DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES LICENCIATURA EM LETRAS COM A LÍNGUA INGLESA LINGUISTICA II PROFESSORA: ELIANE PITOMBO
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1 1 DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES LICENCIATURA EM LETRAS COM A LÍNGUA INGLESA LINGUISTICA II PROFESSORA: ELIANE PITOMBO JOÃO BOSCO DA SILVA (prof.bosco.uefs@gmail.com) A FONÉTICA E A FONOLOGIA DO PORTUGUÊS PEQUENO ESTUDO FEIRA DE SANTANA BAHIA 2008
2 1 1) A Linguística: É a disciplina que estuda cientificamente a linguagem humana, descrevendo e explicando como funciona o sistema de uma determinada língua particular. Por exemplo, um linguista escolhe uma comunidade indígena para estudar a língua dos falantes dessa comunidade. Primeiro, ele registra os sons dessa língua, ou seja, descreve foneticamente os sons da língua. Hipoteticamente, ele registra a sequência sonora. A linguística é uma ciência descritiva e não prescritiva porque investiga e registra a fala dos membros de uma comunidade linguística não impondo outras "regras ou normas de correção exógenas " ( Lyons. 1982: 54). A linguística tem várias vertentes de estudo, ou seja, subdivisões que estudam um determinado fenômeno linguístico que são a Fonética, a Fonologia, a Morfologia, a Sintaxe, a Análise do Discurso, a Semântica, a Sociolinguística, entre outras. A Linguística moderna tem como precursor o linguista suíço Ferdinand de Saussure ( ), que ensinou gramática comparada na Escola de Altos Estudos e participou intensivamente dos trabalhos da Sociedade Linguística em Paris. Ele propôs a dicotomia "langue" língua e "parole" fala. A primeira é social, homogênea, compõe um sistema de regras, faz parte da coletividade; a segunda é individual, variável, heterogênea, assistemática, concreta; é por meio dela que a língua evolui. Exemplo: Contrastamos /mata/,/pata/,/cata/,/bata/, etc. Sabemos que essas palavras têm significados diferentes umas da outras, porque /m/,/p/,/k/ são fonemas distintos que associados a /-ata/ formam palavras com significados diferentes, como já falamos. 2) Falante Nativo: É o falante da primeira língua, adquirida desde criança. 3) Língua materna: É a língua utilizada pelo falante nativo. A aprendizagem de variedades e de estilos da língua materna, que o falante vai dominando, consiste na aquisição de conhecimentos linguísticos, dentro de um contexto de interação, onde o sujeito compartilha, com seus interlocutores mais próximos seus conhecimentos e suas experiências de fala. 4) Segunda Língua: É a língua aprendida depois (ou ao mesmo tempo) que se adquire a língua materna. 5) Comunidade de Fala: É uma comunidade que fala a mesma língua, sendo caracterizada pelo mesmo comportamento gramatical linguístico básico. 6) Corpus: É o material linguístico retirado da comunidade de fala para ser estudado. 7) Variantes de prestígio: (padrão): É a fala utilizada pela classe social da elite e que detém alto grau de educação formal, seguindo o padrão da gramática normativa 8) Variantes estigmatizadas (não-padrão): É a utilizada pela classe social pobre e marginalizada e que não tem acesso à educação formal.
3 2 9) Lexicalização: É o modo de aquisição das palavras. Lexicalizar significa internalizar a palavra de acordo como o indivíduo aprendeu em seu dialeto. O léxico, ou dicionário da língua, é o conjunto dos morfemas lexicais definidos por séries de traços que os caracterizam; assim, o morfema mãe será definido no léxico como um substantivo, feminino, animado, humano, etc. Se a base define a sequência de símbolos: Exemplo: Art. + N + Pres. + V + Art. + N (Art. = artigo, N = nome, V = verbo, Pres. = presente), o léxico substitui cada um desses símbolos por uma "palavra" da língua: A + mãe + (vazio) + acabar + o + trabalho, as regras de transformação convertem essa estrutura profunda numa estrutura de superfície: a + mãe + acabar + (vazio) + o + trabalho, e as regras fonéticas realizam A mãe acaba o trabalho. 10) Idioleto: É o modo individual pelo qual o falante expressa sua língua, com as suas características específicas. 11) Variantes: São as características das propriedades linguísticas utilizadas por uma determinada comunidade de falantes. a) - tipos de variantes: i) de sexo: modo diferente de organização linguística do homem e da mulher. ii) etário: é o questionamento e a implantação de um modo novo e mais simplificado da linguagem feita pelas novas gerações, em substituição àquela utilizada anteriormente pelos mais velhos. iii)informal: são as mesmas de prestígio. Ou seja, aquelas que seguem a norma padrão, podendo ser utilizada em cada situação, de acordo com a necessidade. iv) formal: é a linguagem utilizada pela classe social estigmatizada. 12) Dialeto: É o modo característico específico de falantes com a mesma propriedade, no mesmo espaço geográfico. 13) Gramática: A palavra vem do grego gramma (= letra), por sua vez de grápho (= risco) é o estudo do sistema de uma língua determinada. Pode-se dizer que a gramática é o código de convenções, que institui uma língua (excetuando o léxico e o sistema de sons). A gramática trata do sistema interno de uma língua, no que se refere à maneira de expressar os objetos conforme se apresentam nas operações mentais (conceitos, juízos, raciocínios), de tal maneira que as partes das operações sejam compreendidas isoladamente, ao mesmo tempo que dentro do todo. Dinamicamente, as determinações da gramática se denominam regras da língua; ou ainda, suas normas, leis. a) Tipos de gramáticas: i) Prescritiva (Tradicional ou Normativa): é o estudo gramatical da fase anterior ao advento da ciência linguística. É uma tentativa de estabelecer um ordenamento lógico em um determinado idioma e definir normas que vão definir o que é apropriado no uso do idioma. Daí surge a noção de certo e errado, de acordo com as normas e regras gramaticais. A partir das décadas de 1920 e 1930, a teoria do estruturalismo em linguística (Ferdinand de Saussure na Europa e Leonard Bloomfield nos EUA) passou a questionar a visão prescritiva. No estruturalismo, o fenômeno existente é o ponto de partida. Observar o fenômeno da linguagem de fato e descrevê-lo passou a ser mais importante do que prescrever como esse fenômeno deveria ser.
4 3 Nos anos 60, a partir do trabalho do norte-americano Noam Chomsky, a teoria linguística gerativotransformacional revolucionou conceitos e trouxe um elemento novo: o de que a linguagem humana é criativa, e de que a capacidade (competence) de um native speaker com bom grau de instrução, através da qual ele consegue produzir um número ilimitado de frases, é que determina a "gramaticalidade" ou a "aceitabilidade" da língua. Por um lado a nova gramática gerativo-transformacional representou um movimento em oposição ao então predominante estruturalismo, mas por outro lado ambos se opõem radicalmente à rigidez da linguística prescritiva. Isto coloca o estudo da gramática, quanto a seu aspecto funcional, no papel de descritiva e não normativa. Levando nosso raciocínio ao extremo, poderíamos dizer que se gramática fosse prescritiva, devêssemos talvez voltar a usar o latim vulgar em vez do português. O fato é que regras gramaticais são úteis se dinâmicas, se relativas e não absolutas. Devem acompanhar com agilidade as transformações que inexoravelmente ocorrem em todos os idiomas, ao sabor de fenômenos sociais, culturais, econômicos, etc. ii) Descritiva: é uma gramática que se propõe a descrever as regras de como uma língua é realmente falada, a despeito do que a gramática normativa prescreve como "correto". É a gramática que norteia o trabalho dos linguistas que pretendem descrever a língua tal como é falada. As gramáticas descritivas estão ligadas a uma determinada comunidade linguística e reúnem as formas gramaticais aceitas por estas comunidades. Como a língua sofre mudanças, muito do que é prescrito na gramática normativa já não é mais usado pelos falantes de uma língua. A gramática descritiva não tem o objetivo de apontar erros, mas sim identificar todas as formas de expressão existentes e verificar quando e por quem são produzidas. iii) Gramática generativa: é uma teoria linguística elaborada por Noam Chomsky e pelos linguistas do Massachusetts Institute of Technology entre 1960 e Criticando o modelo distribucional e o modelo dos constituintes imediatos da linguística estrutural, que, segundo eles, descrevem somente as frases realizadas e não podem explicar um grande número de dados linguísticos (como a ambiguidade, os constituintes descontínuos, etc.), N. Chomsky define uma teoria capaz de dar conta da criatividade do falante, de sua capacidade de emitir e de compreender frases inéditas. Ele formula hipóteses sobre a natureza e o funcionamento da linguagem: esta última, específica à espécie humana, repousa sobre a existência de estruturas universais inatas (como a relação sujeito/predicado) que tornam possível a aquisição (a aprendizagem) pela criança dos sistemas particulares que são as línguas: o contexto linguístico ativa essas estruturas inerentes à espécie, que subentendem o funcionamento da linguagem. Nessa perspectiva, a gramática é um mecanismo finito que permite gerar o conjunto infinito das frases gramaticais (bem formadas, corretas) de uma língua, e somente elas. Formada de regra que definem as sequências de palavras ou de sons repetidos, essa gramática constitui o saber linguístico dos indivíduos que falam uma língua, isto é, a sua competência linguística; a utilização particular que cada autor faz da língua em uma situação particular de comunicação depende da performance. A teoria gerativa deve fornecer uma teoria fonética universal que permita estabelecer a lista dos traços fonéticos e as listas das combinações possíveis desses traços; repousa, portanto, sobre uma matriz universal de traços fônicos. Deve fornecer uma teoria semântica universal suscetível de estabelecer a lista dos conceitos possíveis; implica, portanto, uma matriz universal de traços semânticos. Enfim, a teoria gerativa deve fornecer uma teoria sintática universal, isto é, estabelecer a lista das relações gramaticais da base e das operações transformacionais capazes de dar uma descrição estrutural de todas as frases. - A gramática transformacional: é um tipo particular de gramática ge(ne)rativa. Na década de 1950, Noam Chomsky introduziu na linguística essa noção, que renovou completamente a investigação nessa área do conhecimento. O próprio Chomsky definiu e discutiu vários tipos diferentes em seus primeiros trabalhos.,
5 4 defendendo desde o início um tipo particular, ao qual deu o nome de gramática transformacional ou GT; a gramática transformacional foi chamada às vezes gramática gerativa transformacional, ou GGT. 14) Linguística Diacrônica: É quando é feita uma descrição da língua, percorrendo seu desenvolvimento histórico e registrando as mudanças processadas nela ao longo do tempo. 15) Linguística Sincrônica: O sincrônico consiste no estudo de uma determinada língua em um tempo específico. 16) Competência: É o aprendizado que o falante internaliza. O conhecimento do falante transcende qualquer corpus. 17) Desempenho: É o uso que o falante faz da língua através da fala. 18) Sintática:, Sistema das regras que definem as frases permitidas em uma língua; 19) Semântica: Sistema das regras que definem a interpretação das frases geradas pelo componente sintático. Exemplo: Mesas (superfícies planas de madeira, que serve para colocar os pratos e talheres das refeições ou escrivaninha) 20) Fonológica e fonética: Sistema de regras que realizam em uma sequência de sons as frases geradas pelo componente sintático. O componente sintático, ou sintaxe, é formado de duas grandes partes: a base, que define as estruturas fundamentais, e as transformações, que permitem passar das estruturas profundas, geradas pela base, às estruturas de superfície das frases das frases, que recebem então uma interpretação fonética para tornarem-se as frases efetivamente realizadas. Exemplos: - O + menino + ouve + algo, - A + menina + canta. 21) A língua: Segundo Saussure, é um sistema abstrato; a fala é a concretização desse sistema. O sistema abstrato está depositado na mente dos falantes, que o tornam concreto por meio da fala. As línguas de sinais ou línguas gestuais são também línguas naturais, visto possuírem as mesmas propriedades características: gramática e sintaxe com dependências não locais, infinidade discreta e generatividade/criatividade. Línguas de sinais ou gestuais como a norte-americana, a francesa, a brasileira ou a portuguesa estão devidamente documentadas na literatura científica. 22) Língua Natural:
6 5 O termo é usado para distinguir as línguas faladas por seres humanos e usadas como instrumento de comunicação daquelas que são linguagens formais construídas. Entre estas últimas contam-se as linguagens de programação de computadores e as linguagens usadas pela lógica formal ou lógica matemática. 23) Língua artificial: É a língua inventada propositadamente, com a finalidade de facilitar a comunicação em determinado espaço regional. As línguas artificiais são, a exemplo do esperanto (seu iniciador foi Ludwik Lejzer Zamenhof - oftalmologista e filólogo, que publicou a versão inicial do idioma em 1887), podem evoluir a ponto de terem falantes nativos utilizando-a como línguas naturais. 24) Pidgin: É a língua em seu estágio inicial. Os colonizadores levam sua língua aos colonizados de forma emergencial só para facilitar a comunicação. É uma língua simples. Depois pode até se transformar em língua nativa de um povo. 25) Criolo: Após o uso dinâmico do Pigdin, a língua natural dos falantes nativos passa a ser chamada de Criolo. 26) A linguagem: É uma faculdade humana que torna possível a produção social de sistemas de signos que servem para comunicar: as línguas. O sistema linguístico é um fenômeno social que deve ser estudado na sua estrutura, abstraindo todas as relações históricas. A fala, como ato individual de utilização da língua num contexto particular, não é o objeto da linguística. A língua é necessária para que a fala seja inteligível e produza todos os seus efeitos; mas esta é necessária para que a língua se estabeleça; historicamente, a fala precede sempre, para que possamos ser capazes de associar uma idéia a uma imagem verbal. Há interdependência da língua e da fala; uma é, ao mesmo tempo, o instrumento e o produto da outra O que o poeta imortal Carlos Drummond disse sobre a gramática nas aulas de Português? Aula de Português Carlos Drummond de Andrade A linguagem na ponta da língua, tão fácil de falar e de entender A linguagem na superfície estrelada de estrelas, sabe lá o que ela quer dizer? Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
7 Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a prima. O português são dois; o outro, mistério. 6
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