LISTA DE DIÁLOGOS. VINHETA/PROGRAMA GUETO - Poesia e Expressão Urbana, entre no ritmo do Gueto. NO OLHO DA RUA VITÓRIA 2002

Transcrição

1 LISTA DE DIÁLOGOS VINHETA/PROGRAMA GUETO - Poesia e Expressão Urbana, entre no ritmo do Gueto. MARCELINHO HIP-HOP/PROGRAMA GUETO Ee dá até pra deixar tocando direto ea pra rapaziada porque esse aí na realidade é o super Marvin Gaye. Quem não conhece faz a correria. Auspician Rap, Centro de Vitória, você vai tá encontrando esse material também lá pra você lá. Isso também vale a pena para você ouvir aí diariamente. Porque a gente que é do hip-hop não escuta só rap pesado não. Tem que ouvir umas coisas leves assim também. Porque afinal de contas pra meditação ae pra galera, que pra uns problemas até resolve. Você também que estiver com o seu pessoal, a sua esposa, a sua namorada, num ambiente mais familiar isso vale a pena você botar, porque todo mundo vai gostar, porque se o cara não gostar é porque de música ele não gosta. NO OLHO DA RUA VITÓRIA 2002 RENEGRADO JORGE - Pô maluco, pensa bem, sobre a linha original do hip-hop. Hip- Hop é uma música, como já falei, não adianta falar, hip-hop é protesto, realidade. Não adianta a gente falar que hip-hop é curtição, um som irado. Não é por aí que a banda toca. RENEGRADO JORGE - hoje em dia, depois que a gente já passou e 1 agressões, que ta música censurada, lugar para se apresentar, lugar para você aparecer, ae aparece um monte de gente querendo fazer mistura duma cultura, que porra, nasceu em gueto, nasceu falando de periferia, nasceu falando de realidade. Se a gente deixa daqui a um dia a capoeira vai se misturar também com o rock metal. Daqui a pouco vai se misturar congo com balé, certo? Daí pronto, cadê a originalidade da parada? PROFESSOR JORGE NASCIMENTO - O rap enquanto movimento surge na Jamaica e passa pelos EUA [...] eu acho que a gente pensa em movimento negro, cultural, EUA né? A gente pensa logo em organização, um tipo de discurso que tende a se radicalizar como tentativa de propostas, mesmo de auto-afirmação, de valorização da cultura e da raça negra e dos excluídos em geral. J3 - desde que eu comecei a ouvir rap, pô eu devia ter o que? Eu era muito novo acho que devia ter uns quatorze anos... J3 - Me amarrava em roquenroll, era guitarrista... J3 - e a partir daí fui morar fora e morei fora um tempo, né? na intenção até de sair daqui não tinha emprego não tinha muita coisa

2 J3 -...e acabei morando em New Jersey, por um tempo, na casa de um amigo meu dalí de santo Antônio... J3 -...e aí eu trabalhava num bairro industrial, que era meio periferia de New Jersey, que é onde tinha muito Rap... RENEGRADO JORGE - Então eu não aceito esses malucos que não nasceu na periferia, não escreve coisa da periferia, não fala sobre a realidade do Brasil. Os caras não são brasileiros. São uns caras de moda porque viram umas bandas de hard core fazendo umas paradas e vêm para cá sacanear a cultura. Hip-hop não é curtição. É uma cultura. PROFESSOR JORGE NASCIMENTO - A cultura hip hop é uma cultura já mundial, a gente não poderia ficar de fora, e a gente tem um material humano legal, que é um povo criativo, a gente tem gente excluída e a gente tem uma cultura, uma industria cultural muito forte no Brasil, então eu acho que tinha que pegar. E o mais interessante né? A garotada querendo rediscutir as verdades que são colocadas pela mídia... J3 -...assim que eu cheguei dos EUA que eu tava empolgadaço com o lance de misturar o rock com a música eletrônica, e o rap, porque eu queria cantar rap, mas queria cantar rap diferente... MARCOS B. BOY - bem, eu sou o Marcos de Jesus Santos, conhecido mais como Marcos B Boy aê na Grande Vitória, no movimento Hip Hop Capixaba. Tenho vinte e seis anos, pratico o break há mais ou menos uns cinco ou seis anos, entendeu? MARCOS B. BOY - bom, eu... o break... foi assim, eu comecei a frequentar bailes aqui em Vitória na época do baile funk ainda rolava o break bem James Brown, ainda rolava o break beat, né? A gente dançava mais batida miami, miami beat. Nessa época o baile funk era mais... HESITA..... era mais cultural. Não era tão alienado como é hoje., como a gente vê, diferente o baile antigo. MARCOS B. BOY aí eu saí, fui pro lado mais informativo, cultural, que eu conheci o hip hop, eu ví que o break era muito importante, mais do que eu pensava, fazia parte do Hip Hop. De um movimento totalmente político e cultural. RENEGRADO JORGE - Hip-hop faz denúncia. E têm muitos professores levando o hiphop como educação pras salas de aula. Então isso que é importante. Nós não queremos que o hip-hop vire moda para ficar vendendo cd, vendendo mídia não. Ce ta vendo o hip-hop, fazendo parte da educação do povo brasileiro. Nosso povo é carente de informação. O hiphop é um veículo de informação no break, no graffiti.

3 RENEGRADO JORGE - Quando ce vê o cara grafitando ele esta expressando alguma arte. Quando ce vê o cara lá dançando os power move, aquelas parada toda, o cara ta fazendo um movimento que expressa uma arte. O vocal também. E também o cara que ta fazendo um scratch lá. ALUGA-SE FREDONE ONE O grafite é uma arte que surgiu mais ou menos no final dos anos 60 no bairro do Bronx, em NY, no qual os caras tentava divulgar o seu nome nas paredes, dividindo espaço entre as gangues. FREDONE ONE Daí, já vêm esse movimento, essa pratica de riscar em paredes. O que os homens das cavernas plantaram hoje é o grafite. ENTREVISTADOR Quando tempo depois que vocês pintaram? FREDONE ONE Acho que foi uma semana, 9 dias, acho que foi... o lance é esse. FREDONE ONE Infelizmente a gente foi infeliz nesse lance de não chegar lá, procurar o cara para pedir antes de fazer. E o cara tem todo direito. O muro é dele. Pode derrubar, pode fazer o que quiser. Ele não gostou, é feio para ele, tudo bem! Ele tem o direito. FREDONE ONE Pô, sinceramente é osso! Porque é material nosso. Tudo do nosso bolso. Pra fazer uma arte daquela o cara gasta no mínimo 30 conto e aí o cara vai lá e apaga. DJ GORDINHO Pra mim a arte de mixar é a minha vida, porque eu já mixo há 13 anos. To com 25. Metade da minha vida. DJ GORDINHO Dá pra vê aê que, pô, passei minha vida toda aqui, não gastei um centavo a não ser com disco. Tudo que eu trabalhei, ganhei foi em prol a arte de mixar e (PAUSA) para a arte de mixar, entendeu? DJ GORDINHO E você precisa também das agulhas, as agulhas um pouco especiais. Que eu vou usar aqui é a 80 que ela agüenta bastante porrada, que eu toco na noite pra baixo e pra acima. Eu gosto de tocar com uma agulha que agüente bastante porrada. DJ GORDINHO Ae essa ae eu recomendo, a G-80, uma agulha boa. Boa e barata. Porque não tem como ficar dando 400 reais numa gulha. Um dia será que eu vou poder comprar uma agulha de 400 reais? Quem sabe? J3 -...viver de música se for pra viver: - viver mal de música, eu te diria que eu consigo, sabe?

4 Agora pra viver bem de música, poder ter uma vida decente. Poder ter a sua casa legal, e tal. Sustentar a minha filha que eu tenho também, eu tô pra dizer que eu acho que tá caminhando. RENEGRADO JORGE E eu vivo através do hip-hop, pago meu aluguel, sustento meus filhos e sempre comprando uma parada diferente, sempre produzindo um som. E vou vivendo do hip-hop. RENEGRADO JORGE Pra ver se um dia compro até um Opala melhor. PROFESSOR JORGE NASCIMENTO Acho que talvez a conscientização da possibilidade de poder fazer talvez seja até mais importante do que o produto final. Claro que a industria cultural quer mais é que venda, mas a princípio como inserção desse pessoal no mundo, nesse mundo dito globalizado, isso é uma coisa legal! VITÓRIA 2008 MARCELINHO HIP-HOP É o coordenador local da Central Única das Favelas (CUFA). Mantém uma loja especializada em hip-hop wear. Desde 2005 lidera o grupo Loz Zombres. Ficou a frente do programa Gueto por 6 anos, de 2000 a PROFESSOR JORGE NASCIMENTO É docente do departamento de letras e do mestrado em Estudos Literários da UFES. Publica artigos sobre hip-hop em várias mídias. Atualmente pesquisa as letras dos Racionais MC s para seu pós-doutorado. MARCOS B.BOY Incentivado pela namorada, parou de dançar a um ano para se dedicar ao trabalho em uma oficina mecânica. É especialista em areografia para carros e celulares. DJ GORDINHO Nos últimos 5 anos tocou com várias bandas de rap e também de outros gêneros. Trabalhou em uma rede de fast food e em uma retifica de motores. Sua coleção de discos aumentou bastante. Mas Gordinho ainda não pode bancar uma agulha de 400 reais. RENEGRADO JORGE Em 2003 o clipe da música O Mendigo ganhou o prêmio no Vitória Cine Vídeo. Organiza o projeto Basquete de Rua, que em 2006 passou a fazer parte da Liga Brasileira de Basquete de Rua (LIBRA). Em 2007 o programa de rádio apresentado por Renegrado completou 10 anos. É o único do gênero no ar até hoje no Espírito Santo. Está terminando o curso de Direito.

5 Comprou um outro Opalão em melhores condições. J3 Em Ficou conhecido em todo o Estado ao estrelar uma propaganda de refrigerante local. No mesmo ano lançou seu primeiro disco solo. A música Freestyle Em Movimento entrou para a trilha sonora do game Fifa Soccer O vídeo game é distribuído para o mundo inteiro. Shows, produções musicais e aulas de rap pagam o seu aluguel e outras contas. FREDONE FONE Em 2005 passou a competir em batalhas de MCs. Organiza o Emético Zine, distribuído no Brasil e em outros países com Chile e França. Continua grafitando pela cidade. O MURO DA 3ª PONTE NÃO EXISTE MAIS. E VÁRIOS MUROS AINDA SERÃO DERRUBADOS... DIREÇÃO LUIZ EDUARDO NEVES ROTEIRO LUIZ EDUARDO NEVES TARSO BRENNAND DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA MURILO ABREU IMAGENS BRUNO LYRA MURILO ABREU EDIÇÃO BRUNO LYRA DIREÇÃO DE ARTE TARCISIO VINICIUS ANIMAÇÃO JANSEN ABREU TRILHA SONORA LUIZ EDUARDO NEVES

6 TRILHA SONORA Marvin Gaye Sexual Healing DJ Tropesso Batida Break Renegrado Jorge e Garcia Será que vou voltar? J3 Aleluia Afrika Bambaataa Planet Rock Negritude Ativa Rolê de Atitude Suspeitos na Mira A vez da palavra Renegrado Jorge O Mendigo AGRADECIMENTOS Fabrício Beat Box Golias Alecs Resistência DJ Parajú GL Preto Jeff Zumba Alidado J Marcelo Shimú André Adikto Luz do Mundo Vila Velha Força Break Tarú Abnael Banca Bicho Solto

7 DJ Renatinho L Brau Sagaz Kapella Pandora Samuca 05 A todos os grupos e MCs de rap, DJs, B.Boys e grafiteiros do Espírito Santo Thiago Bossois Roberto Burura Silvio Perci Simône Patrocínio Milla Neri Jamille Dazzi Janaína Tanure Luiz Danilo Venturotti Livia Andrade Silva Ana Paula Oliveira Eduardo Ewald Tatiana Gianordoli Darcilia Moises Tania Abreu Ronaldo Rosemberg Sebastião Receputi Mirabólica UVV Faculdade Novo Milênio AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Luiz Renato Azevedo da Silveira Maria de Fátima Neves da Silveira Maria Eduarda Sales da Silveira Lino Neves da Silveira Roberta Abreu Silva Marques Afonso Abreu Gladys Raug HIP-HOP É CULTURA