Caatinga: Vegetação do semiárido brasileiro
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- Sophia Casado Ribas
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1 aatinga: Vegetação do semiárido brasileiro Maria Iracema ezerra Loiola 1, lan de raújo Roque 2, na laudia Pereira de Oliveira 2 1 Universidade Federal do eará, epartamento de iologia, Laboratório de Taxonomia de ngiospemae, loco 906, ampus do Pici, Fortaleza- E, rasil, iloiola@yahoo.com.br 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, epartamento de Ecologia, otânica e Zoologia, Laboratório de Sistemática de Fanerogamas, v. Salgado Filho, s/no, Lagoa Nova, ampus Universitário, Natal RN, rasil, acpolive@gmail.com O nordeste do rasil tem uma área de aproximadamente km2 (IGE, 1998), onde o domínio semiárido cobre mais de km2 (b Saber, 1977). Este ocupa cerca de 10% do território nacional e abriga mais de 23 milhões de pessoas (MM, 2009). lguns autores (ndrade-lima, 1981; Sampaio et al., 1981; Rodal, 2002) destacaram que o semiárido brasileiro apresenta variações no grau de aridez edafoclimática, que estão frequentemente associadas à distância do litoral, à altitude, à geomorfologia, ao nível de dessecamento do relevo, à declividade e posição da vertente em relação a direção dos ventos (barlavento, sotavento) e à profundidade e composição física e química do solos. e acordo com raújo et al. (2005), associados à essa heterogeneidade do relevo, clima e solo, dois tipos fisionômicos de vegetação dominam na área semiárida, as não florestais e as florestais, que variam quanto a deciduidade foliar, de perenifólias, semidecíduas e decíduas. inda de acordo com esses autores, as fisionomias não florestais são representadas principalmente pela vegetação lenhosa caducifólia espinhosa (Savana Estépica sensu Veloso et al., 1991), regionalmente denominada de aatinga, encraves de cerrado (savana) e carrasco (vegetação arbustiva densa caducifólia não espinhosa). vegetação de aatinga abrange em maior ou menor extensão todos os estados da região Nordeste do rasil (ahia, eará, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, lagoas, Maranhão) e o norte de Minas Gerais, único estado localizado na região Sudeste (Fig. 1). Figura 1. Localização do domínio semiárido na região Nordeste do rasil. Fonte: O domínio da aatinga apresenta uma forte irregularidade climática, apresentando os valores meteorológicos mais extremos do país: a mais forte insolação, a mais baixa nebulosidade, as mais altas médias térmicas entre 25 e 30, as mais elevadas taxas de evaporação e, sobretudo, os mais baixos índices pluviométricos, em torno de 500 a 700 mm anuais, com grande variabilidade espacial e temporal (Reddy, 1983; Sampaio, 2003). Em consequência, grande parte das espécies vegetais são caducifólias, ou seja, têm folhas decíduas, que caem na época de seca em resposta à escassez de água, influenciando desta forma, na denominação do termo aatinga que significa mata-branca no tupi-guarani (Fig. 2). ISSN:
2 Figura 2. specto geral da aatinga na época de estiagem e chuvosa. e Serra do Estreito, Jucurutu, RN (fotos:..roque). e - Reserva de esenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão, Macaú, RN (fotos:..p.de Oliveira). onsiderando as diferentes fisionomias, a aatinga possui um patrimônio biológico bastante diversificado (Fig. 3), com ocorrência de táxons raros, endêmicos (Giulietti et al., 2004) e uma riqueza inestimável de espécies vegetais e animais (MM, 2004). Figura 3. Riqueza biológica da aatinga. Iguana iguana. oa constrictor. - Lantana camara L. Hydrolea spinosa L. (fotos: e, J.L..Lima; fotos: e,..roque) ISSN:
3 4: (2012) Levantamentos de fauna na aatinga revelam a ocorrência de 40 espécies de lagartos, sete de anfibenídeos (espécies de lagartos sem pés), 45 espécies de serpentes, quatro de quelônios, uma de rocodyla, 44 de anfíbios anuros e uma de Gymnophiona (Rodrigues, 2003). o ponto de vista vegetacional, essa é peculiar e diversificada em fisionomia e composição (Prado, 2003) sendo rtigos de ivulgação representada por aproximadamente espécies de fanerógamas (Giulietti et al., 2004) e desses 318 espécies são endêmicas (Prado, 2003; Tabarelli & Silva, 2003; Giulietti et al., 2004). actaceae, segundo Taylor & Zappi (2002), é uma das famílias com grande número de espécies endêmicas, sendo representada por 41 espécimes (Fig. 4). E Figura 4. Representantes de actaceae ocorrentes na aatinga. specto geral e flor de Pilosocereus gounellei (F...Weber) yles & Rowley. specto geral e Frutos de ereus jamacaru. E - Melocactus zehntneri (ritton & Rose) Luetzelb.(fotos:,..P.Oliveira; e,..roque; e, J.L..Lima). Quando comparado com outras regiões semiáridas do mundo, a diversidade biológica da aatinga é extremamente significativa (Silva, 2003), além de conferir valores biológicos e econômicos denotados ao rasil. Embora possua características marcantes, a aatinga é uma ISSN: tão das vegetações menos conhecida do país. Esta situação é consequência de uma crença de que possui uma diversidade muito baixa, sem espécies endêmicas e fortemente modificada pelas ações antrópicas (Giulietti et al., 2004). estaca-se que essa vegetação é uma das que mais sofre com a interferência humana no rasil e em 2008, foi verificado que 16
4 aproximadamente 45% da sua vegetação original (Fig. 5) já havia sido desmatada (MM, 2010). e acordo com astelletti et al. (2004), as últimas áreas intactas de vegetação nativa que ainda restam estão extremamente fragmentada. Figura 5. Áreas desmatadas da aatinga (em amarelo). Fonte: Grande parte da população que reside no domínio da aatinga necessita dos recursos da sua biodiversidade para sobreviver, tais como: alimentação, remédios, forragem para os mais variados tipos de rebanhos, madeira para construções, entre outros (Fig. 6). Figura 6. lguns recursos da biodiversidade da aatinga. - Ziziphus joazeiro Mart. com vários potenciais em especial alimentares para o homem e animal (avalcanti et al., 2011). ondimentos, chás, entre outros. Forragem. - Madeireira. Fotos e..roque. Fotos e..p. de Oliveira. ISSN:
5 Visando destacar a importância e a potencialidade dessa biodiversidade para a população no semiárido do Rio Grande do Norte, Loiola et al. (2010) apontou a importância dos representantes da família Leguminosae, que de acordo com Queiroz (2002) é o grupo mais bem representado em número de espécies nas aatingas e o que possui o maior número de táxons endêmicas (80). O estudo foi realizado em quatro comunidades norte-rio-grandense onde foram registradas a ocorrência de 25 espécies de Leguminosae alocadas em sete categorias de uso: combustível (8), construção (6), forragem (14), medicinal (8), tecnologia (7), veterinária (2) e outros (9). Os autores concluíram que embora as 25 espécies estudadas apresentem diferentes formas de utilidades, Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz (catingueira) destacou-se das demais, por ser citada em todas as categorias de uso consideradas. Nesse contexto, investimentos em pesquisas na aatinga podem representar o conhecimento de suas bases, e desta forma, poderão definir ações para seu aproveitamento econômico, por meio de uma tecnologia própria sem agredir as relações naturais do ambiente e que preservem da ameaça de extinção da sua biodiversidade (Fig. 7). onsequentemente a partir da utilização sustentável dos recursos, a partir de manejo adequado da sua biodiversidade poderá impulsionar o desenvolvimento da região. Figura 7. Áreas prioritárias para estudos na aatinga. Fonte: MM, 2004 Referências b Saber N, O domínio morfoclimático semiárido das caatingas brasileiras. Instituto de Geografia / USP, São Paulo (Série Geomorfologia, 43). ndrade-lima, The caatingas dominium. Revista rasileira de otânica, v. 4, p raújo FS, Rodal MJN, arbosa MRV, Martins FR, Repartição da flora lenhosa no domínio da caatinga. In: raújo FS. et al. (Orgs.). nálise das variações da biodiversidade do bioma caatinga: Suporte a estratégias regionais de conservação. astelletti HM, Silva JM, Tabarelli M, Santos MM, Quanto ainda resta da ISSN:
6 aatinga? Uma estimativa preliminar. In: Silva JM, Tabarelli M & Fonseca MT (Orgs.). iodiversidade da aatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Ministério do Meio mbiente, rasília. avalcanti MT, Silveira, Florêncio IM, Feitosa V, Eller SWS, Obtenção da farinha do fruto do juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.) e caracterização físicoquímica. Revista Verde Mossoró, RN 6 (1): uque JG, O Nordeste e as lavouras xerófilas. Escola Superior de gricultura de Mossoró, RN, oleção Mossoroense. 143: 316. Ferri MG, vegetação brasileira. EUSP, São Paulo, SP. Giulietti M, Neta L, astro JF, Gamarra-Rojas FL, Sampaio EVS, Virgínio JF, Queiroz LP, Figueiredo M, Rodal MJN, arbosa MRV, Harley RM, iagnóstico da vegetação nativa do bioma aatinga. In: Silva JM, Tabarelli M & Fonseca MT (Orgs.). iodiversidade da aatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Ministério do Meio mbiente, rasília. IGE- Instituto rasileiro de Geografia e Estatísticas, Manual Técnico da Vegetação rasileira. Fundação Instituto rasileiro de Geografia e Estatística, epartamento de Recursos Naturais e Estudos mbientais, Rio de Janeiro, RJ. IGE- Instituto rasileiro de Geografia e Estatísticas, nuário Estatístico do rasil, Rio de Janeiro, RJ. Loiola MI, Paterno G, iniz J, alado JF, Oliveira P, Leguminosas e seu potencial de uso em comunidades rurais de São Miguel do Gostoso-RN. Revista aatinga, Mossoró, RN 23 (3): MM- Ministério do Meio mbiente, iodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. rasília: Ministério do Meio mbiente e Universidade Federal de Pernambuco. MM- Ministério do Meio mbiente, razilian forests at a glance: reference period: rasília: MM. Prado E, s caatingas da mérica do Sul. In: Leal IR, Tabarelli M & Silva JM (Eds.). Ecologia e conservação da caatinga. Ed. Universitária da UFPE, Recife. Queiroz LP, istribuição das espécies de Leguminoseae na aatinga. In: Sampaio EVS, Giulietti M, Virgínio J & Gamarra-Rojas FL (Eds.). Vegetação e flora das caatingas. PNE / NIP, Recife, PE. Reddy SJ, limatic classification: the semi-arid tropics and its environment - a review. Pesquisa gropecuária rasileira 18 (8): Rodal, MJN, Nascimento, LM Levantamento florístico da flora serrana da Reserva iológica de Serra Negra, microrregião de Itaparica, Pernambuco, rasil. cta otanica rasilica, v. 16, p Rodrigues MT, Herpetofauna da aatinga. In: Tabarelli M, Silva JM & Leal I (Eds.). iogeografia, Ecologia e onservação da aatinga. Editora da Universidade Federal de Pernambuco. Recife. Sampaio, EVS, ndrade-lima, Gomes M F, O gradiente vegetacional das caatingas e áreas anexas. Revista rasileira de otânica, v. 4, p Sampaio EVS, aracterização da caatinga e fatores ambientais que afetam a ecologia das plantas lenhosas. In: Sales V (Ed.). Ecossistemas brasileiros: manejo e conservação. Fortaleza, Expressão Gráfica e Editora. Tabarelli M, Silva JM, Áreas e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da aatinga. In: Leal IR, Tabarelli M, Silva JM (Eds.). Ecologia e onservação da aatinga. Universidade Federal de Pernambuco, Recife. Taylor NP, Zappi, istribuição das espécies de actaceae na caatinga. In: Vegetação e flora das caatingas. Sampaio EVS, Giulietti M, Virgínio J, Gamarra- Rojas FL (Ed.). PNE / NIP, Recife, PE. MM- Ministério do Meio mbiente, Monitoramento dos biomas brasileiros: ioma aatinga. rasília: MM. ISSN:
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