Professor: Miguel Alfredo Carid Naveira Horário: Quarta-feira, 9:30-11:30; Sexta-feira, 7:30-9:30. Local: Dom Pedro I 6º andar.

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1 Disciplina Optativa HS050 - Rituais e Simbolismo Período: 1º semestre de 2010 Professor: Miguel Alfredo Carid Naveira Horário: Quarta-feira, 9:30-11:30; Sexta-feira, 7:30-9:30. Local: Dom Pedro I 6º andar. Ementa: A tradição antropológica no estudo do mito e do ritual. Sagrado e profano. Processos rituais. Simbolismo e cultura. O uso cotidiano da palavra rito e suas variações - possui alguns sentidos interessantes para pensar os modos de significação e experiência sociais. Às vezes, utiliza-se rito como sinônimo de hábito ou de costume, para significar as ações executadas de forma mecânica. Em outras ocasiões, usamos essa palavra para nos referir às cerimônias de um modo geral (religiosas, políticas, festivas, familiares, etc.), enfatizando-se, nesse sentido, o aspecto marcadamente simbólico e semântico das ações rituais. É comum também, que os ritos sejam interpretados em referência a uma realidade externa à própria ação ritual; por exemplo, quando afirmamos que o totem representa o clã, ou quando se diz que os ritos sacrificiais diferem a violência social latente, ou que o ritual é o corolário sensível da crença (Maisonneuve). Ainda, podemos nos referir ao ritual como um modo de atuar que enfatiza a forma e esconde ou despreza o sentido, uma espécie de parêntese no processo habitual de significação, como quando se ouve falar das etapas acadêmicas (qualificações, defesas de dissertação, etc.) como rituais. Nesse sentido, as semelhanças entre rito e teatro também podem vir a tona, já que ambos podem ser interpretados obedecendo a um script de realidade bifurcada. Às vezes, pode-se enfatizar o aspecto inconsciente, não voluntário do ritual ou, pelo contrário, pode-se definir o ritos como técnicas sociais simbólicas como diria Chiva, se destacando justamente a execução cuidadosa e consciente: objetos, movimentos, cores, todos os ingredientes e ações parecem possuir um sentido definido e dependente. No ritual, é o detalhe que importa. Embora os termos símbolo e simbólico possuem um campo semântico mais alargado que rito e ritual, resulta difícil não reconhecer para expressá-lo em termos durkheiminianos uma solidariedade mecânica (ou maquínica ) entre eles. Explorar de uma forma crítica essa solidariedade será um dos objetivos gerais deste curso. A bibliografia incluirá textos de autores clássicos e contemporâneos. Privilegiaremos as conceitualizações mais sólidas da teoria do ritual e a etnografia - clássica e contemporânea - de diversos processos rituais (religiosos, festivos, políticos, históricos...), através, fundamentalmente, de estudos de caso referentes a diversas áreas geográficas e coletivos humanos.

2 Nota: a disciplina não se concentrará apenas na transmissão de um saber normativo, mas também e sobretudo no exercício arrojado do pensar (Não tá morto quem peleia...). Avaliação A avaliação será baseada no resultado da realização de uma prova escrita dissertativa individual (fim da primeira unidade cinqüenta por cento da nota) e de um trabalho escrito de entre 10 e 15 páginas (fim da segunda unidade cinqüenta por cento da nota) relacionado com um dos seminários da disciplina ou com temática parecida proposta pelo aluno e aprovada pelo professor. Tanto na prova como no trabalho serão valorizados, entre outros, os seguintes aspectos: criatividade e originalidade, conhecimento e domínio da bibliografia, profundidade teórica, qualidade da escrita, capacidade de síntese e clareza na exposição dos argumentos. SESSÕES E BIBLIOGRAFIA Sessão I Apresentação Apresentação e discussão do programa da disciplina. UNIDADE I - SIMBOLISMO Sessão II: Classificações DURKHEIM, Émile. & M. MAUSS [1903]. Algumas formas primitivas de classificação em Ensaios de Sociologia. São Paulo: Ed. Perspectiva. Pp Sessão III: Linguagem e simbolismo WHORF, Benjamin. La relación del pensamiento y el comportamiento habitual com el lenguaje. In: Antropología Lecturas, Paul Bohannan e Mark Glzer (eds.). Madri: McGraw-Hill, pp Sessão IV: A revolução dos símbolos MAUSS, Marcel Esboço de uma teoria geral da magia. In: Sociologia e Antropologia. São Paulo: EDUSP, pp: Sessão V: A lógica do concreto

3 LÉVI-STRAUSS, Claude [1964]. A ciência do concreto em O pensamento selvagem. Campinas: Papirus. Pp Sessão VI: O caráter relacional do pensamento simbólico DOUGLAS, Mary [1966] As abominações do Levítico. In: Pureza e Perigo. Lisboa, Edições 70. Pp Sessão VII: Margens e centros. VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. Mana, 2/2, pp Sessão VIII: O nativo oculto SPERBER, Dan Significaciones ocultas. In: El simbolismo en general (Cp. II). Barcelona: Anthropos, pp Sessão IX: Representações, fatos e fe(i)tiches. LATOUR, Bruno (1984). Reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tiches. Bauru (SP): EDUSC. Sessão X: As especificidades do Rito LÉVI-STRAUSS, CLAUDE (1971). Finale. In: El hombre desnudo. Madri: Siglo veintiuno editores, pp Sessão XI: Rituais de passagem VAN GENNEP, Arnold Classificação dos ritos e rituais de passagem. In: Os ritos de passagem. Petrópolis: Editora Vozes. Sessão XII: Ritual e inter-relações simbólicas TURNER, Victor Símbolos no ritual Ndembu. In: A floresta dos símbolos Aspectos do ritual Ndembu. Rio de Janeiro: Eduff, cp.ii. Sessão XIII: Ritos e dramas sociais

4 TURNER, Victor (1974) Dramas sociais e metáforas rituais. In: Dramas, campos e metáforas Ação simbólica na sociedade humana. Niteroi: Editora da Universidade Federal Fluminense, pp Sessão XIV: Liminares e Liminoides DAWSEY, John Turner, Benjamin e a antropologia da Performance O lugar olhado (e ouvido) das coisas. Campos, num. 6, vol. 2, pp Sessão XV: Prova escrita UNIDADE II - ETNOGRAFIA DO RITUAL Sessão XVI: Representações, ritos e símbolos DURKHEIM, Émile. O culto negativo e suas funções; o culto positivo. In: As formas elementares da vida religiosa: o sistema totêmico na Australia. São Paulo: Martin Fontes. Sessão XVII Sociedade, liberdade e símbolo MAUSS, Marcel (1921; 1923; 1923). A expressão obrigatória dos sentimentos ; sobre as saudações pelos risos e pelas lágrimas ; Alocução à sociedade de Psicologia. In: Ensaios de Sociologia. São Paulo: Editora Perspectiva, pp Sessão XVIII: Circulações MALINOWSKI, Bronislaw (1921). Características essenciais do Kula, cp. 3; As canoas e a navegação, cp. 4. In: Argonautas do Pacífico Ocidental (Coleção Os pensadores). São Paulo: Abril Cultural, pp Sessão XIX: Parentesco e ritual BATESON, Gregory As cerimônias do Naven ; Premissas culturais relevantes para a relação wau/lau ; Análise estrutural da relação wau/lau In: Naven Um exame dos problemas sugeridos por um retrato compósito da cultura de uma tribo da Nova Guiné, desenhado a partir de três perspectivas. São Paulo: Edusp, pp73-86; ; Sessão XX: Eficácia simbólica e ritual LÉVI-STRAUSS, Claude [1958]. A eficácia simbólica em Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. Pp

5 Sessão XXI: Cultura, sociedade e ritual GEERTZ, Clifford (1973). Ritual y cambio social: el caso javanés. In: La interpretación Culturas. Barcelona: Gedisa, pp (Há versão em português) Sessão XXII: Mito, Rito e história POMPA, Cristina Mito, rito e história. In: Religião como tradução missionários, Tupi e Tapuia no Brasil colonial. Bauru, SP: Edusc, pp Sessão XXIII: Festas do cauim e alteridades amazônicas LIMA, Tânia À cauinagem. In: Um peixe olhou para mim O povo Yudjá e a perspectiva. São Paulo: Editora UNESP; ISA; Rio de Janeiro: NUTI, pp Sessão XXIV: Montagens TAUSSIG, Michael Montagem. In: Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem. São Paulo: Editora Paz e Terra, pp VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo Xamanismo e sacrifício. In: A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, pp: Sessão XXV: Rejeições rituais dos rituais DOUGLAS, Mary [1970] El rechazo del ritual. Símbolos naturales. Madrid: Alianza Editorial, pp Sessão XXVI: Communitas e Antiestrutura TURNER, Victor O processo ritual. A communitas. Modelo e Processo. In: O processo ritual. Petrópolis: Editora Vozes, pp: Sessão XXVII: Cotidiano MAFESSOLI, Michel (1979). Teatralização da vida cotidiana e O jogo do Concreto. In: A conquista do presente. Rio de Janeiro: Rocco, pp Sessão XXVIII: Espetáculo, líquido, extremo. CANEVACCI, Maximo Excursus sobre as culturas juvenis intermináveis. In: Culturas extremas Mutações juvenis nos corpos das metrópolis. Rio de Janeiro: DP&A Editora.

6 Sessão XIX: Experimentos HOUSEMAN, Michael O Vermelho e o Negro Um experimento para pensar o ritual. Mana, 9(2), pp Sessão XXX: Síntese e comentários sobre a disciplina Entrega dos trabalhos finais Chefe do Departamento: