Chiroptera Neotropical 14(1), July 2008

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1 Quirópteros do bioma caatinga, no Ceará, Brasil, depositados no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul Marta E. Fabián 1 1. Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A. Bento Gonçalves 9500, Porto Alegre, RS, Brasil. CEP * Corresponding author. mfabian@ufrgs.br Resumo As coleções científicas do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul contém 112 exemplares de quirópteros oriundos do Estado do Ceará. As espécies e respectivas famílias representadas são: Rhynchonycteris naso (Wied-Neuwied, 1820) (Emballonuridae); Noctilio albiventris Desmarest, 1818 e N. leporinus (Linnaeus, 1758) (Noctilionidae); Trachops cirrhosus (Spix, 1823), Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767), P. discolor Wagner, 1843, Tonatia bidens (Spix, 1823), Anoura geoffroyi Gray, 1838, Glossophaga soricina (Pallas, 1766), Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758), Artibeus planirostris Spix, 1823, Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810), Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) e Desmodus rotundus (Geoffroy, 1810) (Phyllosotomidae); Furipterus horrens Cuvier, 1828 (Furipteridae); Myotys nigricans (Schinz, 1821), Eptesicus furinalis (d Orbigny, 1847) (Vespertilionidae); Molossus molossus (Pallas, 1766) e Cynomops planirostris (Peters, 1866) (Molossidae). Cynomops planirostris é novo registro para o Estado. Palavras-chave: Emballonuridae, Noctilionidae, Phyllosotmidae, Furipteridae, Vespertilionidae, Molossidae, Ceará, Brasil. Abstract Chiroptera from the Caatinga biome of the State of Ceará deposited at the Museum of Natural History, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul", Brazil. The aim of this paper is to present the material assigned to Chiroptera from Ceará (Brazil) in the scientific collection of the Museu de Ciências Naturais (Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul - MCN/FZB). From the total of 112 specimens, 19 species representing 6 families of bats could be identified, namely Rhynchonycteris naso (Wied-Neuwied, 1820) (Emballonuridae); Noctilio albiventris Desmarest, 1818 and N. leporinus (Linnaeus, 1758) (Noctilionidae); Trachops cirrhosus (Spix, 1823), Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767), P. discolor Wagner, 1843, Tonatia bidens (Spix, 1823), Anoura geoffroyi Gray, 1838, Glossophaga soricina (Pallas, 1766), Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758), Artibeus planirostris Spix, 1823, Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810), Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) and Desmodus rotundus (Geoffroy, 1810) (Phyllosotomidae); Furipterus horrens Cuvier, 1828 (Furipteridae); Myotys nigricans (Schinz, 1821), Eptesicus furinalis (d Orbigny, 1847) (Vespertilionidae); Molossus molossus (Pallas, 1766) and Cynomops planirostris (Peters, 1866) (Molossidae). These taxa were previously reported for the regions, with exception of Cynomops planirostris, a new register for the State. Keywords: Emballonuridae, Noctilionidae, Phyllosotmidae, Furipteridae, Vespertilionidae, Molossidae, Ceará, Brazil. Introdução A fauna de quirópteros do bioma Caatinga é representada por 69 espécies de quirópteros, conforme dados de Mares et al. (1981), Willig (1983), Willig e Mares (1989) e Marinho-Filho e Sazima (1998) que apresentaram enfoque abrangente no estudo dessas comunidades. Os autores registraram a presença de seis espécies da família Emballonuridae, duas de Noctilionidae, duas de Mormoopidae, 34 de Phyllosotmidae, uma de Natalidae, uma de Furipteridae, nove de Vespertilionidae e 14 de Molossidae. Desse total, 42 espécies são conhecidas para o Estado do Ceará. Um dos primeiros trabalhos relativos ao estudo de morcegos nesse Estado é o de Thomas (1910), que menciona as espécies Artibeus lituratus (Olfers, 1818), Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) e Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758). Trabalhos posteriores, como os de Lima (1926), Vieira (1942, 1955), Piccinini (1971, 1974), Alencar et al. (1976), Uieda et al. (1980), Mares et al. (1981), Willig (1983), Willig e Mares (1989), Gregorin (1998), Guedes et al. (2000), Silva et al. (2001), Silva et al. (2004), 354

2 Aguiar (2007), Zortea (2007) e Reis et al. (2007) ampliaram o número de espécies para o total conhecido atualmente, as quais se distribuem nas seguintes famílias: Emballonuridae, Phyllostomidae, Mormoopidae, Furipteridae, Natalidae, Noctilionidae, Vespertilionidae e Molossidae. Esta fauna é relativamente pouco estudada, especialmente quando se avaliam os registros geográficos dos dados obtidos pelos autores acima citados. Face a isto, a consulta a coleções científicas é de fundamental importância. As coleções científicas constituem considerável aporte ao conhecimento da riqueza de espécies e como fornecedoras de dados para o registro permanente da diversidade biológica de um ou mais taxa e também de determinada região. A importância das coleções científicas foi reforçada pela Convenção sobre a Diversidade Biológica (Decreto No 2.519, de 16 de Março de 1998 que promulga a Convenção sobre Diversidade Biológica) que, no seu Artigo 7 (Identificação e Monitoramento), determina, entre outras coisas a importância de monitorar, por meio de levantamento de amostras e outras técnicas, os componentes da diversidade biológica (...), prestando especial atenção aos que requeiram urgentemente medidas de conservação e aos que ofereçam o maior potencial de utilização sustentável. Com base nesta premissa, o presente trabalho visa apresentar e ampliar os registros de ocorrência de espécies de quirópteros coletados no Ceará, a partir de coleção de exemplares depositados no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN/FZB). A coleção originou-se de trabalho desenvolvido entre 1983 e 1984 (Fabián 1991) com a finalidade de identificar o papel dos morcegos como reservatórios de hemoflagelados do gênero Trypanosoma Gruby, 1843 (Protista). Este projeto, por sua vez, esteve inserido em programa mais amplo visando o estudo de mamíferos associados à Doença de Chagas, desenvolvido pelo Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Ceará. Material e Métodos Áreas estudadas O Estado do Ceará está inserido quase totalmente no domínio do semi-árido. Ocupa área de km 2 e é formado, em sua maior extensão por terrenos baixos. Apresenta também topografia contrastante, com a presença de serras e chapadas. Os diferentes arranjos desta cobertura vegetal constituem os vários tipos de caatinga que dominam tanto os aplainamentos quanto os serrotes e serras secas. Os municípios de Palhano, Russas, Morada Nova e Limoeiro do Norte, situados na região do Baixo Rio Jaguaribe 355 apresentam em suas planícies aluviais, florestas de carnaúba (Copernicia prunifera (Miller) H.E.Moore), além de vegetação do tipo caatinga. O município de Pereiro apresenta cobertura vegetal diversificada, com presença de caatinga e de vegetação subcaducifolia. (CNPq et al. 1984). O trabalho se desenvolveu em diversos municípios (Figura 1) (as coordenadas geográficas correspondem à sede de cada um): Palhano (4º44 S e 37º57 W); Russas (4º56 24 S e 37º58 14 W); Morada Nova (5º6 28 S e 38º22 47 W); Limoeiro do Norte (5º8 44 S e 38º5 32 W); Canindé (4º21 34 S e 39º18 57 W); Quixadá (4º58 S e 39º1 9 W); Pereiro (6º2 46 S e 38º27 48 W); Fortaleza (3º43 41 S e 38º31 97 W) e Guaramiranga (4º15 44 S e 38º56 95 W). Figura 1: Mapa do Estado do Ceará com indicação das localidades de coleta: 1. Fortaleza; 2. Guaramiranga; 3. Canindé; 4. Palhano; 5. Jaguaruana; 6. Russas; 7. Quixadá; 8. Morada Nova; 9. Limoeiro do Norte; 10. Pereiro. Amostragem As coletas diurnas efetuaram-se em casas abandonadas, telhados de prédios e em abrigos naturais, através do uso de pinças ou redes do tipo puçá. Para as coletas noturnas utilizaram-se seis redes de neblina (mist nets) de 7,5 m. de comprimento. As coletas noturnas realizaram-se em períodos de seis horas, a partir do anoitecer. Cada município foi visitado duas vezes, uma no período da seca e outra no período chuvoso. As coletas ocorreram em média durante três noites

3 consecutivas. O total do esforço amostral foi de 330 horas/rede. Não estão computadas neste total as atividades diurnas de visitas a prédios ou à investigação de outros possíveis locais de abrigo de morcegos, as quais foram efetuadas sem a mesma regularidade do uso das redes. Todos os exemplares estão mantidos em meio líquido. Resultados Emballonuridae Rhynchonycteris naso (Wied-Neuwied, 1820) Exemplares encontrados em fenda de pedra. Material examinado: Ceará, Canindé (MCN1241, MCN1242 ). Noctilionidae Noctilio albiventris Desmarest, 1818 Exemplares de N. albiventris sempre foram encontrados co-habitando com Molossus molossus, em telhados, nos três municípios onde foram observados. Em Quixadá, em área do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), próximo ao Açude Cedro, N. albiventris, Cynomops planirostris e Phyllostomus discolor utilizaram o mesmo oco de árvore como abrigo, porém ocupando diferentes áreas dentro dele. Material examinado: Ceará, Limoeiro do Norte (MCN1175 a MCN1177, MCN1178, MCN1179 a MCN1181, MCN1186, MCN1191, MCN1194, MCN1195 a MCN1197 ); Quixadá (MCN1273 a MCN1275, MCN1344, MCN1345, MCN1346 a MCN1350 ); Russas (MCN1351 ). Noctilio leporinus (Linnaeus, 1758) Os exemplares foram coletados com redes (mist nets) e manualmente, em abrigo localizado em oco de árvore. Material examinado: Ceará, Morada Nova (MCN1133 a MCN1134, MCN1135, MCN1136 a MCN1143, MCN 1224, MCN1225, MCN1226, MCN1227, MCN1228 a MCN1231, MCN1232, MCN1233 a MCN1235, MCN1236 ); Quixadá (MCN 1335 a MCN1336, MCN1337, MCN1338 a MCN1340, MCN1341, MCN1342 ). Phyllostomidae Trachops cirrhosus (Spix, 1823) O exemplar de Jaguaretama foi coletado em casa abandonada, onde havia também grupo de Desmodus rotundus. O exemplar de Quixadá estava em oco de árvore. Material examinado: Ceará, Jaguaretama (MCN1352); Quixadá (MCN1739 ). Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767) 356 Material examinado: Ceará, Canindé (MCN1240, MCN1289, MCN1290, MCN1291 a MCN1292, MCN1293 a MCN1294, MCN1464 a MCN1466, MCN1467 ); Pereiro (MCN1301 ); Quixadá (MCN1468 ). Phyllostomus discolor Wagner, 1843 Material examinado: Ceará, Limoeiro do Norte (MCN1303 ); Quixadá (MCN1469 a MCN1470, MCN1471 a MCN1473, MCN1474, MCN1475 a MCN1476, MCN1477, MCN1478, MCN1479, MCN1480 a MCN1483, MCN1484 a MCN1485, MCN1486, MCN1487 a MCN1489, MCN1490 a MCN1491, MCN1492, MCN1493 a MCN1495, MCN1496, MCN1497 a MCN1499, MCN1500 a MCN1501, MCN1502 a MCN1507, MCN1740); Russas (MCN1741, MCN1732 a MCN1733 ); Guaramiranga (MCN1736 ). Tonatia bidens (Spix, 1823) Material examinado: Ceará, Canindé (MCN1620 ); Quixadá (MCN1745 ). Anoura geoffroyi Gray, 1838 Material examinado: Ceará, Pereiro (MCN1360 ); Limoeiro do Norte (MCN1361 a MCN1362 ). Glossophaga soricina (Pallas, 1766) Material examinado: Ceará, Russas (MCN1116, MCN1117, MCN1245, MCN1306, MCN1311 ); Limoeiro do Norte (MCN1174 ); Canindé (MCN1287 a MCN1288 ); Pereiro (MCN1297 ). Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) Material examinado: Ceará, Canindé (MCN1243 ); Guaramiranga (MCN1735, MCN1749, MCN1750 ). Artibeus planirostris Spix, 1823 Material examinado: Ceará, Canindé (MCN1508, MCN1509, MCN1510 a MCN1513, MCN1514 a MCN1517, MCN1518, MCN1519, MCN1527 a MCN1528, MCN1529, MCN 1530, MCN1531, MCN1536 a MCN1537, MCN1538, MCN1539, MCN1543, MCN1544, MCN1555, MCN 1556 a MCN1558, MCN1559, MCN1560 a MCN1562, MCN1563, MCN1564, MCN 1579 a MCN1584, MCN1608, MCN1609, MCN1610, MCN1611 a MCN1614, MCN1615 ); Pereiro (MCN1520, MCN1521, MCN1565, MCN1566, MCN1567 ); Limoeiro do Norte (MCN1522, MCN1532, MCN1545, MCN1546, MCN1547,

4 MCN1568, MCN1569, MCN1570, MCN1579, MCN1585 a MCN1588, MCN1597, MCN1598 a MCN1601 ); Russas (MCN1523, MCN1524 a MCN1525, MCN1533 a MCN1534, MCN1535, MCN1548 a MCN1548, MCN1551, MCN1571 a MCN1572, MCN1573 a MCN1574, MCN1578, MCN1589 a MCN1595, MCN1596, MCN1602, MCN1603 a MCN1605, MCN1607, MCN1616, MCN1734 ); Quixadá (MCN1526, MCN1540, MCN1541, MCN1617 a MCN1618, MCN 1727, MCN 1728, MCN 1730); Fortaleza, Messejana (MCN1552, MCN1553, MCN1554, MCN1575, MCN1576 a MCN1577, MCN1606 ). Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810) Material examinado: Ceará, Russas (MCN1222 a MCN1223, MCN1305, MCN1307, MCN1308, MCN1309 a MCN1310 ); Pereiro (MCN1299 a MCN1300, MCN1302 ); Limoeiro do Norte (MCN1304 ). Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) Material examinado: Ceará, Pereiro (MCN1296, MCN1298 ); Guaramiranga (MCN1737, MCN1742, MCN1746 ). Desmodus rotundus (Geoffroy, 1810) Os exemplares estavam em casa abandonada. Material examinado: Ceará, Jaguaretama, (MCN1238, MCN1630, MCN1631). Furipteridae Furipterus horrens Cuvier, 1828 Material examinado: Ceará, Ubajara (MCN740 ); Irauçuba (MCN1353 a MCN1356). Todos os exemplares estavam no interior de casas abandonadas. Vespertilionidae Myotys nigricans (Schinz, 1821) Material examinado: Ceará, Palhano (MCN1113, MCN1149 a MCN1157 ); Canindé (MCN1144, MCN1160, MCN1161 a MCN1165, MCN1358, MCN1359 ); Jaguaruana (MCN1145, MCN1146 a MCN1148 ); Pereiro (MCN1168 a MCN1170); Quixadá (MCN1357). Eptesicus furinalis (d Orbigny, 1847) Material examinado: Ceará, Fortaleza, Campus do Pici (MCN1726, MCN1747 ). Molossidae Molossus molossus (Pallas, 1766) 357 Em um dos locais visitados, verificaram-se diversos exemplares de M. molossus co-habitando com exemplares de Myotis nigricans, sob as telhas do telhado de casa não habitada. Material examinado: Ceará, Canindé (MCN1114, MCN1158, MCN1159, MCN1161, MCN1166 a MCN1167, MCN1280, MCN1281 a MCN1285, MCN1286, MCN1385 a MCN1386 ); Pereiro (MCN1115, MCN1171, MCN1172, MCN1173, MCN1379, MCN1390, MCN1391 a MCN1393, MCN1394, MCN1395, MCN1396, MCN1397 a MCN1398, MCN1399 a MCN1400, MCN1401, MCN1453 ); Russas (MCN1118, MCN1119, MCN1120, MCN1121, MCN1122, MCN1123 a MCN1125, MCN1126, MCN1127 a MCN1128, MCN1129, MCN1130, MCN1131, MCN1132, MCN 1199, MCN1200, MCN1201, MCN1202, MCN1203 a MCN1205, MCN1206, MCN1207 a MCN1209, MCN1210, MCN1112 a MCN1114, MCN1215, MCN 1246, MCN1247 a MCN1248, MCN1249, MCN1250, MCN1251 a MCN1252, MCN1253 a MCN1254, MCN1255, MCN1256, MCN1257, MCN1258 a MCN 1263, MCN1264, MCN1265 a MCN1266, MCN1267, MCN1268, MCN1269, MCN1270 a MCN1272, MCN1387 a MCN1388, MCN1389, MCN1449 a MCN1451 ); Limoeiro do Norte (MCN1182 a MCN1184, MCN1185, MCN 1187 a MCN1190, MCN1192, MCN1193, MCN1198 ); Quixadá (MCN1276, MCN1365, MCN1374 a MCN1375, MCN1376 a MCN1378, MCN1380 a MCN1381, MCN1382 a MCN1383, MCN1384, MCN1412 a MCN1414, MCN1415, MCN1416 a MCN1417, MCN1418 a MCN1419, MCN1420 a MCN1421, MCN1422, MCN1423 a MCN1425, MCN1426 a MCN1427, MCN1428 a MCN1430, MCN1431 a MCN1432, MCN1433, MCN1434, MCN1435 a MCN1437, MCN1438, MCN1439 a MCN1442, MCN1443, MCN1444, MCN1445, MCN1446, MCN1447, MCN1455, MCN1456 a MCN1460, MCN1461 a MCN1462, MCN1463 ); Jaguaruana (MCN1277 a MCN1278, MCN1279 ). Cynomops planirostris (Peters, 1866) Pequeno grupo de exemplares foi encontrado utilizando árvore oca como abrigo. A mesma árvore continha em partes separadas do tronco oco, indivíduos de Phyllostomus discolor e de Noctilio albiventris.

5 Material examinado: Ceará, Irauçuba (MCN1363 ); Quixadá (MCN 1364, MCN1402, MCN1403, MCN1404 a MCN1410 ). Discussão A maior parte das espécies que compõem a coleção depositada no MCN/FZB já era conhecida para o Ceará. Fabián (1991) apresenta listagem de espécies encontradas em sete dos municípios aqui abordados, registrando pela primeira vez a ocorrência de Cynomops planirostris para esse estado. Esta espécie foi observada em diversos estados do nordeste brasileiro (Fabián e Gregorin, 2007), sendo esperado que apresentasse maior área de distribuição. Amplia-se o registro de ocorrência para a maioria das espécies citadas neste trabalho, para o extremo leste e para a região central do estado. De forma geral, expressivo número de espécies era conhecida até o momento para Fortaleza (Piccinini 1971; 1974) e para a região oeste e sul (Uieda et al. 1980; Mares et al. 1981; Guedes et al. 2000; Silva et al. 2001; 2004; Gregorin e Ditchfield 2005). Vieira (1942) cita também a presença de G. soricina para Russo, possivelmente o autor estivesse se referindo ao município de Russas. A co-habitação de diferentes espécies num mesmo abrigo já foi relatada por diversos autores, entre os quais Piccinini (1971) e Uieda et al. (1980). No presente trabalho confirma-se a cohabitação de agrupamentos de Noctilio albiventris com Molossus molossus e, desta última espécie com Myotis nigricans, assim como Trachops cirrhosus com Desmodus rotundus. Estas observações sempre foram registradas quando os animais ocupavam telhados como abrigo. Destaca-se também a ocupação de mesmo oco de árvore por agrupamentos de indivíduos de Cynomops planirostris, Phyllostomus discolor e de Noctilio albiventris. No entanto, cada espécie mantinha-se isolada das demais, ocupando diferentes pontos dentro do abrigo. Agradecimentos Agradeço ao Dr. Fernando Dias de Ávila Pires e ao Dr. Joaquim Eduardo de Alencar (in memorian) que me proporcionaram a oportunidade de trabalhar no Ceará durante os anos de 1983 e 1984 e à Dra. Cristina Chaves que me abriu as portas do seu laboratório na Universidade Federal do Ceará. Referências Bibliográficas Aguiar L.M.S Subfamília Desmodontinae. In: Morcegos do Brasil (editado por Reis N.R; Peracchi, A. L.; Pedro W.A. e Lima I. P.), pp Londrina. Alencar J.E.; Barros N.N.; Piccinini R.S.; Pinto V.M. e Tomé G.S Estudo sobre a epidemiologia da Doença de Chagas no Ceará. V. Quirópteros infectados com tripanossomos tipo cruzi. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 10: Bianconi G.V. e Pedro W.A Família Vespertilionidae. In: Morcegos do Brasil (editado por Reis N.R; Peracchi A.L.; Pedro W.A. e Lima I.P.), pp Londrina Fabián M.E Contribuição ao estudo da infecção de morcegos por hemoflagelados do gênero Trypanosoma Gruby, Cadernos de Saúde Pública 7: Fabián M.E. e Gregorin R Família Molossidae. In: Morcegos do Brasil (editado por Reis N.R; Peracchi A.L.; Pedro W.A. e Lima I.P.), pp Londrina. Gregorin R Notes on the geographic distribution of Neoplatymops mattogrossensis (Vieira, 1942) (Chiroptera, Molossidae). Chiroptera Neotropical 4: Gregorin R. e Ditchfield, A.D A new genus and species of nectar-feeding bat in the tribe Lonchophyllini (Phyllostomidae: Glossophaginae) from Northeastern Brazil. Journal of Mammalogy 86: Guedes P.G.; Silva S.S.P.; Camardella A.R.; Abreu M.F.G; Borges-Nojosa D.M.; Silva J.A.G. e Silva A.A Diversidade de mamíferos do Parque Nacional de Ubajara (Ceará, Brasil). Mastozoologia Neotropical 7: Lima J.L Os morcegos da coleção do Museu Paulista. Revista do Museu Paulista 14: Mares M.A.; Willig M.R.; Streilein K.E. e Lacher Jr T.E The mammals of northeastern Brazil: a preliminary assessment. Annals of the Carnegie Museum 50: Marinho-Filho, J. e Sazima I Brazilian bats and conservation biology: a first survey. In: Bat biology and conservation (editado por Kunz T.H. e Racey P.A.), pp Washington. Nogueira M.R; Dias D. e Peracchi A.L Subfamília Glossophaginae. In: Morcegos do Pedro W.A. e Lima I.P.), pp Londrina. Nogueira M.R.; Peracchi A.L.; Moratelli R Subfamília Phyllostominae. In: Morcegos do Pedro W.A. e Lima I.P.), pp Londrina. Ortêncio Filho H.; Lima I.P. e Fogaça F.N.O Subfamília Carolliinae. In: Morcegos do Pedro W.A. e Lima I.P.), pp Londrina. Peracchi A.L. e Nogueira M.R Família Emballonuridae. In: Morcegos do Brasil 358

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