CONVERGÊNCIAS AOS PADRÕES INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE NO SETOR PÚBLICO
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- Aparecida Dreer Beretta
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1 117 CONVERGÊNCIAS AOS PADRÕES INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE NO SETOR PÚBLICO EGEVARTH, Veridiana de Fátima 1 veridiana_egewarth@hotmail.com CECONELLO, Mirela Karla Leite Soares 2 mirela.karla@hotmail.com RESUMO A contabilidade passou por muitas transformações desde os tempos primitivos até os dias de hoje, mas mesmo assim não mudou sua essência, que consiste na evidenciação e mensuração dos fatos contábeis do patrimônio. A contabilidade pública se desenvolveu junto com a contabilidade, surgindo assim a necessidade de unificar as normas contábeis em todos os países para torná-las mais compreensíveis entre seus usuários. O presente estudo quer mostrar o processo de convergência da contabilidade pública no Brasil com os outros países, o qual tem como objetivo fornecer informações mais precisas de natureza orçamentária, financeira e patrimonial das entidades do setor público. As Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público NBCASP, as resoluções que as aprovaram e seus impactos na Contabilidade Pública, permitindo assim maior transparência no setor público. Essas alterações permitem maior transparência dos gastos dos recursos públicos, à medida que estabelecem padrões e regras contábeis em harmonia com o que praticado pelas normas internacionais Palavras-chave: Contabilidade Pública. Patrimônio. Convergências. Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público NBCASP 1 INTRODUÇÃO Este trabalho demonstra a evolução da contabilidade voltada ao setor público brasileiro, as mudanças trazidas pela implantação das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor Público NBCASP, e suas convergências com as normas internacionais, visando assim mostrar as novas alterações que surgiram na lei que se aplica ao setor estudado. A implantação das normas se deu pela necessidade de padronizar o registro dos atos e fatos contábeis em todo o mundo, para que, assim, a sociedade se tornasse cada vez mais participativa e entendesse melhor os lançamentos da administração pública. Neste contexto, foi criada a padronização do Plano de Contas PCASP, que permite ao contador registrar e acompanhar todos os fenômenos que estão sendo trazidos pela contabilidade. As entidades de 1 Discente do 7 Semestre do curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Alta Floresta (FAF). 2 Docente da Faculdade de Alta Floresta (FAF).
2 118 todos os estados passarão a ter o mesmo sistema de plano de contas, que será integrado a toda federação, o que permite uma consolidação nacional das contas. Inicialmente, abordou-se a evolução histórica da contabilidade no Brasil, seu surgimento e as mudanças promovidas pela lei 4.320, de 27 de março de 1964, e pela lei de responsabilidade fiscal, esta visa à responsabilidade na gestão fiscal e à correta aplicação dos recursos públicos. O presente estudo tem como objetivo buscar conhecimentos contábeis aplicados na área pública e compreender o processo de convergência das normas contábeis no Brasil, bem como suas aplicações nos diversos segmentos da área em questão. Há também um interesse de constatar se as referidas normas já entraram em vigor e estão sendo praticadas pelas entidades governamentais. 1.1 A contabilidade no Brasil Conforme descreve Araújo (2004), a contabilidade iniciou no Brasil por volta do ano de 1530 com a vinda da família real portuguesa. Em 1549 os portugueses nomearam Gaspar Galego o primeiro contador público brasileiro. Devido ao aumento da renda dos estados e dos gastos públicos e à necessidade de um amparo fiscal, foi criado o Tesouro Nacional e Público, com o Banco do Brasil. A instituição era composta por um procurador fiscal, um contador e um inspetor geral, que eram responsáveis por arrecadar, distribuir e efetuar a administração financeira. Em 1808, tornou-se obrigatório o processo público de escrituração contábil, que só podia ser feito por profissionais que estudassem aulas de comércio. Em 1869, foi oficialmente reconhecida a profissão de contador, como a primeira profissão liberal no Brasil, instituída pelo Decreto Imperial n O profissional de contabilidade tinha como função principal a elaboração de contratos e destratos, controlar as entradas e saídas, e fazer toda a escrituração mercantil. A vinda das indústrias norte americanas, na década de 1950, influenciou a contabilidade que estava apenas limitada a aplicações teóricas, fazendo surgir a necessidade de padronizar as normas de registros contábeis, o que deu origem aos princípios contábeis. Em 17 de março de 1964, foi instituída a lei que estabelece normas gerais de direito financeiro para a elaboração de orçamentos e balanços da União, dos Estados e dos Municípios.
3 Contabilidade Pública Segundo Kohama (2010, p. 25), a contabilidade é conceituada da seguinte forma: Entende-se, nos tempos atuais, a Contabilidade como uma técnica capaz de produzir, com oportunidade e fidedignidade, relatórios que sirvam à administração no processo de tomada de decisões e de controle de seus atos, demonstrando, por fim, os efeitos produzidos por esses atos de gestão no patrimônio da entidade. A contabilidade é uma ferramenta muito importante para a tomada de decisões, ela fornece informações concretas através de relatórios contábeis, que auxiliam os gestores e administradores na administração das empresas ou entidades. Daí, a importância do contador para evidenciação das demonstrações e aplicação delas de acordo com o ramo de atuação de cada usuário. (2010, p. 25): A contabilidade pública é uma das ramificações da Ciência Contábil, segundo Kohama A Contabilidade Pública é um dos ramos mais complexos da ciência contábil e tem por objetivo captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações orçamentárias, financeiras e patrimoniais das entidades de direito público interno, ou seja, União, Estados, Distrito Federal e Municípios e respectivas autarquias, através de metodologia especialmente concebida para tal, que utiliza-se de contas escrituradas nos seguintes sistemas: a) Sistema Orçamentário; b) Sistema Financeiro; c) Sistema Patrimonial; e d) Sistema de Compensação. Além das contas usuais da contabilidade comercial, existem as contas orçamentárias, que demonstram as despesas fixadas e as executadas, e as compara com as receitas previstas e arrecadadas. Já no sistema financeiro é registrada a arrecadação das receitas e o pagamento das despesas orçamentárias e extra orçamentárias. No Sistema Patrimonial, estão as contas que registram as movimentações que concorrem ativa e passivamente para a formação do patrimônio da entidade. E, por fim, as contas de compensação, em que são efetuados os registros dos atos administrativos praticados pelo gestor da entidade. Os serviços prestados pelos contadores permitem à sociedade, desde o acompanhamento da execução dos orçamentos até a análise dos resultados econômicos financeiros. Segundo Kohama (2010, p. 01), consideram-se serviços públicos o conjunto de atividades e bens que são exercidos ou colocados à disposição da coletividade, visando abranger e proporcionar o maior grau possível de bem-estar social ou da prosperidade pública.
4 120 De acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade, Norma Técnica NBC-T 16.1, o patrimônio público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações. O regime contábil adotado para contabilidade pública no Brasil é o regime misto, ou seja, sendo caixa e competência conforme o Art. 35 da lei 4.320/64. No regime de caixa, as receitas e as despesas são reconhecidas no exercício vigente, mesmo que sejam relativas a períodos contábeis anteriores, já no regime de competência, as operações efetuadas no período deverão ser registradas mesmo que forem pagas em períodos subsequentes, sendo assim, pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas e as despesas nele legalmente empenhadas. O orçamento público é o instrumento de planejamento e execução das finanças pública, ele é regido pela lei complementar n 101 (Lei da Responsabilidade Fiscal), que estabelece normas de finanças públicas voltadas à responsabilidade na gestão fiscal, por meio do 1 do Art. n 1, que diz textualmente: 1 A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente,em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. O sistema de planejamento brasileiro é composto por três peças orçamentárias, que compõem o planejamento das ações da administração pública, sendo elas o Plano Plurianual (PPA), a Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). O PPA é um plano de médio prazo, nele são estabelecidas as metas e objetivos a serem cumpridos no período de quatro anos. A LDO ajuda na elaboração da LOA, Kohama (2010, p.37) descreve: A lei de diretrizes orçamentárias compreendera as metas e prioridades da administração publica, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributaria e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. A LOA compreende as receitas que o governo estima arrecadar durante o período de um ano e fixa os gastos com tais recursos, para Kohama (2010, p.40) [...] a lei dos
5 121 orçamentos anuais é o instrumento utilizado para a consequente materialização do conjunto de ações e objetivos que foram planejados visando ao melhor atendimento e bem-estar da coletividade. Os princípios orçamentários são constituídos de regras e premissas, que devem ser observadas na elaboração do orçamento. Este é composto pelos seguintes princípios: universalidade, anualidade, exclusividade, unidade, programação, equilíbrio financeiro e legalidade. Segundo Angélico (2009, p. 42), [...] em conformidade com o princípio da universalidade, todas as receitas e todas as despesas devem ser incluídas no orçamento, sendo assim, deverão ser incluídas no orçamento todas as transações financeiras e econômicas de cada órgão. No princípio da anualidade, para cada ano, há de existir um orçamento, compreendido pelo plano plurianual. O princípio da exclusividade diz que não deverá conter no orçamento matéria estranha à previsão da receita e fixação da despesa. Para Kohama (2010, p.41), os orçamentos de todos os órgãos autônomos que constituem o setor público devem-se fundamentar em uma única política orçamentária estruturada uniformemente e que se ajuste a um método único, ou seja, para cada ente da federação, deve haver um único documento orçamentário, contendo todas as receitas e todas as despesas anuais. O princípio da programação diz que o orçamento deve ter um objetivo que procura alcançar e determinar, assim, as ações que permitam atingir tais fins. O princípio do equilíbrio financeiro deve garantir que as despesas não sejam maiores que a previsão das receitas. O princípio da legalidade diz que, para ser legal, tanto as receitas como as despesas precisam estar previstas na Lei Orçamentária Anual. Segundo o Art. 11 da Lei Federal 4.320/64: São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. As receitas são entradas de dinheiro aos cofres públicos, ou seja, são as arrecadações feitas pelo governo, através de impostos, taxas, ou quaisquer direitos que o governo tenha de arrecadar em virtude de leis, que tenha alguma finalidade específica vinculada. As receitas orçamentárias são aquelas que podem financiar políticas públicas e os programas do governo e ingressam de forma definitiva no patrimônio.
6 122 Pode se caracterizar como despesa pública todo o pagamento feito a qualquer título pelos agentes pagadores, elas estão dividas em despesas orçamentárias e extra-orçamentárias. As despesas orçamentárias são aquelas que dependem de autorização legislativa, e devem estar discriminadas e fixadas no orçamento público. Elas estão dividas em despesas correntes: que são aquelas que não contribuem diretamente para aquisição ou formação de bens e capitais, sendo assim despesas de natureza operacional, utilizadas para manutenção e funcionamento dos órgãos públicos. E despesas de capital: que estão diretamente ligadas à aquisição ou criação de novos bens, que incorporarão o patrimônio público. As despesas extra-orçamentárias são aquelas que não integram o orçamento público, e seus pagamentos não dependem de autorização legislativa. Conforme Angélico (2009, p. 64): Constituem despesas extra-orçamentárias os pagamentos que não dependem de autorização legislativa; aqueles que não estão vinculados ao orçamento público; não integram o orçamento. Correspondem à restituição ou à entrega de valores arrecadados sob o titulo de receita extra-orçamentária. O processamento da receita é um conjunto de atividades que são desempenhadas por órgãos de despesa e que têm a finalidade de adquirir bens ou serviços, ela envolve dois períodos: o da fixação das despesas, onde são estimadas as despesas para o exercício financeiro, que serão convertidas em leis orçamentárias anuais, e o período de realização das despesas, que é programação mensal dos gastos de que cada órgão vinculado ao gerenciador das despesas poderá dispor. Normas Brasileiras de contabilidade aplicada ao Setor Público (NBCASP) e as convergências internacionais A Lei Complementar nº101/2000 traz o seguinte texto: Art.48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Parágrafo único: A transparência será assegurada também mediante incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durantes os processos de elaboração e de discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamento. A contabilidade aplicada ao setor público utiliza princípios, métodos e normas contábeis para assegurar os direitos mínimos garantidos à população e gerir os recursos da forma mais clara possível.
7 123 Até o final da década de noventa, a contabilidade fornecia informações que estavam mais focadas aos aspectos orçamentários e fiscais. Após esse período, os países sentiram a necessidade de produzir informações mais relevantes, como de custos e patrimoniais, sendo assim, para avançar, o setor público brasileiro criou, em 2008, a NBCASP (Norma Brasileira de Contabilidade Aplicada ao Setor Público), que se tornou obrigatória no ano de 2010, a qual visa o aperfeiçoamento e a harmonização dos procedimentos contábeis do Brasil. A NBCASP busca eliminar as diferenças entre os padrões contábeis internacionais e nacionais na aplicação das normas e gastos públicos oferecidos, que poderão ser comparados no mundo inteiro. Segundo Salotti (2010): Essa convergência às Normas Internacionais é um processo que busca eliminar as diferenças entre os padrões nacional e internacional na aplicação das normas contábeis e possibilitar a comparação do gasto dos recursos públicos e efetividade dos serviços oferecidos no mundo inteiro, isso devido à globalização e velocidade com que as informações circulam. O processo de convergência busca a unificação das contas e a eliminação das diferenças na mensuração dos fatos e demonstração dos mesmos à sociedade. No ano de 2008, o Conselho de Contabilidade emitiu várias resoluções, que tratam da elaboração das demonstrações contábeis, e normas para a elaboração do orçamento que são tratadas na NBC T 16.1 a NBC T 16.10, que são aplicadas pelo conselho Federal de Contabilidade. A NBC T 16.1 trata das definições e aplicações da contabilidade no setor público, e tem como objetivo fornecer aos usuários informações sobre os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio público e suas mutações, para auxiliar na tomada de decisão. Assim como objeto da contabilidade é o patrimônio o da contabilidade pública é o patrimônio público, e seu campo de atuação abrange todas as entidades públicas. A NBC T 16.2 traz o conceito e a forma de estruturação do sistema contábil público. O patrimônio público está subdividido em três grupos: ativo, passivo e patrimônio líquido, classificados em circulante e não circulante. E está estruturado em subsistemas, estes são: Orçamentário, Financeiro, Patrimonial, Custos e Compensação. A NBC T 16.3 trata do Planejamento e seus Instrumentos sob o Enfoque Contábil. Esta Norma estabelece as bases para controle contábil do planejamento desenvolvido pelas entidades do setor público.
8 124 A norma NBC T 16.4 estabelece conceito e natureza das transações e as classifica em dois grupos: econômico-financeiras, que afetam diretamente o patrimônio público e as administrativas que não afetam o patrimônio. Na NBC T 16.5, estão estabelecidos os critérios para o registro contábil dos atos e fatos. A entidade do setor público deve manter procedimentos uniformes de registros contábeis, por meio de processo manual, mecanizado ou eletrônico, em rigorosa ordem cronológica, como suporte às informações. A norma NBC T 16.6 trata das demonstrações contábeis que devem ser elaboradas e divulgadas pelas entidades públicas, são elas: Balanço Patrimonial; Balanço Orçamentário; Balanço Financeiro; Demonstração das Variações Patrimoniais; Demonstração dos Fluxos de Caixa e Demonstração do Resultado Econômico. A NBC T 16.7 traz a consolidação das demonstrações contábeis, nelas deverão ser consideradas as relações de dependência entre as entidades do setor público. Os procedimentos na consolidação são feitos através de ajustes e eliminações, não criando nenhum tipo de lançamento de escrituração. A NBC T 16.8 trata do controle interno, esta norma compreende o conjunto de recursos, métodos e procedimentos adotados pelo setor público para minimizar os riscos e dar efetividade às informações contábeis. A NBC T 16.9 estabelece os procedimentos para registro da exaustão, depreciação e amortização dos bens públicos, estes devem ser realizados mensalmente, e reconhecidos nas contas de resultado do exercício, ambas devem ser reconhecidas até que o valor líquido contábil do ativo seja igual ao valor residual. Para a depreciação pode ser usado o método das quotas constantes, o método das somas dos dígitos, ou o método das unidades produzidas. A NBC T estabelece critérios e procedimentos para a avaliação e a mensuração de ativos e passivos integrantes do patrimônio de entidades do setor público. Ao mencionar a avaliação do ativo imobilizado, determina a mensuração e avaliação por base no valor de aquisição, produção ou construção. E o controle contábil sobre esse tipo de bens permitirá o acompanhamento dos custos com maior eficácia. Neste processo de convergência, várias dificuldades são encontradas, como descreve Silva (2010, p.1): Podemos garantir que, mesmo estudando os processos de gestão, será muito difícil a implantação do que estamos denominando a Nova Contabilidade seja pela resistência de alguns setores da administração pública, seja pela blindagem de certas áreas em relação a abertura de suas informações ou, ainda, pelo entendimento
9 125 errôneo de alguns de que a Contabilidade deve atuar passivamente e só registrar o que lhe é encaminhado. Essas normas trazem grandes impactos na contabilidade aplicada ao setor público, tanto na escrituração dos fatos contábeis como também no dia-a-dia dos profissionais contábeis, para os profissionais contábeis e o alinhamento entre a contabilidade como ciência com a contabilidade aplicada ao setor público. As normas são instrumentos para elevar a eficácia das leis. Não há registros de quando surgiu a contabilidade internacional, mas Niyama traça uma linha divisória por volta de 1950 a 1960, com o término da Segunda Guerra mundial e a restauração do comércio internacional no mundo. Da mesma forma que cada país possui sua cultura, língua e crença, assim acontece com a contabilidade, cada um tem uma forma de contabilizar e mensurar os fatos, conforme afirma Niyama (2009, p.15) A linguagem não é uniforme porque cada país tem critérios próprios e diferentes para reconhecer e mensurar cada transação. A busca de critérios consentâneos é o processo de harmonização contábil internacional, visando proporcionar uma compreensão dessa linguagem e a sua comparabilidade. As mudanças na Contabilidade pública não são apenas meras mudanças, elas possuem raízes profundas que estão ligadas até mesmo com a cultura seguida, o que pode acarretar dificuldades no processo de convergência. A convergência internacional quer mostrar que a contabilidade não deixará de registrar a execução orçamentária, mas sim fornecerá informações mais precisas de natureza orçamentária, financeira e patrimonial das entidades do setor público disponibilizando o acesso a toda a população. As normas contábeis têm o intuito de uniformizar e tornar mais fácil a linguagem para vários países. A mudança nos padrões contábeis é significativa e os profissionais de contabilidade que atuam no serviço público terão que ficar preparados para essas novas mudanças O Brasil deverá adotar novos procedimentos para avançar e se adequar as mudanças. Um dos primeiro passos a serem adotados é a implantação do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), como diz na STN (Secretaria do Tesouro Nacional), o PCASP tem o objetivo de uniformizar as práticas contábeis, formado, assim, por uma relação padronizada de contas, uma tabela de atributos contábeis e pelos lançamentos típicos padronizados, o PCASP permite a consolidação das Contas Públicas Nacionais, conforme determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal.
10 126 Todos os entes da federação poderão usar a estrutura padronizada do PCASP para elaboração do seu Plano de Contas. Sua estrutura permite melhor precisão e apresentação dos fatos contábeis, bem como uma melhor mensuração dos fatos. De acordo com a Portaria STN 753, de 21 de dezembro de 2012, essa implementação ocorrerá de forma obrigatória até o término do exercício de Será necessária uma reestruturação dos sistemas informatizados contábeis, que permitirá os registros e lançamentos das informações de acordo com as novas normas e do PCASP, controlando, assim, também, dados antes não tratados com muita importância. Todos os fatos administrativos serão analisados, pois eles podem produzir algumas alterações no ativo, passivo e patrimônio líquido. Como essas mudanças são de extrema importância à implantação de um sistema de custos, que poderá ser uma das ferramentas, que auxiliará a administração na tomada de decisões, e, se for o caso, ajudar a ver as falhas presentes no gerenciamento da administração pública. 2 RESULTADOS E DISCUSSÃO A contabilidade passou a existir no Brasil por volta do ano de 1530, com a vinda da família real portuguesa, o que deu origem às leis e normas que regulamentam as práticas da conduta contábil até os dias de hoje. A implantação das normas na área pública pode gerar melhorias na proteção do patrimônio e apresentar maior transparência da aplicação dos recursos públicos. Elas são importantes também para elevar a eficácia e efetividade das leis, quanto ao seu intuito de promover o planejamento, a transparência. A contabilidade tem como principal finalidade fornecer informações concretas para tomada de decisões, e tem como objetivo, dentre outros, de interpretar os fenômenos que afetam o patrimônio. O sistema de planejamento brasileiro é composto por três peças orçamentárias, sendo elas, o PPA, que compreende o período de um ano, a LDO, que ajuda na elaboração da LOA, e esta, por fim, está ligada ao planejamento no período que compreende quatro anos. A contabilidade aplicada ao setor público faz uso de princípios, métodos e normas para assegurar os direitos mínimos à população e gerir os recursos da forma mais clara possível. Em relação ao processo de convergência às normas internacionais, as entidades públicas ganharão projeções internacionais, elas apresentarão maior transparência, principalmente na composição dos ativos e passivos, que terá, assim, uma metodologia contábil padronizada e poderá contar com um alto grau de comparabilidade.
11 127 A implantação do PCASP veio para uniformizar as práticas contábeis, formado, assim, por uma relação de contas padronizadas, que permite melhor precisão e apresentação dos fatos contábeis, tendo como principal alteração um maior enfoque nos aspectos patrimoniais, haja vista que, antes, a Contabilidade Pública tinha um enfoque praticamente voltado apenas para o orçamento, e agora terá que também controlar e demonstrar a realidade do patrimônio público, no intuito de cumprir com o objetivo da contabilidade, que é o de fornecer informações para tomada de decisões dos gestores. Nesse contexto, pode-se concluir que a padronização das normas de contabilidade aplicada ao setor público veio, de uma forma bem clara, fazer com que a população possa entender como estão sendo usados os recursos públicos, e ajudar os contadores e administradores das entidades na gestão em tempo real, fazendo com que este controle se aproxime mais dos moldes da iniciativa privada. ABSTRACT The accounting has undergone many transformations since the earliest times until the present day, but still has not changed its essence, which is the measurement and disclosure of accounting facts in equity. The public accounting was developed along with accounting, thus resulting in the need to unify accounting standards in all countries to make them more understandable among its users. This study wants to show the convergence of public accounting in Brazil with other countries, which aims to provide more accurate information for budget, financial, and equity of public sector entities. The Brazilian Accounting Standards Applied to the Public Sector - NBCASP, the resolutions that passed and their impact on Public Accounts, allowing greater transparency in the public sector. These changes allow for greater transparency in spending of public resources, as establishing accounting standards and rules in harmony with thatpracticed by international standards. Keywords: Public Accounting. Heritage. Convergences. Brazilian Accounting Standards Applied to the Public Sector - NBCASP REFERÊNCIAS ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. Disponível em: < Acesso em 10/04/2014 ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos. Redescobrindo a contabilidade governamental: uma mudança de paradigmas para uma melhor transparência. Rio de Janeiro: Renovar, ANGÉLICO, João. Contabilidade Pública. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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