.; Golden, B.L.; Bourdon, R.M. The effect of selective reporting on estimates of weaning weight parameters in beef cattle. J. Anim. Sci., v.73, p , Meyer, K.; Carrick, M.J.; Donnelly, B.J.P. Genetic parameters for milk production of Australian beef cows and weaning weight of their calves. J. Anim. Sci., v.72, p , Quäas, R.L. Genetic evaluation Past, Present and Future. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GENÉTICA E MELHORAMENTO ANIMAL, Viçosa, MG, 21 a 24/9/1999, Anais, 1999, p Quinton, M.; Smith, C. Comparison of evaluation-selection systems for maximizing genetic response at the same level of inbreeding. J. Anim. Sci., v.73, p , Reverter, A.; Golden, B.L. Technical note: Changes in genetic predictions between subsequent evaluations. J. Anim. Sci., v.73, p , Reverter, A.; Golden, B.L.; Bourdon, R.M.; Brinks, J.S. Technical note: Detection of bias in genetic predictions. J. Anim. Sci., v.72, p.34-37, Robinson, J.A.B.; Armstrong, S.I.; Kuehni, P.P. Across breed evaluation of beef cattle carcass traits from commercial carcass data and real-time ultrasound. In: 6 th WORLD CONGRESS ON GENETICS APPLIED TO LIVESTOCK PRODUCTION, Armidale, Austrália, January Proceedings, v. 23, p , Rodríguez-Almeida, F.A.; Van Vleck, L.D.; Cundiff, L.V. Effect of accounting for different phenotypic variances by sire breed and sex on selection of sires based on expected progeny differences for 200-and 365-day weights. J. Anim. Sci., v.73, p , 1995a. Tosh, J.J.; Wilton, J.W. Effects of data structure on variance of prediction error and accuracy of genetic evaluation. J. Anim. Sci., v.72, p , Ferraz, Eler, Teixeira & Teixeira 845