Neosporose no Brasil SOLANGE MARIA GENNARI. UNISA USP

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1 Neosporose no Brasil SOLANGE MARIA GENNARI UNISA USP 1

2 Neospora caninum 1988 cultivado e nomeado 1990 associado a problemas reprodutivos em bovinos 2017 Dubey, Hemphill, Calero-Bernal, Schares livro Neosporose mais de 2100 artigos científicos mais de 200 do Brasil 2017 Artigo de revisão sobre Neosporose no Brasil (All about neosporosis in Brazil). RBPV, v.26, n.3, p ,

3 Neospora caninum Estudos foram baseados nos conhecimentos obtidos com Toxoplasma gondii Morfologicamente semelhantes, biologicamente diferentes Não é zoonótico Canídeos são Hospedeiros Definitivos Neosporose doença de grande importância em bovinos e Toxoplasmose pouca relevância nessa espécie. Via de transmissão transplacentária é a mais importante para N. caninum enquanto tem relevância limitada para T. gondii, apesar da importância médica dessa rota Toxoplasma só um gênero T. gondii Neospora dois gêneros N. caninum e N. hughesi N. caninum vários HI N. hughesi até o momento somente equinos HI 3

4 Neosporose Histórico da Neosporose no Brasil Antígeno e testes de diagnóstico levaram quase uma década para tornarem-se disponíveis comercialmente e de fácil acesso no país. Primeiros estudos de sorodiagnóstico para pesquisa de anticorpos contra N. caninum foram publicados ao redor de Gondim et al. (1999) detecção de N. caninum de um feto bovino abortado SP Gondim et al. (2001) Primeiro isolamento de N. caninum (Nc-Bahia) do cérebro de um cão adulto naturalmente infectado BA Incoordenação e paresia dos membros posteriores Corbellini et al. (2002) primeiros descrevem Neosporose como importante causa de abortos bovinos RS Lesões compatíveis em 22 de 46 fetos bovinos de 12 fazendas do RS 4

5 Biologia Contribuição Brasileira Diversidade Genética - ainda se sabe pouco Isolamento de N. caninum de tecidos animal difícil, em especial de infecções crônicas Isolados tem sido obtidos de bioensaios em cães Garcia-Melo et al. (2009) com pesquisadores da Espanha primeiro genotipagem por microssatélites Nc-Goiás bovinos sem sintomas clínicos 12 marcadores microssatélites 2 alelos (MS5 e MS10) eram únicos e diferentes dos descrito anteriormente com isolados não brasileiros Oliveira et al. (2018) isolado bovino Alelos novos não foram encontrados quando comparados com isolados da Espanha e Argentina Encontraram diferenças em 3 alelos quando comparado a Nc- Bahia e 4 alelos quando comparado a Nc-Goiás. Locatelli-Dittrich et al. (2018) isolado de rim e cérebro de feto bovino Genotipado por MS todos os 9 marcadores apresentaram um perfil único, nunca antes descrito 5

6 Hospedeiro Referência Sintomas clínicos/idade Isolamento Informação genética bovinos Locatelli-Dittrich et al. (2003) Locatelli-Dittrich et al. (2004) Garcia-Melo et al. (2009) Presentes, cegueira, 3 meses Feto abortado, 7º. Mês de gestação Assintomático 4 meses camundongos Swiss Webster, células VERO Camundongos imunossuprimidos (1) Camundongos imunocompetentes (2) Gerbilos (2) KO mice, células MARC-145 Oliveira et al. (2017) Assintomático, Adulto Cães, Camundongos Swiss Webster, Gerbilo Locatelli-Dittrich et al. (2018) cães Gondim et al. (2001, 2004) Rins e cérebro, feto de 4 meses ovinos Pena et al. (2007) 2 ovelhas assintomáticas, 4 meses búfalos Rodrigues et al. (2004) Camundongos Balb/c, Células VERO Não (BCN/PR3) Sim (BCN/PR1) Sim (NC-Goiás ab) Sim (NC-SP1) Presentes, Collie, 7 anos Gerbilos, células VERO(COS-1) Sim (Nc-Bahia) 6 adultos assintomáticos (abatedouro) Gerbilos, camundongos Swiss- Webster, cães, células VERO Sim Não Gerbilos, Cães, KO mice Não (NcBrBuf1 5) 6

7 Transmissão N. caninum quantidade de oocistos eliminada pelos HD é baixa Oocistos excretados por cães que se alimentaram de diferentes tecidos, entretanto maior quantidade nos cães alimentados com cérebro Tecidos de 4 bovinos naturalmente infectados No. cães alimentados No. cães infectados masseter 5 2 (40%) coração 5 2 (40%) fígado 3 1 (33%) cérebro 4 3 (75%) controles 3 0 (0%) Do dia 7 ao 17 p.i. Cavalcante et al. (2011) 7

8 Transmissão em cães Fecal (oocistos) x Carnivorismo (cistos) oocistos Nenhum cão eliminou oocistos Somente os cães que receberam oocistos soroconverteram Bandini et al. (2011) 8

9 Transmissão em cães Cavalcante et al. (2012) G1 = 10⁸ taquizoítos Semana 3 gestação G2 = 10⁸ taquizoítos Semana 6 gestação mães e ninhadas (IHQ sorologia PCR) G1 6 dos 10 (60%) filhotes morreram G2 7 dos 13 (54%) morreram entre 5 em até 48hs pós nascimento e 10 dias pós nascimento DNA 2 filhotes DNA 1 filhote Sobreviventes eram clinicamente normais 9

10 Transmissão em búfalos x vacas Chryssafidis et al. (2014, 2015) Taquizoítos 6 búfalas Dia 70 da gestação 7 vacas 3 búfalas e 5 vacas Nc-Bahia 1 vaca abortou - todos os fetos PCR positivos 3 búfalas e 2 vacas NC-1 - todos os fetos morreram no dia 35 p.i. (ultrassom) - DNA nos tecidos fetais de todos 10

11 Transmissão em gerbilos Gerbilos se infectam com cistos e oocistos conhecido Taquizoítos infectaram gerbilos inoculação oral 17 gerbilos com 4 5 dias de vida - inoculados com taquizoítos 4 x 10⁵ Todos morreram de neosporose entre os dias 4 e 15 p.i. DNA coração, pulmão, rim, fígado, baço e CNC Ferreira et al. (2016) 11

12 Resistência dos oocistos de N. caninum Oocistos perderam a infectividade com: calor de 100 :C por 1 minuto solução de hipoclorito de sódio a 10% por 1 h Continuaram infectantes com: calor de 60 :C por 1 minuto outros desinfetantes de uso comum Alves et al. (2011) Oocistos mantiveram-se viáveis quando mantidos em : solução aquosa de ácido sulfúrico a 2% por 108 dias a 4 :C Oocistos perderam a infectividade quando mantidos em: solução aquosa de ácido sulfúrico a 2% por 46 meses a 4 :C Uzêda et al. (2007) 12

13 Diagnóstico Fehlberg et al. (2017) - Identificação e discriminação de T. gondii, Sarcocystis spp., Neospora spp.e Cryptosporidium spp. por PCR de alta resolução 13

14 Epidemiologia Brasil é o país com maior quantidade de estudos de soro ocorrência de N. caninum Diferentes métodos diagnóstico dificulta Diferentes pontos de corte comparações Diferentes antígenos 14

15 Epidemiologia IFAT 50 (55) IFAT 100 (1) IFAT 25 (10) NAT 25 (2) ELISA (5) TOTAL 73 RR AM AC RO 8,3-12,6 (2) AP PA MA CE 14 (1) RN 45 (1) PB 8,4 (1) 3,2-7 (2) PE (2) PI 9,8 (2) AL 3,8-4,8 (1) MT (2) TO BA SE 2,6-14,6 (2) GO MG 31,2-36,1(1) MS 3-21,7 (7) ES 11,7 (1) (3) 4,9-33 (12) PR SP RJ 8-20 (1) (7) SC RS 5,5 (1) 15

16 Epidemiologia RR PA AP IFAT 250 =1 IFAT 200 =13 IFAT 100 =5 IFAT 50 =3 IFAT 25=9 ELISA = 15 AC AM RO 9,5-11 (2) 53,5 (1) 17,5-52 (2) MS RS MT 7,7-62,5 (7) PR TO GO (1) SP (8) 11,2-21,4 (4) SC 25(1) (5) 50,7 (1) MA PI MG BA (6) 30,6-43,8 (2) CE 14 (1) ES RJ RN PB PE AL SE 19,6-31,7 (2) 16

17 Epidemiologia Fatores de risco Diferentes aptidões Casos de surtos de abortos Não associado com infecções concomitantes com BVDV E BHV Flutuação nos níveis de anticorpos durante a gestação Importância da transmissão transplacentária 17

18 Epidemiologia IFAT 50 =1 IFAT 25 =2 IFAT 40 =1 IFAT 128 =1 IFAT 200 =2 ELISA = 8 AC AM RR RO PA AP (3) MA PI CE MT TO 35,9 (1) BA GO MG MS ES (3) PR SP RJ SC RS 14,6 (1) RN 48,8-55,5 (1) NE PB 19,1 (1) PE AL SE Prevalência relativamente alta sem histórico de surtos de aborto 18

19 Epidemiologia RR PA AP IFAT 50 =13 IFAT 25 =4 ELISA = 1 AC AM 29 (1) RO 8,1-47,1 (3) TO GO MT 8.8 (1) MS 31 (1) 8-13 (3) PR SP 9,5 (1) SC RS 3,2-59 (2) 4,7 (1) CE MA 5,2 (1) PI BA MG ES RJ RN 1,8 (1) PB PE (2) AL 9,6 (1) SE Transmissão vertical em ovinos Filho et al. (2017) 19

20 Epidemiologia RR AP IFAT 100 =1 IFAT 50 = 8 IFAT 25 = 1 NAT 25 = 1 AC AM RO PA MA CE 17,4 (1) 2 (1) TO PI MT BA 15 (1) GO MG 10,7 (1) MS ES SP 6,4-18 (2) PR RJ SC 4,6 (1) RS RN 1 (1) PB 3,3 (1) PE 2,9-26,6 (2) AL SE CAEV não predispões à infecção por T. gondii ou N. caninum (Costa et al. 2012) DNA obtido de cérebro de 2 de 102 caprinos (Silva et al., 2009) 20

21 Epidemiologia RR PA AP IFAT 50 =11 NAT 25 = 1 ELISA = 2 AC AM RO MT 15 (1) MS 6,8 (1) MA CE PR 12,5-86 (4) PI TO BA GO MG ES SP 6-15 (2) RJ SC 4,1-12,5 (2) RS (3) RN PB PE AL SE N. hughesi antígeno em 1 estudo 961 animais de 10 estados 24 positivos (2,5%) Hoane et al (2006) 333 Jumentos AL, PB, PE, PI e RN IFAT 50 2% Gennari et al. (2016) Transmissão vertical em éguas Antonello et al. (2012), Pivoto et al. (2014) 21

22 Epidemiologia Porco-do-mato (S. scrofa) Pantanal (MS) 10,8% (9/83) Soares et al. (2016) PB abatedouros 3,1% e 3,2% Azevedo et al. (2010); Feitosa et al. (2014) 8 estudos em 7 estados: 0-27% 22

23 Epidemiologia Animais selvagens de zoos e vida livre (12 estudos) Família Felidae Família Canidae Família Didelphidae Familia Bovidae Família Cervidae Família Caviidae Membros de todos estas famílias apresentaram anticorpos anti-n. caninum 23

24 Epidemiologia Ozotoceros bezoarticus Veado campeiro 23 - Pq. Nacional de Emas GO 13% fazendas Pantanal 75% + Tiemanm et al. (2005) Ammotragus lervia Carneiro-da-Barbária 17 - Zoo de Curitiba PA 23,5% + Morikawa et al. (2014) Didelphis marsupialis Gambá da orelha preta 396 cidade de São Paulo SP 21,2% + Yai et al. (2003) 14 espécies de felídeos zoos 12 espécies tiveram animais positivos André et al. (2010) 11 - Panthera onca onça pintada Pantanal 63,6% + Onuma et al. (2014) 24

25 Epidemiologia 4 Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) Masseter Cérebro Bovinos Neo+ Hammondia heydorni Raposa-do-campo Pseudalopex vetulus - PB 6 de 49 (12,2%) cérebros DNA 99% semelhança com N. caninum Nascimento et al. (2015) Soares et al. (2009) Pesquisa de anticorpos Cerdocyon thous 26,6% (VL) Pseudalopex vetulus 0 (2 estudos) Chrysocyon brachyurus 0 (1 estudo) Lycalopex gymnocercus 41,6% (VL) 25

26 Epidemiologia SP- 20/213 9,4% (Yai et al., 2008) SP- 2/63 3,2% (Valadas et al., 2010) SP- 0/170 (Abreu et al., 2016) PR 6/26 (Truppel et al., 2010) 4 Mus musculus 20 Rattus norvegicus SP DNA Negativos Hydrochoerus hydrochaeris 193 Rattus rattus (Muradian et al., 2012) 26

27 Epidemiologia 294 aves de vida Livre e cativeiro (9 Ordens) Prevalência Livres 23,5% Presas 1,5% PCR positiva 6/10 aves Costa et al. (2008) Histologia e sorologia Todos Negativos Gondim et al. (2010) Sorologia Todos Negativos Histologia 2 psitacídeos + (IHQ) Mineo et al. (2011) 50 Infectados com Taquizoítos Soroconverteram Permaneceram saudáveis IHQ dia 15 p.i. = + (15 aves) Dia 60 p.i. sorologia negativa (<20) IHQ dia 60 p.i. todos negativos Inocularam ovos embrionados 50% morreram 50% sinais neurológicos Cães alimentados com ovos embrionados, eliminaram oocistos Furuta et al. (2007) 27

28 Epidemiologia Mineo et al. (2009) Pombas taquizoítos Níveis de anticorpos transitórios Dia 45 p.i. todas as aves soronegativas Pomba morreu dia 25 p.i. lesões por N. caninum em vários órgãos (IHQ) Codornas - taquizoítos Soro converteram e DNA foi detectado Dia 14 p.i. Negativos para anticorpos e DNA Dia 30 p.i. 2 cães alimentados com tecidos - não eliminaram oocistos Oliveira et al. (2013) Cultivo celular célula de galinha Temperatura entre 39 :C 41,5 :C Crescimento foi inibido a temperaturas >40:C (aves) Oliveira et al. (2013) 28

29 Epidemiologia Oliveira et al. (2018) 30 infectadas com NC-SP1 200 oocistos/ave (21 dias de idade) A cada 7 dias 3 aves eram eutanasiadas (9 grupos) 1 grupo inoculado com mesma dose no dia 37 p.i. (observado por 11 semanas) Sangue coletado semanalmente Dois cães (45 dias de vida) receberam tecidos das aves sacrificadas nos dias 138 e 159 p.i. Não houve soroconversão das aves DNA do parasita não foi detectado IHQ negativa Cães não se infectaram (não soroconverteram e não eliminaram oocistos) 34 infectadas com taquizoítos do isolado NcWTDMn1 Eutanásias nos dias 7, 15, 22, 28, 36 e 60 p.i. Aves assintomáticas IHQ negativo para todos os órgãos Aves necropsiadas no dia 60 p.i. baixos títulos (1:25 NAT) 2 cães (12 semanas de vida) receberam um pool de tecidos das aves (60 p.i.) negativos e não eliminaram oocistos 29

30 Infecção clínica Collie de 7 anos incoordenação w paresia dos membros traseiros Necrópsia encefalite e encontro de taquizoítos e cistos teciduais IHQ positiva Gerbilos inoculados com cérebro infecção pelo coccídio Gondim et al. (2001) Cão de 10 anos de idade Dermatite multifocal com múltiplos nódulos ulcerativos IFAT 1:6400 Exame dos nódulos tauizoítos de N. caninum (PCR) Tratamento com Climdamicina (6mg/kg) por 28 dias Lesões reapareceram 12 dias pós tratamento Mann et al. (2016) 30

31 Infecção clínica Abortos Estado No. Abortos No. Positivos (%) Histopatológico IHQ PCR Bahia 1 1 (100) sim sim NR Goiás 195 fetos abat. 40 (20,5) não não sim Paraná 34 8 (23,5) sim sim NR Rio Grande do Sul 30 1 (3,3) sim sim NR Rio Grande do Sul (47,8) sim sim NR Rio Grande do Sul (17,4) sim sim NR Rio Grande do Sul e Santa Catarina (21,3) sim sim NR São Paulo (24,7) sim sim sim 31

32 Infecção clínica Fatal neosporose foi diagnosticada em MG Hidrocefalia cabrito de 1 dia de vida IFAT 1:400 (Negativo para T. gondii) Cistos tissulares no cérebro Placenta sem lesões Varaschin et al. (2012) Cabrito com sinais neurológicos ao nascer 3 dias de vida eutanaziado Cérebro, coração, pulmões e fígado lesões microscópicas Corbellini et al. (2001) 32

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