BEM VIVER NA CRIAÇÃO DE DEUS
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- Ilda de Almeida Alencastre
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1 1 BEM VIVER NA CRIAÇÃO DE DEUS Carlos Gilberto Bock 1 Situando o autor e o texto Antes de iniciar o meu texto, quero destacar o lugar de onde escrevo, que reflete os conceitos e as opiniões que expresso, e os limites da minha abordagem. Desde meados de 2008, trabalho como secretário executivo da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), que mantém uma relação de parceria com o Conselho de Missão Indígena (COMIN). 2 Tenho, assim, o privilégio de acompanhar o significativo trabalho que o COMIN desenvolve com diferentes povos indígenas. No acompanhamento deste trabalho aprendi a conhecer e respeitar a alteridade cultural e religiosa que caracteriza os diversos povos indígenas no nosso país e no continente latino-americano. Minha relação com os povos indígenas, assim, é mais de interesse, que propriamente de acompanhamento direto. A defesa dos direitos indígenas é uma das causas que recebe o apoio da FLD, através de pequenos projetos, e especialmente no acompanhamento ao trabalho desenvolvido pelo COMIN. O enfoque teológico que apresento neste texto, num primeiro momento, é mais sistemático. Ao valorizar a importante contribuição dos povos indígenas com o conceito bem viver, procuro identificar a relação do mesmo com princípios fundamentais da fé cristã. Tais princípios, contudo, nem sempre ganharam a devida expressão na vida das igrejas cristãs. A atual reflexão, assim, aponta para o desafio de se buscar traduzir tais conceitos e princípios em experiências concretas, na vida cotidiana das comunidades cristãs, e sua respectiva expressão na sociedade mais ampla. A segunda parte do texto procura identificar algumas experiências que estão em curso. 1 Carlos Gilberto Bock. Teólogo. Secretário executivo da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e professor assistente das Faculdades EST. 2 A Fundação Luterana de Diaconia (FLD) é uma instituição de direito privado, criada por decisão do Conselho da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), e constituída no dia 17 de julho de Ela herdou o histórico do Serviço de Projetos de Desenvolvimento (SPD), criado em A FLD mobiliza recursos e apoia projetos sociais e diaconais de grupos sociais e comunidades, em âmbito nacional, e desenvolve parcerias para a implementação de projetos de justiça econômica e justiça socioambiental.
2 2 Situando o conceito do Bem Viver O conceito bem viver deriva-se dos povos andinos, em especial dos povos indígenas Quéchua (que hoje vivem no Equador, e cuja expressão na sua língua materna é Sumak Kawsay) e dos povos indígenas Aimará (que hoje vivem na Bolívia, e cuja expressão na sua língua nativa é Suma Qamaña). Sumak Kawsay literalmente significa viver em plenitude. Há duas compreensões que são centrais no conceito de bem viver para os povos andinos, a saber, o sentido de pertença à natureza e o sentido de pertença à comunidade. Trata-se a rigor de uma cosmovisão, que tem como seu fundamento espiritual e religioso o entendimento de que toda a vida é sagrada e impregnada com o transcendente, e que se expressa num sistema social que promove o equilíbrio, a reciprocidade e a convivência de forma colaborativa entre os membros da comunidade, e na relação com a natureza. Seu uso mais recorrente no atual momento, também da teologia, indica, de um lado, a valorização de uma sabedoria e vivência indígena ancestral, e de outro, a crise do atual sistema socioeconômico que gera a crescente exploração da natureza e a exclusão de países, povos e pessoas. Num contexto de crise global (econômico-financeira, ambiental ou climática) quais são as alternativas e respostas possíveis do ponto de vista sistêmico? Neste cenário, penso que os povos indígenas, inclusive as comunidades andinas, com a sabedoria do Sumak Kawsay podem trazer importantes contribuições, também como crítica ao sistema capitalista e ao modo de produção e de consumo das nossas sociedades. Assim, não obstante a sua importante contribuição, há que se tomar certo cuidado para não se fazer uma apropriação indevida deste conceito, ao deslocá-lo do seu próprio contexto e cultura. Como conceito, ele também precisa ser interpretado e traduzido para os diferentes contextos de vida. Diferentes dimensões do Bem Viver na cosmovisão indígena 3 3 O texto original foi apresentado no seminário organizado pelo COMIN, sob o título Bem viver na criação de Deus, nos dias 21 e 22 de maio de 2012, em São Leopoldo. A atual versão já inclui o resultado do diálogo com representantes indígenas presentes naquele seminário. O texto que segue neste item é uma edição de diferentes frases, a partir de depoimentos orais, apresentados por diferentes participantes indígenas, representando comunidades que são acompanhadas pelo COMIN, e que foram convidados a compartilhar a sua visão sobre o tema.
3 3 Bem viver, territorialidade e meio ambiente A relação com a terra e com o meio ambiente é estruturante na cosmovisão e no modo de viver indígena. Bem viver é a terra livre, são as águas puras e as florestas sagradas. A preservação das florestas é fundamental para o bem viver indígena. Todos os seres têm vida. Por isso, o bem viver deve ser para todos os seres. Bem viver e cultura Viver bem é preservar a cultura dos antepassados. Saber compartilhar faz parte do bem viver. Bem viver e economia O modo de produção indígena respeita a mata. Bem viver é ter o suficiente para o momento presente. O que sobra é compartilhado. Não há acúmulo. O trabalho é o esforço para ter o suficiente. O importante é o ter o suficiente para viver (alimento e saúde). Bem viver e vida em comunidade Bem viver inclui a todos e todas (que adianta se eu vivo bem e o outro não). Bem viver é ter respeito e compromisso com o outro. Reafirmando alguns princípios da fé cristã no diálogo com o conceito Bem Viver A natureza também é parte da boa criação de Deus Confessamos que Deus é o criador de tudo o que há, inclusive da natureza. Confessamos também que tudo o que Deus criou é bom. Na base desta confissão há uma clara distinção entre Deus e criatura, que não se confundem. Com isso, declaramos que as coisas criadas, natureza e pessoas não podem ser elevadas à condição divina. Em parte esta compreensão levou a comunidade cristã a se diferenciar da visão predominante em algumas religiões naturais, segundo as quais o destino humano é determinado pelos deuses ou pelas forças da natureza. A comunidade cristã afirma que há somente um Deus, criador de tudo que há. Contudo, na história da tradição cristã, não raro esta compreensão que distingue Deus da sua criação, expressou-se na forma de uma separação absoluta, sobretudo na relação entre Deus e a natureza. Ora, tal separação entre Deus e a natureza é um claro equívoco teológico que precisa ser criticado e superado.
4 4 A atividade criadora de Deus na criação é permanente Confessamos que a criação, também a natureza, foi originalmente criada por Deus. O ato criador de Deus, contudo, não se deu somente na origem de tudo que há, mas permanece ao longo da história da criação. Ou seja, Deus não cria uma única vez e se afasta. Confessamos também que Deus se faz presente na criação através do seu Espírito. O Espírito de Deus perpassa todas as coisas vivas e criadas, como energia que move, como força que inspira, como sopro que dá vida. Nesta concepção, Deus é simultaneamente transcendente e imanente. A encarnação de Jesus Cristo, como Filho de Deus, é a expressão mais definitiva desta unidade entre o transcendente e o imanente. A fé cristã faz uma distinção entre matéria e espírito, mas não separa o espírito da matéria. A espiritualidade cristã é vivida no mundo concreto, como força transformadora para promover o amor, a paz, a justiça, para preservar a vida humana e da natureza. Toda separação entre vida espiritual e vida material ou vida mundana é um equívoco teológico que precisa ser criticado e superado. O ser humano recebeu a responsabilidade de cuidar e zelar da boa criação de Deus Confessamos que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, e como tal recebeu um mandato diferenciado na relação com a criação. Mesmo sendo parte da natureza, o ser humano recebeu a capacidade de se relacionar com ela e dela retirar a fonte de seu sustento. Contudo, o ser humano, na fase histórica mais recente, afirma claramente a sua supremacia e domínio sobre a natureza, e inclusive contra a natureza. Tal postura, de forma contínua, coloca em risco a sua própria sustentabilidade e sobrevivência, e por isso precisa ser denunciada e superada. Há que se reafirmar que o ser humano é parte da natureza e dela depende. Seu governo sobre ela é para dela cuidar e não para dominá-la de forma inconsequente e egoísta. O domínio sobre a criação, de forma indiscriminada e irresponsável, é pecado e deve ser denunciado. O ser humano é justificado por graça, mediante a fé Confessamos que o ser humano carece de sentido, que está além do seu valor próprio, das relações que estabelece e das coisas que conquista. Este sentido último da sua existência, o ser humano encontra, através da fé, no amor de Deus,
5 5 que supera todo o entendimento. Este amor é alcançado mesmo sem merecimento. E através deste amor de Deus, a pessoa é libertada do seu egoísmo, também para viver uma vida comunitária, que zela e cuida pelo bem estar das outras pessoas e da vida social. O ser humano encurvado em si (homo incurvatus in se), que tem uma postura ensimesmada, precisa ser constantemente desafiado a incluir o outro na sua própria perspectiva. Por isso, confessamos que somos simultaneamente justos e pecadores. Somos justos porque fomos amados primeiro e temos a promessa da vida eterna com Deus independente de qualquer mérito. E somos pecadores porque, em nossa condição humana, permanecemos reféns de nossos próprios interesses e limites, e por isso, constantemente desafiados a superá-los. A vida cristã se expressa na comunidade, no corpo de Cristo Na comunidade cristã, confessamos que somos parte de corpo de Cristo. Temos valor individual, temos capacidades próprias, que estão a serviço de uma coletividade e de uma causa maior que nós mesmos. Somos seres relacionais. Neste corpo nos relacionamos com os semelhantes e com os diferentes, com os fortes e com os fracos, com homens e mulheres, com crianças e com pessoas idosas. O corpo de Cristo, por sua vez, se relaciona com outras comunidades de fé, como parte da mesma família humana, que busca construir relações de paz e de justiça. O corpo de Cristo está a serviço do mundo A comunidade cristã, como corpo de Cristo, está a serviço do bem estar da criação. Este serviço acontece, seja de forma individual no exercício da profissão e nas relações familiares e interpessoais, seja de forma comunitária no exercício da diaconia, sobretudo com as pessoas e grupos mais vulneráveis. Este serviço se dá também na sociedade, nas mais diferentes formas e expressões, como sinais concretos com vistas à melhoria da vida social, econômica, cultural e ambiental. A diaconia como serviço ao mundo é parte inerente da vida cristã. Por isso, confessamos também que a fé sem obras é morta, ou seja, a fé que não se expressa de forma concreta e relacional em verdade é nula ou sem efeito.
6 6 Alguns exemplos concretos de cuidado da boa criação de Deus, a partir da comunidade cristã, em diálogo com a perspectiva do Bem Viver a) Em maio de 2012, a conferência virtual Verde e Justo, da Federação Luterana Mundial (FLM), reuniu 400 pessoas numa conferência virtual, de diferentes países e continentes, num diálogo comprometido sobre a relação entre a fé cristã, a crítica ao modelo de produção e de consumo predominantes, e o compromisso com atitudes de cuidado do meio ambiente e de consumo consciente, em consonância com a sustentabilidade da criação 4. b) Desde setembro de 2011, o caderno Criatitude. Jovens pelo cuidado com a criação engajou jovens da IECLB, no compartilhar de reflexões e práticas de atitudes conscientes e responsáveis de consumo, e no apoio a iniciativas concretas de cuidado da criação 5. Através desta iniciativa, mais de 30 lideranças jovens da IECLB e de igrejas luteranas latino-americanas, participaram da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), realizado no Rio de Janeiro, de 15 a 23 de junho de Os jovens luteranos do Brasil e da América Latina se juntaram a milhares de outros jovens, na defesa de um novo modelo de desenvolvimento que seja mais sustentável 6. c) Além dos jovens, cristãos adultos do Brasil, da América Latina e do mundo estiveram igualmente reunidos na Cúpula dos Povos, mais especificamente no Espaço Religiões por Direitos. Tratou-se de um espaço ecumênico e inter-religioso, no qual representantes de igrejas, de organismos ecumênicos, de centros de formação, de ONGs compartilharam suas experiências e suas reflexões com representantes de outras religiões sobre temáticas bem concretas, como por exemplo: soberania e segurança alimentar, justiça ambiental e mudanças climáticas, 4 Justiça ambiental e justiça climática são temas relevantes na agenda da FLM, também do ponto de vista da reflexão teológica. Em 2010 a FLM publicou o livreto Deus, Criação e Mudanças Climáticas. Subsídios para reflexão e debate. A versão em português foi traduzida pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), e está disponível em < Acesso em 1 de Ago Informações complementares sobre a conferência virtual Verde e Justo estão disponíveis em < Acesso em 1 de Ago Disponível em: < _jovens_pelo_cuidado_com_a_criacaeo/>. Acesso em 1 de Ago Informações adicionais sobre a participação da juventude luterana na Cúpula dos Povos estão disponíveis em < e em < amento_coletivo_no_/>. Acesso em 1 de Ago
7 7 justiça econômica e inclusão social, etnodesenvolvimento e povos indígenas, água e responsabilidade ambiental, desenvolvimento sustentável e consumo consciente 7. d) Milhares de pessoas cristãs têm se engajado, desde o princípio, na organização e realização dos Fóruns Sociais Mundiais (FSM), que, desde 2001, preconizam que outro mundo é possível. Neste amplo espaço multilateral, que reúne uma diversidade de atores em torno de múltiplas temáticas, também se conformou a presença cristã através da Coalizão Ecumênica, espaço que reúne representantes de conselhos, de federações de igrejas, de igrejas e organismos ecumênicos. Desde 2005, em sintonia com o FSM passou-se a promover o Fórum Mundial de Teologia e Libertação (FMTL), como um espaço de reflexão sobre a produção teológica em matriz libertadora, e em sintonia com os grandes temas da agenda socioeconômica, ambiental, etnocultural e religiosa internacional. Nas primeiras edições o FMTL precedeu a realização do FSM, em Porto Alegre, Belém e Nairóbi, e na última edição em Dakar foi realizado como uma oferta dentro do próprio FSM 8. e) O cenário de mudanças climáticas aumentou a incidência e a intensidade das catástrofes e das situações de emergências, em todas as regiões do nosso planeta, também no Brasil. Tal cenário exige a profunda revisão e mudança dos padrões de produção e de consumo, que estão na base da crise ambiental que vivemos. Mas tal cenário também exige a qualificação da resposta preventiva às catástrofes e de mitigação dos efeitos das emergências. Temos testemunhado, em diferentes contextos, a importância da ajuda humanitária a comunidade que vivem em situações de risco e/ou que sofreram as consequências de desastres. A FLD, como braço social da IECLB, desde 2011 incluiu a ajuda humanitária como uma de suas dimensões de atuação. Como parte deste mandato, em novembro de 2011 realizou um seminário com representantes sinodais, a partir do qual se construiu uma proposta de mecanismo de resposta de emergência da IECLB, que ainda está em fase de implementação. Este mecanismo prevê diferentes níveis de resposta 7 Informações adicionais em < Acesso em 1 de Ago Para informações adicionais, veja FACHIN, Patricia. Entrevista Roberto Zwetsch. FMTL: Uma comunidade teológica mundial. In: IHU Online. Publicada em 23 de Ago Disponível em: < Acesso em 11 Mai A riqueza da produção teológica do FMTL pode ser acessada, por exemplo, nas publicações de coletâneas das diferentes edições do fórum. SUSIN, Luiz Carlos (org.). Teologia para outro mundo possível. São Paulo: Paulinas, SUSIN, Luiz Carlos e SANTOS, Joe Marçal Gonçalves dos. Nosso planeta, nossa vida: ecologia e teologia. São Paulo: Paulinas, 2011.
8 8 (local, sinodal e nacional) e deverá trabalhar fortemente na capacitação de pessoas para a prevenção de desastres e no atendimento psicossocial às vítimas de desastres 9. f) Em consonância com o projeto do COMIN junto à Rede Sinodal de Educação, que prevê a educação para a inclusão, o diálogo intercultural e interreligioso, a FLD estabeleceu uma parceria com vistas à Educação para a solidariedade. Tal proposta visa ampliar, articular e integrar as diferentes iniciativas de educação que fomentem a prática da solidariedade na comunidade escolar e nas suas respectivas sociedades. Tal iniciativa também visa ampliar a solidariedade com as diferentes iniciativas e projetos sociais e ambientais, com vistas a ampliar a sua sustentabilidade. O postulado de fundo é que o ser humano é gregário e com aptidão à colaboração. O seu desejo inato à solidariedade precisa ser estimulado e educado. O primeiro seminário sobre a educação para a solidariedade está agendado para o final de agosto de g) A FLD mantém um Fundo de Projetos, através do qual apoia pequenos projetos de diferentes áreas temáticas. Uma das áreas prioritárias da FLD é a temática da justiça econômica, através da qual são apoiados pequenos projetos de geração de trabalho e renda, e que trabalham com a perspectiva da economia solidária. Tais projetos objetivam melhorar o nível de organização e de gestão da entidade proponente (seja associação ou cooperativa), qualificar os produtos e aumentar a renda das pessoas envolvidas. Há boas experiências de pequenos projetos que fazem uma importante diferença na vida de pequenas organizações e das pessoas nelas envolvidas. Um dos desafios é aumentar o número de pessoas que consomem produtos da economia solidária, ou seja, difundir este modelo de produção e de consumo. Por isso, a FLD desenvolveu uma iniciativa que visa ampliar o apoio a propostas de comércio justo e de economia solidária. Através desta iniciativa, a FLD se propõe a divulgar e intermediar produtos da economia 9 Para informações adicionais, veja < Acesso em 1 de Ago A Rede Sinodal de Educação compõe-se atualmente de 59 instituições, em 6 estados brasileiros, com principal concentração no Sul. São 42 instituições no Rio Grande do Sul, 10 em Santa Catarina, 4 no Paraná e uma em cada um dos estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso. No país são alunos. Informações adicionais em < Acesso em 1 de Ago
9 9 solidária junto a comunidades e instituições luteranas. Através desta proposta visa também ajudar a refletir sobre novos modelos de produção e de consumo 11. Considerações finais Na essência, o que está em questão no atual diálogo sobre o bem viver é a crítica ao modelo de desenvolvimento que predomina nas nossas sociedades. Assim, este diálogo está em sintonia com a busca de modelos de desenvolvimento que sejam ambientalmente mais sustentáveis e mais inclusivos do ponto de vista social, econômico e cultural. Tais modelos deverão levar em conta alguns princípios fundamentais, entre os quais: a) Defesa da terra e do território; b) Defesa da mata e da biodiversidade; c) Preservação das águas e dos peixes; d) Preservação das sementes crioulas; e) Preservação das culturas nativas; f) Preservação da culinária e das receitas tradicionais; g) Modelo de vida comunitário, com ênfase na partilha, na hospitalidade e na solidariedade (sem grandes desigualdades); h) Viver sem acúmulos e sem desperdícios; i) Valorizar o passado e a tradição e mostrar contentamento com o momento presente 12. Referências ARAÚJO, Rogéria. Entrevista Ivone Gebara: Bem Viver exige cautela para que não haja uma apropriação indevida da tradição indígena. In: Adital. Notícias da América Latina e Caribe. Publicada em 31 de Out Disponível em: < Acesso em 11 Mai BOFF, Leonardo. Contribución de America Latina a una geosociedad. In: Revista Fusion. Publicada em 19 de Ago Disponível em: < Acesso em 11 Mai Vivir mejor o el buen vivir? In: Revista Fusion. Publicada em 03 Abr Disponível em: < Boff/ivivir-mejor-o-el-buen-vivir.htm>. Acesso em 11 Mai CIMI. Bem viver, alternativa ao modelo desenvolvimentista. In: Adital. Publicada em 21 de Jun Disponível em 11 Informações adicionais em < Acesso em 1 de Ago Para uma visão ampliada sobre modelo de desenvolvimento que promova o direito à soberania e à segurança alimentar, veja Vida Sem Fome, disponível em < Acesso em 1 de Ago
10 10 < Acesso em 1 Ago LOPES, Mercedes. Bíblia e Bem Viver. In: Adital. Notícias da América Latina e Caribe. Publicada em 17 de Ago Disponível em: < Acesso em 11 Mai FACHIN, Patricia. Entrevista Roberto Zwetsch. FMTL: Uma comunidade teológica mundial. In: IHU Online. Publicada em 23 de Ago Disponível em: < 773&secao=357>. Acesso em 11 Mai PATIAS, Jaime Carlos. Fé e Vida na busca do Bem-Viver. In: Adital. Notícias da América Latina e Caribe. Publicada em 27 de Out Disponível em: < Acesso em 11 Mai SBARDELOTTO, Moisés. Entrevista Quinto Regazzoni. A relação entre o Reino pregado por Jesus e o conceito de Vida Boa dos povos indígenas. In: IHU Online. Publicada em 23 de Ago Disponível em: < 441&secao=340>. Acesso em 11 Mai SUESS, Paulo. Viver bem Sumak Kawsay Reino de Deus. Disponível em: < ulo%20suess.pdf>. Acesso em 1 de Ago
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