O interdito do incesto e o nome-do-pai. Uma releitura da psicose a partir do seminário R.S.I

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1 Mudanças Psicologia da Saúde, 18 (1-2), Jan-Dez 2010, 30-35p Copyright 2010 pelo Instituto Metodista de Ensino Superior CGC / O interdito do incesto e o nome-do-pai. Uma releitura da psicose a partir do seminário R.S.I Breno Herman Sniker* Maria Lucia de Araujo Andrade** Resumo: O presente trabalho articula dois momentos da obra de Jacques Lacan, o primeiro referente à problemática do Nomedo-Pai no final da década de 50, o segundo, sobre a passagem do Nome-do-Pai aos Nomes-do-Pai na década de 70 e suas conseqüências na clínica psicanalítica, dando um especial destaque à Psicose e à Suplência. Palavras-chave: nome-do-pai, psicose, suplência The interdiction of incest and the name of the Father. A reconsideration of psychosis from the seminar RSI Abstract The present text related two moments of the work of Jacques Lacan, the first moment refers to the question of the Name-of-Father in the end of 50 s, the second, refers to the passage of the Name-of-Father to the Names-of- Father, in the 70 s and its consequences to the psychoanalytical clinic, paying an especial attention to the Psychosis and to the Suplence. Keywords: name-of-father, psychosis, substitute La prohibición del incesto y el nombre del Padre. Una reconsideración de la psicosis desde el seminario RSI Resumen Este trabajo es una articulación de dos momentos de la obra de Jacques Lacan, el primero referente a la problemática del Nombre del Padre, en el final de la década de 50, y lo segundo sobre la pasaje del Nome-del-Padre a los Nombres-del-Padre en la década de 70 e suyas consecuencias en la clínica psicoanalítica, dando especial atención a la Psicosis y la Suplencia. Palabras-clave: nombre-del-padre, la psicosis, el sustituto A partir do contato com inúmeros alunos, colegas, e outros profissionais em nossos Cursos de Graduação, Pós-Graduação e Especialização: Teoria, Técnica e Estratégias Especiais na Psicanálise: (LABSUCOR-IPUSP), pudemos perceber nos estudos teóricos, nas supervisões clínicas e no contato com muitos deles, um desconhecimento em relação ao último Lacan e às suas grandes possibilidades para uma nova Clínica das Psicoses. Com o intuito de levar a eles esse conhecimento, discutimos O Seminário livro 22: Real, Simbólico e Imaginário - R. S. I. ( ), de Lacan, nos Encontros Quinzenais aos Sábados, na atividade do Laboratório Sujeito e Corpo (LA- BSUCOR - IPUSP), e também no Grupo de Trabalho : Sujeito, Corpo, Sintoma, Identificação e Instituição, sobretudo repensando a temática As Psicoses, nos dias de hoje. Esperamos neste texto reproduzir o que essa leitura nos suscitou e, assim, contribuir para o melhor preparo profissional de nossos colegas e alunos. Lacan, durante toda a sua experiência de pensamento e desde os primeiros escritos até 1981 (ano de sua morte), modificou conceitos pertencentes ao corpo da teoria psicanalítica, ampliando-os e transformando-os, na preocupação de uma clínica coerente e mais avançada. Assim, no início da década de 50, por ocasião do pronunciamento Função e Campo da fala e da linguagem em psicanálise (Lacan, 1953) conhecido como Discurso de Roma, começa a construção de uma teoria psicanalítica fundada no ensinamento de Freud, passando mais tarde não ao abandono desta, mas a sua desconstrução, iniciada por ocasião da realização do O Seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (Lacan, 1964), momento em que Lacan, também, assume nova posição em relação a Freud, período muitas vezes chamado de virada epistemológica. O presente trabalho articula dois momentos da obra de Jacques Lacan: o primeiro, referente à problemática * Universidade São Marcos. Psicólogo e Psicanalista. Mestre em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP. Professor convidado no curso de Especialização "Teoria, Técnicas e Estratégias Especiais em Psicanálise" do Laboratório SuCor(IP - USP), membro do Laboratório SuCor (IP - USP) e professor da Universidade São Marcos. Também atende em consultório particular. bsnikerbr@yahoo.com.br> ** Universidade de São Paulo. Psicóloga, Psicanalista, Pesquisadora, Orientadora no Programa de Pós-Graduação Strictu-Sensu do Departamento de Psicologia Clínica do IP-USP. Fundadora do Laboratório Sujeito e Corpo (LABSUCOR - IPUSP). Também atende em consultório particular. araujoml@terra.

2 do Nome-do-Pai no final da década de 50, e o segundo, sobre a passagem do Nome-do-Pai aos Nomes-do-Pai na década de 70. Para tal articulação, foram escolhidos dois textos que nos guiarão na apresentação dessas duas épocas da produção lacaniana: A foraclusão do Nome-do- Pai, presente em O Seminário, livro 5: As formações do inconsciente (Lacan, ), e a aula do dia 15 de abril de 1975 presente em O Seminário livro 22: Real, Simbólico e Imaginário - R. S. I. ( ), conhecido como O Seminário R.S.I. de Jacques Lacan. Primeiramente, faremos uma leitura desconstrutiva dos textos captando, mais do que o dito ou pensado, o impensado e ilegível dos textos; em seguida, um breve apontamento de evoluções e diferenças entre os dois textos, método criado por Jacques Derrida e Spire Antoine 1. A foraclusão do Nome-do-Pai Lacan inicia o capítulo sobre a foraclusão 2 do Nome-do-Pai, em O Seminário, livro 5: As formações do inconsciente (Lacan, 1999, [ ]), falando sobre a importância do significante na economia do desejo digamos na formação e informação do significado 3. Após essa citação, há um comentário sobre a apresentação da sra. Pankow, psicanalista experiente no tratamento da psicose, acerca do double bind. O double bind 4 é uma noção de comunicação pautada na significação, na qual há uma relação dupla. O exemplo utilizado é da dupla decifração que a criança faz do comportamento da mãe, o que a leva a uma encruzilhada: se a criança responde ao amor da mãe isso provoca seu afastamento, se ela não responde e não lhe dá ouvidos, ela a perde. Trata-se de um tipo de emissão em que há duas mensagens simultâneas no mesmo enunciado, o que cria no sujeito uma situação tal que ele se vê num impasse 5. Até esse momento, Lacan está apenas ressaltando as propriedades do significante, já por ele apresentadas e bastante conhecidas até então, quando encaminha a discussão para a constituição do sujeito e sua relação com as psicoses. Assim haveria um double bind primitivo e este, mais do que uma simples confusão de significado para criança, seria um ponto de corte, constituinte do sujeito e da função significante no sujeito. Para o autor, que descarta rapidamente concepções personalistas, haveria aí algo que funda a fala enquanto ato do sujeito. Diz ele: 1 Derrida, J. & Spire, A. In Au-Delà des Apparences, 2002, p.7. 2 Do francês foraclusion: expressão jurídica equivalente à perda de prazo. 3 Lacan, , p Idem. 5 Lacan, , p Não é a mesma coisa dizer que uma pessoa deve estar presente para sustentar a autenticidade da fala e dizer que há alguma coisa que autoriza o texto da lei. Com efeito, o que autoriza o texto da lei se basta por estar, ele mesmo, no nível do significante. Trata-se do que chamo de Nome-do-Pai, isto é, o pai simbólico. Esse é um termo que subsiste no nível do significante, que, no Outro, como sede da Lei, representa o Outro. É o significante que dá esteio à lei, que promulga a lei. Esse é o Outro no Outro. 6 Nesse momento desta elaboração teórica, o Outro, a linguagem, a cultura, contém seu próprio significante, ou seja, há um Outro do Outro. Aqui, vemos vários pontos essenciais que serão desenvolvidos ao longo do capítulo. O que autoriza a lei é o Nome-do-Pai, isto é, a lei existe, pois há um S 1, significante primeiro que inscreve no sujeito a função significante, e isso dá as condições necessárias para a existência da lei. O Nome-do-Pai é o Outro no Outro, é o que permite a cadeia de significantes, a fala no sujeito e, por que não, a constituição do próprio sujeito, já que Lacan fala de um Double bind primitivo que inscreve a função significante no sujeito. Relacionando isso com as psicoses, a questão é saber o que acontece com o processo da comunicação quando, justamente, ele não chega a ser constitutivo para o sujeito. 7 Será só a partir de O Seminário, livro 7: A ética da psicanálise ( ), que Lacan fará valer a idéia de que, no processo de simbolização, na absorção Da Coisa no Outro, no qual a linguagem empalidece o gozo e o reabsorve, há um resto que é o objeto a, ou objeto mais-de-gozar, irredutível ao significante. Desta forma, o objeto a é uma parte do Outro da linguagem, mas deve ser entendido como incluído no Outro. Na neurose o Nome-do-Pai fica oculto na cadeia de significantes, como o fundador do mecanismo da Verdrängung (recalque), já na psicose haveria a Verwerfung, foraclusão (ou preclusão) do Nome-do-Pai. O que implica a Verwerfung do Nome-do-Pai? O Nome-do-Pai funda a lei, a articula numa ordem significante, Ele é o significante que significa que, no interior desse significante, o significante existe. 8. A Verwerfung do Nome-do-Pai implica a ausência de função significante, de Outro (cadeia 6 Lacan, , p Lacan, , p Lacan, , p. 153.

3 32 Breno Herman Sniker & Maria Lucia de Araujo Andrade e/ou tesouro de significantes) e do sujeito. Continuando nossa análise, vejamos como fica a estrutura da fala e do sujeito, segundo o seguinte diagrama: Lacan utiliza-o para explicar a fala e a articulação do desejo com o significante. Segundo ele, o desejo formula uma demanda ao eu, mas para fazê-lo ele precisa inserir-se na cadeia de significantes, no ponto A. O desejo é então convertido em Mensagem, no ponto M, onde ele já não é mais o desejo primário que evocou a mensagem, pois, ao inserir-se no significante, o desejo se modifica 9. O Witz 10 (ou desejo) aponta para uma Mensagem para além daquela que está sendo dita, daí o prazer que vem dele; embora seja um movimento contrário à refração do desejo pelo Outro, o Witz não revela o desejo, aproxima-se dele 11. Lacan deixa claro que o desejo e o significante nunca coincidem. Como fica então a questão das Psicoses nesse grafo? Para Lacan, o psicótico não articularia o desejo ao significante. Uma vez que não há Outro (A), podemos até nos perguntar se haveria desejo, já que este é constituído pelo Verdrängung 12 primário que o psicótico não fez. As psicoses articulariam mensagens, que não estariam dentro do Outro 13, e a fala não teria sua posição demarcada, pois, segundo Lacan, não há reflexão na fala do psicótico como há na fala do neurótico. A psicose nesse momento da obra de Lacan fica marcada como uma estrutura clínica inferior à neurose, pois teria uma condição de impossibilidade muito grande frente à linguagem. Porém, além dessa idéia de posição menor, outras questões muitas vezes ouvidas por nós, permanecem: O psicótico é um sujeito? Pode-se dizer que: tem um inconsciente? Como falam: os psicóticos sem o Outro e sem uma posição na fala?. Como devemos, frente a todos estes aspectos: entender a fala do psicótico?. E principalmente como poderia ser a clínica da psicose? 9 10 Em alemão Witz trad. desejo Em alemão: verdrangung: palavra usada por Freud: em port. recalque. 13 Outro em francês: A- AUTRE: Linguagem, Tesouro de Significantes, Cultura. Estas perguntas ficam sem resposta, ou com respostas questionáveis frente à existência inegável do psicótico como ser falante e dotado de singularidade. A despeito das incoerências que estamos apontando, vistas por muitos de forma bastante negativa do ponto de vista clínico, as posições de Lacan apresentadas em o O Seminário, livro 5: As formações do inconsciente (Lacan, ), tiveram grande repercussão entre aqueles que, contrariando a posição acima, aceitaram essa argumentação e se deixaram influenciar por ela. Pudemos ouvir e presenciar suas decorrências quando alunos e colegas nos perguntavam se seria realmente possível tratar o psicótico, pondo em questão a afirmativa feita por Lacan, em O Seminário livro 3: As Psicoses (Lacan, ), quando ele incentiva os psicanalistas a não retrocederem face às questões trazidas pelas psicoses. Nesse período do percurso lacaniano, há uma preocupação característica da época com a estrutura, o significante e a sua articulação com o desejo e, embora isso, em seu limite, possa resultar numa clínica da neurose obsessiva, mas nada de muito consistente pode nos dizer sobre a psicose. Marie-Heléne Brousse (1988), psicanalista, Membro Efetivo da Escola da Causa Freudiana, comenta essa situação de uma forma bastante crítica na qual encontramos alguns ecos do que acabamos de nos referir. Segundo essa autora, é indubitável que a partir de Freud e também de Lacan, os psicanalistas passaram a ter certo número de referências que criaram a possibilidade de um diagnóstico diferencial entre neurose e psicose. Outrossim, Brousse (1998, p. 65.) acrescenta que Lacan, nessa sua primeira fase, a da década de cinqüenta e parte da de sessenta, tendo estabelecido e formalizado O Caso Schreber como sendo o centro do conceito de foraclusão, nos impediu de contribuir naquilo que, para alguns outros, já havia se tornado uma facilidade e que para nós foi vivido como uma incoerência. Justificando sua afirmação, Brousse lembra que Lacan cita o trabalho de alguns outros psicanalistas no O Seminário livro 3: As Psicoses dizendo: Leiam Katan, por exemplo, que tenta nos dar uma teoria analítica da esquizofrenia, no quinto tomo da coletânea A Psicanálise da criança. Vê-se muito bem, ao lê-lo, o caminho percorrido na teoria analítica. 14 Possivelmente ele estaria aí se referindo a alguns autores, além do citado Katan, e particularmente a R. 14 Lacan, , p Advances in Health Psychology, 18 (1-2) 30-35, Jan-Dez, 2010

4 O interdito do incesto e o nome-do-pai. 33 Diatkine que, em Paris, na 13ª circunscrição, desenvolvia um excelente trabalho com crianças e adolescentes, a partir do qual se pôde melhor compreender o desenvolvimento dos distúrbios de personalidade de crianças pré-psicóticas, usando a teoria de M. Klein e D. W. Winnicott. Também estaria se reportando à questão dos borderlines, estudados na França por J. Bergeret, na qual o sujeito parecia permanecer em um ponto intermediário, numa fronteira entre a neurose e a psicose, no qual esta poderia não estar deflagrada e nunca o ser, apesar do sujeito ter e manter suas características psicóticas. Brousse conclui sua argumentação mostrando que, já naquele momento, se apontava para uma nova clínica diferencial entre neurose e psicose, na qual careciam de resposta outras diferentes questões: em que condições uma estrutura psicótica escapa aos fenômenos psicóticos?, como não deflagrar uma crise psicótica?, como estabilizar a psicose?. Fazendo uma análise crítica daquilo que Lacan tratou desde O Seminário livro 3: As Psicoses (Lacan, ), àquele das O Seminário, livro 5: As formações do inconsciente (Lacan, 1999, [ ]) passando pelo texto De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose ( ), encontrada nos Escritos de Lacan, percebemos que seu ensino contém paradoxos e transformações que caminham lado a lado com grandes descobertas. Aproximadamente 20 anos depois, Lacan responderá a muitas dessas questões no O Seminário livro 22: Real, Simbólico e Imaginário - R. S. I. ( ), que gira em torno das articulações dos nós e das relações que os regem. As noções de con-sistência, in-sistência e ex-sistência, da forma propiciada pela lógica da topologia, são uma alternativa às noções até então usadas de dentro/fora, causa/efeito e outras mais da lógica clássica. Ao articular os registros e as intersecções entre eles, Lacan fala de suas diferenças em relação ao sentido, o que equivaleria a dizer que eles ex-sistem uns em relações aos outros e que a insistência de um registro sobre o outro é o que garante as suas consistências, isto é, os mantém estáveis. 15 de Abril de 1975 A lição de 15 de Abril de 1975 é a penúltima aula do O Seminário R. S. I. ( ) e Lacan já havia gastado quase todo o seminário discutindo as contribuições do nó borromeano para pensar a articulação dos três registros. Ele explica que os três se ligam uns aos outros pelo vazio, marca estrutural do simbólico e por relações de consistência 15, in-sistência 16, existência 17, de tal forma que podemos dizer que, nesse momento, a centralidade do vazio é fundamental, não só para o sujeito, como para o edifício da teorização de Lacan. Diferentemente do que ocorre no texto de 1958, no qual o interdito do incesto é central para a compreensão das estruturas clínicas, em 1970 o interdito é apenas mais uma figura ou articulação do vazio. O simbólico, ao mesmo tempo em que é fundado a partir do vazio, é também seu fundador. O inconsciente apenas permite que se veja haver um saber, não no real, e já é muito. Já é muito que ele seja suportado por esse simbólico [que] é concebível não no limite, mas pelo limite, como sendo feito por uma consistência exigível pelo buraco e impondo-o a partir deste fato. 18 Isto quer dizer que, nesse momento, contrapondo-se ao afirmado em 1958, o Outro da linguagem possui um buraco fundamental que lhe é constitutivo, ou melhor, o Outro falha e não é garantia de si mesmo 19. Tal posição trás conseqüências das quais citamos algumas: não há o saber absoluto; não há Outro do Outro ; não há metalinguagem e, mais, não há o Outro tomado como todo, já que nem como consistência ele existe, apesar de ser aquele que dá consistência. Referindo-se a essas condições Lacan, no texto O Aturdito ( ), usará a expressão falha no universo, e representará o Outro sempre barrado como indicador dessa ausência. A função da falha, da falta, é restrita à linguagem e carrega consigo toda a noção de estrutura, que não é mais que a organização do buraco. Assim, a falha do universo é evidenciada de forma fundamental e intrínseca na linguagem, no simbólico. Que diferença existe em considerar o vazio (e não o interdito do incesto) como central? De qualquer forma não teria o simbólico um papel fundamental na constituição da estrutura do sujeito? Para Lacan, qual é, nessa época, a noção de estrutura? Lacan vai buscar as respostas que necessitava no Campo da Matemática criado por Euler em A Topologia. Passa a usar o Conceito de Estrutura como sendo um topos, no qual se articulam lugares e relações que criam posições e propriedades que resultam delas. 15 Devido ao vazio, ao buraco que faz parte do simbólico, este deve ter alguma consistência exigível pelo buraco. 16 In-sistência: o real que insiste em se inscrever. 17 Ex-sistência; o imaginário. 18 Lacan, p Mudanças Psicologia da Saúde, 18 (1-2) 30-35, Jan-Dez, 2010

5 34 Breno Herman Sniker & Maria Lucia de Araujo Andrade A estrutura refere-se ao sujeito falante, àquele que habita a linguagem, que é parasitado por ela e que se encontra submetido à lógica do significante e às especificações próprias da linguagem. Em outras palavras, refere-se àquele que está submetido à ordem do registro simbólico. Lacan colocará gozo e lalíngua como anteriores, como estrutura à linguagem e ao Outro que, desde então, estará definitivamente problematizado. Não é por nada que no O Seminário livro 20: Mais, ainda ( [1975]), na última aula, o autor propõe o conceito de lalíngua, isto é, um simbólico separado do Outro naquilo que ele se refere ao UM. No Capítulo II, desta mesma obra, O Seminário livro 20: Mais, ainda (Lacan ), intitulado: A Jakobson, põe ênfase na expressão do Há UM, que ele diz ser o gozar de um corpo que o Outro simboliza 20, completando; Gozar tem essa propriedade fundamental de ser, em suma, o corpo de um que goza de uma parte do Outro 21. Concluindo: a clínica opera a partir da estrutura, com ela e, por que não dizer, sobre ela 22. O conceito de Estrutura envolve o Real que está em questão na experiência analítica. É aquilo que permite a orientação na clínica, ou seja, a direção do tratamento. Também é aquilo que prende o corpo vivo ao simbólico e que suporta a maneira como se articulam o sujeito, o Outro e o objeto, em que se conjugam linguagem e gozo, ou seja, a forma pela qual, para um determinado sujeito, falante, fazem nó os três registros do real, do simbólico e do imaginário. Segundo Skriabine (1993), todas essas relações, facilitadas pela topologia, apontam o real implícito na estrutura como o possível à espera de que se escreva, dizem dele como sendo contingente, aleatório, ocasional. Isso passou a causar horror para os próprios psicanalistas, que muitas vezes fogem do estudo desse último momento do ensino de Lacan, como quem foge de uma praga, de algo inútil ou louco 23. É aí que nos conduz Lacan: a ultrapassar os efeitos da inibição, ou seja, do horror que a topologia produz sobre nós, para nos confrontarmos com a própria estrutura com a qual convivemos e que é a que nos concerne. 24 Não nos esqueçamos que Freud, ao pontuar descobertas que também indicavam a fragilidade humana - tais 20 Lacan, 1985, p Idem Tradução realizada pela autora Maria Lúcia de Andrade Araújo - texto inédito em português. 24 Skriabine, 1993, como a intangibilidade do Inconsciente (Ics), a centralidade do Sol no sistema solar e a questão trazida por Darwin sobre a ascendência humana - conseguira abalar a segurança do ser humano, trazendo algo semelhante que se somou às descobertas de Lacan. O Seminário livro 22: Real, Simbólico e Imaginário - R. S. I. ( ) leva-nos a uma nova articulação, pois mostra que o interdito do incesto é apenas um dos modos possíveis de fundar o simbólico, já que é uma das maneiras do sujeito lidar com o vazio. Aí vamos ler: Não consideramos o fato da interdição do incesto como histórico. Ela é, claro, histórica, mas foi preciso procurar muito na história para acabar encontrando isso apenas entre os hindus. Pode-se dizer que está aí uma das pontas. Não é histórico, é estrutural. Estrutural por quê? Por que há o simbólico. O que bem se deve perceber é que é no buraco do simbólico que con-siste esse interdito. 25 O Nome-do-Pai não deixa de ser fator fundamental para a consistência do simbólico, como diz Lacan: É preciso o simbólico para que apareça, individualizado no nó, essa coisa que eu não chamo tanto de complexo de Édipo, não é tão complexo assim, chamo isso de Nome do Pai. O que só quer dizer o Pai enquanto Nome, não quer dizer nada disso no início, não só o pai como nome, mas o pai como nomeador. Aí não se pode dizer que os judeus não foram legais, eles explicaram bem que era o Pai, eles chamam-no Pai, o Pai que eles enfiam num ponto de buraco que nem se pode imaginar; eu sou o que sou, isso é, um buraco. Bom, é daí que, por um movimento inverso usando como modelo topológico, a figura da garrafa de Klein, se acreditarem nos meus esqueminhas, é um buraco que turbilhona, ou melhor, engole, mas há momentos em que cospe de volta. Cospe o quê? O Nome. É o pai enquanto Nome. 26 A diferença entre o Nome-do-Pai de 50 e o Nomedo-Pai de 70 é a articulação feita por Lacan entre buraco do simbólico e o interdito do incesto com a não-relação sexual. O buraco do simbólico não é constituído pelo interdito, sendo justamente o contrário. Por não haver relação sexual - plena e completa -, devido à insistência do real, é que o buraco tem consistência. E como diz Lacan, é dessa consistência do simbólico que é cuspido o Nome-do-Pai Advances in Health Psychology, 18 (1-2) 30-35, Jan-Dez, 2010

6 O interdito do incesto e o nome-do-pai. 35 Uma vez desfeita a ligação direta e causal entre o interdito do incesto e Nome-do-Pai, resta à pergunta: qual, afinal, é a relação entre eles? O interdito do incesto é a forma neurótica de lidar com o vazio. Na neurose, o Nome-do-Pai se constitui a partir do complexo de Édipo, no qual os sujeitos serão regidos pele gozo fálico. A evolução do texto de 70 vem nas afirmações seguintes de Lacan: Quando digo o Nome do Pai, isso quer dizer que pode haver aí, como no nó borromeano, um número indefinido. É esse o ponto vivo. É que esses números indefinidos, estando atados, tudo repousa sobre um enquanto buraco, ele comunica sua consistência a todos os outros. 27 O que temos aqui, é o Nome-do-Pai, é aquilo que dá consistência ao simbólico e deixa em cada parte dele sua marca, comunica sua consistência a todos os outros, e embora possamos dizer que todos os sujeitos têm uma função nomeadora, essa função é diversa, principalmente quando se trata de um Nome-do-Pai não inscrito pelo complexo de Édipo, mas de uma forma outra. 28 Como pensar em uma nova clínica diferencial, que vai nos exigir saber distinguir não só os quadros da neurose e da perversão, mas também entre eles os das psicoses, deflagradas, não deflagradas e as estabilizadas. Tais questões já fazem parte dessa segunda fase do ensino lacaniano quando, a partir do caso Joyce, Lacan desloca a forma anterior em que se colocara em relação à psicose e tenta formular a idéia da existência de uma preclusão generalizada, de um delírio universal. É lá que encontraremos algumas de suas respostas às nossas questões através do uso do conceito de suplência 29 Já presente na clínica de Freud, Lacan utiliza esse conceito em O Seminário livro 1: Os Escritos Técnicos de Freud em relação ao caso clínico Dick, que foi tratado por M. Klein. Mais tarde, essa questão se reapresentou para ele, dentro do O Seminário livro 22: Real, Simbólico e Imaginário - R. S. I. ( ) como uma solução aos novos impasses trazidos à clínica psicanalítica pela ênfase dada então ao real. Irá revolucioná-la, centrando-a exclusivamente na suplência definida em termos do Nome-do-Pai. Devemos recordar o que Lacan fala do quarto elo na topologia do nó-borromeano como foi desenvolvida a partir do Seminário, 22: R.S.I., dando-lhe o valor de 27 Idem Lacan, , p sinthoma e como suplência à função do Pai, ou seja, como um dos Nomes-do-Pai necessários para atenuar a falta estrutural do Outro e fazer o enodamento. Este nó (não mais a três, mas a quatro) atenua e ao mesmo tempo renova o status do simbólico. Lacan, no final da última aula do Seminário, 22: R.S.I., a 12 de maio de 1975, encerra da seguinte forma: É entre esses três registros que a nomeação do imaginário, como inibição, a nominação do real como acontece dela passar de fato, quer dizer, angústia, ou a nominação do simbólico, quero dizer,este implicado como fina flor do próprio simbólico, ou seja, como se passa efetivamente, na forma do sintoma; será entre esses três termos que tentarei no ano que vem dar substância ao Nome-do-Pai. 30 Esse período da obra de Lacan restitui o psicótico ao seu lugar de direito - inscrito no simbólico, mas agora de maneira outra: como sujeito. Assim como o neurótico, ele desenvolve uma maneira própria de lidar com o vazio e com a não- relação sexual. Referencias Brousse, Marie-Helene. Question de Suppléance, ORNICAR?. Paris. n. 47: 65-73, oct-déc (Révue du Champ freudienne), 1988 Derrida, Jacques & Spire Antoine. Au-Delà des Apparences. Éditions LE BORD D EAU, Latresne, France p.7 LACAN, Jacques. O Seminário: livro 3: as psicoses, ( ); texto estabelecido por Jacques-Alain Miller; versão brasileira de Aluisio Menezes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, O Seminário livro 22: Real, Simbólico e Imaginário - R. S. I. ( ). (não está traduzido em português, mas há uma tradução inédita). De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose ( ). In Escritos (1966). Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., O Seminário: livro 11: os quatro conceitos fundamentais em psicanálise (1964); texto estabelecido por Jacques-Alain Miller; tradução de MD magno. 2º Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor., O Seminário: livro 20: Mais, ainda ( ). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor., O Seminário: livro 5: as formações do inconsciente ( ); texto estabelecido por Jacques-Alain Miller; tradução de Vera Ribeiro; revisão Marcus André Vieira - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor., O Seminário: livro 1: os escritos técnicos de Freud ( ). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., Skriabine, Pierre (1993) Clinic et topologie: Le défaut dans L univers. P In: La Cause Freudienne. L énigme & la Psychose, nº 23. Publication de l ÉCF. Paris. France (Tradução portuguesa de Maria Lucia de Araújo Andrade, do texto inédito de Pierre Skriabine. 30 Mudanças Psicologia da Saúde, 18 (1-2) 30-35, Jan-Dez, 2010

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