GALERIA VERA CORTÊS. André Romão fruits and flowers. 11 Maio 16 Junho 2018

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Marcelo Carvalhal Silveira
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2 Maio / May 2018 «De formas mudadas em novos corpos leva-me o engenho a falar.» é o verso inaugural das Metamorfoses de Ovídio. Para a sua segunda exposição individual na Galeria Vera Cortês, André Romão apresenta quatro novas esculturas e quatro novos poemas que têm como ponto de partida a fluidez entre corpos, sejam eles humanos ou animais, culturais ou minerais. Numa fluidez que constrói um sentido mais amplo de união e pertença. As esculturas de Romão parecem surpreendidas na sua transformação, numa mutação de forma e estado. As esculturas head-sculpture-rock e beetle-snake-column [cabeça- -escultura-rocha e escaravelho-cobra-coluna] apresentam-se como corpos híbridos, pequenos acontecimentos surreais que esbatem os limites entre interior e exterior, físico e mental, humano, sistémico e ambiental. Firmemente ancorado na poesia, o trabalho de Romão utiliza e apropria materiais de formas especulativas, profundamente enraizadas na herança do Surrealismo e do Barroco, numa prática que pode ser entendida como uma sabotagem contínua de códigos e expectativas. Em abundância, um ramo de flores e folhas é feito exclusivamente de espécies classificadas como invasoras devido ao seu comportamento, crescimento descontrolado e grande adaptabilidade a novos climas. habitat apresenta-nos um ambiente de ficção científica no qual colónias de lapas habitam esculturas de Plexiglas moldado. Quatro novos poemas, um para cada estação do ano, são colocados nas quatro paredes da galeria. A métrica dos poemas segue uma métrica convencionada para Haiku em língua inglesa (5-7-5), com cada verso a não exceder a duração de uma respiração, mantendo assim a escala humana das esculturas. Como se escreve no website do IKEA «Calcula-se que, a cada cinco segundos, uma estante BILLY é vendida algures no mundo.». «Of bodies changed to other forms I tell so goes the inaugural verse of Ovid s Metamorphosis. For his second solo show at Galeria Vera Cortês, André Romão debuts four new sculptures and four new poems that take the fluidity between bodies, human or cultural, animal or mineral as their starting point. Such fluidity enacts a broader sense of togetherness and belonging. Romão s sculptures appear as caught up in a state of transformation, in a process of mutation of form and state. head-sculpturerock and beetle-snake-column are presented as hybrid bodies, minute surreal events that render the borders between inside and outside, physical and mental, human, systemic and environmental irrelevant. Strongly anchored in poetry, Romão s works uses or appropriates materials in a speculative manner, deeply rooted in the legacies of both Surrealism and the Baroque in what can be understood as a continuous sabotage of codes and expectations. In abundância a bouquet of flowers and greenery is made exclusively from species classified as invasive due to their behavior, uncontrolled growth and high adaptivity to change and new climates. habitat is preseted to us as a sci-fi environment where limpets are made to inhabit artificially molded plexiglas sculptures. Four new poems, one for each season of the year, are placed on the four walls of the gallery. The poems metric follows a convention for English language Haikus (5-7-5), in which each verse lasts no longer than a breath, maintaining the same human scale of the sculptures. As stated in Ikea s website «It is estimated that every five seconds, one BILLY bookcase is sold somewhere in the world.».

3 abundância, 2018 (detalhe / detail)

4 abundância, 2018 Fotocópia sobre papel Xerox on paper cm cada / each

6 head-sculpture-rock, 2018 Plexiglas, fragmento de escultura (Portugal, séc. XX), mexilhões, lapas, percebes, coral Plexiglas, sculpture fragment (Portugal, 20 th century), mussels, limpets, barnacles, coral cm

9 beetle-snake- column, 2018 Plexiglass, escaravelhos Plexiglas, beetles cm

14 four poems, 2018 Texto, vinil Text, vinyl 68 sílabas 68 syllables

16 habitat I, 2018 Plexiglas, lapas Plexiglas, limpets cm

17 habitat II, 2018 Plexiglas, lapas Plexiglas, limpets cm

18 André Romão Lisboa, 1984 André Romão nasceu em Lisboa, Portugal, em 1984, onde vive e trabalha. O seu trabalho tem lidado com os aspectos humanos ocultos nos sistemas culturais e económicos de produção, explorando o confronto de micro e macro-estruturas na sociedade contemporânea através de uma pesquisa nos campos da economia, erotismo, violência e apropriação. Uma seleção das suas exposições individuais inclui: García Galería, Madrid (2017); Syntax, Lisboa (2016); Kunstraum Botschaft, Berlim (2016); Vera Cortês Art Agency, Lisboa (2015); The Green Parrot, Barcelona (2015); macro Museo d Arte Contemporanea, Roma (2014); Middelheim Museum, Antuérpia (2012); Galleria Umberto di Marino, Nápoles (2011); Kunstlerhaus Bethanien, Berlim (2010) e Kunsthalle Lissabon (2010). O seu trabalho tem sido incluído em exposições coletivas em instituições e galerias tais como: Abbaye Saint André Centre d art contemporain, Meymac (2018); Museu de Arte Contemporânea de Elvas (2017); MAAT, Lisboa (2017); CentroCentro, Madrid (2016); FUTURA, Praga (2016); CAPC musée d art contemporain, Burdeos (2015); Astrup Fearnley Museet, Olso (2014); Museu de Serralves, Porto (2013 e 2010); Galerie Kamm, Berlim (2013); PhotoCairo 5, Cairo (2012); Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (2010); Museu da Cidade, Lisboa (2009); Spike Island Art Center, Bristol (2008), entre outros. É co-editor do ATLAS projectos desde André Romão lives and works in Lisbon. His practice has been dealing with the human aspects hiding in cultural and economical systems of production, exploring the confrontation of macro and micro structures in contemporary society through an against the grain research on economics, eroticism, violence, and appropriation. A selection of his solo exhibitions includes: García Galería, Madrid (2017); Syntax, Lisbon (2016); Kunstraum Botschaft, Berlin (2016); Vera Cortês Art Agency, Lisbon (2015); The Green Parrot, Barcelona (2015); macro Museo d Arte Contemporanea, Rome (2014); Middelheim Museum, Antwerp (2012); Galleria Umberto di Marino, Naples (2011); Kunstlerhaus Bethanien, Berlin (2010) and Kunsthalle Lissabon (2010). And his work has been featured in group exhibitions in institutions and galleries such as Abbaye Saint André Centre d art contemporain, Meymac (2018); Museu de Arte Contemporânea de Elvas (2017); MAAT, Lisbon (2017); CentroCentro, Madrid (2016); FUTURA, Prague (2016), CAPC musée d art contemporain, Bordeux (2015); Astrup Fearnley Museet, Olso (2014); Serralves Museum, Oporto (2013 and 2010); Galerie Kamm, Berlin (2013); PhotoCairo 5, Cairo (2012); Fundação Calouste Gulbenkian, Lisbon (2010); Museu da Cidade, Lisbon (2009); Spike Island Art Center, Bristol (2008), among others. André Romão is co-editor of ATLAS Projectos since 2007.

19 GALERIA VERA CORTÊS R. João Saraiva 16, 1 st Lisbon, PT T (+351) Fotografia / Photography: Bruno Lopes

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