Cachoeiro de Itapemirim- ES
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- Júlio Leal da Fonseca
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1 1 Nome do(a) Aluno(a) (Legível) Cachoeiro de Itapemirim- ES Curso: Período: Ensino Universitário Data: Matrícula: Nota: Assinatura: PROVA: PROJETO LEITURA VIVA VIDAS SECAS GRACILIANO RAMOS OBSERVAÇÕES: 1. Leia atentamente as questões, a interpretação é parte integrante da avaliação, POR ISSO, NÃO CHAME O PROFESSOR, ELE NÃO RESPONDERÁ ÀS DÚVIDAS POR FAVOR NÃO INSISTA; 2. As respostas deverão ser dadas a caneta. As respostas deixadas a lápis serão corrigidas, no entanto, não serão revisadas; 3. A avaliação é individual e com consulta apenas no material. Não converse com o seu colega, pois assim sua prova será recolhida; 4. Confira se a sua prova tem cinco folhas e dez questões. ORIENTAÇÕES: As citações de trechos da obra Vidas Secas referem-se à versão disponibilizada no portal da biblioteca da UNES, conforme o regulamento: Artigo 4º - A atividade extensionista será de consulta individual, no entanto, apenas o livro e o material disponibilizado no Portal da Biblioteca da UNES, poderão ser utilizados. Ou seja, é vedada qualquer tipo de utilização de xerox ou demais versões on line, dentre outros. As questões objetivas possuem apenas uma resposta correta. A questão discursiva deve ser desenvolvida a caneta, azul ou preta, no espaço limite de cinco linhas. 1) No início do capítulo V, O menino mais novo, lemos o trecho: Naquele momento Fabiano lhe causava grande admiração (pág. 26, linha 05). Este refere-se à admiração do menino mais novo por Fabiano. Isso ocorria quando: a) Fabiano estava contando histórias à beira da fogueira. b) Baleia recebia carinhos de Fabiano. c) Fabiano fazia-lhe algum carinho. d) Fabiano exercendo o trabalho de vaqueiro e de montaria. 2) Na obra Vidas Secas, Fabiano intitula-se como bicho. Isso se deve, sobretudo: a) À precária condição de vida a que era submetido, pois o personagem não tem a possibilidade de viver dignamente como um homem. b) Ao fato de Fabiano não saber articular corretamente as palavras. c) À interação plena com o meio ambiente, possível apenas a animais selvagens. d) Nenhuma das respostas anteriores.
2 3) Uma das características consideradas comuns à escrita de Graciliano Ramos é O estilo formal de escrita e a caracterização do eu em constante conflito (até mesmo violento) com o mundo, a opressão e a dor. Entretanto, sabemos que tal característica não estará presente em toda a obra. Sendo assim, marque a alternativa que não corresponde a essa característica: a) Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou como gente, em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo. Quis recuar e esconder-se debaixo do carro, mas teve medo da roda. (pág. 48, linhas 39 a 41). b) Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os tições com a ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo de luz espalhou-se em redor da trempe de pedras, clareando vagamente os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados (pág. 34, linhas 09 a 13). c) Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a idéia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinha Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto (pág. 36 a 43). d) Comparando-se aos tipos da cidade, Fabiano reconhecia-se inferior. Por isso desconfiava que os outros mangavam dele. Fazia-se carrancudo e evitava conversas. (pág. 42, linhas 08 a 10) 4) No trecho O sol chupava os poços, e aquelas excomungadas levavam o resto da água, queriam matar o gado (pág. 60, linhas 05 a 07), a que se referem as excomungadas: a) As brasas do calor que estava para assolar o sertão. b) As pragas que Sinhá Vitória vociferava contra a seca. c) As aves que surgiam prenunciando a seca. d) Nenhuma das respostas anteriores. 5) Marque a opção em que o trecho destacado corresponda à voz do narrador: a) Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era pequeno, mas em horas de comunicabilidade enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão direito sumir-se como cambembe, andar por este mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de consideração e votava. Quem diria? (pág. 14, linhas 21 a 27) b) Os dois meninos espiavam os lampiões e adivinhavam casos extraordinários. Não sentiam curiosidade, sentiam medo, e por isso pisavam devagar, receando chamar a atenção das pessoas. Supunham que existiam mundos diferentes da fazenda, mundos maravilhosos na serra azulada. Aquilo, porém, era esquisito. Como podia haver tantas casas e tanta gente? Com certeza os, homens iriam brigar. Seria que o povo ali era brabo e não consentia que eles andassem entre as barracas? (pág. 40, linhas 34 a 42) c) Estava convencido de que todos os habitantes da cidade eram ruins. Mordeu os beiços. Não poderia dizer semelhante coisa. Por falta menor agüentara facão e dormira na cadeia. Ora, o soldado amarelo... Sacudiu a cabeça, livrou-se da recordação desagradável e procurou uma cara amiga na multidão. d) Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, 2
3 grossa na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel. (pág. 47, linhas 06 a 12) 6) Leia o comentário de Álvaro Lins, um dos primeiros críticos literários a se debruçar sobre a obra de Graciliano Ramos: O outro defeito é o excesso de introspecção em personagens tão primários e rústicos, estando constituída quase toda a novela de monólogos interiores [...]. Assinale a opção que exemplifica tal monólogo interior: a) Não poderia morder Fabiano: tinha nascido perto dele, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumira a existência em submissão, ladrando para juntar o gado quando o vaqueiro batia palmas. (pág. 49, linhas 34 a 36). b) Em horas de maluqueira Fabiano desejava imitá-lo: dizia palavras difíceis, truncando tudo, o convencia-se de que melhorava. (pág 11, linhas 18 a 20). c) Pôs-se a caminhar, banzeiro, até que o irmão e Baleia levaram as cabras ao bebedouro. A porteira abriu-se, um fartum espalhou-se pelos arredores, os chocalhos soaram, a camisinha de algodão atravessou o pátio, contornou as pedras onde se atiravam cobras mortas, passou os juazeiros, desceu a ladeira, alcançou a margem do rio (pág. 27, de 38 a 43). d) Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alpercatas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam (pág. 04, linhas 35 a 39). 7) Avaliando o posicionamento crítico do trecho teórico apresentado na questão anterior, assinale a opção que se apresenta como um eficaz contraponto a Álvaro Lins: a) De fato, personagens rústicos não teriam uma capacidade linguística aprimorado para efetuarem monólogos interiores. b) O monólogo interior é extremamente possível, uma vez que todos ser humano é capaz de executá-lo. c) No plano ficcional, apesar da precariedade linguística de cada personagem, a qual os animaliza, há história acumulada, percepções intensas e reflexão contínua perpassadas pela voz do narrador e, por essa razão, possíveis no plano da narrativa proposta. d) o autor, valendo-se pela primeira vez de um narrador ficcional em terceira pessoa, deseja perseguir um tipo de vivência a que falta exatamente o sentido de história como ordenação, como progressão dos acontecimentos, como sucessão épica reveladora ou qualificação do tempo em avanço, num universo de personagens carentes da articulação plena da linguagem verbal, do discurso pelo qual pudessem se dar a conhecer de modo mais exteriorizado e objetivo. 8) A seguir, outro trecho teórico de Graciliano Ramos, agora de um artigo produzido por Marcio Fonseca Pereira, publicado pelo XII Congresso Internacional da ABRALIC: Importantes críticos literários brasileiros são concordantes em definir a obra de Graciliano Ramos a partir do que consideram o seu traço mais visível: o pessimismo. Antonio Candido o entende como traço herdado pelo Graciliano ainda criança, Otto Maria Carpeaux, como uma visão existencial, filosoficamente negativa do mundo, Silviano Santiago, por sua vez, o vê a partir de uma repressão dos sentimentos, analisada em sentido freudiano. Isso para ficarmos com apenas três dos críticos mais importantes. O trecho acima aponta três possíveis explicações para o pessimismo em Graciliano Ramos: uma de Antonio Candido, outra de Otto Maria Carpeaux e o terceiro de Silviano Santiago, todos os três, 3
4 importantes estudiosos das produções literárias no Brasil. Observe que a idéia central de cada um está destacada em negrito. A partir do exposto, leia os três trechos da obra Vidas Secas a seguir: I Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente as palavras de Sinhá Vitória, as palavras que Sinhá Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se, temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos. (pág. 71, linhas 12 a 24) II O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário - e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. (pág. 03, linhas 27 a 32) III Queria enganar-se, gritar, dizer que era forte, e a quentura medonha, as árvores transformadas em garranchos, a imobilidade e o silêncio não valiam nada. Chegou-se a Fabiano, amparou-o e amparou-se, esqueceu os objetos próximos, os espinhos, as arribações, os urubus que farejavam carniça. Falou no passado, confundiu-o com o futuro. Não poderia voltar a ser o que já tinham sido? Fabiano hesitou, resmungou, como fazia sempre que lhe dirigiam palavras incompreensíveis. Mas achou bom que Sinhá Vitória tivesse puxado conversa. Ia num desespero, o saco da comida e o aió começavam a pesar excessivamente. (pág. 67, linhas 01 a 11) Correspondem a exatos exemplos do que afirmam Antonio Candido, Otto Maria Carpeaux e Silviano Santiago, respectivamente, o (s) trecho (s): a) I e II. b) II e III. c) I, II e III. d) I e III. 9) No trecho Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia. (pág. 47, linhas 32 a 34), o período em negrito corresponde a um julgamento: a) Do narrador. b) Da própria baleia. c) De Sinhá Vitória. (QUESTÃO ANULADA. POIS APENAS POBRE BALEIA DEVERIA ESTAR EM NEGRITO. TODOS GANHAM 0,2 PONTOS) d) Do Fabiano. 4
5 10) A seguir, um trecho teórico de Ronaldo Morel Pinto, sobre Graciliano Ramos e sua obra Vidas Secas : Parece que, dentro da posição pessimista e negativista do autor, segundo a qual as pessoas nunca fazem o que desejam, mas o que as circunstâncias impõem, gestos, intenções, desejos e esforços, tudo se torna inútil Comente sobre o que o teórico diz sobre a obra. Explique como essa afirmação ocorre no texto. Leve em conta a trama e, também, o foco narrativo. O foco narrativo em 1ª pessoa concretiza claramente esse conceito de que os personagens de Vidas Secas não dominam sua própria existência, ou seja, a história deles não é narrada por eles mesmos. Uma extensão da própria trama, pois eles vivem fugindo da Seca, submissos ao que o território e o clima hostil lhes impõem. E não apenas essa imposição, mas todas relativas a um sistema social que os desconsidera e exclui: o sertão, o Estado, o patrão. 5 Boa Prova... UNES!!!
6 1 Nome do(a) Aluno(a) (Legível) Cachoeiro de Itapemirim- ES Curso: Período: Ensino Universitário Data: Matrícula: Nota: Assinatura: PROVA: PROJETO LEITURA VIVA VIDAS SECAS GRACILIANO RAMOS OBSERVAÇÕES: 1. Leia atentamente as questões, a interpretação é parte integrante da avaliação, POR ISSO, NÃO CHAME O PROFESSOR, ELE NÃO RESPONDERÁ ÀS DÚVIDAS POR FAVOR NÃO INSISTA; 2. As respostas deverão ser dadas a caneta. As respostas deixadas a lápis serão corrigidas, no entanto, não serão revisadas; 3. A avaliação é individual e com consulta apenas no material. Não converse com o seu colega, pois assim sua prova será recolhida; 4. Confira se a sua prova tem cinco folhas e dez questões. ORIENTAÇÕES: As citações de trechos da obra Vidas Secas referem-se à versão disponibilizada no portal da biblioteca da UNES, conforme o regulamento: Artigo 4º - A atividade extensionista será de consulta individual, no entanto, apenas o livro e o material disponibilizado no Portal da Biblioteca da UNES, poderão ser utilizados. Ou seja, é vedada qualquer tipo de utilização de xerox ou demais versões on line, dentre outros. As questões objetivas possuem apenas uma resposta correta. A questão discursiva deve ser desenvolvida a caneta, azul ou preta, no espaço limite de cinco linhas. 1) Leia o comentário de Álvaro Lins, um dos primeiros críticos literários a se debruçar sobre a obra de Graciliano Ramos: O outro defeito é o excesso de introspecção em personagens tão primários e rústicos, estando constituída quase toda a novela de monólogos interiores [...]. Assinale a opção que exemplifica tal monólogo interior: a) Não poderia morder Fabiano: tinha nascido perto dele, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumira a existência em submissão, ladrando para juntar o gado quando o vaqueiro batia palmas. (pág. 49, linhas 34 a 36). b) Em horas de maluqueira Fabiano desejava imitá-lo: dizia palavras difíceis, truncando tudo, o convencia-se de que melhorava. (pág 11, linhas 18 a 20). c) Pôs-se a caminhar, banzeiro, até que o irmão e Baleia levaram as cabras ao bebedouro. A porteira abriu-se, um fartum espalhou-se pelos arredores, os chocalhos soaram, a camisinha de algodão atravessou o pátio, contornou as pedras onde se atiravam cobras mortas, passou os juazeiros, desceu a ladeira, alcançou a margem do rio (pág. 27, de 38 a 43). d) Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alpercatas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam (pág. 04, linhas 35 a 39).
7 2) Avaliando o posicionamento crítico do trecho teórico apresentado na questão anterior, assinale a opção que se apresenta como um eficaz contraponto a Álvaro Lins: a) De fato, personagens rústicos não teriam uma capacidade linguística aprimorado para efetuarem monólogos interiores. b) O monólogo interior é extremamente possível, uma vez que todos ser humano é capaz de executá-lo. c) No plano ficcional, apesar da precariedade linguística de cada personagem, a qual os animaliza, há história acumulada, percepções intensas e reflexão contínua perpassadas pela voz do narrador e, por essa razão, possíveis no plano da narrativa proposta. d) o autor, valendo-se pela primeira vez de um narrador ficcional em terceira pessoa, deseja perseguir um tipo de vivência a que falta exatamente o sentido de história como ordenação, como progressão dos acontecimentos, como sucessão épica reveladora ou qualificação do tempo em avanço, num universo de personagens carentes da articulação plena da linguagem verbal, do discurso pelo qual pudessem se dar a conhecer de modo mais exteriorizado e objetivo. 3) A seguir, outro trecho teórico de Graciliano Ramos, agora de um artigo produzido por Marcio Fonseca Pereira, publicado pelo XII Congresso Internacional da ABRALIC: Importantes críticos literários brasileiros são concordantes em definir a obra de Graciliano Ramos a partir do que consideram o seu traço mais visível: o pessimismo. Antonio Candido o entende como traço herdado pelo Graciliano ainda criança, Otto Maria Carpeaux, como uma visão existencial, filosoficamente negativa do mundo, Silviano Santiago, por sua vez, o vê a partir de uma repressão dos sentimentos, analisada em sentido freudiano. Isso para ficarmos com apenas três dos críticos mais importantes. O trecho acima aponta três possíveis explicações para o pessimismo em Graciliano Ramos: uma de Antonio Candido, outra de Otto Maria Carpeaux e o terceiro de Silviano Santiago, todos os três, importantes estudiosos das produções literárias no Brasil. Observe que a idéia central de cada um está destacada em negrito. A partir do exposto, leia os três trechos da obra Vidas Secas a seguir: I Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente as palavras de Sinhá Vitória, as palavras que Sinhá Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se, temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos. (pág. 71, linhas 12 a 24) II O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário - e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. (pág. 03, linhas 27 a 32) 2
8 III 3 Queria enganar-se, gritar, dizer que era forte, e a quentura medonha, as árvores transformadas em garranchos, a imobilidade e o silêncio não valiam nada. Chegou-se a Fabiano, amparou-o e amparou-se, esqueceu os objetos próximos, os espinhos, as arribações, os urubus que farejavam carniça. Falou no passado, confundiu-o com o futuro. Não poderia voltar a ser o que já tinham sido? Fabiano hesitou, resmungou, como fazia sempre que lhe dirigiam palavras incompreensíveis. Mas achou bom que Sinhá Vitória tivesse puxado conversa. Ia num desespero, o saco da comida e o aió começavam a pesar excessivamente. (pág. 67, linhas 01 a 11) Correspondem a exatos exemplos do que afirmam Antonio Candido, Otto Maria Carpeaux e Silviano Santiago, respectivamente, o (s) trecho (s): a) I e II. b) II e III. c) I, II e III. d) I e III. 4) No trecho Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia. (pág. 47, linhas 32 a 34), o período em negrito corresponde a um julgamento: a) Do narrador. b) Da própria baleia. c) De Sinhá Vitória. (QUESTÃO ANULADA. POIS APENAS POBRE BALEIA DEVERIA ESTAR EM NEGRITO. TODOS GANHAM 0,2 PONTOS) d) Do Fabiano. 5) No início do capítulo V, O menino mais novo, lemos o trecho: Naquele momento Fabiano lhe causava grande admiração (pág. 26, linha 05). Este refere-se à admiração do menino mais novo por Fabiano. Isso ocorria quando: a) Fabiano estava contando histórias à beira da fogueira. b) Baleia recebia carinhos de Fabiano. c) Fabiano fazia-lhe algum carinho. d) Fabiano exercendo o trabalho de vaqueiro e de montaria. 6) Na obra Vidas Secas, Fabiano intitula-se como bicho. Isso se deve, sobretudo: a) À precária condição de vida a que era submetido, pois o personagem não tem a possibilidade de viver dignamente como um homem. b) Ao fato de Fabiano não saber articular corretamente as palavras. c) À interação plena com o meio ambiente, possível apenas a animais selvagens. d) Nenhuma das respostas anteriores.
9 7) Uma das características consideradas comuns à escrita de Graciliano Ramos é O estilo formal de escrita e a caracterização do eu em constante conflito (até mesmo violento) com o mundo, a opressão e a dor. Entretanto, sabemos que tal característica não estará presente em toda a obra. Sendo assim, marque a alternativa que não corresponde a essa característica: a) Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou como gente, em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo. Quis recuar e esconder-se debaixo do carro, mas teve medo da roda. (pág. 48, linhas 39 a 41). b) Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os tições com a ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo de luz espalhou-se em redor da trempe de pedras, clareando vagamente os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados (pág. 34, linhas 09 a 13). c) Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a idéia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinha Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto (pág. 36 a 43). d) Comparando-se aos tipos da cidade, Fabiano reconhecia-se inferior. Por isso desconfiava que os outros mangavam dele. Fazia-se carrancudo e evitava conversas. (pág. 42, linhas 08 a 10) 8) No trecho O sol chupava os poços, e aquelas excomungadas levavam o resto da água, queriam matar o gado (pág. 60, linhas 05 a 07), a que se referem as excomungadas: a) As brasas do calor que estava para assolar o sertão. b) As pragas que Sinhá Vitória vociferava contra a seca. c) As aves que surgiam prenunciando a seca. d) Nenhuma das respostas anteriores. 9) Marque a opção em que o trecho destacado corresponda à voz do narrador: a) Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era pequeno, mas em horas de comunicabilidade enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão direito sumir-se como cambembe, andar por este mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de consideração e votava. Quem diria? (pág. 14, linhas 21 a 27) b) Os dois meninos espiavam os lampiões e adivinhavam casos extraordinários. Não sentiam curiosidade, sentiam medo, e por isso pisavam devagar, receando chamar a atenção das pessoas. Supunham que existiam mundos diferentes da fazenda, mundos maravilhosos na serra azulada. Aquilo, porém, era esquisito. Como podia haver tantas casas e tanta gente? Com certeza os, homens iriam brigar. Seria que o povo ali era brabo e não consentia que eles andassem entre as barracas? (pág. 40, linhas 34 a 42) c) Estava convencido de que todos os habitantes da cidade eram ruins. Mordeu os beiços. Não poderia dizer semelhante coisa. Por falta menor agüentara facão e dormira na cadeia. Ora, o soldado amarelo... Sacudiu a cabeça, livrou-se da recordação desagradável e procurou uma cara amiga na multidão. d) Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, 4
10 grossa na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel. (pág. 47, linhas 06 a 12) 10) Leia abaixo um comentário teórico sobre a produção literária de Graciliano Ramos: A luta pela sobrevivência, portanto, parece ser o grande ponto de contato entre todos os personagens; a lei maior é a da selva. Em conseqüência, uma palavra se repete em toda a obra do escritor: bicho, ou, como no início de Vidas secas, viventes, ou seja, aqueles que só tem uma coisa a defender a vida. José de Nicola Relacione o trecho teórico acima, com o seguinte trecho da obra: Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Na obra, não há uma clara distinção entre os animais e os protagonistas. Ambos se mesclam, como seres viventes, que se socorrem, convivem. Assim, sacrificar alguns deles é o mesmo que sacrificar alguém da família. E o sacrifício do papagaio ocorre justamente devido a essa luta pela sobrevivência. Logo, o papagaio que, num processo de antropomorfização seria amigo, seria da família, é sacrificado, ou seja, passam por cima dessa consideração para saciar a fome. 5 Boa Prova... UNES!!!
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