Título da Pesquisa: Associação de Azospirillum brasilense e manejo do nitrogênio na cultura da cevada.
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- Micaela de Oliveira
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1 RELATÓRIO DE PESQUISA Projeto Agrisus N o : 2366/18 Título da Pesquisa: Associação de Azospirillum brasilense e manejo do nitrogênio na cultura da cevada. Interessado: Tânia Maria Müller e Claudia Klein Instituição: Universidade do Oeste de Santa Catarina, Linha Esquina Derrubada, 1, São José do Cedro - SC - CEP , fone: Local da Pesquisa: Bandeirante Valor financiado pela Fundação Agrisus: 5.700,00 (cinco mil e setecentos reais) Vigência do Projeto: 21/03/2018 a 28/02/2019 RESUMO DO RELATÓRIO: O uso de rizobactérias em cevada é uma prática relativamente nova, daí a importância de estudos com o uso destas. O objetivo do presente trabalho foi avaliar os componentes de produtividade, utilizando inoculante a base de A. brasilense e manejos da adubação nitrogenada em cobertura na cultura da cevada. A inoculação com Azospirillum brasilense não substitui a adubação nitrogenada da cultivar de cevada BRS Bauru. A dose de 0,125 L kg -1 apresentou maior rendimento de grãos quando aplicado N. O uso de rizobactérias de fato, requer estudos mais aprofundados visando a sustentabilidade dos sistemas agrícolas, especialmente em áreas com plantio direto, pois poderá representar a melhoria da fertilidade do solo de maneira mais econômica. RELATÓRIO FINAL DA PESQUISA: RIZOBACTÉRIAS PROMOTORAS DE CRESCIMENTO DE PLANTAS NA CULTURA DA CEVADA 1. INTRODUÇÃO A cevada (Hordeum vulgare L.) é uma importante cultura no Brasil devido, especialmente, a utilização de seus grãos na produção de cervejas (BARZOTTO et al., 2018), destinando as cervejarias, aproximadamente, 90%. Dentre os desafios para a produção de cevada de qualidade, destacam-se que devem ser produzidas sementes com germinação superior a 95%. Além disso, o teor de proteína das sementes que deve ser inferior a 12% para conferir qualidade no processo de fabricação de cerveja (LIMA; MELO FILHO, 2011). O teor de proteína nos grãos é dado por diversos fatores como manejo adequado do nitrogênio (N). O N é o nutriente que mais influencia o desenvolvimento da cultura (DORDAS, 2009). Wanser; Mundstock (2007) observaram uma variação no acúmulo de matéria seca de acordo com a disponibilidade do nutriente em diversas estádios da planta, indicando sua
2 interferência na emissão de afilhos, assim como na sobrevivência dos mesmos em um período mais tardio, o que impacta na produção de espigas por área. A época de aplicação de N é um dos aspectos mais importantes no manejo da adubação nitrogenada de gramíneas, em sistema de plantio direto, uma vez que pode ocorrer a deficiência inicial de N decorrente da imobilização causada pela decomposição microbiana dos resíduos da cultura antecessora. Assim, em alguns casos, a antecipação da adubação nitrogenada, em relação às recomendações convencionais ou, até mesmo, em relação à semeadura da cultura, pode ser mais eficiente no aumento da produtividade das culturas graníferas anuais (Kluthcouski et al., 2006). Uma das alternativas para melhorar o uso do N é a inoculação de rizobactérias em gramíneas, principalmente o Azospirillum brasilense, que já se mostrou capaz de incrementar a produção de milho (KAPPES et al., 2013; Müller et al., 2016) e cevada em casa de vegetação (SANTA et al., 2004). As bactérias dessa espécie têm grande potencial de resposta para a inoculação em gramíneas, contribuindo para a agricultura sustentável no intuito de redução do uso de insumos não-renováveis (HUNGRIA et al., 2010). As contribuições do A. brasilense no desenvolvimento da cultura da cevada, podem ser no aumento da absorção de outros nutrientes (N, P, Mg, Ca, Fe, Mn e Na) e na redução da toxidade de metais pesados, como o cadmo (BELIMOV; DIETZ, 2000). Isso ocorre, pois existe sinergismo na absorção no N e outros elementos. Em plantas de cevada verifica-se uma maior resistência das plantas a doenças como a bipolares, possivelmente pois as bactérias induzem ao estímulo de elementos de defesa da planta (SILVA et al., 2004). Fazendo com que o conjunto desses efeitos proporcionados pelo uso de Azospirillum em inoculação aumente a produção de grãos e permita uma substituição de até 20% da adubação nitrogenada (SANTA et al., 2004). Diante da escassez de trabalhos que estudem a adubação nitrogenada, na cultura da cevada, observa-se a importância de trabalhos que busquem o uso da fixação biológica de nitrogênio (FBN) para o aporte da adubação nitrogenada. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os componentes de produtividade, utilizando inoculante a base de A. brasilense e manejos da adubação nitrogenada em cobertura na cultura da cevada. 2. MATERIAIS & MÉTODOS O estudo foi realizado em sistema de semeadura direta, na Linha Prata no município de Bandeirante (SC), durante o ano de As coordenadas do local são de latitude sul e de longitude oeste, com uma altitude de 507 metros. Segundo a classificação climática de Köppen, o clima predominante na região é do tipo Cfa, subtropical úmido com verões quentes. A região Extremo-Oeste apresenta precipitação média anual de 1700 mm, temperaturas médias de 22 a 27 C no verão e 12 a 17 C no inverno. O solo da área experimental é classificado como
3 NITOSSOLO VERMELHO distrófico típico, de textura argilosa (EMBRAPA, 2013). Para a identificação das propriedades químicas do solo, foi realizada amostragem de solo de 0-0,20 m obtendo-se os seguintes resultados da análise de solo: teor de argila 53%; teor de matéria orgânica 5,49 g/dm³; ph em água 5,70; índice SMP 6,00; Al3 + H 4,36 cmol(+)/dm³; Al trocável 0,00 cmol(+)/dm³; Cálcio 10,08 cmol(+)/dm³; Magnésio 3,49 cmol(+)/dm³; Potássio 260 ppm; Fósforo 10,89 ppm; Cálcio/Magnésio 2,89; Cálcio/Potássio 15,27; Magnésio/Potássio 5,29; Soma de bases trocáveis 14,23; Capacidade de troca de cátions 18,59; Saturação de bases 76,55%; CTC Efetiva 14,23; CTC ph7 18,59. A recomendação de calagem e adubação foram realizadas, antes da implantação do experimento, seguindo critérios do manual de Calagem e Adubação para os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul (COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO, 2016). A dessecação da área experimental foi realizada antes da implantação do experimento, com herbicida não seletivo glifosato (Roundup, 360 g de ingrediente ativo (i.a.) L -1 de produto comercial), na dose de 4 L ha -1. Foi utilizada a cultivar de cevada BRS Brau. Para o tratamento fitossanitário de sementes, utilizou-se inseticida imidacloprido + tiodicarbe (Cropstar, com 15 e 45 g i.a. L -1, respectivamente na dose de 0,003 L kg -1 de sementes). A semeadura foi realizada no dia 20 de junho de 2018, utilizando uma semeadora de disco, com dosador de sementes e fertilizante mineral. Foram utilizadas 59,5 sementes por metro, com espaçamento de 0,17 m, totalizando a população de plantas ha -1. A calagem não foi realizada, pois o solo não apresentou Al Trocável, e ph acima de 5.5. A adubação foi realizada conforme os dados da análise de solo e perspectiva de produtividade, que foi estimada em 4000 kg.ha -1. Os fertilizantes foram aplicados na linha de semeadura, sendo o Super Fosfato Triplo ( ), na dose de 243,9 kg.ha -1 e Cloreto de Potássio ( ) na dose de 10 kg.ha -1. O delineamento adotado foi em blocos casualizados, arranjado em esquema fatorial com três repetições. Foram utilizadas cinco doses comerciais de A. brasilense e dois manejos de N. O inoculante utilizado foi a base de A. brasilense com garantia de 2x10 8 unidades formadoras de colônia (UFC) ml -1 nas seguintes doses: 1 dose (0,0025 L kg -1 de semente); 3 doses (0,0075 L kg -1 ); 5 doses (0,0125 L kg -1 ); 7 doses (0,0175 L kg -1 ) e testemunha sem a presença de inoculante. O manejo nitrogenado utilizado foi a base de ureia (45% de N) na dose de 50 kg ha -1 de N, com e sem aplicação, realizado no estádio 2 conforme a escala de Feeks (LARGE, 1954). As parcelas foram compostas por doze fileiras com espaçamento de 0,17 m de largura e 5,0 m de comprimento, totalizando a área de 10,2 m². O manejo de plantas daninhas foi realizado pelo método de controle físico de roguing associado com capina manual, não havendo necessidade controle químico ; no controle de pragas foi utilizado o inseticida lufenuron (Match, 50 g i.a. L -1 na dose de 0,1 L p.c. ha -1 ) aplicados no
4 estádio 8 (LARGE, 1954); e para o controle de doenças foram utilizados os fungicidas, trifloxistrobina+tebuconazole (Nativo, 100 e 200 g i.a. L -1 na dose de 0,15 L p.c. ha -1 ) aplicados nos estádios 8 e 10 e propiconazole (Tilt, 250 g i.a. L -1 na dose de 0,5 L p.c. ha -1 ) aplicado no estádio 10 (LARGE, 1954). Todos os defensivos foram aplicados com pulverizador costal calibrado para o volume de 150 L calda ha -1. As variáveis analisadas foram: a) Massa de matéria seca de plantas: no florescimento pleno, foram coletadas plantas, ao acaso, em 0,30 m de linha, em dois pontos, na área útil das parcelas, sendo levadas para secagem em estufa de ventilação forçada, à temperatura de 65 C, até atingirem peso constante, extrapolado em g m 2 ; b) Teor de nitrogênio foliar: no florescimento pleno, foram coletadas 10 folhas bandeira, por parcela, após secagem em estufa de ventilação forçada, foram moídas em moinho tipo Willey e submetidos à digestão sulfúrica (Tesdesco et al. 1995); c) Teor de clorofila: foi determinado indiretamente no terço médio da folha bandeira, de cinco plantas por parcela, no florescimento, por meio de leituras SPAD, com auxílio de clorofilômetro digital CFL 1030 Falker (Falker Automação Agrícola, Porto Alegre, Brasil); d) Altura de planta: foi determinada, no florescimento, como sendo a distância (m) do nível do solo ao ápice da espiga, excluindo-se as aristas e levando-se em consideração a média de cinco plantas em cada parcela; e) Acamamento de plantas: observações visuais na maturação, utilizando-se a seguinte escala de notas: 0 - sem acamamento; 1 - até 5% de plantas acamadas; 2-5% a 25% de plantas acamadas; 3-25% a 50% de plantas acamadas; 4-50% a 75% de plantas acamadas; e 5-75% a 100% de plantas acamadas; f) Número de grãos por espiga: a contagem do número de grãos será em 10 espigas coletadas, no momento da colheita, calculando-se a média por espiga; g) Massa de mil grãos: com a massa de 300 grãos por parcela e correção do teor de umidade para 13%, estimar-se-á a massa de mil grãos, o valor será expresso em g; h) Produtividade: foram colhidas, manualmente, três linhas com 3,0 m de comprimento, da área útil de cada parcela, e trilhadas mecanicamente, após isto, foi determinada a massa dos grãos e os dados foram transformados em kg ha -1, com a correção da umidade para 13%; i) Teor de nitrogênio no grão: foi analisado a partir de 100 g de grãos de cada parcela, após secagem em estufa de ventilação forçada, foram moídos em moinho tipo Willey e submetidos à digestão sulfúrica (Tedesco et al. 1995); Os dados dos experimentos foram submetidos à análise de variância (Teste F), quando confirmada a diferença estatística, as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey (α 0,05), com auxílio do software estatístico SISVAR (FERREIRA, 2011), para as doses de A. brasilense será utilizado análise de regressão.
5 3. RESULTADOS E SUA DISCUSSÃO As variáveis massa seca de plantas, teor de N foliar e teor de clorofila foliar não apresentaram diferenças estatísticas para os fatores inoculação e aplicação de N (Tabela 1). Como a associação não supre todo o N utilizado pela planta, é necessário avaliar quais os efeitos da inoculação sobre a dose a ser aplicada, além das respostas fisiológicas na planta. Estudos relacionam aumento na atividade da enzima redutase do nitrato, a solubilização de fosfatos inorgânicos e a produção de substâncias atenuadoras de estresse (BASHAN; DEBASHAN, 2010; CASSÁN et al., 2009) como possíveis interferências da bactéria nas culturas inoculadas. A contribuição positiva da inoculação com A. brasilense é muito estudada, entretanto não se têm uma padronização quanto as condições em que a planta apresenta maiores incrementos na interação planta-bactéria (BASHAN; DE-BASHAN, 2010). Isto pode explicar também pelo porquê de não se obter um resultado constante causado pela inoculação, o que por vezes acaba não interferindo na produtividade, mas pode estar refletindo em um maior acúmulo de nutrientes nas plantas, em plantas mais resistentes a estresses bióticos e abióticos, em melhor arquitetura e maior eficiência na utilização de nutrientes. Tabela 1 Massa seca de plantas (kg m 2 ), teor de nitrogênio foliar (%) e teor de clorofila foliar (%) de cevada em função das doses de inoculante (Azospirillum brasiliense) e adubação nitrogenada. Bandeirante SC, 2018 Tratamento Massa seca de Teor de nitrogênio plantas (kg m 2 ) foliar (%) Inoculação (L kg -1 ) 0,000 1,34 ns 2,24 ns 30,82 ns 0,025 1,27 2,39 27,40 0,075 1,23 2,13 26,74 0,125 1,18 2,07 27,27 0,175 1,46 2,27 30,14 Nitrogênio (kg ha -1 ) 0 1,27 ns 2,38 ns 27,44 ns 50 1,32 2,06 29,51 CV (%) 17,21 20,15 18,28 ns não significativo pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade de erro. Teor de clorofila foliar (%) O acamamento de plantas e número de grãos por espiga (Tabela 2) não apresentaram diferença estatística. As condições nutricionais e os materiais genéticos são fatores que devem ser considerados para o uso satisfatório da inoculação (BARZOTTO et al., 2018). A massa de mil grãos teve diferença para a aplicação de N, sendo que a aplicação de 50 kg ha -1 proporcionou maior massa de mil grãos (g) em relação a não aplicação de N, apresentando incremento de 4,79 g. O peso hectolitro não teve diferenças para o uso de Azospirillum, mas apresentou diferença para a aplicação de N, sendo de 34,09 kg hct. A fixação de N é um processo que demanda de alto custo energético à planta (FAGAN et al., 2007). Desta forma, quando há grandes quantidades de nutrientes disponíveis, ocorre redução da fixação biológica (MENDES et
6 al., 2003). Nesse sentido, cabe encontrar qual é a melhor dose de N que permita viabilizar o uso de bactérias que façam associação com a planta e viabilizem a aplicação de uma dosagem mínima de N, permitindo reduzir custos do produtor (FUKAMI et al., 2016). Tabela 2 Acamamento de plantas, grãos por espiga (un.), massa de mil grãos (g) e peso hectolitro (kg hct) de cevada em função das doses de inoculante (Azospirillum brasiliense) e adubação nitrogenada. Bandeirante SC, 2018 Tratamento Acamamento Grãos por espiga Massa de mil (escala) (un.) grãos (g) Inoculação (L kg -1 ) 0,000 5,00 ns 24,83 ns 24,45 ns 26,51 ns 0,025 5,00 25,99 23,67 33,70 0,075 5,00 25,66 22,31 30,68 0,125 5,00 26,33 23,98 33,10 0,175 4,83 25,33 23,51 33,54 Nitrogênio (kg ha -1 ) 0 4,93 ns 25,46 ns 21,19 b 28,92 b 50 5,00 25,80 25,98 a 34,09 a CV (%) 3,68 7,53 10,37 16,01 Peso hectolitro (kg hct) A altura de plantas (Tabela 3) de cevada teve efeito da interação entre a inoculação e a aplicação de N, quando não aplicado N a inoculação teve efeito positivo na altura de planta nas doses de 0,025 e 0,175 L kg -1 não diferindo da dose de 0,075 L kg -1, as demais doses apresentaram menor altura de plantas. Quando aplicado o N a altura teve o mesmo comportamento independente da dose de inoculante. Silva et al. (2004) também verificaram aumento em altura em plantas de cevada inoculadas. Quando não utilizado o Azospirillum (0,000 L kg -1 ) as plantas apresentaram maior altura quando aplicado N em cobertura, porém ocorreu o efeito contrário na dose de 0,025 L kg -1, a altura de planta foi superior quando não aplicado nitrogênio, para as demais doses de inoculante a altura de plantas não apresentou diferença estatística. Conforme Minella e Lunardi (2010) em condições normais de desenvolvimento a BRS BRAU atinge altura média de 76 cm, conforme observa-se na Tabela 3, nas condições de cultivo deste estudo a altura foi superior a média, o que, juntamente com as condições climáticas conferiram elevado percentual de acamamento de plantas (Tabela 2).
7 Tabela 3 Altura de plantas de cevada (cm) em função das doses de inoculante (Azospirillum brasiliense) e adubação nitrogenada. Bandeirante SC, 2018 Inoculação (L kg -1 ) Nitrogênio (kg ha -1 ) ,000 78,33 Bb 84,16 Aa 0,025 86,36 Aa 82,26 Ab 0,075 82,79 ABa 86,26 Aa 0,125 79,63 Ba 80,83 Aa 0,175 86,50 Aa 82,83 Aa CV (%) 2,76 Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade de erro. Houve interação para o teor de proteína no grão (Tabela 4) as doses de inoculante de 0,000; 0,125 e 0,175 L kg -1 apresentaram menor teor de proteína quando aplicado N em cobertura. Entretanto, a qualidade de grãos de cevada para a produção de malte é prejudicada quando o teor de proteínas no grão ultrapassa 12%. Valores acima deste teor acabam diminuindo o rendimento e a qualidade de malte cervejeiro (QI et al., 2005). Tabela 4 Teor de proteína no grão (%) em função das doses de inoculante (Azospirillum brasiliense) e adubação nitrogenada. Bandeirante SC, 2018 Inoculação (L kg -1 ) Nitrogênio (kg ha -1 ) ,000 21,14 Aa 12,76 Ab 0,025 16,40 Aa 16,57 Aa 0,075 17,50 Aa 16,40 Aa 0,125 17,86 Aa 14,22 Ab 0,175 17,49 Aa 12,76 Ab CV (%) 12,52 Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade de erro. A maior disponibilidade de N pode causar aumento no teor de proteínas do grão para além do permitido pela indústria cervejeira. Isso indica a importância de se conhecer o metabolismo do nitrogênio nas plantas de cevada para conseguir maior eficiência na sua utilização (Wanser e Mundstock, 2007). O rendimento de grãos (Tabela 5) apresentou interação significativa para as doses de inoculante e a aplicação de N. Na dose 0,00 kg ha -1 (sem aplicação de N) não houve efeito do uso do Azospirrilum. Quando aplicado N a dose de inoculante de 0,0075 L kg -1 apresentou menor rendimento em relação aos demais tratamentos, não diferindo das demais doses. clima e o tipo de solo interferem na adaptação das bactérias inoculadas podendo acarretar variação nos resultados de inoculação. Entretanto, há consenso de que o genótipo é o fator-chave para que se obtenha sucesso na associação entre planta e o microrganismo (SALA et al., 2007). A dose de 0,125 L kg -1 foi a que apresentou maior rendimento de grãos quando aplicado N.
8 Conforme Minella e Lunardi (2010) a média de rendimento de grãos no estado do Rio Grande do Sul é 4223 kg ha -1 e no Paraná 5340 kg ha -1, observa-se na Tabela 5 que o rendimento de grãos foi muito inferior, Minella e Lunardi (2010) ressaltam que os melhores resultados produtivos são obtidos quando a semeadura for realizada no mês de junho. Tabela 5 Rendimento de grãos de cevada (kg ha -1 ) em função das doses de inoculante (Azospirillum brasiliense) e adubação nitrogenada. Bandeirante SC, 2018 Inoculação (L kg -1 ) Nitrogênio (kg ha -1 ) , ,00 Aa 1100,73 ABa 0, ,96 Aa 1347,23 ABa 0, ,96 Aa 953,50 Ba 0, ,73 Ab 1592,20 Aa 0, ,70 Aa 1184,20 ABa CV (%) 19,01 Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade de erro. Piccinin et al. (2013) constataram que a A. brasilense é eficiente na realização de fixação parcial de N suplementada por fertilização nitrogenada em trigo e que o rendimento é influenciado positivamente pela adubação nitrogenada associada à inoculação, independentemente do tipo de inoculante. Barzotto et al. (2018) testaram diferentes doses de N e o uso de A. brasilense e observaram que a inoculação aumenta a produtividade de grãos de cevada na ausência da adubação nitrogenada, mas não transpõe o ganho de produtividade apenas com o uso do N em doses superiores. Conforme Barzotto et al. (2018) a inoculação com A. brasilense é viável para aumentar a produtividade de grãos de cevada, caso se opte pelo cultivo sem fertilização mineral nitrogenada. Silva e Pires (2017) avaliaram em trigo diferentes produtos estimulantes de desenvolvimento (A. brasilense, hormônio vegetal sintético, estimulador vegetal mineral e biofertilizante) e diferentes doses de N (0, 40 e 120 kg ha -1 ) associadas com Azospirillum e concluíram que os produtos avaliados, contendo microrganismos e/ou substâncias promotoras do crescimento, não alteram o rendimento de grãos de trigo na ausência de deficiências hídrica e nutricional e que o A. brasilense não substitui total ou parcialmente a adubação nitrogenada da cultivar de trigo BRS Guamirim. 4. CONCLUSÕES A inoculação com Azospirillum brasilense não substitui a adubação nitrogenada da cultivar de cevada BRS Bauru. A dose de 0,125 L kg -1 apresentou maior rendimento de grãos quando aplicado N.
9 5. REFERÊNCIAS BARZOTTO, G.R.; LIMA, G.R.; SANTOS, O.F.; PIATI, G.L.; WASSOLOWSKI, C.R. Nitrogen fertilization and inoculation with Azospirillum brasilense in barley. Nativa: Pesquisas Agrárias e Ambientais, v. 6, n. 1, p. 1-8, BASHAN, Y.; DE-BASHAN, L. E. How the plant growth-promoting bacterium Azospirillum promotes plant growth A critical assessment. Advances in Agronomy, v. 108, BELIMOV, A.A.; DIETZ, K.-J. Effect of associative bacteria on element composition of barley seedlings grown in solution culture at toxic cadmium concentrations. Microbiological Research, 155, , CASSÁN, F.; MAIALE, S.; MASCIARELLI, O.; VIDAL, A.; LUNA, V.; RUIZ, O. Cadaverine production by Azospirillum brasilense and its possible role in plant growth promotion and osmotic stress mitigation. European Journal of Soil Biology, v. 45, p , COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO - CQFSRS/SC. Manual de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 11. ed. p Porto Alegre, SBCS - Núcleo Regional Sul/UFRGS, DORDAS, C. Dry matter, nitrogen and phosphorus accumulation, partitioning and remobilization as affected by N and P fertilization and source-sink relations. European Journal Agronomy, v. 30, p , Empresa Brasileira De Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA. (2013). Sistema 523 brasileiro de classificação de solos. 3ª ed. Brasília, DF: Embrapa. FAGAN, E. B.; MEDEIROS, S. L. P.; MANFRON, P. A.; CASAROLI, D.; SIMON, J.; DOURADO NETO, D.; LIER, Q. D. J. V.; SANTOS, O. S.; MÜLLER, L. FISIOLOGIA DA FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO EM SOJA REVISÃO. Revista da FZVA. Uruguaiana, v.14, n.1, p FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência Agrotecnológica, 35 (6), FUKAMI, J.; NOGUEIRA, M. A.; ARAUJO, R. S.; HUNGRIA, M. Accessing inoculation methods of maize and wheat with Azospirillum brasilense. AMB Exprss, 6 (3), HUNGRIA, M.; CAMPO. R.J.; SOUZA, E.M.; PEDROSA, F.O. Inoculation with selected strains of Azospirillum brasilense and A. lipoferum improves yields of maize and wheat in Brazil. Plant and Soil, v.331, n. 1-2, p , KAPPES, C.; ARF, O.; ARF, M. V.; FERREIRA, J. P.; BEM, E. A. D.; PORTUGAL, J. R.; VILELA, R. G. Inoculação de sementes com bactéria diazotrófica e aplicação de nitrogênio em cobertura e foliar em milho. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 2, p , KLUTHCOUSKI, J.; AIDAR, H.; THUNG, M.; OLIVEIRA, F.R. de A. Manejo antecipado do nitrogênio nas principais culturas anuais. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, p. (Embrapa Arroz e Feijão. Documentos, 188). LARGE, E. C. Growth stages in cereals. Illustration of the Feekes scale. Plant Pathology, v. 3, p , MENDES, I.C.; REIS JUNIOR, F.B.; HUNGRIA, M.; SOUSA, D.M.G.; CAMPO, R.J. Adubação nitrogenada suplementar tardia em soja cultivada em latossolos do Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.43, p , MINELLA, Euclydes; LUNARDI, Lisandra. Cevada cervejeira de qualidade BRS Brau: tipo agronômico, alto potencial de rendimento e qualidade de malte. Passo Fundo: Embrapa Trigo: Agraria: Ambev, MÜLLER, T. M.; SANDINI, I. E.; RODRIGUES, J. D.; NOVAKOWISKI, J. H.; BASI, S.; KAMINSKI, T. H. Combination of inoculation methods of Azospirillum brasilense with broadcasting of nitrogen fertilizer increases corn yield. Ciência Rural, 46 (2), , PICCININ, G. G. et al. Efficiency of seed inoculation with Azospirillum brasilenseon agronomic characteristics and yield of wheat. Industrial Crops and Products. v. 43, p , QI, J. et al. Protein and hordein fraction content in barley seeds as affected by sowing date and their relations to malting quality. Journal of Zhejiang University Science, v.6, n.11, p ,
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11 A massa de mil grãos teve diferença para a aplicação de N, em relação a não aplicação deste, apresentando incremento de 4,79 g. O peso hectolitro não teve diferenças para o uso de Azospirillum, mas apresentou diferença para a aplicação de N. A altura de plantas teve efeito da interação entre a inoculação e a aplicação de N, quando não aplicado N, a inoculação teve efeito positivo nas doses de 0,025 e 0,175 L kg -1 não diferindo da dose de 0,075 L kg -1, as demais doses apresentaram menor altura. Quando aplicado o N a altura teve o mesmo comportamento independente da dose de inoculante. Houve também interação para teor de proteína no grão nas doses de inoculante 0,000; 0,125 e 0,175 L kg -1 apresentando menor teor de proteína quando aplicado N em cobertura, mesmo assim não atingiu níveis inferiores a 12% de proteína no grão. O rendimento de grãos apresentou interação significativa para as doses de inoculante e a aplicação de N. Na dose 0,00 kg ha -1 (sem aplicação de N) não houve efeito do uso do Azospirrilum. Quando aplicado N a dose de inoculante de 0,0075 L kg -1 apresentou menor rendimento em relação aos demais tratamentos, não diferindo das demais doses. A dose de 0,125 L kg -1 apresentou maior rendimento de grãos quando aplicado N. A inoculação com Azospirillum brasilense não substitui a adubação nitrogenada da cultivar de cevada BRS Brau. COMPENSAÇÕES OFERECIDAS À FUNDAÇÃO AGRISUS O resumo deste trabalho será publicado no anuário na Unoesc, encaminhado para revista científica e publicado na Mostra de Iniciação científica da Unoesc, em todas as publicações a Agrisus será citada como financiadora da pesquisa. DEMOSTRAÇÃO FINANCEIRA DOS RECURSOS DA FUNDAÇÃO AGRISUS Análise do solo 45,00 Bolsa pesquisa (iniciação científica) - 10x400 = 4000,00 Fertilizantes Super fosfato Triplo 84,00 Ureia Plus 72,00 Total R$ = 4.201,00 25 de fevereiro de 2019, Tania Maria Muller e Claudia Klein
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