PERDAS NO PROCESSAMENTO NA INDÚSTRIA DE ÓLEOS VEGETAIS
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- Lucca Igor Quintanilha de Abreu
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1 PERDAS NO PROCESSAMENTO NA INDÚSTRIA DE ÓLEOS VEGETAIS O controle efetivo de perdas no processamento tem como objetivo: Redução de custos de produção; Aumento da produtividade; Redução nos efluentes; Manutenção da qualidade do produto final. As perdas no processo tem uma participação importante nos custos de produção: Vapor 40,1 % Perdas 36,0 % Reagentes 12,2 % Gás 4,6 % Energia Elétrica 2,9 % Mão de obra 2,5 % Água Potável 1,5 % Ao contrário da redução de custos de produção por economia de vapor, que está calcada em investimentos em regeneração de calor, sistemas de vácuo de baixíssimo consumo, isolamento térmico voltado à economia, a redução de perdas está calcada principalmente em controles do processo. Temos, porém que levar em conta o que é perda de processo em relação a componentes da matéria prima que não são aceitáveis no produto final. Perdas relativas - participação no custo: Perdas relativas totais: 36,0 % Impurezas relativas: 27,4 % Perdas teóricas de produto: 8,6 % Como podemos ver, uma grande parte das perdas relativas refere-se a qualidade da matéria prima. Matéria prima de má qualidade irá produzir grande quantidade de perda de produto bom. Perdas podem ser provocadas não só por matérias primas de pior qualidade, mas entre outras coisas, em consequência da má qualidade inicial de: Má secagem, Mau armazenamento, Baixa eficiência na pré-limpeza, Deficiências no processo de extração, Deficiências na degomagem. 1
2 Uma regra básica deve ser sempre lembrada: Um bom processo posterior não corrige totalmente erros de processamentos anteriores. Onde ocorrem as perdas? As perdas no processo de refino ocorrem em maior ou menor quantidade em todas as suas etapas: Neutralização Branqueamento Desodorização Estimativa teórica de perdas: a) Neutralização: Para Wesson até 3%: Perda total = 0,3 + 1,25 x W Para Wesson entre 3% e 10%: Perda total = 1,35 x W b) Branqueamento: Perda total = % terra 0,3 c) Desodorização: Perda total = % acidez x 2 Perdas no processo de neutralização. As perdas na neutralização ocorrem basicamente em: 1. Perdas de óleo na borra. Perdas por saponificação de óleo Perdas por emulsão 2. Perdas por arraste do óleo na água de lavagem. 1. Perdas de óleo na borra: Com a correta ação do ácido fosfórico a quantidade de soda em excesso para o processo pode ser reduzida, evitando assim a saponificação do óleo. É também importante a correta mistura e dispersão da soda e o tempo de contato para que se promova a efetiva reação. Somente assim a separação se torna eficiente e as perdas de óleo são minimizadas. Valores da ordem de 20% de óleo na borra e menores são perfeitamente atingíveis com a adequação do processo. 2
3 2. Perdas por arraste do óleo na água de lavagem. As perdas por arraste de óleo na água de lavagem são função principalmente de uma má neutralização, conforme falamos anteriormente, mas também da qualidade da água de lavagem (dureza) e de baixa temperatura da água de lavagem. A dureza máxima da água de lavagem não deve superar 5 graus alemães, isto é, 90 ppm de carbonato de cálcio (água abrandada). Uma boa mistura óleo-água quente e eventualmente um tempo de contato para solubilização dos sabões reduzem este tipo de perda. A acidulação da água de lavagem é uma alternativa. Controle do processo. Um valor de referência confiável é a única forma de sabermos realmente o quanto estamos perdendo. Vários métodos podem ser utilizados, como por exemplo: Neutral Oil Loss (Método oficial da AOCS Ca 9f-57) (Perda Cromatográfica ). Perda Wesson, Perda de Caneca, etc. Ou de forma mais simplificada: P (%) = Acidez (%) + Insolúveis em acetona (%) + Umidade (%) + 0,3 A fórmula apresentada anteriormente foi obtida na Bunge nos anos 1984/85 através de um levantamento comparativo diário do valor obtido pelo NOL e analises de acidez, insolúveis em acetona e umidade e serve como boa referência para determinação da eficiência do refino: Eficiência de Refino = Quant. de óleo neutro obtido 100 Quant. de óleo processado - P Resumidamente, para um controle efetivo das perdas de refino é indispensável saber o valor do NOL, determinar por cálculo estequiométrico a quantidade de soda necessária para a neutralização dos ácidos graxos e efetuar-se medições precisas da entrada e saída de óleo, consumo efetivo de soda e de ácido fosfórico e através destes dados proceder-se ao ajuste da planta de neutralização. 3
4 Perdas no Branqueamento O branqueamento é outro ponto onde ocorrem perdas de óleo, que podem ser significativas. Neste caso, as perdas são provocadas por arraste de óleo na terra de branqueamento. A forma de minimizar estas perdas é a utilização da mínima quantidade de terra necessária. A redução do conteúdo de óleo na terra de branqueamento por sopragem tem um limite, pois abaixo de 30% de óleo na terra, esta se torna pirofórica, podendo se iniciar a auto combustão pela exposição ao ar. Para minimizar as perdas é indicado: 1) O rígido controle da dosagem de terra, por exemplo, através de células de carga no silo de terra; 2) A correta mistura do óleo com a terra; 3) Tempo de contato adequado entre óleo e terra; 4) Eventual utilização da terra exaurida retida no filtro como pré-filtração para aproveitamento da capacidade residual; 5) Rígido controle do processo através de instrumentação adequada. Perdas na Desodorização Ainda que usualmente pequenas, as perdas na desodorização podem assumir valores significativos em caso de descontrole do sistema. As perdas na desodorização são basicamente constituídas por: 1) Perdas por arraste nos ácidos graxos por excesso ou má distribuição do vapor direto. 2) Perdas por respingos provocadas por excesso de vapor direto ou por vapor direto com umidade. Em ambos os casos citados o problema está relacionado a excesso ou má distribuição do vapor direto que promove o arraste de óleo para o sistema de recuperação de ácidos graxos ou para o receptor de respingos. 4
5 É importante que o desodorizador disponha minimamente de: Medidor de vazão de vapor direto que irá facilitar o controle e distribuição do mesmo nas bandejas. Superaquecedor de vapor direto. Válvulas de agulha para ajuste individual da distribuição. Como vimos o controle de perdas não é algo que requeira investimentos de grande porte, porém é um procedimento que requer um acompanhamento efetivo da produção através de análises e um registro dos valores de consumos de reagentes e de perdas para que as providências a serem tomadas sejam efetivas. Dorsa & Dorsa Engenharia S.S. Ltda. Eng. Renato Dorsa dorsa.engenharia@gmail.com Sapienza Engenharia e Consultoria Eng. José C. Caranti sapienza.eng@gmail.com (19) (11) (19) (11) (19) (11)
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