SECRETARIA PARA ASSUNTOS FISCAIS - SF nº 25 Março 2001 O AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO NA FOLHA DE SALÁRIOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS ATIVOS
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- João Henrique Amado Leveck
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1 INFORME-SFE SECRETARIA PARA ASSUNTOS FISCAIS - SF nº 25 Março 2001 EMPREGO PÚBLICO: O AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO NA FOLHA DE SALÁRIOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS ATIVOS O eventual aumento do salário mínimo para R$ 180, segundo simulação baseada na RAIS 1998 não terá maiores reflexos sobre a folha de salários dos servidores públicos ativos da maioria dos governos do País. O gasto com pessoal ativo do conjunto dos estados e dos municípios deve crescer menos de 1%. Individualizados os resultados, verifica-se um impacto maior em regiões e localidades mais pobres. Mais que isso, é um fenômeno bem localizado nas prefeituras do interior do Nordeste, onde 80% dos servidores municipais recebem salários inferiores a 1,2 mínimos aliás, um traço marcante também do setor privado dessa região. Nesse contexto, o aumento do valor do salário mínimo pode constituir um poderoso instrumento de uma política nacional de redistribuição de renda. 1. Introdução O impacto da proposta de aumento do salário mínimo sobre as finanças municipais e estaduais é mencionado com freqüência nos debates nacionais em torno do tema. No entanto, raramente tal impacto é devidamente quantificado. Para subsidiar tais discussões, este Informe realiza um exercício para quantificar o impacto nas folhas salariais do pessoal ativo nos governos brasileiros em decorrência de um aumento no valor do salário mínimo, na hipótese de vir a subir de R$151 para R$180. A fonte de dados utilizada é a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 1998, contendo informações fornecidas pelos empregadores, por determinação legal, para o Ministério do Trabalho e Emprego. Por isso, restringe-se aos trabalhadores e servidores na ativa do mercado de trabalho formal. Assim, esta avaliação do impacto do mínimo não contempla o impacto dos gastos públicos com os inativos. 2. Aspectos metodológicos Para se quantificar este impacto, fez-se necessário adotar algum tipo de critério sobre o que ocorreria com os salários. Calculou-se, então, qual seria o impacto mínimo para as finanças das entidades subnacionais. Dessa forma, assumiu-se que: todos os servidores que já recebem mais de R$ 180,00 não terão nenhum aumento. servidores com remuneração não superior a R$ 180,00 terão, em média, o menor aumento possível para que atinjam o novo salário. Como na RAIS os dados são de remuneração média do ano, optou-se por trabalhar os dados em salários mínimos (SM). Por isso, os servidores com salário igual ou superior a 1,2 SM não teriam aumento, já que, dado o salário atual de R$ 151, um aumento de 20% implicaria em um novo salário mínimo de cerca de R$181. Para reduzir as distorções em termos relativos entre as faixas de salários, foram construídas as seguintes hipóteses de aumento percentual: Faixa de remuneração * Aumento (%) Até 1 SM (R$ 151) 19,2% De 1 a 1,1 SM (de R$ 151 até 13,2% R$166) De 1,1 a 1,2 SM (de R$ 166 até 3,4% R$181) Mais de 1,2SM 0% * SM : Salário Mínimo Considerou-se que os trabalhadores que recebiam uma quantia inferior ao salário mínimo, segundo Não reflete necessariamente as opiniões do BNDES. Informativo apenas para subsidiar análises da SF. Elaborado por José Roberto Afonso, Marcelo Ikeda e Sheila Najberg. Maiores informações e esclarecimentos, consultar site do Banco Federativo na Internet ( sfiscal@bndes.gov.br ; ou fax
2 os registros administrativos do MTE, continuariam ganhando um valor inferior mesmo com o aumento do mínimo. Utilizou-se, nesses casos, o mesmo percentual de aumento dos trabalhadores que ganhavam R$ 151 e passariam a receber R$ 180 (19,2% de aumento). Já os percentuais de 13,2% e 3,4% foram obtidos através da média de salários de cada faixa de remuneração, obtida pela RAIS. 3. Principais Resultados A Tabela 1 mostra que o impacto total do aumento do salário mínimo no mercado formal, segundo a RAIS, cobrindo 24,7 milhões de trabalhadores, é de R$ 54,9 milhões por mês. O maior impacto ocorrerá nos trabalhadores privados: R$ 41,8 milhões por mês. Quanto aos servidores públicos, o impacto mensal nos estaduais é bastante reduzido em relação aos municipais (R$ 1,9 milhões contra R$ 11,1 milhões). Além de o impacto nos servidores municipais ser quase 6 vezes maior que nos estaduais, o número de servidores municipais é até inferior ao de estaduais, o que comprova que grande parte daqueles servidores recebem salários não superiores a R$ 180. Tabela 1 - Impacto mensal de aumento do salário mínimo de R$ 151 para R$ 180 : Resultados Gerais 2 Tipo de Vínculo Núm. Trab. (em milhões) Folha de Pgto. (em R$ bilhões) Impacto (em R$ milhões) %impacto / folha Serv. Púb. Municipais 2,6 1,6 11,1 0,71 Serv. Púb. Estaduais 2,7 2,8 1,9 0,07 Trab. Privados 19,4 14,0 41,8 0,30 T o t a l 24,7 121,3 54,9 0,30 Expresso como percentual da folha de pagamento, infere-se que o impacto do SM de R$ 180 é bastante reduzido. Em termos agregados, em nenhum caso, a folha de pagamento dos funcionários ativos será aumentada em mais de 1% com o aumento do salário mínimo. O efeito maior se dará nos servidores públicos municipais, com um aumento de 0,71%. Uma análise desagregada por estado/município, no entanto, revela que determinadas unidades subnacionais sentirão um maior impacto. Nas seções 3.1, 3.2 e 3.3 será feita uma investigação dos servidores públicos estaduais, municipais e privados tomando como referência o estado onde eles trabalham. A seção 3.4 explora a ótica municipal Servidores Públicos Estaduais O efeito nos servidores públicos estaduais (R$ 1,9 milhões por mês) é bastante pequeno dada a sua folha de pagamento: são 2,7 milhões de trabalhadores que recebem ao todo uma média de 18,4 milhões SM por mês (cerca de R$ 2,78 bilhões, usando como base o SM de R$ 151). O aumento, portanto, equivaleria a apenas 0,07% da folha de pagamento. Tabela 2 - Servidores Públicos Estaduais : Resultados por UF UF % impacto/folha Núm. Trab. Paraíba 0, Rio Grande do Norte 0, Piauí 0, Pará 0, Ceará 0, Goiás 0, Alagoas 0, Maranhão 0, Sergipe 0, Bahia 0, Pernambuco 0, Mato Grosso 0, São Paulo 0, Amazonas 0, Mato Grosso do Sul 0, Minas Gerais 0, Tocantins 0, Paraná 0, Rio de Janeiro 0, Rondônia 0, Santa Catarina 0, Espírito Santo 0, Amapá 0, Rio Grande do Sul 0, Roraima 0, Acre 0,
3 A Tabela 2 agrega os resultados segundo o percentual de impacto na folha de salários dos servidores estaduais de cada um dos estados. Percebe-se claramente o reduzido impacto que o aumento no salário mínimo traria para os gastos dos estados, dadas as hipóteses acima. Dos 26 estados 1, em 15 deles, o impacto é inferior a 0,01% da folha de pagamento. Por outro lado, em apenas 3 estados, o impacto supera 0,2% da folha, são eles: Paraíba e Rio Grande do Norte (0,31%), seguidos do Piauí (0,27%). Tabela 3 - Resumo do Impacto nos Estados 3 Intervalo de %impacto sobre a folha de pagto. Núm. Estados mais de 0,2% 3 de 0,1% a 0,2% 2 de 0,05% a 0,1% 2 entre 0,01% e 0,05% 4 entre 0,00% e 0,01% Servidores Públicos Municipais Conforme apresentado na Tabela 1, o impacto em valor sobre os servidores municipais é maior que sobre os estaduais apesar de o número de trabalhadores contratados pelos municípios ser ligeiramente menor do que os servidores estaduais. A Tabela 6, ao final do texto, mostra os estados cujos municípios serão mais impactados com o aumento do salário mínimo. O único estado cujo gasto superaria os 5% da folha é o Maranhão (6,28%). Em 13 estados o gasto não supera 1% da folha. Esta proporção está diretamente relacionada com o percentual de trabalhadores com remuneração até 1,2 SM. No Maranhão, por exemplo, 68,3% dos servidores públicos municipais não recebem mais que R$ 181 (ver Tabela 3). Já em São Paulo e no Rio Grande do Sul, estados com impactos bastante reduzidos, esse percentual é de 0,7% e 1,8% respectivamente. 1 1 No site do Banco Federativo, no bloco Informes-SF, está disponível para download planilha eletrônica com o impacto para todos os municípios brasileiros, elaborados com base na RAIS Excluiu-se da contagem o Distrito Federal. No entanto, o impacto no DF é praticamente desprezível (0,00% da folha). Tabela 4 - Perfil dos Trabalhadores : Servidores Municipais e Trabalhadores Privados UF municipais privados municipais privados Rondônia 20,60 4, Acre 25,03 9, Amazonas 36,86 0, Roraima 2,85 5, Pará 33,61 5, Amapá 13,50 3, Tocantins 45,87 7, Maranhão 68,26 9, Piauí 59,45 11, Ceará 54,23 10, Rio Grande do Norte 59,74 9, Paraíba 58,99 8, Pernambuco 45,79 5, Alagoas 59,26 9, Sergipe 55,24 10, Bahia 55,09 8, Minas Gerais 12,43 5, Espírito Santo 8,96 2, Rio de Janeiro 6,33 1, São Paulo 0,67 0, Paraná 7,09 2, Santa Catarina 2,88 1, Rio Grande do Sul 1,76 1, Mato Grosso do Sul 10,76 2, Mato Grosso 10,61 4, Goiás 25,39 6, Total 21,59 2,29 % trab. até 1,2SM Núm. Trabalhadores Isso explica o fato de estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que possuem o maior número de servidores públicos municipais, serem um dos menos impactados com o aumento do salário mínimo, assumindo que o reajuste se dará apenas naqueles que ganhem até 1,2 SM. Nesses estados, o percentual de trabalhadores com salário inferior a 1,2 SM é bastante reduzido. Por outro lado, os municípios da região Nordeste estão entre os mais impactados com o aumento do salário mínimo. Na Tabela 6, percebe-se que todos os nove estados da região estão entre os dez estados com maior impacto percentual sobre a folha de pagamento. Isso se justifica pela precária remuneração no interior desses estados, onde, na sua grande maioria, mais de 80% dos trabalhadores recebem não mais que R$ Trabalhadores Privados Esta seção tem como objetivo comparar o resultado dos servidores públicos municipais com o dos trabalhadores privados, a fim de fornecer uma
4 previsão do impacto da folha de salários dos servidores públicos em relação ao dos funcionários privados. Por isso, foram considerados os mesmos 5027 municípios que continham dados de servidores públicos municipais segundo a RAIS de Com isso, considerou-se o total de 19,4 milhões de trabalhadores privados 2. O impacto do aumento de salário mínimo de R$ 151 para R$ 180 é de R$ 41,8 milhões por mês para os trabalhadores privados. Em termos percentuais, no entanto, representaria apenas 0,30% adicionais à folha de pagamento. Comparando-se os estados, com o aumento do mínimo, o Piauí sentiria o maior impacto sobre a folha dos trabalhadores privados (1,69%). O estado com menor aumento percentual seria São Paulo (0,07%). Como se vê, o impacto é mais reduzido que em termos de servidores públicos municipais. A Tabela 4 mostra que os servidores privados possuem um menor percentual de trabalhadores com remuneração inferior a 1,2 SM em relação aos servidores municipais. No total do Brasil, enquanto 21,6% dos servidores municipais recebem não mais que 1,2 SM, apenas 2,3% dos trabalhadores privados estão na mesma condição. Também no caso dos trabalhadores privados, assim como nos servidores municipais, os municípios do Nordeste são os mais impactados com o aumento do mínimo como percentual da folha de pagamento. Apenas Pernambuco não está entre os dez primeiros, sendo substituído pelo Acre, que passa a ocupar a sexta posição Ótica Municipal Nas seções anteriores, analisou-se o impacto dos servidores municipais agregados por estados. Em geral, o impacto foi pequeno: 0,71%. Entretanto, inegavelmente, quando se consideram os números dos 5027 municípios com informações na Rais de , as variações são bem mais significativas. Em alguns municípios, o impacto sobre a folha de salários municipal com o aumento do mínimo quase chega a 20%, como se pode observar na Tabela 7, ao final do texto, que apresenta as 50 prefeituras mais impactadas com o aumento do 2 Além dos celetistas, também foram incorporados informações dos trabalhadores avulsos e temporários. 3 Foram excluídos da contagem os municípios com zero servidores públicos municipais segundo a Rais mínimo. No entanto, em 54,3% dos municípios (isto é, em 2731 municípios), o impacto do aumento do salário mínimo não atinge 1% da folha de pagamento dos servidores públicos municipais. Por outro lado, em 13,2% dos municípios (ou em 659 casos) o impacto supera os 10% da folha. Tabela 5 - Número de Municípios por intervalo de gasto percentual sobre a folha de pagamento : Servidores Municipais e Privados. Intervalo % impacto / folha Núm. Municípios municipais privados municipais privados entre 15 e 20% ,06 1,17 entre 10 e 15% ,05 4,71 entre 5 e 10% ,46 15,40 entre 1 e 5% ,10 41,22 entre 0 e 1% ,72 34,37 igual a 0% ,61 3,12 T o t a l ,00 100,00 Quando se comparam os trabalhadores privados, é bem menor o número de municípios em que o impacto percentual sobre a folha de pagamento é igual a zero (157 municípios). No entanto, em 75,6% dos municípios, o aumento do mínimo não impactaria a folha de pagamento em mais de 5%. Além disso, em apenas 59 municípios (ou 1,2% dos casos) o impacto supera 15%, enquanto nos servidores públicos municipais, ocorria em 204 municípios (4,1%). Em suma, se, por um lado, há um maior número de municípios cujo impacto na folha dos servidores municipais é inferior a 1% em relação ao mesmo percentual na folha dos trabalhadores privados, por outro lado, há um menor número de municípios cujo impacto na folha dos trabalhadores privados é superior a 10% em relação aos servidores municipais ICV Foi realizado um simples exercício em que se explorou a correlação entre o impacto do aumento do salário mínimo como percentual da folha de pagamento com o ICV - Índice de Condições de Vida de cada Município, que avalia segundo cinco dimensões: renda, habitação, infância, longevidade e educação 4. O índice varia entre zero e um, sendo 4 Para maiores detalhes sobre a composição do ICV, ver Informe-SF nº 19. %
5 mais alto o índice quanto melhores as condições de vida do município. O último dado disponível, no entanto, é de 1991, e está disponível para municípios. Já o cálculo do impacto do salário mínimo foi realizado com dados de 1998 para municípios. A correlação, dessa forma, foi realizada considerando-se os municípios com informações tanto do ICV quanto da RAIS. A correlação entre o impacto percentual do aumento do SM na folha de pagamento dos servidores municipais e o ICV de cada município foi de -0,774, utilizando-se o coeficiente de Spearman 5. O sinal negativo significa que serão mais impactados exatamente os estados que possuem menores ICVs. Com isso, deve-se destacar que o aumento do salário mínimo em municípios com piores condições de vida é um importante instrumento para reduzir a desigualdade desses municípios. 4 Principais Conclusões Metodologia Este texto calculou o impacto de um aumento do salário mínimo de R$ 151 para R$ 180 nas finanças dos estados e municípios considerando apenas os servidores ativos. Calculou-se o impacto mínimo, dado que, por hipótese, os trabalhadores com salários superiores a R$ 180 não receberiam aumento de salário. Assim, os resultados aqui apresentados estão diretamente relacionados com a proporção de trabalhadores com salários inferiores a 1,2 SM. Resultados Agregados Feitas as hipóteses de aumento segundo a faixa salarial, verificou-se que o impacto é bastante diferenciado e relativamente pequeno. Nas finanças dos estados, o impacto mensal foi de R$ 1,9 milhões, cerca de 0,07% sobre a folha de pagamentos relativa aos 2,7 milhões de servidores estaduais. O impacto mensal sobre os municípios foi de R$ 11,1 milhões, o que representa um acréscimo de 0,71% na folha de pagamentos dos 2,6 milhões de servidores municipais. O impacto mensal sobre o setor privado foi mais significativo em termos de valor (cerca de R$ 41,8 milhões), mas ainda assim o impacto na folha de salários desses trabalhadores foi pequeno (0,30%). Resultados estaduais Agregando os municípios por estado, os números em alguns casos são mais expressivos. Os estados da região Nordeste são os mais impactados, chegando a 6,28% no Maranhão, considerando apenas os servidores públicos municipais. A Região Nordeste é bastante afetada devido ao peso dos municípios do interior do estado, onde pelo menos 80% dos servidores municipais recebem salários inferiores a 1,2 SM. Mesmo tendo o Norte e o Centro-Oeste também indicadores semelhantes, pode-se dizer que é um fenômeno tipicamente nordestino o elevado peso de quem ganha apenas o mínimo na folha salarial de servidores e mesmo no caso dos trabalhadores privados. Por outro lado, devido à baixa concentração de trabalhadores na faixa de até R$ 1,2 SM, estados como Rio de Janeiro e São Paulo, que possuem o maior número de servidores, apresentam um impacto, em termos percentuais, bastante reduzido (0,13% no RJ e 0,01% em SP). No Rio de Janeiro, apenas 6,3% dos servidores municipais recebem até 1,2 SM. Em São Paulo, apenas 0,7%. Resultados por cidades Desagregando os resultados por municípios percebe-se um impacto ainda mais heterogêneo. Em 204 municípios o aumento na folha de salário municipal ultrapassou 15%, e em 455 ficou entre 10% e 15%. Em compensação, em municípios (54,3% dos casos) o impacto do aumento do SM como percentual da folha é inferior a 1%. Mais uma vez, verifica-se que é bem localizado o impacto do mínimo. Listados os municípios pela proporção do impacto do aumento do mínimo em sua folha de servidores, nota-se que apenas 1 entre os 30 mais afetados pela medida em termos nacionais não é do Nordeste. Ou ainda, só 4 entre as 100, ou 6 entre as 200 prefeituras mais impactadas, não são daquela região. 5 O Coeficiente de Spearman é o ideal quando se consideram distribuições não-paramétricas ou quando se comparam variáveis com grandezas diferentes. 5
6 Críticas e mitos nas finanças municipais Um argumento crítico ao aumento do valor do salário mínimo normalmente citado pela ótica dos impactos sobre as prefeituras diz respeito ao eventual desenquadramento que provocaria nas folhas locais em relação aos limites máximos para despesa com pessoal, fixados na chamada Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF. É preciso qualificar com mais cautela tais aspectos. Antes de mais nada, não se deve confundir o percentual do aumento medido em relação à folha salarial com a proporção que representa da receita corrente líquida. No agregado dos Poderes, o limite máximo de gasto com pessoal das prefeituras é de 60% da receita corrente. Logo, na hipótese extrema e absurda que toda a folha local fosse composta apenas por servidores e autoridades que ganhassem um salário-mínimo, um acréscimo de 20% equivaleria a mais 12% da receita. À parte o tamanho do impacto, se a folha salarial de uma certa prefeitura ficar desenquadrada daquele limite máximo da LRF devido ao aumento do mínimo, a primeira providência será cortar (em até 20%) os gastos com funções gratificadas, cujos ocupantes, provavelmente, não ganham um salário mínimo. Não é demais lembrar que, nessa situação, a sequência de providências para diminuir os gastos com pessoal está determinada pela Constituição, por força da emenda da reforma administrativa promulgada em O maior impacto financeiro, porém, é das prefeituras do interior e das regiões mais pobres, justamente as mais beneficiadas (especialmente se a receita for medida em valores per capita) pelos repasses do Fundo de Participação dos Municípios FPM. Se tais transferências tiveram um bom desempenho nos próximos anos o impacto do aumento do mínimo fica mais diluído. Redistribuição de Renda Por fim, menciona-se que o aumento do mínimo pode constituir a medida que mais explicita o vínculo entre responsabilidades fiscal e social. Políticas de distribuição de renda são hoje entendidas tanto como políticas sociais quanto eficientes alavancas do desenvolvimento. O aumento do salário mínimo se insere dentro do marco do combate à pobreza como forma de aumentar o consumo e acelerar o crescimento. O fato de os municípios com mais baixos indicadores de condições de vida ICV serem, em média, aqueles que mais se beneficiarão com o aumento do mínimo, mostra como o salário mínimo pode ser um importante instrumento de melhoria das municípios mais pobres, especialmente no interior do país. Outra crítica ao aumento do mínimo corresponde à compensação financeira do aumento permanente do gasto com pessoal exigido pela LRF. 6
7 Tabela 6 - Resultados Finais por UF : Valor gasto e Percentual sobre a folha de salários UF Núm. Munic. Valor impacto (R$ mil) % impacto/folha municipais privados municipais privados Maranhão , ,97 6,28 1,35 Alagoas , ,14 4,74 1,30 Paraíba ,17 882,44 4,65 1,08 Piauí , ,72 4,55 1,69 Rio Grande do Norte , ,51 4,42 1,21 Bahia , ,14 4,06 1,17 Sergipe ,92 828,29 3,82 1,36 Ceará , ,64 3,24 1,32 Tocantins ,82 194,40 3,08 0,95 Pernambuco , ,87 2,85 0,59 Amazonas 42 81,71 140,90 2,19 0,11 Pará , ,18 1,73 0,71 Goiás , ,60 1,12 0,81 Rondônia 49 76,89 216,88 1,01 0,53 Acre 21 41,35 192,50 0,94 1,25 Amapá 15 8,07 59,13 0,44 0,51 Minas Gerais , ,58 0,38 0,69 Mato Grosso ,98 598,38 0,33 0,56 Mato Grosso do Sul 72 50,39 361,06 0,29 0,35 Espírito Santo 77 78,53 737,90 0,26 0,35 Paraná , ,05 0,19 0,29 Rio de Janeiro , ,29 0,13 0,14 Santa Catarina , ,84 0,06 0,21 Roraima 2 0,24 42,16 0,06 0,66 Rio Grande do Sul , ,74 0,04 0,19 São Paulo , ,87 0,01 0,07 7
8 Tabela 7 As 30 prefeituras mais impactadas com o aumento do mínimo* Ordem UF Município Servidores Municipais Impacto (mensal - em R$) % impacto/ folha pgto. Trabalhadores Privados Impacto (mensal - em R$) % impacto/ folha pgto. 1 MA Acailandia ,78 16, ,24 3,86 2 SE Porto da Folha ,76 16, ,85 3,12 3 MA Paraibano ,26 16, ,96 15,55 4 PE Alagoinha ,74 16,20 972,45 4,77 5 AL Palmeira dos Indios ,67 18, ,92 1,56 6 AL Mata Grande ,37 19, ,47 11,47 7 PB Queimadas ,42 17, ,22 5,37 8 RN Poco Branco ,96 16, ,94 15,93 9 PI Piracuruca ,64 16, ,58 9,52 10 MA Sao Benedito do Rio Preto ,73 18,56 208,48 3,20 11 CE Uruburetama 8.013,86 18, ,00 9,30 12 PB Uirauna 7.683,48 18, ,62 10,67 13 RN Jacana 7.564,53 16, ,60 14,46 14 RN Jandaira 6.830,26 16, ,34 15,73 15 SE Maruim 6.599,87 16, ,79 2,89 16 RN Sao Bento do Trairi 6.049,08 16, ,81 15,64 17 CE Parambu 5.154,14 17, ,41 4,57 18 SE Frei Paulo 4.913,84 18, ,56 2,95 19 PB Nova Olinda 4.732,61 17, ,85 17,33 20 RN Campo Redondo 4.631,18 16, ,83 13,73 21 PI Nazare do Piaui 4.040,55 16, ,58 14,08 22 RN Ipanguacu 3.967,92 16, ,63 3,72 23 PB Caraubas 3.932,74 16, ,74 16,16 24 SE Cedro de Sao Joao 3.930,08 19, ,33 12,50 25 RN Riacho de Santana 3.615,38 17, ,38 16,27 26 SE Sao Francisco 3.446,94 18,63 201,89 3,36 27 RN Coronel Ezequiel 3.336,44 16, ,38 15,36 28 RN Cerro Cora 3.198,05 17, ,80 5,19 29 CE Baixio 3.131,42 17, ,37 15,55 30 PB Santarem 2.981,29 16,65 0,00 0,00 31 PB Livramento 2.821,82 19, ,35 14,61 32 AL Feira Grande 2.656,69 19,21 170,92 0,83 33 AL Belem 2.615,00 18, ,13 3,03 34 PB Santana dos Garrotes 2.558,86 16,44 222,70 10,87 35 PB Poco Dantas 2.344,77 18,91 0,00 0,00 36 PB Boqueirao dos Cochos 2.305,72 16, ,92 13,42 37 RN Parau 2.192,99 18,71 0,00 0,00 38 BA Aramari 2.064,63 16, ,23 7,22 39 PB Serra Grande 1.833,86 16, ,86 15,34 40 PI Luzilandia 1.752,59 17, ,77 4,91 41 PB Pedra Branca 1.392,57 18, ,37 17,26 42 PB Caldas Brandao 1.357,20 18,43 187,57 1,11 43 PB Monte Horebe 1.017,87 16,43 259,16 7,32 44 PB Lastro 676,86 19,21 48,93 5,67 45 MA Santa Helena 284,78 19,21 305,11 1,30 46 MG Araponga 63,72 16, ,14 9,81 47 CE Redencao 59,19 16, ,27 3,07 48 CE Uruoca 41,47 19,21 292,25 14,34 49 PB Cachoeira dos Indios 27,26 19,21 434,38 6,48 50 PB Cruz do Espirito Santo 27,26 19,21 319,10 0,38 * com base nas informações fornecidas pelas próprias prefeituras e empresários ao Ministério do Trabalho. 8
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