ESCOLA MAGNUS DOMINI

Transcrição

1 ESCOLA MAGNUS DOMINI O ORIENTE HABITA A CIDADE CANÇÃO Lucas Ricardo Gaio Maria Augusta Monteiro Weffort Maria Júlia Costa Rocha Pedro de Freitas Bedin MARINGÁ 2016

2 1. INTRODUÇÃO Você já se perguntou por que existem muitos restaurantes japoneses em Maringá? Ou também por que grande parte da população maringaense é formada por japoneses? Como moradores desta cidade, abordaremos, neste trabalho, como Maringá foi, e ainda é, influenciada pela cultura japonesa. Indicaremos sobre a chegada desses imigrantes, primeiramente no Brasil, depois no Paraná e, por último, em Maringá. Na sequência, trataremos sobre algumas coisas que estão na moda e são de origem japonesa, como o Cosplay. 2. IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL No final do século XIX, o mundo passava por transformações. O Japão, após 200 anos de isolamento, abria as portas para o comércio exterior, mas enfrentava uma grave crise econômica. O Brasil, por outro lado, tinha recém-abolido a escravidão e proclamado a República, e necessitava de mão de obra para trabalhar na agricultura. Então, para atender à essa necessidade, em novembro de 1895, foi assinado em Paris, o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação. Foi o início das relações diplomáticas entre Brasil e Japão. Os primeiros 781 japoneses, trazidos pelo navio Kasato Maru (Imagem 1), no entanto, desembarcaram no porto de Santos somente em 18 de junho de 1908, após 52 dias em uma viagem de 12 mil milhas, de acordo com a bibliografia de Claudio Seto e Maria Helena Ueda. Imagem 1 Navio Kasato Maru

3 Os pesquisadores registram que momentos antes do desembarque, Shuhei Uetsuka escreveu o primeiro haicai no Brasil, que dizia Nau imigrante, cortando oceanos: cascata seca. O haicai é um estilo de poema japonês que é composto por três versos, com cinco, sete e cinco sílabas. Mais tarde, Uetsuka seria conhecido como pai dos imigrantes japoneses no Brasil. 2.1 Imigração japonesa no Paraná Os imigrantes japoneses se fixaram no Norte Pioneiro, trazendo a tradição da lavoura. Como, porém, desconheciam técnicas agrícolas relativas às culturas tropicais, se dedicaram a piscicultura, horticultura e fruticultura na economia regional. Alguns dos produtos introduzidos no Estado pelos japoneses foram o caqui e o bicho da seda. Maringá e Londrina são as cidades paranaenses que concentram o maior número de japoneses. É válido ressaltar que os municípios de Uraí e Assaí originaram-se a partir de colônias japonesas. A vida cultural de Curitiba estava em plena efervescência em O movimento simbolista encabeçado por Emiliano Perneta e Dario Velloso estava em sua época de consagração. Os curitibanos também se preparavam para uma vida moderna composta por fotografia, gramofones, bicicletas e motocicletas. Os eventos no Passeio Público, as vitrines e diversões do parque Colyseu Curitibano faziam a alegria dos curitibanos na época. É nesse contexto que três japoneses chegaram no Paraná em abril de No entanto, eles passaram a morar em Curitiba somente em 1912, quando é criada uma Casa Japonesa, na Rua XV de Novembro com a Dr. Muricy. Ainda naquele ano, outro japonês, Kinsuke Kato, foi trabalhar no cultivo do café em Ribeirão Claro, no Norte Pioneiro.

4 Imagem 2 Localização da Casa Japonesa, em Curitiba, criada em 1912 Nesse período, uma campanha contra a presença dos japoneses foi iniciada pelo Diário da Tarde. No dia 14 de abril de 1909, o jornal estampou o artigo Nada de japoneses na primeira página. Isso, no entanto, não impediu que novas famílias chegassem na Fazenda Monte Claro. Ali, em 12 de dezembro de 1914, nasceria o primeiro nissei paranaense: Massao Nishikawa. No ano seguinte, as famílias Honda e Kuya chegaram em Cambará, na Fazenda Água do Bugre. Em 1920, foi fundada em Cambará a Vila Japonesa, primeira colônia do Norte do Paraná. Ao mesmo tempo, mais pioneiros chegaram a Jacarezinho, Santa Mariana, Andirá, Bandeirantes e Cornélio Procópio. A integração entre as raças ocorreu a partir de 1919, na Catedral de Curitiba, quando Shingo Matsuda casou-se com Magdalena Marchiori. Em 1920, nasceu Shingo Matsuda, primeiro mestiço paranaense. A presença nipônica, no entanto, só se acentuou no Norte do estado a partir da década de 1930, quando Hikoma Udihara incentivou os imigrantes a se mudarem para o Paraná, onde não havia proibição de plantar café e as terras eram mais baratas que em São Paulo. Na região, participaram da fundação de Londrina, Assaí, Rolândia, Arapongas, Uraí, Maringá e outras cidades. Trabalhando na agricultura, os japoneses deram uma importante contribuição para o desenvolvimento do Paraná,

5 pois além do cultivo do café e do algodão também diversificaram a produção agrícola, implantaram diferentes técnicas e se uniram através de cooperativas Locais paranaenses que homenageiam a cultura japonesa Cerca de 40 mil nipo-brasileiros vivem na capital paranaense, que, atualmente, sedia quatro festivais japoneses: Imin Matsuri, Haru Matsuri, Hana Matsuri e Seto Matsuri. A seguir, apresentamos a praça do Japão, em Curitiba (Imagem 3). Imagem 3 Praça do Japão, em Curitiba-PR O número de japoneses e seus descendentes que moram em Maringá aproxima-se a 15 mil, para se ter uma ideia, é maior que população das cidades de Santa Fé e Igaraçu juntas. Com grande influência da cultura japonesa, Maringá é sede do clube ACEMA Associação Cultural e Esportiva de Maringá, entidade representativa da comunidade nipo-brasileira da cidade, que, além de ser um espaço onde descendentes e apreciadores desta cultura se reúnem ao longo do ano, organiza diversos festivais e eventos em homenagem à cultura do Japão, em especial, o Festival Nipo-Brasileiro, que neste ano está em sua 27ª edição (Imagem 4).

6 Imagem 4 Festival Nipo-Brasileiro 2016 O projeto do Parque do Japão Memorial Imin 100 surgiu em 2006 com a finalidade de homenagear todos os imigrantes que se estabeleceram em Maringá, em especial os japoneses que, no ano de 2008, completaram 100 anos de imigração no Brasil. O espaço foi concebido para disponibilizar algumas das formas de expressão mais significativas da milenar cultura japonesa e ocupa uma área de m², caracterizando-se como um espaço de preservação ambiental, para ressaltar a integração do homem com a natureza, de forma contemplativa e harmônica. Ilustramos, a seguir (Imagem 5), uma bela visão desse parque. Imagem 5 Parque do Japão, em Maringá-PR Como forma de homenagear e mostrar a importância que tiveram os japoneses na colonização e formação de Maringá e região, no ano de 2015, o Museu Unicesumar abriu a exposição Brasileiros do Japão, Japoneses do Brasil.

7 Imagem 6 Museu Unicesumar, em homenagem à imigração japonesa Londrina sedia o evento Londrina Matsuri, que comemora a chegada da primavera e tem um local marcante na cidade que destaca a importância da cultura japonesa na cidade, a Praça Tomi Nakagawa (Imagem 7). Imagem 7 Praça Tomi Nakagawa, em Londrina-PR 3. CULTURA COSPLAY E INSTRUMENTOS MUSICAIS Cosplay é uma forma abreviada do inglês costume play ou costume roleplay e sua principal característica é que as pessoas se fantasiam como personagens de mangás, animes, game, desenhos animados ou então artistas de TV ou cantores. Originalmente, a moda Cosplay não foi criada no Japão, mas foi lá onde a moda mais se difundiu e se popularizou, tornando-se parte da cultura otaku. Enquanto que, no Brasil, usar fantasias limita-se apenas ao carnaval, festas de fantasia e, eventualmente, encontros de cosplayers, no Japão esse é um hábito cada vez mais comum, especialmente pelas ruas dos grandes centros. É a oportunidade de se parecer com o seu personagem favorito e, assim, dar asas à imaginação.

8 Em Maringá, tem um "encontro de animes" que se chama Animeingá (Imagem 8), em que há concurso de Cosplay. Imagem 8 Animeingá em sua 8ª Edição, em 2013 Há, também, instrumentos tradicionais que fazem parte da herança e da identidade cultural de um povo e, assim como em qualquer parte do mundo, há uma grande variedade de instrumentos musicais tradicionais japoneses que sobrevivem ao longo dos séculos e encantam os ouvintes. GTaiko ( 太鼓 ), Imagem 9, engloba uma variedade de instrumentos japoneses de percussão. No Japão, o termo refere-se a qualquer tipo de tambor, mas fora do Japão, incluindo o Brasil, o termo é geralmente usado para se referir a qualquer um dos vários tambores japoneses chamados de wadaiko ( 和太鼓 ). Imagem 9 - GTaiko Koto ( 琴 ), Imagem 10, é uma espécie de harpa lírica japonesa, também chamada de cítara japonesa. Possui cerca de 1,80m de comprimento e é esculpida em madeira paulownia. É um dos instrumentos musicais tradicionais japoneses.

9 Imagem 10 Koto Shamisen ( 三味線 ) é um dos instrumentos musicais tradicionais japoneses mais conhecidos fora do Japão, especialmente por ser um instrumento muito tocado pelas gueixas. Shamisen, também chamado de sangen, significa literalmente três cordas, sendo derivado do instrumento chinês sanxian. Imagem 11 Shamisen 4. CONCLUSÃO Nossa pesquisa nos permitiu concluir que os japoneses influenciaram na cultura do Brasil, do Paraná e de Maringá. Depois da chegada deles, em 1908, ao Brasil, por causa de uma grave crise econômica que havia no Japão, em 1909, eles seguiram para Curitiba, deixando uma grande população de japoneses no Paraná (18,15% dos japoneses no Brasil vivem no Paraná). Entre 1930 e 1940 uma grande parte de japoneses veio para o Norte do Paraná para trabalhar na agricultura. Em nosso Estado, os japoneses deixaram influências em várias cidades, especialmente em Maringá. Constatamos que a imigração japonesa foi fundamental para compor a população maringaense. Assim, a população de japoneses em Maringá foi aumentando e, de acordo com o Censo de 2009, 4,3% da população maringaense é formada por japoneses.

10 É indiscutível a presença encontramos as marcas desses colonizadores na cidade em lugares como a ACEMA, o Parque do Japão e vários restaurantes japoneses espalhados pela cidade canção. REFERÊNCIAS %20KOJIMA,%20SHIGERU.pdf?sequence=