AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE REVISÃO E ATUALIZAÇÃO DO PLANO DIRETOR SOCIOAMBIENTAL PARTICIPATIVO DO CAMPUS "LUIZ DE QUEIROZ" - PIRACICABA/SP
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- Leandro Caiado
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1 EIXO TEMÁTICO: Administrativas AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE REVISÃO E ATUALIZAÇÃO DO PLANO DIRETOR SOCIOAMBIENTAL PARTICIPATIVO DO CAMPUS "LUIZ DE QUEIROZ" - PIRACICABA/SP Ana Paula Zanibão 1 Ana Maria de Meira 2 Laís Jimenez Zayas 23 Marcel Thales S. P. Pinhel 34 Miguel Cooper 45 RESUMO: O Campus "Luiz de Queiroz" vem desenvolvendo desde 2005 o Plano Diretor Socioambiental Participativo com o objetivo de elaborar diretrizes para ordenar a gestão ambiental local, atuando nas frentes de: uso do solo, manejo de fauna, gerenciamento de resíduos, gestão da água, emissão de gases do efeito estufa e percepção e educação ambiental. Essa iniciativa pioneira na Universidade surgiu pela mobilização e organização de membros da comunidade do Campus, bem como dos grupos de pesquisa e extensão socioambientais atuantes. Deste modo, a elaboração do Plano Diretor contou com cerca de 320 pessoas, entre elas estudantes, docentes e funcionários, num formato participativo. Entre 2012 a 2014, o Plano Diretor foi revisado e atualizado, e tal atualização ocorre a cada quatro anos. Esta revisão busca atualizar o diagnóstico socioambiental local, avaliando e analisando possíveis mudanças nas diretrizes e indicadores previstos, bem como organizando outras frentes de trabalho, tais como interface com a comunidade, energia e mobilidade. Esta experiência tem um impacto positivo junto aos campi, e acredita-se que esta forma de gestão possa também ser desenvolvida em outros locais, de acordo com suas especificidades e que possa contribuir para nortear uma política socioambiental para toda a Universidade de São Paulo. Palavras-chave: Plano Diretor. Socioambiental. Gestão Ambiental. 1 Graduando em Gestão Ambiental, ESALQ/USP. ana.zanibao@usp.br 2 Educadora Ambiental, Campus "Luiz de Queiroz" USP/Piracicaba. ammeira@usp.br 3 Graduando em Gestão Ambiental, ESALQ/USP. lais.jimenez@usp.br 4 Graduando em Gestão Ambiental, ESALQ/USP. lais.jimenez@usp.br 5 Prof. Dr. do Depto. de Ciência do Solo, ESALQ/USP. mcooper@usp.br
2 1. INTRODUÇÃO O Campus "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo, situado no município de Piracicaba conta com uma população de pessoas e cerca de 48% de toda a área da USP, entre docentes, funcionários, estudantes, moradores e conveniados. Ao longo desta história, acumularam-se diversos problemas socioambientais, principalmente com relação ao planejamento de uso do solo, às áreas de preservação permanente, ao tratamento de efluentes, de água e de resíduos, ao manejo de fauna, entre outros. Neste cenário, foi desenvolvido o Plano Diretor Socioambiental Participativo do Campus "Luiz de Queiroz", o qual serve de ferramenta para ordenar a gestão ambiental local. A gestão do Plano Diretor prevê o processo de revisão e atualização do mesmo no intervalo de quatro anos, buscando uma reavaliação dos eixos temáticos aos quais compõem o Plano Diretor (uso do solo, manejo de fauna, gerenciamento de resíduos, gestão da água, emissão de gases do efeito estufa e percepção e educação ambiental). Neste sentido, o processo de atualização do Plano Diretor busca a revisão dos diagnósticos, diretrizes e indicadores propostos, permitindo a constante realização da coordenação e o monitoramento do planejamento socioambiental do Campus, o qual possibilita a integração das ações relacionadas à temática ambiental e melhoria dos aspectos socioambientais locais. O presente artigo tem o objetivo de apresentar os principais avanços e desafios socioambientais do Campus, detectados a partir da revisão do Plano. 2. METODOLOGIA Buscando atingir a revisão e atualização do Plano Diretor, foi realizada uma revisão do documento do Plano com base na proposta de planos diretores dos Ministérios do Meio Ambiente e das Cidades, definidos em quatro etapas: 1ª Etapa - Diagnóstico de Problemas e Alternativas Socioambientais; 2ª Etapa - Levantamento de Diretrizes e Prioridades; 3ª Etapa - Formas de Regulamentação e Estratégias de Ação; 4ª Etapa - Criação do Sistema de Gestão do Plano Diretor Socioambiental. A revisão do documento foi possível graças à retomada dos grupos de trabalho e suas ações, verificando se foram alcançadas as diretrizes propostas na primeira versão do Plano, bem como os objetivos e metas propostas para cada diretriz (GTs Uso do Solo; Fauna; Resíduos; Água; Emissão de Gases; Percepção e Educação Ambiental). Os grupos se reuniram constantemente, com cronogramas de trabalho e com um roteiro de documento sugerido pela Secretaria Executiva, órgão responsável pela coordenação geral e articulação do Plano Diretor. Os GTs tiveram as seguintes atribuições:
3 2.1. GT Uso do Solo: discutir e diagnosticar os diferentes problemas referentes à temática de uso do solo. Áreas de atuação: solos, relevo e geologia, vegetação e uso e ocupação do solo GT Fauna: realizar o levantamento da fauna, silvestre e domésticas, existente no Campus GT Resíduos: elaborar uma Política de Gestão voltada para redução, reutilização, reciclagem e destinação final adequada e segura de todos os tipos de classes de resíduos gerados no Campus universitário. Permite uma análise da situação atual dos resíduos gerados no Campus, verificando, na maioria dos casos, sua origem, natureza, grandeza e formas de minimização GT Água: levantar a situação dos recursos hídricos no Campus, levando-se em conta a captação, distribuição, o consumo e o descarte GT Emissão de Gases: realizar o inventário das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) em dois setores do Campus: transporte (frota cativa e flutuante) e pecuária (suínos e gado de corte e de leite) GT Percepção e Educação Ambiental: conhecer a relação da comunidade do Campus com o próprio Campus e com as questões socioambientais que o cercam, sendo um tema interdisciplinar que permeia todos os demais grupos de trabalho. Através da revisão do diagnóstico e das diretrizes do Plano Diretor, foi possível realizar workshops e audiência pública no Campus, no qual o documento do Plano foi disponibilizado à comunidade, ao ministério público e a todos os interessados, a fim de receber contribuições e consolidar a participação da comunidade no processo de atualização. O aprimoramento do documento e aprovação nos órgão colegiados do Campus se encontra em fase final de análise para sua implementação, onde busca integrar as atividades do Plano Diretor Socioambiental com as ações do Plano Diretor do Espaço Físico. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O processo de revisão teve início em maio do ano de 2012, no qual promoveu reuniões com cada grupo de trabalho do Plano Diretor, a fim de reunir os participantes do Campus familiarizados ou atuantes com a temática de cada linha de trabalho. Todos os grupos de trabalho envolvidos responderam de forma positiva, a qual foi indispensável no processo de atualização do Plano. A preservação da autonomia de cada grupo de trabalho foi de fundamental importância para conservar uma relação horizontal de participação e tomada de decisão, o que atende significativamente o caráter participativo na qual o Plano busca atender. Tal autonomia foi limitada apenas por prazos e padrões mínimos de funcionamento, estabelecidos nas reuniões mensais do Núcleo Gestor.
4 Foi alcançada a criação de novos grupos de trabalho (Energia, Mobilidade e Visitação), além da implementação de grupos de extensão envolvendo a temática socioambiental. Verificou-se maior interação entre o Plano Diretor Físico e Plano Diretor Socioambiental do Campus, o que torna a discussão das questões socioambientais no Campus com maior respaldo institucional. A criação da Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da USP permitiu maior facilidade da inserção das questões socioambientais na pauta da Universidade. Outro resultado importante nas questões que estão relacionadas ao Plano Diretor trouxe a aprovação recente de um projeto da Pró-Reitoria de Graduação, no qual que prevê a ambientalização das disciplinas da graduação, integrando diversos cursos da ESALQ com o objetivo de produzir materiais didáticos para as disciplinas envolvidas no projeto. A produção de materiais didáticos visa à aproximação do cotidiano universitário com a realidade socioambiental e a estimulação da relação ensino-aprendizagem de forma interativa, consciente e pró-ativa. Dentre as principais diretrizes alcançadas pelos grupos de trabalho e os principais desafios levantados, se pode atribuir a tabela abaixo: Tabela 1. Principais diretrizes alcançadas e desafios para os Grupos de Trabalho do Plano Diretor Grupo de Trabalho Resíduos Água Emissões de Gases Fauna Uso do Solo Percepção e Educação Ambiental Socioambiental Participativo do Campus "Luiz de Queiroz" Principais Diretrizes alcançadas Construção do Guia de Procedimentos de Gerenciamento de Resíduos; Construção e funcionamento do LRQ - Laboratório de Resíduos Químicos; Inserção da temática de resíduos no ingresso de membros da comunidade USP. Monitoramento dos corpos d água; Criação do GEPURA - Grupo de Estudos sobre Água; Desenvolvimento de projeto para refazer a rede de tratamento de efluentes do Campus. Criação da Comissão de Mobilidade Sustentável; Relatório de Emissões de Gases do Efeito Estufa do Campus. Atuação do Grupo de Controle de Animais Abandonados do Campus, com castração e doação de cães e gatos; Criação de Grupo de Estudo e Pesquisa sobre a Fauna do Campus com ações para diagnóstico e controle de animais silvestres. Adequação ambiental com recuperação de áreas de preservação permanente; Início da definição de áreas de expansão do Campus. Construção do PUEA - Programa Universitário de Educação Ambiental; Criação de programas e projetos voltados à educação ambiental para a comunidade do Campus e do entorno. Fonte: Elaborado pelos autores. Principais Desafios Instalação de compostagem de todos os resíduos orgânicos do Campus; Implementar o sistema de gerenciamento de resíduos da construção civil. Tratamento de todo o esgoto do Campus; Desassoreamento da lagoa de captação; troca da rede hidráulica. Ações para redução do veículo motorizado, incentivo ao uso do transporte coletivo e bicicleta. Controle de capivaras, saguis e animais silvestres que aumentaram de forma desordenada no Campus; Reduzir abandono de animais abandonados. Necessidade de atualização de mapas de uso do solo, incluindo reservas legais. Implementar o PUEA e ações de educação ambiental na pesquisa, ensino, extensão e gestão.
5 Além disso, está sendo discutido com os dirigentes do Campus, a criação de estruturas (com aporte financeiro e número de funcionários) para a implementação do Plano Diretor. Neste sentido, espera-se que as questões socioambientais, integrem institucionalmente o organograma das Unidades do Campus, rumo à construção da sustentabilidade socioambiental na Universidade. 4. CONCLUSÃO A força deste Plano está exatamente na abertura ao diálogo, no acolhimento de ideias e na produção conjunta de ciência e soluções práticas para os problemas socioambientais locais, principalmente por se tratar de um Plano Diretor em um ambiente acadêmico e pela sua potencialidade de referência para outras instituições (Plano Diretor Socioambiental Participativo do Campus Luiz de Queiroz, 2013). A integração dos diversos atores, grupos de estágio e suas atividades se tornaram indispensáveis na formulação e propostas de resoluções socioambientais no Campus "Luiz de Queiroz", contando com a aproximação entre docentes, estudantes e funcionários em torno da discussão e resolução de problemas locais. Todos os esforços envolvidos contribuíram para um significativo avanço na adequação socioambiental do Campus. Um dos grandes desafios é que a instituição como um todo compreenda a sua real responsabilidade frente às questões ambientais e que a geração de impactos pode ser prevenida, mitigada e que deve integrar a prioridade e orçamento das unidades e departamentos (Documento de revisão do Plano Diretor, 2013). Portanto, compreende-se como de fundamental importância a implementação de uma estrutura de gestão capaz de ordenar e monitorar as atividades do Plano Diretor, servindo de base para nortear as políticas socioambientais para toda a Universidade de São Paulo, além de tornar a sustentabilidade intrínseca ao cotidiano da Universidade. REFERÊNCIAS COOPER, Miguel. PLANO DIRETOR SOCIOAMBIENTAL PARTICIPATIVO DO CAMPUS LUIZ DE QUEIROZ. 2009: USP, p. BARLETT, P. F.; CHASE, G. W. Sustantability on Campus. Stories and Strategies for Chance. Massachusetts. Intitute of Technology. London, England p. Versão preliminar da Revisão do Plano Diretor. Disponível em: < Acesso em 25 de jun. de 2014.
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