INFORMAÇÃO PARA TODOS: O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA AUXILIAR DISCENTES COM DEFICIÊNCIA VISUAL
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- Benedicto Garrido
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1 INFORMAÇÃO PARA TODOS: O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA AUXILIAR DISCENTES COM DEFICIÊNCIA VISUAL Mírian Cristina de Lima Universidade de Fortaleza mirian@unifor.br RESUMO Esse artigo discuti o uso das tecnologias digitais, ou seja, tecnologias assistivas para discentes do ensino superior com deficiência visual. Leva em consideração as leis e as políticas que aparam o direito a um ambiente de ensino adaptado e ao acesso a informação. Esses discentes decidiram se adaptar ao ambiente universitário, a ter novas experiências, cabe aos discentes aceitar o desafio. Utilizou-se bibliográficas sobre o tema e a observação sistemática, o que caracteriza a pesquisa como qualitativa. Em resumo essa comunicação é um convite para reflexão sobre os fundamentos da própria ação por parte das IES e dos docentes. Palavras-chave: Informação. Tecnologias digitais. Acessibilidade. Deficiência visual. INTRODUÇÃO A educação tem um papel fundamental na formação dos cidadãos, pois agrega conhecimentos e consciência. Para os deficientes visuais essa conquista é mais difícil são muitas as dificuldades enfrentadas dentre elas: estudar, ler e escrever. Durante a convivência com eles a ênfase não deve ser centrada na limitação ou em sentimentos como: piedade ou pena, pois são capazes de realizar muitas conquistas com o apoio adequado. Todos temos direito a educação e a informação, a questão aqui colocada é: Como garantir esse direito a pessoas com deficiência visual? No mundo ideal todos se preocupariam não só com os seus direitos, mas também com os direitos das pessoas com deficiência. Percebemos de forma mais frequente discussões sobre acessibilidade, se as ações fossem criadas espontaneamente não haveria a necessidade de tantas leis envolvendo o assunto. A lei por muitas vezes nasce para garantir que algo funcione, por esse motivo foi criada uma lei específica sobre inclusão, já que os artigos da constituição que preveem ações em prol das pessoas com deficiência não são cumpridos. A lei nº , de 6 de julho de 2015: Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
2 Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). (BRASIL, 2015). O capítulo dois da lei trata especificamente do acesso a informação e a comunicação, destacamos dois artigos: Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente. (BRASIL, 2015) As tecnologias têm um papel fundamental na nova forma de acessar a informação, com a massificação de dispositivos como computadores e smartphones, pessoas com deficiência visual podem acessar a Internet. Art. 68. O poder público deve adotar mecanismos de incentivo à produção, à edição, à difusão, à distribuição e à comercialização de livros em formatos acessíveis, inclusive em publicações da administração pública ou financiadas com recursos públicos, com vistas a garantir à pessoa com deficiência o direito de acesso à leitura, à informação e à comunicação. [...] 2 o Consideram-se formatos acessíveis os arquivos digitais que possam ser reconhecidos e acessados por softwares leitores de telas ou outras tecnologias assistivas que vierem a substituí-los, permitindo leitura com voz sintetizada, ampliação de caracteres, diferentes contrastes e impressão em Braille. 3 o O poder público deve estimular e apoiar a adaptação e a produção de artigos científicos em formato acessível, inclusive em Libras. (BRASIL, 2015) As instituições de ensino superior devem dar condições de estudo para todos os seus discentes adaptando-se as suas necessidades, assim, a universidade tem papel fundamental na vida dos sujeitos, buscando formar profissionais e visando à diversidade. O Ministério da Educação - MEC (BRASIL, 2000, p. 6) define que: A expressão deficiência visual se refere ao espectro que vai da cegueira até a visão subnormal.. A visão subnormal é uma forma mais científica para representar pessoas com baixa visão. A Portaria 3.284, de 7 de novembro de 2003 condiciona os processos de credenciamentos de Instituições de Ensino Superior-IES e reconhecimentos de seus cursos, pelo Ministério da Educação-MEC, à existência de infraestrutura adequada, em equipamentos e serviços aos discentes com algum tipo de deficiência. (BRASIL, 2003). De forma mais específica deve adotar a seguinte postura para os discentes com deficiência visual: II - no que concerne a alunos portadores de deficiência visual, compromisso formal da instituição, no caso de vir a ser solicitada e até que o aluno conclua o curso: a) de manter sala de apoio equipada como máquina de datilografia braile, impressora braile acoplada ao computador, sistema de síntese de voz, gravador e fotocopiadora que amplie textos, software de ampliação de tela, equipamento para ampliação de textos para atendimento a aluno com visão subnormal, lupas, réguas de leitura, scanner acoplado a computador; b) de adotar um plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico em braile e de fitas sonoras para uso didático; (BRASIL, 2003)
3 Nesse artigo objetiva-se apresentar as ações e iniciativas da Universidade de Fortaleza quanto ao acesso as informações por meio do uso das tecnologias, recursos que possam auxiliar os discentes com deficiência visual durante sua trajetória acadêmica. O interesse sobre este tema surgiu devido a presenças dos alunos na instituição e da necessidade de ampliar as discussões sobre o tema. METODOLOGIA ou DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA Este artigo tomou por base revisões bibliográficas, pesquisa documental em especial nas leis e políticas que garantem a inclusão no ensino superior de pessoas com deficiência visual. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com o uso da observação sistemática que segundo Gil (2011, p. 115): [...] é adequada para estudos de caso descritivos. Ao se decidir pela adoc ão dessa modalidade, o pesquisador sabe quais os aspectos da comunidade, da organizac ão ou do grupo são significativos para alcançar os objetivos pretendidos. O que efetivamente consolida este artigo são as experiências e as necessidades trazidas pelos discentes com deficiência que estudam na Universidade de Fortaleza, assim buscamos soluções para atendê-los. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ações para atender os deficientes visuais Cada discente tem suas experiências de vida, nem todos foram alfabetizados em braile, por esse motivo as tecnologias assistivas devem ser inseridas nas IES. Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (BRASIL, 2009) Existem softwares de leitor de tela como o NVDA (Non Visual Desktop Access), que auxilia as pessoas com deficiências visuais navegarem pela Internet descrevendo os itens na tela do computador por meio de audiodescrição. Vale salientar que existem outros leitores de tela: Jaws, Virtual Vision, DOSVOX, Orca etc. Alguns são gratuitos e outros são comercializados por meio de licenças. [...] leitores de telas que vertem os textos das telas em áudio por meio de síntese de voz, possibilitando que leiam, escrevam, solicitem impressão em tinta e em braile e utilizem recursos da internet, inclusive os de interatividade. Vale ressaltar que o ambiente e-acessível deve estar sensível aos leitores de telas, ferramentas e softwares que dão acesso, inclusive, a imagens, e que estas devem conter links
4 ocultos que remetam a descrições ou audiodescrições. (SANTOS, 2016, p. 210) Por meio de bases de dados de livros digitais como: a BV Pearson e a Lectio, há compatibilidade com o leitor de tela NVDA. A Minha Biblioteca integrou uma ferramenta na sua plataforma. Como podemos observar na Figura 1. Figura 1 Tecnologia de leitura de tela (Base de dados: Minha Biblioteca) Fonte: Base de dados: Minha Biblioteca, 2017 Para os usuários de baixa visão as bases de livros digitais possuem o recurso de ampliação do tamanho da fonte (recurso de zoom). Outra dica é o software Zoom Text que é um ampliador de tela para pessoas com baixa visão. O Setor de Referência oferta treinamentos sobre os recursos da Biblioteca Digital para discentes com deficiência visual utilizando o NVDA, e por vezes realiza as devidas instalações nos computadores dos discentes, bem como a alteração para uma voz específica, a voz da Raquel, que é mais agradável por ser menos robótica. Foram treinados 5 discentes dos seguintes cursos: 2-Direito, 1-Educação Física, 2-Psicologia. Outros recursos importantes são: monitor LED curvo, que amplia o campo de visão dos textos e das imagens facilitando a utilização pelos deficientes visuais ou deficientes de baixa visão, proporcionando uma visualização de conforto e de maneira uniforme da tela. Teclado para pessoas com baixa visão, as letras e caracteres são impressos em tamanho grande e com alto contraste e em outros casos podem apresentar letras em alto ou baixo relevo.
5 Figura 2 Teclado para pessoas com baixa visão Fonte: Para melhorar a experiência acadêmica dos discentes, a instituição disponibiliza o scanner BookReader V200, equipamento de mesa para digitalização de textos que reconhece texto por OCR (Reconhecimento Ótico de Caracteres) O objetivo foi ampliar o acesso a informação, já que nem todos os livros indicados nas bibliografias das disciplinas estão no formato eletrônico. Para criar um arquivo em áudio, os auxiliares da biblioteca colocam um livro ou documento sobre o vidro de exposição para digitalização e, com um toque no botão, o scanner transforma palavras impressas em arquivos de áudio que podem ser salvados em MP3 e outros formatos nos idiomas Português e Inglês. Figura 3 Scanner Book Reader V200 Fonte: Plustek (2017) Dentre os recursos assistivos podemos indicar o Victor Reader Stratus12 M Daisy MP3 player (Plustek, 2017) que oferece os seguintes recursos: Reproduz DAISY e livros e músicas MP3 em CDs, cartões SD e unidades flash USB Inclui um teclado numérico de 12 teclas para navegação direta, permitindo alcançar
6 cabeçalho, página, pasta ou números de arquivo específicos Texto interno para voz para reproduzir documentos de texto do computador Disponível nos seguintes idiomas: inglês, árabe, dinamarquês, holandês, estoniano, francês, finlandês, italiano, polonês, português, alemão, norueguês, russo, espanhol, esloveno, sueco. Figura 4 Victor Reader Stratus12 M Daisy MP3 player Fonte: Plustek, 2017 Os docentes devem buscar conhecer as ferramentas para auxiliar os discentes com deficiência visual, deve haver uma preparação já que com a abertura das Universidades há qualquer momento podemos nos deparar com a necessidade de lecionar para um aluno com deficiência visual, não se deve pensar na dificuldade e sim na oportunidade de aprender com eles. CONCLUSÃO Apesar das leis que instituem o direito de acesso a informação para pessoa com deficiência visual no ensino superior, a realidade ainda deve ser melhorada. O fato é que os discentes tentam se adaptar e os docentes estão se adaptando, essa é uma reflexão que todos nós devemos fazer. A ampliação das leituras sobre o tema, a busca por novas ferramentas tecnológicas, a adaptação do conteúdo, a metodologia de ensino, tudo deve ser repensado com um único objetivo, a inclusão no ensino superior. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n , de 6 de julho de Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: < Acesso em:
7 20 ago BRASIL. Ministério da Educação. Portaria n , de 7 de novembro de Dispõe sobre os requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência para instruir processos de autorização e de reconhecimento de cursos e de credenciamento de instituições. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 nov Disponível em: < Acesso em: 17 ago BRASIL. Secretaria de Educação a Distância. Deficiência visual. Brasília: MEC, Disponível em: < >. Acesso em: 1 ago BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Tecnologia Assistiva Disponível em: < Acesso em 15 ago GIL, C. A. Metodologia do ensino superior. 4. ed. São Paulo: Atlas, Disponível em: < Acesso em: 16 ago HUMANWARE. Victor Reader Stratus12 M Daisy MP3 player. Disponível em: < Acesso em: 15 ago PLUSTEK. Book Reader V200. Disponível em: < Acesso em: 21 jun SANTOS, E. Mídias e tecnologias na educação presencial e a distância. Rio de Janeiro: LTC, Disponível em: < Acesso em: 10 ago. 2017
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