A EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA: UMA ABORDAGEM IMPRESCINDÍVEL
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- Liliana Gameiro Fernandes
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1 A EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA: UMA ABORDAGEM IMPRESCINDÍVEL Isadora Araujo Fernandes Universidade Estadual da Paraíba Aline Pereira Rodrigues Universidade Estadual da Paraíba Fabiana Medeiros do Nascimento Silva Universidade Estadual da Paraíba Gabriele de Oliveira Universidade Estadual da Paraíba Resumo. Este trabalho de pesquisa teve como objetivo realizar atividades experimentais com turmas de 3 ano do Ensino Médio das escolas Estaduais, dos municípios de Esperança e Areial - PB. Na metodologia, utilizou-se como fonte principal de dados entrevistas, questionários e aulas práticas realizados com alunos do 3 ano de ambas as escolas. Como instrumento de análise dos dados foi utilizado a análise de conteúdo para aferir o desempenho dos estudantes nas atividades experimentais realizadas durante a pesquisa. Observou-se que os estudantes que participaram da pesquisa se sentiram mais motivados no sentido da construção do conhecimento escolar no campo da ciência química, quando a experimentação caminha concomitantemente com as aulas teóricas apenas expositivas. Palavras-chave: Ensino de Ciências Naturais, Ensino de Química, Experimentação. 1.0 Introdução. Segundo Porlán e Moraes (2002), a idéia predominante entre professores de Química, supervisores de ensino, pais e alunos é que a experimentação é essencial para o bom ensino de Química. Estabelece como regra geral, o uso de atividades experimentais, nas escolas de Ensino Médio, e afirmam que, sem elas, o ensino da Química se torna pouco produtivo e eficaz, tornando a disciplina chata e nem um pouco interessante. Todo professor de Química consciente de seu papel como educador e preocupado em melhorar suas atividades de ensino, com certeza, deve colocar em discussão a utilização das atividades experimentais; mesmo que na escola que se trabalha não existam laboratórios de Química, cabe ao professor realizar experimentos fáceis, utilizando materiais alternativos a fim de tornar a aula mais interessante. (PÓRLAN e MORAES, 2002). O sistema educacional como um todo passa por graves problemas. Muitos desses problemas estão relacionados com as práticas educativas. Estas, muitas vezes, conseguem despertar o interesse dos alunos nos primeiros anos de atividades escolar, já que buscam ser motivadoras e de importante papel no desenvolvimento psicológico ao individuo (CARRETERO, 1997, p.9). A partir da idade de dez anos, aproximadamente
2 o aluno possui uma maior capacidade cognitiva. Nesse momento, os conteúdos se tornam mais acadêmicos e o interesse pela escola diminui em decorrência dessa formalização do ensino e do distanciamento dos conteúdos da vida cotidiana (Idem, p.9). Um dos desafios atuais do ensino de Química nas escolas de nível médio principalmente em escolas públicas, é construir uma ponte entre o conhecimento ensinado e o mundo cotidiano dos alunos. Não raro, a ausência deste vínculo gera apatia e distanciamento entre os mesmos e atinge também os próprios professores. Ao se restringirem a uma abordagem estritamente formal, eles acabam não contemplando as várias possibilidades que existem para tornar a ciência mais palpável e associa lá com os avanços científicos e tecnológicos atuais que afetam diretamente a nossa sociedade. (CARRETERO, 1997, p.9). Na disciplina de Química, poucos alunos se interessam para aprender a parte teórica, tornando-se uma aula chata e cansativa. Logo, cabe ao professor trazer outras técnicas mais interessantes, para que o aluno possa se sentir mais estimulado; uma das técnicas que pode ser utilizada são as atividades experimentais com materiais de fácil acesso. Ao se trabalhar com essas atividades, percebe-se o interesse muito maior dos alunos, para com as aulas de Química. Ao realizar este trabalho de pesquisa, buscou-se respostas aos questionamentos a respeito do papel da experimentação e dos seus benefícios educativos. Para que esse processo de busca fosse traduzido, houve a necessidade de conhecer as concepções que os alunos apresentam sobre atividades experimentais. Nessa perspectiva, este trabalho teve como objetivo realizar atividades experimentais com as turmas dos 3 anos de ambas as escolas investigadas (Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Monsenhor José da Silva Coutinho Esperança - PB e a Escola de Ensino Fundamental e Médio Francisco Apolinário da Silva Areial PB), a fim de verificar qual o desempenho deles nessas atividades. Após o término das atividades experimentais foi aplicado um questionário, a fim de verificar quais as opiniões dos alunos com relação à inclusão de aulas práticas (experimentos) na disciplina Química. 2.0 Referencial teórico 2.1 Dificuldades de aprendizagem no Ensino de Química
3 O ato de ensinar é de imensa responsabilidade. Cabe ao professor dirigir a aprendizagem e é em grande parte por causa dele que os alunos passam a conhecer ou continuam a ignorar a Química. As aulas expositivas memorativa não são as únicas alternativas para ensinar Química, nem são as melhores. É necessário ainda fazer uma reflexão para decidir o quanto ensinar de Química, como ordenar os assuntos tratados, de que maneira utilizar as atividades práticas e como proceder a uma avaliação justa e rigorosa do que foi aprendido (Enéas Torricelli - Não é suficiente conhecer Química; é também preciso saber ensiná-la, e isso não se faz por meio de atitudes mecânicas desvinculadas de uma reflexão mais séria. Podem-se encontrar maneiras mais eficaz de transmitir essa disciplina. Além disso, o ensino de Química deve estar estruturado de tal forma que permita ao professor trabalhar melhor (ensinar com facilidade) e ao aluno aprender melhor (absorver o que lhe foi ensinado) (Enéas Torricelli - Durante o percurso através dos diversos níveis de ensino, é natural que se alterem as estratégias para acompanhar a crescente capacidade de abstração dos estudantes. Porém, a minuciosidade na observação e o planejamento cuidadoso das atividades de experimentação e de estudo deverão ser levados em consideração, tanto no ensino fundamental como no superior e em todos os níveis intermediários (Enéas Torricelli - Em todos eles deverão estar presentes o espírito de indagação e o esforço para explicar e concluir, embora guardando as limitações e direcionamentos ditados pelas diferenças nos conhecimentos teóricos, pela capacidade de abstração e pela disponibilidade mental de recursos tais como os modelos físicos e matemáticos adequados a cada caso. A maioria dos professores de Química do ensino médio e superior concorda que o ensino da disciplina apresenta muitos problemas. É fácil constatar também que a maior parte das pessoas, mesmo após freqüentar a escola de ensino fundamental e médio sabe muito pouco de Química. Pouquíssimas delas conseguem se posicionar sobre problemas que exijam algum conhecimento dessa matéria. No entanto, a Química está relacionada a quase tudo em sua vida e elas precisam saber disso. Quando alguém come, respira, pensa, está realizando processos químicos.
4 As pessoas geralmente saem da escola sem saber quase nada de Química devido a ênfase exagerada dada à memorização de fatos, símbolos, nomes, fórmulas, reações, equações, teorias e modelos que ficam parecendo não ter quaisquer relações entre si. Outro ponto é a total desvinculação entre o conhecimento químico e a vida cotidiana. O aluno não consegue assim perceber as relações entre aquilo que estuda nas salas de aulas, a natureza e a sua própria vida. Mais um problema é a ausência de atividades experimentais bem planejadas. Os alunos quase nunca têm oportunidade de vivenciar alguma situação de investigação, o que lhes possibilita aprender como se processa a construção do conhecimento químico. A utilização de atividades experimentais bem planejadas facilita muito a compreensão da produção do conhecimento em Química, e, sem compreensão, é difícil aprender a disciplina (Enéas Torricelli A atividade experimental no ensino de Química O ensino experimental tem sido considerado um recurso útil para promover a aprendizagem de ciências. Pesquisas revelam, entretanto, que muitos professores apresentam uma visão simplista da experimentação, imaginando ser possível comprovar a teoria no laboratório, ou que a partir do laboratório se possa chegar à teoria. Desta forma, pode-se considerar que pouco contribuirá para a aprendizagem significativa (ZANON e SILVA, 2000). Além disso, às vezes as atividades experimentais quando realizadas, têm como objetivo verificar conceitos já lecionados, se tornando meramente uma coleta de dados, não levando em conta a interpretação dos resultados, não tendo características de um processo investigativo e não fazendo aflorar alguns objetivos educacionais do processo cognitivo: conhecer, compreender, aplicar, analisar, sintetizar e avaliar (DOMIN, 1999). Não havendo uma articulação entre os dois tipos de atividades, isto é, a teoria e a prática, os conteúdos não serão muito relevantes à formação do individuo ou contribuirão muito pouco ao desenvolvimento cognitivo deste. Porém, ao que parece, o ensino de Química não tem oferecido condições para que o aluno a compreenda enquanto conceitos e nem quanto a sua aplicação no dia-a-dia. Em todos os cursos de capacitação da rede pública, a ausência de atividades experimentais, as chamadas aulas práticas, é frequentemente apontada pelos professores como uma das principais deficiências no ensino das disciplinas científicas no ensino
5 fundamental e médio, por diversas e bem conhecidas razões. Se por um lado isso indica que há alguma percepção da importância da experimentação na ciência, por outro lado, Nardi (1998) observa também que os principais argumentos utilizados pelos professores para justificar a necessidade das atividades experimentais se apóiam majoritariamente em uma concepção de ciência ultrapassada e há muito tempo criticado pelos filósofos da ciência: A função do experimento é fazer com que a teoria se adapte a realidade, pode-se pensar que, como atividade educacional isso poderia ser feito em vários níveis, dependendo do conteúdo, da metodologia adotada ou dos objetivos que se quer com a atividade. 3.0 Metodologia 3.1 Caracterização da Área e da população Pesquisada. O estudo foi conduzido no período de julho a agosto de 2008, na E.E.E.F.M. Monsenhor José da Silva Coutinho situada no município de Esperança - PB, e na E.E.E.F.M. Francisco Apolinário da Silva situada no município de Areial PB. A população amostral utilizada para o estudo constituiu-se de 20 alunos do 3 ano do ensino médio da E.E.E.F.M. Monsenhor José da Silva Coutinho e de 20 alunos do 3 ano médio da E.E.E.F.M. Francisco Apolinário da Silva, totalizando um grupo de 40 alunos que representaram a rede pública dos dois municípios de Esperança e Areial, para este estudo. 3.2 Coleta e Análise dos Dados. A coleta de dados foi feita através de atividades práticas realizadas com os alunos, posteriormente foram aplicados questionários e realizadas entrevistas, a fim de saber a opinião dos alunos sobre as atividades experimentais. 4.0 Resultados e Discussões. Os resultados obtidos mostraram que os alunos se interessam muito mais pela Química com as aulas práticas (experimentos) do que nas aulas teóricas. Segundo os alunos que participaram da pesquisa deste trabalho, a Química não é uma matéria tão chata quanto se escuta falar, para eles, depende muito do professor e da sua didática.
6 Na figura 1, os alunos mostraram que a Química não é uma matéria tão rejeitada como se parece, porém a aceitação dessa disciplina ainda não é muito boa. Na figura 2 os estudantes afirmaram que seu professor ensina com prazer e se preocupa com o aluno, isso de toda forma ajuda no aprendizado e no interesse do aluno para com a disciplina. Na figura 3 os rendimentos destes alunos estão entre bom e regular. Na figura 4 mostra que o rendimento dos conteúdos ministrados pelo professor são bons, fazendo uma ponte entre a teoria e a prática sempre que puder melhoraria bastante esse ponto. Na figura 5 o resultado foi 100%, todos os alunos acreditam que é bem mais fácil aprender esta matéria quando se utiliza além das aulas expositivas, atividades práticas. Sim Não Química? Figura 1-Pergunta feita: Vocês gostam da disciplina Ensina com prazer Cumpre sua obrigação Se preocupa com o aluno professor Figura 2 Opinião dos alunos sobre seu Ruim Regular Bom Ótimo Figura 3 Rendimento na disciplina Química Ruim Regular Bom Ótimo pelo professor Figura 4 Rendimento nos conteúdos ministrados
7 Sim Não Figura 5 Importância das aulas práticas para o entendimento do ensino de Química A entrevista realizada obteve 100% das respostas, ou seja, todos os alunos tiveram a mesma opinião. Nas duas escolas que foram entrevistadas, nenhuma apresenta laboratório de Química; todos os alunos afirmaram que o professor já utilizou atividades experimentais e acharam essas aulas muito boas. Para eles as aulas experimentais são importantes e o professor deveria realizá-las mais vezes. 5.0 Conclusão É necessário perceber que o experimento faz parte do contexto normal da sala de aula, não simplesmente como um momento que isola a teoria da prática. Numa perspectiva empírico-indutivista como prega o modelo construtivista, não é verdade que da experimentação nasça à teoria, mas é clara a necessidade dos alunos se relacionarem com os fenômenos sobre os quais se referem os conceitos. (SCHNETZLER e ARAGÃO, 1995). A Química não se resume apenas a atividades experimentais, cabe ao professor refletir formas que possa estimular o aluno a se interessar pela disciplina. O aprendizado de Química por meio de observações de experimentos, contribui para uma melhor formação do aluno no Ensino Médio e auxilia na desmistificação de que a Química não é uma disciplina difícil e puramente teórica, mas está totalmente relacionada com a prática e se encontra muito mais presente nas nossas vidas do que podemos imaginar. As aulas práticas é um dos fatores que tem a capacidade de diminuir o desinteresse dos alunos para com a disciplina, mas o problema do desestímulo do aluno ao estudar a disciplina, não se resume a apenas não se realizar atividades experimentais e sim está contida em um contexto em geral que é gerado ás vezes pela falta de motivação dos próprios pais e professores, entre outros motivos que estão presentes em todas as escolas de rede pública do ensino médio. 6.0 Referências Bibliográficas
8 CARRETERO, Mário. Construtivismo e Educação Porto Alegre: Artes Médicas, DOMIN, Daniel S. (1999) A review of Laboratory Instruction Styles. In: Journal of Chemical Education. 76 (4, p.543-7). NARDI, Roberto Questões Atuais no ensino de ciências. São Paulo: Escrituras, PORLÁN, R. A.; MORAES, R. Projeto Investigação e renovação Escolar (IRES): opções de uma hipótese de progressão educativa. Revista Educação; Porto Alegre, n.47, p jan SILVA, L. H. A.; ZANON, L. B. A experimentação no ensino de ciências. In: Ensino de Ciências: fundamentos e abordagens. Piracicaba: CAPES/ UNIMEP, p SCHNETZLER, R.P.; ARAGÃO, R.M.R. Ensino de Ciências: fundamentos e abordagens. Piracicaba: CAPES/ UNIMEP, p TORRICELLI, Enéas
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