LAVAGEM DE CLORETO DE MEPIQUAT DE FOLHAS DO ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE ADJUVANTE VEGETAL (*)

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1 LAVAGEM DE CLORETO DE MEPIQUAT DE FOLHAS DO ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE ADJUVANTE VEGETAL (*) Fábio Suano de Souza (Unesp Botucatu / fabiosuano@fca.unesp.br), Thiago de Souza Tozi; Vanessa Van Melis (Unesp Botucatu), Ciro Antonio Rosolem (Unesp Botucatu). RESUMO - A grande quantidade de massa verde produzida pelo algodoeiro pode prejudicar os tratos culturais, assim, se faz necessária a manipulação do dossel de plantas através dos reguladores de crescimento. Existe alto risco de ocorrência de chuva na época de aplicação do regulado e assim, possibilidade deste ser lavado das folhas do algodoeiro. Existem evidências de que a aplicação do regulador com adjuvante possa melhorar sua absorção, diminuindo o efeito da lavagem. Este estudo objetivou avaliar o crescimento de plantas de algodão submetidas a aplicação de regulador de crescimento à base de Cloreto de Mepiquat quando sujeitas a uma dose do produto com ou sem a utilização de adjuvante e chuva ocorrendo em diferentes tempos após a aplicação do produto (0, 45 mim, 1,5; 3, 6, 12 e 24 horas). O regulador foi aplicado às plantas na dose de 15 g i.a ha -1. A aplicação de adjuvante vegetal junto ao regulador de crescimento à base de cloreto de mepiquat pode melhorar a absorção do mesmo e que, o efeito da lavagem do regulador em folhas de algodoeiro foi mais pronunciado quando aplicado isoladamente, isto é, sem adjuvante. Palavras-chave: cloreto de mepiquat, algodão, lavagem. MEPIQUAT CHLORIDE WASH FROM COTTON LEAVES AS AFFECTED BY THE USE OF ADJUVANT ABSTRACT - The big amount of green mass produced by cotton can harm the cultural treatments, thus, it's necessary the plant canopy manipulation through the use of growth regulators. There is a high risk of rain occurrence at the regulator spraying time and possibility of this to be washed from the cotton leaves. There are evidences that regulator application with adjuvant can improve its uptake reducing the washing effect.this research aimed the growth study of cotton plants submitted to the application of Mepiquat Chloride growth regulator submitted to a dose of the product with or without the use of an adjuvant and, rain happening at different times after the spraying of the product (0, 45 mim, 1,5; 3, 6, 12 e 24 hours).the Mepiquat Chloride growth regulator was sprayed on the plants in the dose of 15 g a.i ha -1. The application of an adjuvant with the growth regulator can improve its uptake and the effect of the growth regulator washing in leaves of cotton plants is more pronounced when the regulator was separately applied, that is, without adjuvant. Key words: mepiquat chloride, cotton, wash

2 INTRODUÇÃO A tecnologia adotada atualmente consiste num sistema de produção baseado na adequada correção do solo e utilização de doses de fertilizantes relativamente altas. Em boa parte das regiões onde se encontram as maiores áreas de algodão no Brasil atualmente, o índice pluviométrico está acima de mm anuais. Todas estas condições levam a um crescimento vegetativo muito vigoroso da planta que, se mal manejado, pode levar à diminuição da produtividade. O grande desenvolvimento das plantas pode resultar em baixa produtividade, em razão não só da demanda de nutrientes pelas partes vegetativas e autossombreamento, como pelas dificuldades existentes na execução dos tratos culturais e fitossanitários, como também na operação de colheita (SILVA et al, 1981). Com a utilização de reguladores de crescimento pode ser possível melhorar a adubação, sem que ocorra crescimento vegetativo excessivo. A utilização de reguladores de crescimento permite ainda melhores condições de cultivo, proporcionando redução da altura de plantas e do tamanho dos ramos laterais, aumento da precocidade e ainda facilitando a colheita mecanizada. O Cloreto de Mepiquat, pode ser incluído no grupo de inibidores da biossíntese do ácido giberélico, sendo portanto, um inibidor da elongação celular (REDDY et al., 1995). Os benefícios potenciais do Cloreto de Mepiquat são: redução do crescimento das plantas, melhoria de arquitetura, aumento da retenção de frutos nas primeiras posições dos ramos frutíferos, incrementando a precocidade de abertura dos frutos, melhoria da eficiência na colheita e a qualidade do produto colhido (BARBOSA e CASTRO, 1983; KERBY et al., 1986; ATHAYDE et al., 1988; MCCONELL et al., 1992; COTHREN e OOSTERHUIS, 1993; THONSON, 1995). Segundo CRUZ e SIMM (1989), o Cloreto de Mepiquat, ao influenciar na redução do porte dos algodoeiros e num menor consumo de água por planta, possibilitou a visualização de duas possibilidades promissoras, como eliminar a operação de desbaste e aproximar as linhas de semeadura com espaçamentos menores. Sendo assim foi possível se obter aumento na produção de algodão em caroço. A melhor época de aplicação dos reguladores de crescimento recomendada no Brasil corresponde a um período de grandes índices de pluviosidade. Existe portanto, grande risco do produto ser lavado pela água das chuvas sem ter sido absorvido pela planta. Sendo assim, seria necessário reaplicar a quantidade de produto perdida para que este possa exercer o efeito esperado no controle do crescimento das plantas de algodão. Existe evidência que a utilização de adjuvantes pode influenciar na absorção do produto pelas folhas das plantas de algodão, melhorando sua absorção, diminuído o efeito prejudicial da lavagem. Sendo assim, uma das estratégias para diminuir os prejuízos causados pela lavagem de regulador de crescimento pelas águas das chuvas poderia ser a diluição de adjuvante vegetal junto a calda de aplicação do regulador. Os adjuvantes formam complexos com as moléculas do ingrediente ativo do regulador, fixando estes de maneira que sua lavagem é dificultada. O presente trabalho visou o estudo do comportamento de plantas de algodão submetidas à aplicação de regulador de crescimento à base de Cloreto de Mepiquat quando sujeitas a utilização ou não de adjuvante vegetal siliconado e precipitações pluviométricas ocorrendo em diferentes tempos após a aplicação do produto.

3 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em condição de casa de vegetação, em vasos de 12 litros contendo solo corrigido e adubado. A cultivar de algodão utilizada foi a Delta Opal. Foi utilizado o regulador à base de Cloreto de Mepiquat (Cloreto 1,1-dimetil piperidíneo) aplicado na presença e ausência de adjuvante vegetal siliconado. Pulverização e Simulação de Chuva: O equipamento de pulverização e simulação de chuva constitui-se de uma estrutura metálica, com três metros de altura por dois metros de largura, que permite o acoplamento de um carrinho suspenso a 2,5 metros de altura. A esse carrinho, encontram-se acopladas duas barras de pulverização, uma responsável pelo sistema de simulação de chuva e a outra, pelo sistema de pulverização do regulador e defensivos agrícolas, as quais deslocam-se por uma área útil de 6 metros quadrados no sentido do comprimento do equipamento. Experimento: No experimento foi simulada a lavagem do produto das folhas do algodoeiro em função da presença e ausência de adjuvante vegetal e chuva simulada em diferentes tempos após a aplicação do regulador com e sem adjuvante. A dose de regulador (Cloreto de Mepiquat) correspondente 15,0 g ha 1 do princípio ativo foi aplicada às plantas no estádio de aparecimento dos botões florais (REDDY et al., 1990), o que ocorreu aos 33 dias após a emergência. A seguir as plantas foram submetidas a lâminas de chuva correspondente a 30 mm após 0 (logo após a pulverização do regulador); 45 minutos, 1,5 ; 3,0; 6,0; 12,0 e 24,0 horas após a pulverização do regulador, mais um tratamento sem chuva. A altura das plantas (colo até o nó mais alto) foi avaliada logo antes da aplicação do regulador, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21 e 24 dias após a aplicação. Delineamento experimental O delineamento estatístico foi o em blocos casualizados, com 4 repetições, considerando um fatorial 2x7 (ausência e presença de adjuvante e 7 intervalos de tempo entre a pulverização do regulador e aplicação de chuva simulada), com uma testemunha sem chuva. RESULTADOS E DISCUSSÃO De maneira geral, os tratamentos foram influenciados pela utilização de adjuvante, bem como pela ocorrência de chuvas em momentos posteriores a aplicação do regulador de crescimento. Pode-se observar através das Figuras 1 e 2 que a absorção do regulador pelas plantas de algodão foi influenciada pela ausência e presença de adjuvante vegetal siliconado. Na presença de adjuvante, o tratamento de ocorrência de chuva logo após a pulverização do regulador (momento 0) foi o que apresentou maior crescimento no período considerado, já que não foi dado tempo para que o regulador pudesse ter sido absorvido pelas plantas, sendo este totalmente lavado, mesmo na presença de adjuvante. Sendo assim, pode-se dizer que chuvas ocorridas em momentos mais próximos a aplicação do produto, mesmo que com adjuvante, podem afetar a absorção deste. Tal afirmação pode ser confirmada pelo fato de que o tratamento que mais cresceu depois do

4 momento 0, foi a chuva ocorrida 45 minutos após a aplicação do regulador. Deste momento em diante, ocorreu entre os demais tratamentos de chuva, uma diferença muito pequena de crescimento, mostrando que após um determinado tempo após a pulverização do regulador, o adjuvante pode melhorar a absorção do mesmo. Isso pôde ser observado nos tratamentos de chuvas que ocorreram em tempo mais espaçados da aplicação do regulador, que não surtiram um efeito tão pronunciado na lavagem do produto das plantas de algodão já que o crescimento nos demais tratamentos de chuva não se pronunciou de maneira tão acentuada. Na ausência de adjuvante, foram obtidas curvas de crescimento crescentes com a diminuição do tempo entre a pulverização do regulador e a aplicação de chuva simulada. As curvas de crescimento se mostraram mais espaçadas entre os tratamentos, mostrando que não houve nenhum fator, como o adjuvante, por exemplo. Sendo assim, nenhum fator atuou na melhora da absorção do regulador, fazendo com que este fosse lavado das folhas do algodoeiro quanto mais próximo foi a ocorrência de chuva em relação a pulverização do regulador. O maior crescimento foi observado para a chuva ocorrida logo após a pulverização do regulador (momento 0), como observado para os tratamentos que receberam o regulador aplicado juntamente com adjuvante. No entanto, houve uma diminuição gradativa e seqüencial do crescimento das plantas com o aumento do tempo entre a pulverização do regulador e aplicação de chuva simulada. Quanto maior foi o intervalo de tempo entre a pulverização do regulador e a ocorrência de chuva simulada, menos as plantas cresceram, o que pode ser explicado pelo fato de que, em tais condições, as plantas tiveram o regulador mais tempo em contato com suas folhas (não houve lavagem) e o regulador pôde ser absorvido e exercer sua função no controle do crescimento das plantas. Crescimento (cm) Com Adj 0 hrs Com Adj Chuva 6 hrs Com Adj Chuva 45 min Com Adj Chuva 1,5 hrs Com Adj Chuva 12 hrs Com Adj Chuva 24 hrs Com Adj Chuva 3 hrs Com Adj Sem Chuva Período (dias) Figura 1. Crescimento de plantas de algodão submetidas ao Cloreto de Mepiquat, aplicado juntamente com adjuvante, em função de tempos entre a pulverização do regulador e ocorrência de chuva simulada de 30 mm.

5 35 Sem Adj Sem Chuva Sem Adj Chuva 6 horas Crescimento (cm) Sem Adj Chuva 24 horas Sem Adj Chuva 12 horas Sem Adj Chuva 0 horas Sem Adj Chuva 3 horas Sem Adj Chuva 45 min Sem Adj Chuva 1,5 horas Período (dias) Figura 2. Crescimento de plantas de algodão submetidas ao Cloreto de Mepiquat, aplicado sem adjuvante, em função de tempos entre a pulverização do regulador e ocorrência de chuva simulada de 30 mm. (*) Trabalho financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATHAIDE, M. L.F. Efeito do CCC no algodoeiro (Gossypium hirsutum L.). Piracicaba: Esalq USP, p. Dissertação (Mestrado em Energia na Agricultura) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Piracicaba. BARBOSA, L. M., CASTRO, P. R. C. Comparação entre diferentes concentrações e épocas de aplicação de cloreto de mepiquat, cloreto de clorocolina e ethephon em algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) cv. IAC 17. Planta Daninha, v. 6, n. 1, p.1-10, 1983a. BARBOSA, L. M., CASTRO, P. R. C. Desenvolvimento e produtividade de algodoeiros sob efeito de reguladores vegetais. Anais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, v. 40, n. 1, p , 1983b. SILVA, R. J. M. Observações preliminares do comportamento do cloreto de mepiquat em algodoeiro herbáceo no estado de Goiás. Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária, (Comunicado Técnico-Científico, 5).