DESPACHO DE ARQUIVAMENTO

Transcrição

1 Ref. Procedimento Administrativo n o / DESPACHO DE ARQUIVAMENTO Cuida-se de peças de informação instauradas nesta Procuradoria da República a partir de representação formulada pelo Sr. Saulo Emmanuel Rocha de Medeiros, com o objetivo de apurar notícia de descumprimento de regras editalícias no concurso público de provas e títulos promovido pelo Centro Federal de Educação Tecnológica CEFET/PE. Narra o noticiante que na avaliação dos títulos para o cargo de professor da área de Gestão, a comissão do concurso aceitou titulação não prevista no item do edital que rege o certame, violando, assim, o disposto no seu item (v. fl. 20). Segundo o Sr. Saulo Emmanuel somente os títulos da área de Gestão poderiam ser pontuados, mas a comissão do concurso teria admitido de forma irregular titulações de mestrado em Engenharia de Produção e em Administração, o que influenciou na classificação final da seleção pública. Posteriormente outra representação de conteúdo idêntico foi apresentada pela candidata Ana Carolina Peixoto de Medeiros (fls. 25/60). Também foi formulada representação por uma candidata ao cargo de Professora da área de Psicologia Organizacional e do Trabalho, com fundamento similar, questionando a admissão de títulos de mestrado nas áreas de Psicologia Social, Letras e Liderança, em afronta ao item do Edital, bem

2 como a aceitação de participação de pessoas no certame sem a graduação mínima exigida, qual seja, Graduação em Psicologia com formação de Psicólogo Organizacional e do Trabalho (fls. 106/109). Instado a se manifestar, o CEFET apresentou sua resposta à fl. 139, instruída com os documentos de fls. 140/169. É o que importa relatar. Ao contrário do entendimento manifestado pelos representantes, não vislumbra o Ministério Público Federal qualquer ilicitude na conduta do CEFET, na admissão dos títulos impugnados. Com efeito, com relação ao concurso para a área de Gestão, é evidente a pertinência dos mestrados em Administração e Engenharia de Produção com a área objeto do certame. Da leitura do inteiro teor do artigo citado pelos próprios representantes (v. doc. em anexo), é fácil perceber que para boa parte da própria comunidade científica, os termos Gestão e Administração se confundem. Mesmo para aqueles que entendem em sentido contrário, não há dúvidas quanto a íntima relação existente entre Gestão e Administração. Por outro lado, a Engenharia de Produção também relacionase diretamente com a Administração e, conseqüentemente, com a Gestão, diferindo apenas por possuir um conteúdo mais direcionado ao processo industrial, sem olvidar, contudo, as questões atinentes à administração, comércio, contabilidade e técnicas de gerência, como se extrai de informação obtida no sítio na internet da Associação Brasileira de Engenharia de Produção 1. Reforça esse entendimento a estrutura curricular do Mestrado Profissional em 1

3 Engenharia de Produção (fls. 142/143), que revela a sua inserção na área objeto do concurso. Importa consignar que o edital de concurso não pode fazer restrições desarrazoadas, sem fundamento, de forma a inibir ou mesmo prejudicar a participação de pessoas capacitadas para exercer determinado cargo. Seria possível, inclusive, reconhecer-se a ilicitude do edital justamente na hipótese contrária, ou seja, se a comissão do concurso reconhecesse apenas os títulos da área de gestão. No que se refere ao concurso para Professor da área de Psicologia Organizacional e do Trabalho, questiona a representante a admissão de títulos nas áreas de Psicologia Social, Letras e Liderança e a aceitação de participação de pessoas no certame sem a graduação em Psicologia com formação de Psicólogo Organizacional e do Trabalho. De início, ao contrário do alegado pela representante, releva notar que não foi conferida pontuação à pós-graduação em Letras à candidata Maria do Socorro Ferreira dos Santos, como se vê do documento de fl Quanto às demais alegações, merece transcrição os argumentos expostos pela comissão do concurso ao apreciar recurso apresentado pela ora representante (fls. 168/169): 1. Com relação às titulações apresentadas pelos candidatos inscritos no Concurso Público para Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico - área de atuação Psicologia do Trabalho -, esta Banca entende que as mesmas atendem ao disposto no Edital n GD, uma vez que nos certificados apresentados, inclusive no da candidata impetrante, consta apenas o título de Psicólogo ou habilitação em Formação de Psicólogo.

4 (...) 4. No que se refere à aceitação do título de pós-graduação Lato Sensu em Liderança, afirmado ainda nesta folha pela impetrante, ela, intempestivamente, subtraiu o termo GESTÃO, do certificado de especialização conferido à candidata FRANCINEIDE MARIA DE LIMA SILVA, conforme cópia anexa, onde assim se lê: "Pós-Graduação Lato Sensu MBA - Executivo em Gestão e Liderança ", cuja monografia versou sobre "Trabalho e Qualidade de Vida: um estudo sobre a ginástica laboral da Springer Carrier Ltda - Filial N-NE", estando, portanto, relacionado à área de Psicologia do Trabalho foco do concurso em epígrafe. 5. Ainda nesta mesma folha, a intempestividade da impetrante também se faz presente, quando afirma que foi conferida, de forma ilegal, pontuação à candidata ALINE BRANDÃO DE SIQUEIRA, em Psicologia Social, quando na análise dos títulos esta Banca atribuiu a pontuação, tendo em vista a pós-graduação da referenciada candidata, na área de Psicologia, cujo título versou sobre "A Relação Trabalho e Saúde dos Psicólogos envolvidos nos Centros de Atenção Psicossocial em João Pessoa - PB", portanto, dentro da área de Psicologia do Trabalho, exigência do Edital do concurso em foco. 6. No que concerne à atribuição de pontuação pela Banca, de forma ilegal, afirmada, mais uma vez, intempestivamente, pela impetrante, no que se refere às candidatas JANE PALMEIRA NÓBREGA CAVALCANTI e RAQUEL PEREIRA BELO, detentoras do título de Mestre em Psicologia, cópias anexas, esta Banca assim o fez, tendo como entendimento, a abrangência do referenciado título que confere um diferencial de conhecimento na área de Psicologia, objeto deste concurso, envolvendo a vertente social - tendo como centro o homem e suas interrelações com o meio em que vive, logo, o trabalho é parte inerente desse processo. 7. Com referência ao item 6 desta mesma folha, a especificidade Formação de Psicólogo Organizacional e do Trabalho, como titulação, não foi apresentada por nenhum candidato, cujos diplomas fazem

5 referência, apenas, ao título de Psicólogo, tanto no que se refere à graduação como a pós-graduação, inclusive o apresentado pela impetrante. Aplica-se, no caso, os mesmo argumentos acima expendidos, referentes ao concurso para a área de Gestão, não se vislumbrando qualquer ilegalidade no acatamento dos títulos acima mencionados, por guardarem estreita relação com a área objeto do concurso. Insta asseverar, do que se extrai da manifestação da Comissão do Concurso, ao menos oficialmente, não existe o título de graduação em Psicologia com formação de Psicólogo Organizacional e do Trabalho. Todos os diplomas acostados aos autos referem-se somente a graduação em Psicologia, inclusive o da representante (fls. 164 e 167), não havendo razão para não serem aceitos pela organização do concurso. presentes peças de informação. Assim, ante todo o exposto, determino o arquivamento das Comunicações na forma da Resolução CSMPF nº87/2006. feito em seguida à revisão da CCR. Aguarde-se o prazo recursal de 10 dias, encaminhando-se o Recife, 28 de novembro de Antonio Carlos de V. C. Barreto Campello Procurador da República campello01/prdc/despacho/ arquiv. CEFET_concurso-ipojuca