Efeito da Solarização e Biofumigação na Incidência de Murcha Bacteriana em Tomate Cultivado em Condições de Campo.
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- Nicolas Alexandre Sabrosa Marroquim
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1 Efeito da Solarização e Biofumigação na Incidência de Murcha Bacteriana em Tomate Cultivado em Condições de Campo. Mírian Josefina Baptista 1 ; Carlos lberto Lopes 1 ; Ronessa Bartolomeu de Souza 1. 1 Embrapa Hortaliças, Rod. BR 060 Brasília-nápolis Km 09, Caixa Postal 218 CEP: Brasília DF. RESUMO: s doenças causadas por fitopatógenos do solo causam elevados prejuízos na maioria das espécies olerícolas. Recentemente a solarização do solo e a biofumigação vem sendo estudados como alternativas viáveis para o controle de patógenos do solo. Neste trabalho, experimentos foram conduzidos no campo para avaliar os efeitos da adição de resíduos orgânicos (biofumigação) e da solarização na incidência de murcha bacteriana causada por Ralstonia solanacearum em tomate. Os tratamentos avaliados foram adição de resíduos de brássicas (2%), cama de frango (2%), tratamento com brometo de metila e solo sem tratamento, todos solarizados ou não solarizados. O experimento foi montado em uma área naturalmente infestada com Ralstonia solanacearum no campo experimental da Embrapa Hortaliças. solarização do solo foi feita por dois meses e, após este período, a área foi plantada com tomate. Durante o desenvolvimento das plantas, a incidência de murcha bacteriana foi avaliada semanalmente e, para cada tratamento, foram calculadas as curvas de progresso da doença. adição de cama de frango e a solarização reduziram significativamente a incidência de murcha bacteriana e o progresso da doença e apresentam boas perspectivas para o uso como alternativas de controle para a murcha bacteriana. PLVRS CHVE: Lycopersicon esculentum, Ralstonia solanacearum, Desinfestação do solo, Controle físico, Matéria orgânica. BSTRCT: Effect of soil solarization and biofumigation on bacterial wilt incidence on tomato. Soilborne plant pathogens cause heavy losses to most vegetable crops. Recently, soil solarization and biofumigation have been evaluated as usefull alternatives for soil pathogen control. Field experiments were carried out to test the effects of amending soil with organic residues (biofumigation) and solarization on incidence of bacterial wilt (Ralstonia solanacearum) on tomato. The combination of the amendments Brassica residues (2%), chicken litter residues (2%), methil bromide treatments and no soil treatment, with or without soil solarization were evaluated. The tomato crop was field planted after two months of soil
2 solarization. Bacterial wilt incidence was assessed weekly during plant development and disease progress curves were calculated for each treatment. ddition of chicken litter and solarization significantly reduced bacterial wilt incidence and disease progress constituting good perspectives for use as a alternative method for bacterial wilt control. KEYWORDS: Lycopersicon esculentum, Ralstonia solanacearum, Soil disinfestation, physical control, organic matter. s doenças causadas por organismos presentes no solo causam sérios problemas nas culturas de hortaliças e podem levar a perdas elevadas, em alguns casos chegando a 100% da produção. Em pequenas propriedades, cuja área disponível para produção é restrita, o problema causado pela presença de bactérias, fungos e nematóides no solo pode levar à necessidade de abandono da área inviabilizando a propriedade para produção de determinadas culturas. solarização do solo é uma opção bastante promissora para o controle de doenças causadas por fitopatógenos do solo. Trata-se de um método de desinfestação realizado através da cobertura do solo úmido com filme de polietileno transparente, nas estações mais quentes do ano. Esta técnica tem demonstrado ser efetiva no controle de doenças causadas por fungos, nematóides e no controle de plantas invasoras e tem a vantagem de ser uma técnica simples, de baixo custo, e de não envolver o uso de produtos químicos, sendo ambientalmente valorizada. Seu uso em conjunto com outros métodos de controle é viável, o que favorece sua utilização como parte de estratégias de manejo integrado de doenças, o que permite que sua eficiência e confiabilidade seja aumentada. biofumigação consiste na incorporação de matéria orgânica ao solo, principalmente resíduos de brássicas e resíduos ricos em nitrogênio, que durante a decomposição produzem substâncias tóxicas aos fitopatógenos reduzindo sua viabilidade no solo. utilização da biofumigação juntamente com a solarização tem sido avaliada como alternativa para o controle de fitopatógenos do solo (Blok et al., 2000; Gamliel & Stapleton, 1993a, 1993b). murcha causada por Ralstonia solanacearum está entre as principais doenças bacterianas e é uma das mais importantes doenças nas regiões tropicais e subtropicais. Seus mecanismos de sobrevivência dificultam o controle após sua introdução no solo. R. solanacearum pode permanecer protegida em bolsões de solo mantendo o inóculo necessário para reiniciar a infecção. Neste contexto, a solarização juntamente com a biofumigação poderia permitir um controle mais eficiente deste organismo. possibilidade de reduzir a população de R. solanacearum no solo utilizando estes métodos, principalmente em estratégias de manejo integrado da doença pode aumentar muito as
3 perspectivas de controle da murcha bacteriana. Este trabalho tem o objetivo de avaliar o efeito da solarização e biofumigação, com adição de resíduos de brássicas e cama de frango, na incidência de murcha bacteriana em tomate, no campo, em áreas naturalmente infestadas com Ralstonia solanacearum. MTERIL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em área (50 x 25m), naturalmente infestada com Ralstonia solanacearum, localizada no campo experimental da Embrapa Hortaliças, Brasília-DF, latitude sul 15º56 00, longitude oeste 48º08 00, altitude 997,62 m. O solo foi preparado através de aração até 30 cm de profundidade, com uso de subsolador e de enxada rotativa. Foi feita irrigação à capacidade de campo até 40 cm de profundidade e no dia seguinte as parcelas a serem solarizadas foram cobertas com plástico de polietileno (PE) de 50 m de espessura. s bordas do plástico foram enterradas a 20 cm de profundidade tomando-se o cuidado de evitar o acúmulo de ar sob o plástico. O experimento foi montado em delineamento em blocos casualizados, em esquema de faixas, com oito blocos contendo parcelas solarizadas e não solarizadas. Cada parcela constou de quatro subparcelas com os seguintes tratamentos: Testemunha, adição de resíduos de brássicas (mistura da parte aérea de couve flor e brócolis 2% v:v), adição de cama de frango (2%) e tratamento com brometo de metila. Os resíduos cama de frango e resíduos de brássicas foram incorporados com enxada rotativa. Nas parcelas tratadas com brometo de metila, a fumigação foi feita após o processo de solarização. O solo foi solarizado por oito semanas e, após a retirada do plástico, a área foi plantada com tomate TSW-10 (Embrapa Hortaliças). Durante todo o desenvolvimento das plantas foi determinada a incidência de murcha bacteriana em oito plantas marcadas em cada subparcela, semanalmente, totalizando oito avaliações. Os dados de incidência da doença foram utilizados para calcular as curvas de progresso da doença em cada tratamento e a área abaixo da curva de progresso da doença (CPD). RESULTDOS E DISCUSSÃO O período de solarização do solo foi de 28/08/2003 a 03/11/2003 (65 dias). Neste período as temperaturas médias do ambiente, no mês de setembro e outubro, foram respectivamente: temperaturas máximas (15 horas) 29,7ºC e 30,3ºC; temperaturas mínimas (09 horas) 15,3ºC e 18,0ºC e insolação 9,1 e 7,5 horas. temperatura é um dos fatores que mais afetam a sobrevivência e o crescimento dos microrganismos. Influencia diretamente as reações fisiológicas e as características físico-químicas que afetam as células constituindo-se em um
4 fator de grande importância na ecologia microbiana do solo (Pelczar et al., 1980; Siqueira & Franco, 1988). s temperaturas verificadas durante o processo de solarização provocam alterações na microbiota do solo favorecendo grupos de microrganismos com maior habilidade saprofítica, em detrimento de outros como os microrganismos especializados nas relações patogênicas e com menor habilidade competitiva no solo (Katan, 1981; Ghini et al. 2003). Neste experimento, foram registradas no solo temperaturas médias, nas parcelas solarizadas de 45ºC a 5 cm de profundidade, 40,5ºC a 10 cm de profundidade e 34,6 ºC a 20 cm de profundidade, entre 14:00 e 15:00 hs. Nas parcelas não solarizadas as temperaturas médias obtidas foram 34,6ºC a 5 cm de produndidade, 30,4ºC a 10 cm de produndidade e 27,2ºC a 20 cm de profundidade entre 14:00 e 15:00 hs. Estes valores correspondem a uma diferença de temperatura entre o solo solarizado e não solarizado de 10,4 C a 5 cm de profundidade, 10,1ºC a 10 cm de profundidade e 7,4ºC a 20 cm de profundidade. s curvas de progresso da doença obtidas a partir da incidência da murcha bacteriana nos diversos tratamentos exibiram o maior aumento da doença em função do tempo nos tratamentos testemunha, cama de frango 2% e resíduos de brássica 2%, não solarizados. Os tratamentos solarizados exibiram menor incremento na incidência de murcha. s parcelas solarizadas e não solarizadas onde foi utilizado brometo de metila apresentaram desenvolvimento semelhante da doença, comparável aos tratamentos solarizados. quantidade total de doença no campo obtida pelo cálculo da área abaixo da curva de progresso da doença (CPD) mostrou efeito significativo da solarização, do uso do brometo de metila e da cama de frango (2%) na redução da incidência da murcha bacteriana no campo (Figura 1). Os tratamentos não solarizados, testemunha e adição de resíduo de brássicas 2%, apresentaram quantidade de doença significativamente maior. Os resíduos de brássicas vêm sendo descritos como substâncias com ação antimicrobiana devido à preseça de glucosinolatos em seus tecidos, que após sofrerem hidrólise, liberam compostos de enxofre que são tóxicos a diversos microrganismos do solo (Gamliel & Stapleton, 1993a). Gamliel & Stapleton (1993b) verificaram a atividade de resíduos de repolho na redução de propágulos de Pythium ultimum e Sclerotium rolfsii em solos solarizados e com resíduos de repolho na concentração de 2%. Blok (2000) verificou o efeito da adição de resíduos de brocoli em conjunto com a solarização do solo na redução de propágulos de Fusarium oxysporum, Rhizoctonia solani e Verticillium dahliae no solo. No entanto, neste trabalho não se verificou o efeito destes resíduos na incidência de murcha bacteriana no campo. O efeito da solarização em conjunto com a adição de resíduos de brássicas não diferiu do efeito da solarização isoladamente. adição de cama de frango, por outro lado, mostrou-se efetiva na redução da incidência de murcha bacteriana no
5 campo, o que foi observado também por Coca (2001). O efeito da cama de frango foi observado isoladamente e em conjunto com a solarização. Neste último caso, embora não tenha diferido significativamente do efeito da solarização sem adição do resíduo, verifica-se uma tendência de efeito aditivo que deve ser melhor estudado em trabalhos posteriores. Os resultados apresentados indicam a viabilidade da utilização da solarização do solo e da adição de cama de frango como alternativas para o controle da murcha bacteriana em condições de campo. Estudos mais detalhados sobre as melhores combinações entre os dois tratamentos, com diferentes porcentagens de resíduos e avaliações econômicas da viabilidade do processo para diferentes hortaliças e sistemas de produção devem ser realizados para permitir a utilização destas técnicas efetivamente na produção de hortaliças. CPD BM SOL Murcha bacteriana no campo TE CF RB BM NSOL Tratamentos B TE CF RB Figura 1. rea abaixo da curva de progresso da murcha bacteriana no campo. BM -Brometo de metila, TE - Testemunha, CF - Cama de frango e RB - Resíduos de brássicas. SOL - Solarizado, NSOL- Não solarizado. B LITERTUR CITD: BLOK, W. J.; LMERS, J. G.; TERMORSHUIZEM,. J.; BOLLEN, G. J. Control of soilborne plant pathogens by incorporating fresh organic amendments followed by tarping. Phytopathology 90(3): , COC, D. M. Efeito da adubação orgânica em batata (Solanum tuberosum L.) cultivada em solo infestado com Ralstonia solanacearum Biovar f. (Tese mestrado) - UNB, Brasília DF.
6 GMLIEL,. & STPLETON, J. J. Effect of chiken compost or ammonium phosphate and solarization on pathogen control, rhizosphere microrganisms, and lettuce growth. Plant Disease 77(9): , 1993 a. GMLIEL,.; STPLETON,J.J. Characterization of antifungal volatile compounds evolved from solarized soil amended with cabbage residues. Phytopathology 83: , 1993 b. GHINI, R.; PTRICIO, F.R..; SOUZ, M. D.; SINIGGLI,C.; BRROS, B.C.; LOPES, M.E.B.M.; TESSRIOLI NETO, J.; CNTREL, H. Efeito da solarização sobre propriedades físicas, quimicas e biológicas de solos. Revista Brasileira de Ciência do solo 27:71-79, KTN, J. Solar heating (solarization) of soil for control of soilborne pests. nnual Review of Phytopathology 19:211-36, KTN, J. Solar Pasteurization of Soils for Disease Control: Status and Prospects. Plant Disease 64(5): , PELCZR, M.; REID, R.; CHN, E.C.S. Microbiologia. V. 1. São Paulo. McGraw Hill, p. SIQUEIR, J. O.; FRNCO,.. Biotecnologia do solo: Fundamentos e perspectivas. Brasília DF. MEC ESL FEPE- BES, p. TKTSU,. & LOPES, C.. Murcha-bacteriana em hortaliças: vanços científicos e perspectivas de controle. Horticultura Brasileira 15: , 1997.
(Recebido para publicação em 11 de março de 2005; aceito em 31 de maio de 2006)
BAPTISTA MJ; SOUZA RB; PEREIRA W; LOPES CA; CARRIJO OA. 2006. Efeito da solarização e biofumigação na incidência da murcha bacteriana em tomateiro no campo. Horticultura Brasileira 24: 161-165. Efeito
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