VERIFICAÇÃO DA ATIVIDADE ALELOPÁTICA E CITOTÓXICA DA CARQUEJA (Baccharis sp.)

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Marcos Delgado Coimbra
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1 VERIFICAÇÃO DA ATIVIDADE ALELOPÁTICA E CITOTÓXICA DA CARQUEJA (Baccharis sp.) Autor(es): Apresentador: Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição: MARQUES, Fernanda Pinto; SILVA, Ilda Mariclei de Castro da; CUCHIARA, Cristina Copstein; BOBROWSKI, Vera Lucia Fernanda Pinto Marques Vera Lucia Bobrowski Rita Aloma Packeiser Vianna Beatriz Helena Gomes Rocha Universidade Federal de Pelotas VERIFICAÇÃO DA ATIVIDADE ALELOPÁTICA E CITOTÓXICA DA CARQUEJA (Baccharis sp.) MARQUES, Fernanda Pinto 1 ; SILVA, Ilda Mariclei de Castro da 1 ; CUCHIARA, Cristina Copstein 1 ; BOBROWSKI, Vera Lucia 1. 1 Laboratório de Genética - Departamento de Zoologia e Genética UFPel Campus Universitário s/n, Caixa Postal 354 CEP fepimarques@yahoo.com.br 1. INTRODUÇÃO A carqueja é uma espécie pertencente à família Asteraceae, nativa da América do Sul, muito utilizada pelo seu efeito medicinal, sendo alvo de extrativismo devido à grande demanda pela indústria de fitoterápicos. A espécie testada é pertencente ao Grupo trimera, utilizada na medicina popular no tratamento de complicações digestivas, efeito diurético, controle da diabete, no emagrecimento, inflamações das vias urinárias, reumatismo, para promover o equilíbrio e o funcionamento do fígado, pâncreas e baço. Alelopatia é a capacidade dos vegetais superiores ou inferiores produzirem substâncias químicas que, quando liberadas no ambiente, influenciam de forma favorável ou desfavorável o desenvolvimento de outros organismos (Rice, 1984). Essas substâncias quando liberadas em quantidades suficientes causam efeitos alelopáticos que podem ser observados na germinação, no crescimento e/ou no desenvolvimento de plantas já estabelecidas e, ainda, no desenvolvimento de microorganismos (Carvalho, 1993). O uso de ensaios biológicos para a avaliação da bioatividade, frações e compostos isolados de plantas têm sido freqüentemente incorporado à identificação e monitoramento de substâncias potencialmente tóxicas (Noldin et al. 2003). Cientes da grande utilização de carqueja e de sua aplicação em grande escala, o objetivo deste trabalho foi verificar o efeito alelopático e citotóxico de extratos aquosos de carqueja sobre sementes de alface (Lactuca sativa L.) através dos

2 testes de primeira contagem, germinação, índice de velocidade de germinação (IVG), análise de crescimento e índice mitótico (IM). 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Laboratório de Zoologia e Genética, Instituto de Biologia da Universidade Federal de Pelotas. Os bioensaios foram realizados com extratos aquosos obtidos por trituração de todas as partes da carqueja, coletada no período de maio de 2007, na Praia do Laranjal - Pelotas e secas em estufa por 72h a 60ºC, a fim de se obter o extrato bruto e, após, realizar diluição nas concentrações de 10, 15, 20 e 30mg/mL. O experimento foi conduzido inteiramente casualizado, com quatro repetições de 100 sementes/tratamento. As sementes de alface foram acondicionadas em gerbox, com papel germitest embebido nos extratos e AD como controle negativo sob temperatura controlada de 20ºC em câmara de germinação. Para a análise de crescimento, sementes pré-germinadas em AD foram semeadas nos tratamentos testados e ao final de sete dias foram medidos parte aérea e parte radicular. As pontas de raízes foram coletadas no segundo dia, fixadas em Carnoy (3:1) e mantidas em freezer até a confecção de lâminas, posteriormente hidrolisadas em HCl 5N e coradas com orceína acética 2%, sendo realizada contagem de 2000 células/tratamento em microscópio óptico numa magnitude de 400x. A análise estatística realizada foi a da variância através do pacote estatístico SANEST (Zonta & Machado, 1984) e para a comparação de médias aplicou-se o teste de Duncan. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme Tabela 1, os resultados das variáveis primeira contagem, germinação e índice de velocidade de germinação são altamente significativos do controle em relação às concentrações utilizadas (p<0,01). Onde o controle diferiu de todas as concentrações havendo diminuição da germinação das sementes nas doses utilizadas. Resultados descritos nesse trabalho discordam com citação feita por Ferreira & Áquila (2000), onde os testes de primeira contagem, germinação e índice de velocidade de germinação são menos sensíveis aos efeitos de substâncias químicas que o crescimento da plântula, porém, a quantificação experimental é muito mais simples, pois para cada semente o fenômeno é discreto, germina ou não germina. Os resultados obtidos na análise de crescimento da parte aérea e parte radicular sobre sementes de alface mostram diferença entre concentrações porém para PA não diferiram do controle, e apenas a concentração mais alta causou efeito alelopático quando analisada a PR (p<0,05). O efeito visível dos aleloquímicos sobre as plantas é somente uma sinalização secundária de mudanças anteriores. Assim, os estudos sobre o efeito de aleloquímicos sobre a germinação e/ou desenvolvimento da planta são manifestações secundárias de efeitos ocorridos a nível molecular e celular inicialmente (Pires et al., 2000). No índice mitótico, o controle diferiu apenas da concentração de 15 mg/ml, concentração esta que apresentou menor número de células em divisão (p<0,01). O efeito citotóxico foi observado na concentração intermediária do extrato em relação

3 as demais concentrações e ao controle, isso pode ter ocorrido devido à relação extrator/metabólito secundário facilitando a extração de um determinado componente químico, pois muitas vezes a saturação do liquido extrator ou o estabelecimento de um equilíbrio difusional entre meio extrator e o interior da célula não permite o esgotamento da matéria-prima vegetal (Sonaglio et al., 2003). Houve o aparecimento de aberrações cromossômicas do tipo ponte anafásica e quebra de fuso acromático em todas as concentrações analisadas e também no controle, mas em resultados não significativos.

4 Tabela 1. Valores da primeira contagem, germinação, índice de velocidade de germinação (IVG), análise de crescimento da parte aérea (PA) e parte radicular (PR) e índice mitótico observado em sementes de alface submetidas a diferentes concentrações de extrato de carqueja. TRATAMENTOS Primeira Contagem Germinação IVG PA PR IM Controle 59,00 a 75,25 a 39,62 a 2,36 AB 3,07 A 9,14 a 10 mg/ml 8,50 b 55,75 ab 10,13 b 2,91 A 2,77 A 8,58 a 15 mg/ml 4,75 b 32,50 b 5,89 b 2,28 B 2,52 A 5,80 b 20 mg/ml 3,50 b 32,00 b 5,18 b 2,23 B 2,48 A 8,42 a 30 mg/ml 2,25 b 29,25 b 5,00 b 2,07 B 1,61 B 6,93 ab * Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem estatisticamente ao nível de 1% pelo teste de Duncan nas variáveis primeira contagem, germinação, IVG e IM; e ao nível de 5% nas variáveis PA e PR. 4. CONCLUSÕES No presente estudo, utilizando extrato de carqueja, podemos verificar que através das variáveis analisadas, há ocorrência de efeito alelopático sobre o bioindicador testado, porém o efeito sobre o processo de divisão celular não foi afetado na maioria das concentrações testadas. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, S. I. C. Caracterização dos efeitos alelopáticos de Brachiaria brizantha cv. Marandu no estabelecimento das plantas de Stylosanthes guianensis var. vulgaris cv. Bandeirante. Viçosa p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) Universidade Federal de Viçosa. FERREIRA, A.G.; AQUILA, M.E.A. Alelopatia: Uma área emergente da ecofisiologia. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, 2000, v.12, p Suplemento. NOLDIN, V.F.; MONACHE, F.D.; YUNES, R.A.; Composição química e atividade biológica de Cynara scolymus L. cultivada no Brasil. Química Nova, São Paulo, 2003, v.26, n.3, p PIRES, N.M; PRATES, H.T.; SOUZA, R.I.R.P.;FARIA, T.C.L.; PEREIRA, I.A.; MAGALHÃES, P.C.; Efeito do Extrato Aquoso de Leucena sobre o Desenvolvimento, Índice Mitótico e a Atividade da Perodoxidase em Plantas de Milho. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, São Paulo, 2000, v.13, n.1, p RICE, E.L Allelopathy. Academic Press Inc., London. SONAGLIO, D.; ORTEGA, G.G.; PETROVICK, P.R.; BASSANI, V.L.; Desenvolvimento tecnológico e produção de produtos fitoterápicos. In: Farmacognia: da planta ao medicamento, Simões et al. 5 ed. Ed UFRGS/UFSC, 2003, p ZONTA, E. P.; MACHADO, A. A. SANEST Sistema de análise estatística para microcomputadores. Pelotas, 1984.

5 Rita Alama Packeiser Vianna

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