cantada, sempre acompanhada de instrumental, como o alaúde, a viola, a flauta, ou mesmo com a presença do coro.
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- Aurélia Sampaio Gesser
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1 Literatura Ana Cláudia A poesia do Trovadorismo português tem íntima relação com a música, pois era composta para ser entoada ou cantada, sempre acompanhada de instrumental, como o alaúde, a viola, a flauta, ou mesmo com a presença do coro. A respeito dessa escola literária, assinale a alternativa correta. a) Os principais trovadores utilizavam a guitarra elétrica para acompanhar a exibição. b) As composições dividem-se em dois grandes grupos: líricas e satíricas. c) Os principais trovadores são: Padre Antônio Viera e Camões. d) O Trovadorismo é uma escola literária contemporânea. e) São exemplos de Cantigas Satíricas as Cantigas de Amor e de Amigo. 02 Considerando o Classicismo em Portugal, assinale a alternativa correta. a) Os Lusíadas é a principal obra lírica de Camões e o tema central é o sofrimento por um amor não correspondido. b) Os Lusíadas tem como temática a descoberta do Brasil e a relação entre o colonizador e o índio. c) Luís Vaz de Camões é o principal autor do Classicismo em Portugal e destacou-se por sua produção épica e lírica. d) Uma característica dos versos de Camões é que eles não apresentam uma métrica, são livres e brancos. e) Uma característica de Camões é que ele desprezava Portugal e o povo português. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES: Leia o soneto do poeta Luís Vaz de Camões (1525?-1580) para responder à(s) questão(ões). Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; mas não servia ao pai, servia a ela, e a ela só por prêmio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, passava, contentando-se com vê-la; porém o pai, usando de cautela, em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos lhe fora assi negada a sua pastora, como se a não tivera merecida, começa de servir outros sete anos, dizendo: Mais servira, se não fora para tão longo amor tão curta a vida. (Luís Vaz de Camões. Sonetos, 2001.) 1
2 03 De acordo com a história narrada pelo soneto, a) Labão engana Jacob, entregando-lhe a filha Lia, em vez de Raquel. b) Labão aceita ceder Lia a Jacob, se este lhe entregar Raquel. c) Labão obriga Jacob a trabalhar mais sete anos para obter o amor de Lia. d) Jacob descumpre o acordo feito com Labão, negando-lhe a filha Raquel. e) Jacob morre antes de completar os sete anos de trabalho, não obtendo o amor de Raquel. 04 Do ponto de vista formal, o tipo de verso e o esquema de rimas que caracterizam este soneto camoniano são, respectivamente, a) dodecassílabo e ABAB ABAB ABC ABC. b) decassílabo e ABAB ABAB CDC DCD. c) heptassílabo e ABBA ABBA CDE CDE. d) decassílabo e ABBA ABBA CDE CDE. e) dodecassílabo e ABBA ABBA CDE CDE. 05 Uma das principais figuras exploradas por Camões em sua poesia é a antítese. Neste soneto, tal figura ocorre no verso: a) mas não servia ao pai, servia a ela, b) passava, contentando-se com vê-la; c) para tão longo amor tão curta a vida. d) porém o pai, usando de cautela, e) lhe fora assi negada a sua pastora, 06 Senhora, que bem pareceis! Se de mim vos recordásseis que do mal que me fazeis me fizésseis correção, quem dera, senhora, então que eu vos visse e agradasse. Ó formosura sem falha que nunca um homem viu tanto para o meu mal e meu quebranto! Senhora, que Deus vos valha! Por quanto tenho penado seja eu recompensado vendo-vos só um instante. De vossa grande beleza da qual esperei um dia grande bem e alegria, só me vem mal e tristeza. Sendo-me a mágoa sobeja, deixai que ao menos vos veja no ano, o espaço de um dia. Rei D. Dinis CORREIA, Natália. Cantares dos trovadores galego-portugueses. Seleção, introdução, notas e adaptação de Natália Correia. 2. ed. Lisboa: Estampa, p
3 Quem te viu, quem te vê Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala Você era a favorita onde eu era mestre-sala Hoje a gente nem se fala, mas a festa continua Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua Hoje o samba saiu procurando você Quem te viu, quem te vê Quem não a conhece não pode mais ver pra crer Quem jamais a esquece não pode reconhecer [...] Chico Buarque A cantiga do rei D. Dinis, adaptada por Natália Correia, e a canção de Chico Buarque de Holanda expressam a seguinte característica trovadoresca: a) a vassalagem do trovador diante da mulher amada que se encontra distante. b) a idealização da mulher como símbolo de um amor profundo e universal. c) a personificação do samba como um ser que busca a plenitude amorosa. d) a possibilidade de realização afetiva do trovador em razão de estar próximo da pessoa amada. 07 O amor cortês foi um gênero praticado desde os trovadores medievais europeus. Nele a devoção masculina por uma figura feminina inacessível foi uma atitude constante. A opção cujos versos confirmam o exposto é: a) Eras na vida a pomba predileta (...) Eras o idílio de um amor sublime. Eras a glória, - a inspiração, - a pátria, O porvir de teu pai! (Fagundes Varela) b) Carnais, sejam carnais tantos desejos, Carnais sejam carnais tantos anseios, Palpitações e frêmitos e enleios Das harpas da emoção tantos arpejos... (Cruz e Sousa) c) Quando em meu peito rebentar-se a fibra, Que o espírito enlaça à dor vivente, Não derramem por mim nenhuma lágrima Em pálpebra demente. (Álvares de Azevedo) d) Em teu louvor, Senhora, estes meus versos E a minha Alma aos teus pés para cantar-te, E os meus olhos mortais, em dor imersos, 3
4 Para seguir-lhe o vulto em toda a parte. (Alphonsus de Guimaraens) e) Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer amar e malamar, amar, desamar, amar? (Manuel Bandeira) 08 É correto afirmar sobre o Trovadorismo que a) os poemas são produzidos para ser encenados. b) as cantigas de escárnio e maldizer têm temáticas amorosas. c) nas cantigas de amigo, o eu lírico é sempre feminino. d) as cantigas de amigo têm estrutura poética complicada. e) as cantigas de amor são de origem nitidamente popular. 09 Podemos associar corretamente essa pintura ao a) Trovadorismo, pois os artistas compunham e cantavam para os integrantes da Corte cantigas sobre as façanhas dos cavaleiros medievais. b) Trovadorismo, pois as cantigas líricas e satíricas, escritas em versos, eram cantadas pelos artistas ao som de instrumentos de corda. 4
5 c) Humanismo, visto que as personagens do teatro de Gil Vicente, como os trovadores e os jograis, eram em sua maioria nobres e constituíam a elite da época. d) Classicismo, pois os temas presentes nas cantigas líricas e satíricas vêm das narrativas da mitologia greco-latina. e) Classicismo, visto que Camões inspirou-se, para escrever Os Lusíadas, nas cantigas trovadorescas que narravam as aventuras dos navegantes portugueses. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Leia o trecho de Os Lusíadas. Tão temerosa vinha e carregada, Que pôs nos corações um grande medo; Bramindo, o negro mar de longe brada, Como se desse em vão nalgum rochedo, Ó Potestade, disse, sublimada: Que ameaço divino ou que segredo Este clima e este mar nos apresenta, Que mor coisa parece que tormenta? Não acabava, quando uma figura Se nos mostra no ar, robusta e válida, De disforme e grandíssima estatura; O rosto carregado, a barba esquálida, Os olhos encovados, e a postura Medonha e má e a cor terrena e pálida; Cheios de terra e crespos os cabelos, A boca negra, os dentes amarelos. (NEVES, João Alves das e TUFANO, Douglas. Luís de Camões. São Paulo: Moderna, 1980.) 10 Considere a afirmação a seguir. Na segunda estrofe predomina a, e o trecho selecionado evidencia que Camões optou por versos ao escrever Os Lusíadas. As lacunas devem ser preenchidas, correta e respectivamente, por a) descrição... alexandrinos. b) dissertação... alexandrinos. c) narração... pentassílabos. d) descrição... decassílabos. e) narração... decassílabos. 11 As estrofes referem-se ao a) Velho do Restelo que, devido à sua insanidade e à sua aparência marcada pela passagem do tempo, aterroriza os marinheiros portugueses. b) Velho do Restelo que recrimina os portugueses por partirem em busca de riquezas, abandonando mulheres, crianças e idosos à própria sorte. c) Gigante Adamastor, personagem que representa um dos perigos enfrentados pelos portugueses, ressaltando o lado heroico dos protagonistas. d) Gigante Adamastor que, submetido ao comando da deusa Vênus, surge para proteger os navegantes contra o mar revolto do Cabo das Tormentas. e) ao soldado que, obedecendo às ordens do rei de Portugal, mata cruelmente Inês de Castro, jovem espanhola amante de D. Pedro. 5
6 12 Leia o poema a seguir, de Luís de Camões. Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, pois consigo tal alma está liada. Mas esta linda e pura semideia, que, como o acidente em seu sujeito, assim coa alma minha se conforma, Está no pensamento como ideia; [e] o vivo e puro amor de que sou feito, como a matéria simples busca a forma. Com base no poema e em seu contexto, afirma-se: I. Criado no século XVI, o poema apresenta um eu lírico que reflete sobre o amor e sobre os efeitos desse sentimento no ser apaixonado. II. Camões é também o criador de Os Lusíadas, a mais famosa epopeia produzida em língua portuguesa, que tem como grande herói o povo português, representado por Vasco da Gama. III. Uma das características composicionais do poema é a presença de inversões sintáticas. A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 13 Compare o poema de Camões e o poema Encarnação, leia as afirmativas que seguem e preencha os parênteses com V para verdadeiro e F para falso. Poema 1 Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, 6
7 que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, pois consigo tal alma está liada. Mas esta linda e pura semideia, que, como o acidente em seu sujeito, assim coa alma minha se conforma, Está no pensamento como ideia; [e] o vivo e puro amor de que sou feito, como a matéria simples busca a forma. Poema 2 Carnais, sejam carnais tantos desejos, carnais, sejam carnais tantos anseios, palpitações e frêmitos e enleios, das harpas da emoção tantos arpejos... Sonhos, que vão, por trêmulos adejos, à noite, ao luar, intumescer os seios láteos, de finos e azulados veios de virgindade, de pudor, de pejos... Sejam carnais todos os sonhos brumos de estranhos, vagos, estrelados rumos onde as Visões do amor dormem geladas... Sonhos, palpitações, desejos e ânsias formem, com claridades e fragrâncias, a encarnação das lívidas Amadas! ( ) Os dois poemas falam mais sobre o sentimento do amor do que sobre o objeto amado. ( ) No poema de Camões, o amor figura-se no campo das ideias. ( ) Quanto à forma, os dois poemas são sonetos. ( ) O título Encarnação contém uma certa ambiguidade, aliando um sentido espiritual a um erótico. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: a) F F V F b) V V F V c) V F V F d) V V V V e) F V F F 7
8 14 Leia atentamente o texto abaixo. Com ousará parecer ante mi o meu amigo, ai amiga, por Deus, e com ousará catar estes meus olhos se o Deus trouxer per aqui, pois tam muit há que nom veo veer mi e meus olhos e meu parecer? (Com ousará parecer ante mi de Dom Dinis. Fonte: Acesso em: ) per = por tam = tão nom = não veer = ver mi = mim, me parecer = semblante Sobre o fragmento anterior, pode-se afirmar que pertence a uma cantiga de a) amor, pois o eu lírico masculino declara a uma amiga o sentimento de amor que tem por ela. b) amigo, pois o eu lírico feminino expressa a uma amiga a falta de seu amigo por quem sente amor. c) amor, pois o eu lírico é feminino e acha que seu amor não deve voltar para os seus braços. d) amigo, pois o eu lírico masculino entende que só Deus pode trazer de volta sua amiga a quem não vê há muito tempo. e) amor, pois o eu lírico feminino não consegue enxergar o amor que sente por seu amigo. 15 São características das obras do Classicismo: a) o individualismo, a subjetividade, a idealização, o sentimento exacerbado. b) o egocentrismo, a interação da natureza com o eu, as formas perfeitas. c) o contraste entre o grotesco e o sublime, a valorização da natureza, o escapismo. d) a observação da realidade, a valorização do eu, a perfeição da natureza. e) a retomada da mitologia pagã, a pureza das formas, a busca da perfeição estética. 16 Dentre os excertos de poemas abaixo, quais podem ser identificados como de Luís Vaz de Camões? 1. Sete anos de pastor Jacó servia 8 Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, Que a ela só por prêmio pretendia. 2. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. 3. Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. 4. A praia é tão longa! E a onda bravia As roupas de gaza te molha de escuma; De noite aos serenos a areia é tão fria, Tão úmido o vento que os ares perfuma!.
9 5. Froixo o verso talvez, pálida a rima Por estes meus delírios cambeteia, Porém odeio o pó que deixa a lima E o tedioso emendar que gela a veia! São de Luís Vaz de Camões apenas os excertos: a) 1, 2 e 3 b) 1, 4 e 5 c) 2, 3 e 4 d) 3, 4 e 5 e) 2, 4 e 5 17 Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperança; do mal ficam as mágoas na lembrança, e do bem (se algum houve), as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, que já coberto foi de neve fria, e, enfim, converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, outra mudança faz de mor espanto, que não se muda já como soía*. *soía: Imperfeito do indicativo do verbo soer, que significa costumar, ser de costume Luís Vaz de Camões Assinale a alternativa em que se analisa corretamente o sentido dos versos de Camões. a) O foco temático do soneto está relacionado à instabilidade do ser humano, eternamente insatisfeito com as suas condições de vida e com a inevitabilidade da morte. b) Pode-se inferir, a partir da leitura dos dois tercetos, que, com o passar do tempo, a recusa da instabilidade se torna maior, graças à sabedoria e à experiência adquiridas. c) Ao tratar de mudanças e da passagem do tempo, o soneto expressa a ideia de circularidade, já que ele se baseia no postulado da imutabilidade. d) Na segunda estrofe, o eu lírico vê com pessimismo as mudanças que se operam no mundo, porque constata que elas são geradoras de um mal cuja dor não pode ser superada. e) As duas últimas estrofes autorizam concluir que a ideia de que nada é permanente não passa de uma ilusão. 18 A literatura do amor cortês, pode-se acrescentar, contribuiu para transformar de algum modo a realidade extraliterária, atua como componente do que Elias (1994)* chamou de processo civilizador. Ao mesmo tempo, a realidade extraliterária penetra processualmente nessa literatura que, em parte, nasceu como forma de sonho e de evasão. (Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, EDUFSC, v. 41, n. 1 e 2, p , Abril e Outubro de 2007 pp ) (*) Cf. ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Zahar, 1994, v.1. Interprete o comentário acima e, com base nele e em seus conhecimentos acerca do lirismo medieval galego-português, marque a alternativa correta: 9
10 a) as cantigas de amor recriaram o mesmo ambiente palaciano das cortes galegas. b) a literatura do amor cortês refletiu a verdade sobre a vida privada medieval. c) a servidão amorosa e a idealização da mulher foi o grande tema da poesia produzida por vilões. d) o amor cortês foi uma prática literária que aos poucos modelou o perfil do homem civilizado. e) nas cantigas medievais mulheres e homens submetem-se às maneiras refinadas da cortesia. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Cantiga de Amor Afonso Fernandes Senhora minha, desde que vos vi, lutei para ocultar esta paixão que me tomou inteiro o coração; mas não o posso mais e decidi que saibam todos o meu grande amor, a tristeza que tenho, a imensa dor que sofro desde o dia em que vos vi. Já que assim é, eu venho-vos rogar que queirais pelo menos consentir que passe a minha vida a vos servir (...) ( Adaptado) 19 Uma característica desse fragmento, também presente em outras cantigas de amor do Trovadorismo, é a) a certeza de concretização da relação amorosa. b) a situação de sofrimento do eu lírico. c) a coita de amor sentida pela senhora amada. d) a situação de felicidade expressa pelo eu lírico. e) o bem-sucedido intercâmbio amoroso entre pessoas de camadas distintas da sociedade. 20 Observando-se a última estrofe, é possível afirmar que o apaixonado a) se sente inseguro quanto aos próprios sentimentos. b) se sente confiante em conquistar a mulher amada. c) se declara surpreso com o amor que lhe dedica a mulher amada. d) possui o claro objetivo de servir sua amada. e) conclui que a mulher amada não é tão poderosa quanto parecia a princípio. 10
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