Boletim de Conjuntura

Transcrição

1 Índice Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos p.1 Conjuntura Macroeconómica e Política p. 3 Conjuntura Legislativa e Regulamentar p. 3 Conjuntura Internacional p.4 Destaques na Comunicação Social p. 4 Tema destaque - Colaborações europeias na área do medicamento p. 4 Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos Mercado Ambulatório Evolução do Mercado Farmacêutico Mercado (PVA) Fev.18 V.H. (%) YTD 2018 V.H. (%) M. Valor (M ) 150,1 +4,9% 325,7 +3,6% M. Volume (M. Emb.) 20,4 +5,8% 44,7 +3,5% Preço médio unitário 7,24 +1,0% 7,29 +0,2% Em Fevereiro, o mercado ambulatório voltou a registar crescimento, em termos homólogos, de +4,9% em valor e 5,8% em volume, totalizando vendas de 150,1 milhões de euros, em resultado da dispensa de 20,4 milhões de embalagens. Face a Janeiro verificou-se uma redução de -16,4% em valor e -15,3% em volume. A dinâmica de crescimento resultou da evolução registada em ambos os segmentos de mercado, medicamentos genéricos e de marca, que contribuíram com 1,77 p.p., e 2,09 p.p., respectivamente, para a variação homóloga em valor. O preço médio unitário (a PVA), em Fevereiro, foi de 7,29 euros, correspondendo a um crescimento homólogo de 0,2%. As classes terapêuticas (ATC3) no Top 7 de vendas, em valor, são as que abrangem os medicamentos usados na terapêutica das doenças crónicas mais comuns, e totalizam 27% das vendas no YTD O destaque no mês de Fevereiro continua a ser a classe dos Anticoagulantes Orais, que mantêm a tendência registada no final de 2017, assumindo 3,81% da quota de mercado total, apenas superados Inibidores da DPP-IV e pelos Antidislipidémicos, mas com o 2º maior crescimento homólogo de todas as classes, de 40,9% em valor, que acompanha a variação em volume de 39,5%. Em sentido inverso, os Antihipertensores na sexta posição de vendas, registam uma redução de -12,3% em valor e de -0,3% em volume. Fonte: IMS; Valores a PVA Mercado de Genéricos e Mercado Generificado O mercado de genéricos registou, em Fevereiro, vendas de 29,6 milhões de euros (a PVA), correpondente a um aumento homólogo de +9,6%, resultado da dispensa de 6,17 milhões de embalagens, a que corresponde também um crescimento, face ao mesmo periodo de 2017, de 8,2%. Esta dinâmica resulta da entrada no mercado genérico da DCI Rosuvastatina. O preço médio unitário, no YTD subiu para os 4,83, +2,8% em termos homólogos. No YTD 2018 o mercado genérico totaliza 65,1 M, com uma V.H. de 8,9% e a venda 13,47 milhões de embalagens. [ 1 / 5 ]

2 Quota de Mercado Generificado (unidades) Ano 2017 A Quota de Mercado Generificado, no mercado ambulatório comparticipado, que abrange os medicamentos formalmente classificados como genéricos, e ainda as cópias e originais cuja patente já expirou, atingiu, no ano de 2017, o valor de 85,3%, em termos de volume unitário. Esta metodologia considera assim os medicamentos cujo comportamento de mercado é similar ao do medicamento genérico, independentemente da sua designação, e não apenas recorrendo à definição restritiva que emana do Estatuto do Medicamento. De acordo com os dados do INFARMED, a quota dos genéricos no mercado do SNS é, no acumulado, Jan.-Dez. de 2017, de 47,5% em volume unitário e de 52,5% em DDD. Fonte: IMS e APIFARMA Evolução dos Encargos do SNS De acordo com os dados disponibilizados pelo CEFAR, os encargos do SNS com medicamentos dispensados na farmácia registaram, em Janeiro de 2018, 109,2 M, a que corresponde um aumento homólogo de 5,1%, resultado da dispensa de 14,4 milhões de embalagens, +5,3% que em Janeiro de Em Janeiro, o número médio de embalagens por receita médica foi de 1,79, o que representa uma redução face a igual período do ano transacto de - 0,8%. O encargo médio por receita acompanhou a tendência, cifrando-se em 13,66 euros, com uma redução de -0.7% em termos homólogos. A taxa média de comparticipação no SNS em Janeiro foi de 63,7%, o que representa um aumento de 0,2 p.p. face a Janeiro de Fonte: INFARMED e CEFAR (valores a PVP); Mercado Hospitalar Dívida das Entidades Públicas à Indústria Farmacêutica Dívida das Entidades Públicas à Indústria Farmacêutica (M ) O valor da dívida das entidades públicas à Industria Farmacêutica, monitorizada pela APIFARMA junto das suas associadas, registou em Janeiro uma nova diminuição, com o valor de dívida total em 875,2 M e de dívida vencida em 643,3 milhões de euros. Esta diminuição foi resultado, segundo a APIFARMA conseguiu apurar, essencialmente de operações de factoring em algumas empresas. A dívida vencida continua a ser a grande parcela, representando 73,5% do total. De acordo com a DGO, os pagamentos em atraso dos hospitais EPE a fornecedores externos voltaram à tendência de crescimento em Janeiro, totalizando 951 M, mais 114 M que em Dezembro de Fonte: APIFARMA - empresas associadas (medicamentos e de DiV) [ 2 / 5 ]

3 Conjuntura Macroeconómica e Política Evolução dos Indicadores Económico-Financeiros A variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) desceu em Fevereiro para 0,6%, valor inferior em 0,4 p.p. à do mês anterior. São de destacar os aumentos das classes do Vestuário e calçado e Saúde, com -2,4% e 1,0%, respectivamente (-4,7% e 0,7% no mês anterior). Em sentido oposto, assinala-se a redução das classes dos Transportes e das Bebidas Alcoólicas e Tabaco com 1,0% e 0,7%, respectivamente (3,2% e 2,3% no mês anterior). Para a Zona Euro o Eurostat estima uma taxa de inflação de 1,2%. Fonte: INE Em 2017, o PIB real registou um aumento de 2,7% em volume, uma taxa superior em 1,1 p.p. à verificada no ano anterior, tendo atingido, em termos nominais, 193 mil milhões de euros. O contributo da procura interna para a variação do PIB aumentou para 2,9 p.p. (1,6 p.p. em 2016), devido sobretudo à aceleração do Investimento. A procura externa registou um contributo negativo de 0,2 p.p. (contributo nulo em 2016), observando-se uma aceleração das Exportações ligeiramente menos intensa que a das Importações de Bens e Serviços. No 4º trimestre de 2017, o PIB registou um aumento em termos homólogos de 2,4% em volume. O contributo positivo da procura interna diminuiu, devido à desaceleração do Investimento e do consumo privado. A procura externa líquida registou um contributo nulo. Na zona euro o PIB aumentou 2,7% em termos homólogos e 2,6% na EU28. Fonte: DGO e ACSS De acordo com a DGO, a execução orçamental do SNS revela que no mês de Janeiro, o saldo do SNS foi de 4,5 M, representando uma melhoria de 21,4 milhões de euros face ao período homólogo, e que se traduz num aumento de 7,9% da receita, superior em 3,2 p.p. ao da despesa. O maior contributo para o aumento da despesa ficou a deverse à despesa com os produtos farmacêuticos (3,0 p.p.) e fornecimentos e serviços externos (1,3 p.p.) - onde se destaca o aumento dos encargos com as Parcerias público-privado (0,3 p.p.) e com os Produtos vendidos em farmácias (0,5 p.p.). A dívida continua a acumular-se, com os pagamentos em atraso do SNS a totalizarem 955,5 M, o valor mais alto quando comparado com Janeiro de 2016 e Conjuntura Legislativa e Regulamentar Legislativa Despacho n.º 1222-A/2018 Foi publicado na Série II, de 2 de Fevereiro de 2018, o despacho que cria a Comissão de Revisão da Lei de Bases da Saúde e designa Maria de Belém Roseira para sua Presidente, e os membros que a integram. Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB) - A criação da agência foi aprovada em Resolução de Conselho de Ministros, prevendo-se um aumento do investimento nesta área para 15 milhões de euros nos próximos cinco anos. Este organismo, que terá sede no Porto, vem apoiar a investigação de translação e a investigação clínica, implementando um modelo de financiamento por entidades do sector público e privado. [ 3 / 5 ]

4 Regulamentar Medicamentos Comparticipados - Lista dos novos medicamentos comparticipados com início de comercialização a 1 de Fevereiro, fornecida pela Direcção de Avaliação das Tecnologias de Saúde (DATS) do INFARMED, I.P.. Orientações CNFT - Utilização de Medicamentos biossimilares Parecer recentemente publicado pela CNFT sobre a utilização de medicamentos biológicos e biossimilares pelos hospitais do SNS. Conjuntura Internacional Reunião de La Valletta - A terceira reunião do Comité Permanente do Acordo de La Valletta decorreu no dia 30 de Janeiro em Madrid, tendo participado 10 países e um observador de França. Portugal esteve representado nesta reunião pelo vice-presidente do Infarmed. A reunião centrou-se na definição detalhada dos procedimentos para a selecção de medicamentos a avaliar, na metodologia de designação de relatores e no processo de avaliação e negociação conjunta para os dez países. Neste momento estão em análise os procedimentos relativos a dois medicamentos. A reunião assinalou a assinatura do acordo de adesão da Eslovénia e a adesão da Croácia. Destaques na Comunicação Social Um dos pontos marcantes da actualidade de Fevereiro foi o reconhecimento, por parte do ministro das Finanças, do problema dos pagamentos aos fornecedores na saúde. Mário Centeno assumiu que os pagamentos em atraso são um problema que o Governo reconhece e está a atacar. Nesse sentido, anunciou para este ano milhões de euros para saldar dívida e pagamentos em atraso na Saúde, sendo que 500 milhões de euros são referentes à capitalização dos Hospitais EPE feita já em 2017 e que será usada em Contudo, a boa notícia perdeu o seu efeito rapidamente. Os hospitais que em Janeiro receberam os 500 milhões de euros não têm autorização para fazer, de forma autónoma, os pagamentos a fornecedores. É à Inspecção-geral das Finanças que cabe a supervisão da gestão dos valores em dívida. O subfinanciamento e os seus efeitos nos cuidados prestados no Serviço Nacional de Saúde não deixaram de constar na ordem do dia. As vozes críticas surgiram, precisamente, no seio dos partidos de esquerda que suportam o Governo do PS. Também o Tribunal de Contas, publicou um relatório onde considera a situação económico-financeira do Serviço Nacional de Saúde extraordinariamente débil e que a sua recapitalização não tem sido suficiente nem suportada num plano que garanta a sustentabilidade da prestação de cuidados de saúde à população no médio e longo prazo. No Parlamento, Catarina Martins colocou a discussão da Saúde no plano ideológico. A coordenadora do BE exigiu ao Governo que estanque a sangria que tem saído de dinheiro do público para o privado, reforçando que em causa estão 50% do volume de negócios dos privados que neste momento é pago pelo Estado. A coordenadora do BE questionou também o Governo sobre os concursos para 640 médicos para a especialização, acrescentando que os profissionais estão à espera há dez meses. Sobre esta matéria, as palavras mais duras foram proferidas por Miguel Guimarães. O bastonário afirmou que os médicos já não acreditam no ministro da Saúde, que esta situação é uma vergonha e drama nacional e que a relação institucional entre a Ordem dos Médicos e o ministro da Saúde vai ser difícil, vai ser muito difícil. Também a discussão das terapias alternativas marcou a agenda mediática do segundo mês de A publicação da portaria que regula os requisitos das licenciaturas em medicina tradicional chinesa motivou reacções de diversas personalidades. Miguel Guimarães considera que o ministro ultrapassou uma linha vermelha. Também David Marçal (bioquímico) e Carlos Fiolhais (professor universitário) contestam portarias que substituem as provas, recordando que é por causa da medicina baseada na ciência que hoje vivemos mais e melhor. Nota final para o anúncio, em Conselho de Ministros, da criação da Agência para a Investigação Clínica e Inovação Biomédica, que estará operacional ainda este ano. O ministro da Ciência espera que a agência chegue a 2023 com um orçamento de 20 milhões de euros. Tema Destaque Colaborações europeias na área do medicamento A pressão sobre os sistemas de saúde, resultado do aumento da procura, devido à evolução demográfica e epidemiológica, ao aumento de novos recursos terapêuticos e tecnológicos, aliada às restrições orçamentais, têm impulsionado os governos na busca de respostas que garantam a sustentabilidade dos sistemas de saúde. Algumas dessas alternativas, nomeadamente na área do medicamento, passam por soluções colaborativas entre os governos de vários países europeus. [ 4 / 5 ]

5 A EFPIA vez um levantamento das principais colaborações, já em curso (efectivas, a cor azul) ou ainda em delineamento (a cor verde), entre os países europeus, cujas características mais relevantes elencamos no mapeamento abaixo. Independentemente das características particulares de cada situação, o objectivo comum primordial que orienta estas colaborações é garantir o acesso atempado dos doentes às novas terapias a um custo acessível e justo. O processo passa pela partilha de informação, harmonização de processos de avaliação das tecnologias propostas pela indústria, até às compras conjuntas, na expectativa de conseguirem um poder negocial superior, face ao volume em causa, e portanto melhores condições de aquisição. A maioria das situações, apesar de em diferentes fases de desenvolvimento, ainda não alcançaram resultados práticos efectivos. As colaborações mais avançadas são a do BeneluxA, com uma fase piloto já concluída, e a colaboração do Báltico, que já resultou em compras conjuntas de vacinas. As questões mais complexas destes processos é a falta de um procedimento formal e um contexto regulamentar e legal, que são contrabalançadas com um forte apoio e vontade política. Fonte de informação: EFPIA A análise das principais colaborações permite concluir que o movimento colaborativo, sendo relativamente recente, a maioria das situações é posterior a 2015, está a tomar dimensão, quer em termos de área geográfica que abarca, quer da abrangência de temas em que incide. Verifica-se também que a tendência é as iniciativas abrangerem crescente número de países, alguns dos quais participam em mais que uma iniciativa. Em paralelo os países ensaiam colaborações bilaterais, como o caso de Espanha e Portugal. A Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA) foi fundada em 1975, sucedendo ao Grémio Nacional dos Industriais de Especialidades Farmacêuticas, instituição criada em Actualmente, representa mais de 120 empresas responsáveis pela Produção e Importação de Medicamentos para Uso Humano, Vacinas, e Diagnósticos In Vitro [ 5 / 5 ]