Governo e socialistas aproximam-se em vésperas. do Orçamento do Estado. "O banco de fomento é uma. - que paira sobre o discurso social-democrata.

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1 Governo e socialistas aproximam-se em vésperas do Orçamento do Estado Passos e Seguro não falaram sobre o assunto, mas a receita para o crescimento passa pela mesma ideia: a criação de um banco de fomento RITA TAVARES LUÍS ROSA O governo e o PS pretendem apresentar propostas semelhantes sobre a criação de um banco de fomento em Portugal. António José Seguro falou nesta ideia no final da semana passada e, em declarações ao i, considera-a uma "proposta essencial para promover o crescimento económico". Do lado do executivo já existe um grupo de trabalho a estudar a questão desde o início de Agosto. No PS, o objectivo é que a proposta possa avançar já no âmbito da discussão do Orçamento do Estado para que será entregue na próxima semana. Nesta altura o líder socialista só vê um caminho: "Sem crescimento económico não é possível fazer ajustamentos sem provocar gravíssimas rupturas sociais. Ora o governo está a fazer precisamente o contrário. E, apesar de ter falhado os resultados para este ano, teima na mesma receita, em doses mais pesadas, para o próximo ano", afirmou ao í. Apesar de todas as críticas mais políticas, o PS aproxima-se do governo na receita para conseguir apoiar o crescimento económico. Ontem mesmo o Ministério das Finanças veio confirmar que está a trabalhar na criação de um banco de fomento, confirmando uma informação já dada por José Silva Peneda. O presidente do Conselho Económico e Social (CES) está no grupo de trabalho que está a levar a cabo este estudo e explica ao í que tudo começou a 8 de Agosto deste ano, depois de uma conversa que teve com o governador do Banco de Portugal. Carlos Costa, por sua vez, falou com o Ministério das Finanças. Silva Peneda diz que tem estado a "trabalhar com altos funcionários das Finanças", mas avisa que o novo banco não é coisa fácil de pôr em marcha. "Passa pela negociação com as instâncias europeias. Por exemplo, o próximo QREN vai ser negociado no primeiro semestre do próximo ano" e a ideia é reorientar parte dos fundos para alimentar o banco de investimento a criar. Silva Peneda diz que é possível que "durante as negociações tudo possa ficar clarificado", no que se refere às condições necessárias para esta proposta avançar. Mas até lá "fica pendurada" à espera da negociação europeia. DIFERENÇAS O presidente do CES considera "excelente" que o PS esteja a preparar uma proposta no mesmo sentido. Apesar de as ideias aparecerem na mesma altura, o governo e os socialistas nunca falaram sobre esta questão, segundo apurou o í. Tanto que a concretização da ideia passa por caminhos diferentes. No PS, o secretário nacional Eurico Dias explica que os socialistas querem que esta nova entidade seja criada "no perímetro da Caixa Geral de Depósitos, como um banco público ligado ao Tesouro". Trata-se de uma ideia que traduz a oposição clara do PS à privatização da CGD - que paira sobre o discurso social-democrata. Aliás, Eurico Dias reafirma que o PS é "absolutamente contra a privatização e uma das razões é que um dos papéis fundamentais da CGD é apoiar o investimento em Portugal". Ora Silva Peneda considera que isso "não faz sentido" porque "um banco não pode funcionar dentro de outro banco". Também há diferenças sobre a forma de financiamento desta nova entidade que tanto o PS como o governo tencionam vir a criar. Nos planos do executivo, o banco de fomento poderá ser alimentado por fundos estruturais e capitais do Banco Europeu de Investimento (BEI). No PS a ideia não só passa por "aproveitar fundos comunitários para compensar a acção do BEI", como também visa o acesso a 3 mil milhões de euros dos 12 mil milhões do fundo de recapitalização da banca negociado com a troika, explica Eurico Dias. O PS garante que a "proposta não tem impacto orçamental", por isso "a ser apresentada será como norma adicional, mas não no próximo Orçamento do Estado". Os socialistas têm pressa no arranque desta iniciativa. Silva Peneda, por seu lado, avisa que vai demorar e especifica outros aspectos, por exemplo a necessidade de orientar a acção deste banco de investimento em exclusivo "para linhas de crédito de longo prazo, para complementar a banca privada e não para competir com ela". Um ponto em que o PS não vai tão longe, para já, apesar de concordar com a necessidade deste banco não ter um pendor comercial, mas de apoio ao investimento e ao crescimento económico. Citações "O banco de fomento é uma proposta essencial para promover o crescimento económico" António SECRETÁRIO-GERAL José Seguro DO PS tl Nova entidade será criada no

2 perímetro da Caixa Geral de Depósitos" Enrico Dias SECRETÁRIO NACIONAL DO PS "Isso não faz sentido. Um banco não pode funcionar dentro de outro banco" Silva Peneda PRESIDENTE DO CES "listou a estudar esta ideia desde 8 de Agosto com altos funcionários das Finanças" Silva Peneda PRESIDENTE DO CES

3 Seguro não falou com Passos sobre o assunto, mas coincide na ideia de criar um banco de investimento em Portugal

4 Seguro está a preparar uma proposta para fazer recuar o IVA de 23% na restauração para a taxa que vigorava em No ano passado a insistência socialista na negociação do Orçamento do Estado (OE) foi na manutenção da taxa do IVA da restauração nos 13%, mas o PS não conseguiu levar a proposta a bom porto. Um ano depois, este volta a ser o cavalo de batalha dos socialistas. Segundo apurou o /, o PS vai fazer uma proposta de alteração ao Orçamento no sentido de fazer recuar o IVA na restauração ao valor de Este ano, o valor cobrado passou a ser de 23%, o que levantou a contestação do sector. Aliás, ainda recentemente um estudo revelado pela Associação de Hotelaria, Restauração e Similares indicava que a alteração da taxa vai provocar o encerramento de 39 mil restaurantes e a extinção de 99 mil postos de trabalho até O mesmo estudo revelava ainda que só este ano o impacto OE/2013. PS vai propor que IVA na restauração volte aos 13% no sector, em termos de volume de negócios, ascendeu aos 959 milhões de euros. Além disso os socialistas pretendem avançar, no âmbito das proposta de alteração ao OE, com o aumento da taxa sobre os recursos hídricos para as hidroeléctricas. Já conhecida é a intenção do PS de criar uma taxa sobre as parcerias público-privadas - um modelo que teve um uso frequente durante a governação socialista - mas a direcção do partido ainda não chegou a um valor concreto. O secretáriogeral do PS, António José Seguro, tem defendido que esta proposta vai permitir "introduzir maior equidade e uma distribuição justa dos sacrifícios" nas PPP. O PS tem ainda um conjunto de medidas para a economia que devem ser propostas durante a debate do OE. É o caso da reorientaçâo de fundos do QREN - nomeadamente de três mil milhões de euros "que estão parados", argumentam os socialistas - para projectos de reabilitação urbana. E a abolição de uma das taxas de gás natural - que o PS garante que tornaria o gás mais barato, uma vez que neste momento é taxado à saída de Espanha e à entrada de Portugal. R. Te L.R.

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