Comportamento do mercado de trabalho formal em Montes Claros

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1 0 Comportamento do mercado de trabalho formal em Montes Claros Montes Claros (MG) Janeiro de 2018

2 1 Faculdades Santo Agostinho (FASA) Faculdade de Direito Santo Agostinho (FADISA) Observatório do Acesso ao Trabalho e Justiça (OATJUS) Prof. Dr. Antonio Augusto Moura Diretor-Geral Faculdades Santo Agostinho Profª Tilde Miranda Sarmento Coordenadora de Ensino Rahyan de Carvalho Alves Coordenador de Extensão Profª Drª Emanuelle Ferreira Melo de Pinho Coordenadora de Pesquisa Prof. Dr. Rafael Soares Duarte de Moura Coordenador do Curso de Direito Profª Cyntia Mirella Cangussu Fernandes Salles Coordenadora Adjunta do Curso de Direito Profª Ma.Tatiana de Souza Araújo Antunes Coordenadora Adjunta do Curso de Direito Prof. Dr. Gilson Cássio de Oliveira Santos Coordenador do Observatório do Acesso ao Trabalho e a Justiça (OATJUS) Yara Emanuele Gomes Ribeiro Membro (OATJUS) Pedro Henrique Monteiro de Brito Membro (OATJUS) Antônio Luiz Fagundes Meireles Júnior Membro (OATJUS) Pedro Henrique de Jesus Santos Membro (OATJUS)

3 2 Comportamento do mercado de trabalho formal em Montes Claros Gilson Cássio de Oliveira Santos 1 Introdução O presente estudo tem como principal objetivo observar os fluxos do mercado de trabalho formal em Montes Claros (MG) no curso do ano Tentou-se atender a tal objetivo com a observação da variação contratual através da comparação entre os números de admitidos e demitidos a cada mês. Para tanto, foram avaliados os dados fornecidos pelo Castro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho. Os dados foram monitorados em relação ao saldo de trabalhadores a cada mês, estratificando-se por Grande Setor de Atividade Econômica, sexo do trabalhador, idade, salário, escolaridade, renda e tempo de duração do contrato. Tais informações foram apresentadas a partir da utilização de estatística descritiva, com a instrumentalização de distribuição de frequência e médias aritméticas. As análises postas aqui levaram a constatação da diminuição do estoque de trabalhadores formais pelo terceiro ano consecutivo em Montes Claros, embora seja também evidente a redução no déficit no mercado de trabalho local a cada ano, na mesma série histórica, como será explicitado a seguir. Resultados e discussões Segundo informações do Ministério do Trabalho, na comparação entre o número de trabalhadores admitidos e desligados, registrou-se déficit na 1 Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sociólogo da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), professor das Faculdades Santo Agostinho (FASA) e coordenador do Observatório do Acesso ao Trabalho e a Justiça (OATJUS/FASA).

4 3 contratação formal em Montes Claros por três anos consecutivos. Em 2017 verificou-se uma redução de 233 vagas formais, contudo, o período mencionado aponta diminuição do déficit do mercado de trabalho local, já que em 2015 foram fechadas 296 vagas e em 2016 ocorreu uma perda de 270 trabalhadores formais. Gráfico 1 Variação absoluta entre os trabalhadores admitidos e demitidos em Montes Claros (MG) 2015, 2016 e 2017 Fonte: CAGED O setor da construção civil liderou as perdas de trabalhadores no ano Nesse setor ocorreu uma diminuição de 603 vagas de trabalho, a indústria perdeu 244 e a agropecuária evidenciou 10 a menos. De outra forma, os setores do comércio e de serviços destacaram-se com saldo positivo de trabalhadores, evitando que a perda no mercado de trabalho formal em Montes fosse ainda maior. O setor de serviços liderou em número de contratações, apresentando um superávit de 564 postos de trabalho e o comércio expandiu o número de trabalhadores com 60 vagas. Março foi o mês de maiores perdas, denotando uma redução de 488 trabalhadores, ficando dezembro em segundo lugar com 233 vagas de trabalho a menos no cômputo anual. Tanto no mês de março quanto em dezembro, apenas o setor da agropecuária apontou saldo positivo. De outro modo, abril e janeiro evidenciaram as maiores elevações na variação entre os contratados e os demitidos, tendo aumentado 529 postos formais de trabalho em abril e 494 no mês de janeiro.

5 4 Gráfico 2 - Variação absoluta entre os trabalhadores admitidos e demitidos em Montes Claros (MG) 2017 As profissões que tiveram maior número de contratos efetivados foram: operador de telemarketing, vendedor de comércio varejista, servente de obras, auxiliar de escritório, faxineiro, assistente administrativo, operador de caixa e pedreiro. E as que registraram mais demissões foram: operador de telemarketing, vendedor de comércio varejista, servente de obras, auxiliar de escritório em geral, pedreiro, faxineiro, assistente administrativo, operador de caixa, atendente de lanchonete e recepcionista em geral. Tabela 1 Variação absoluta entre os trabalhadores admitidos e demitidos segundo Grande-setor de atividade econômica em Montes Claros (MG) 2017 Setores Jan fev mar abr mai jun jul Ago set out nov dez Ano Industria Construção Civil Comércio Serviços Agropecuária Total Deve-se ressaltar que essas profissões denotam grande rotatividade. Elas estão entre as que mais se contratam e as que mais se demitem, contudo,

6 5 as profissões que apresentaram saldos mais elevados no comparativo entre admitidos e desligados foram: cozinheiro industrial, trabalhador da cultura de cana-de-açúcar, agente de vendas de serviços, gelador profissional, produtor de flores de corte, produtor de cultura de dendê, atleta profissional de luta, coordenador de provas (concurso, avaliação, exame), operador de linha de montagem (parelhos elétricos) e supervisor de bombeiros. Tabela 2 Variação absoluta entre os trabalhadores admitidos e demitidos segundo sexo em Montes Claros (MG) 2017 Total jan fev mar Abr mai jun jul ago set out nov dez Ano Masculino Feminino Total Na avaliação de sexo verifica-se perda de trabalhadores do sexo masculino em 495 vagas. Quanto às mulheres houve criação de 262 contratos de trabalho no cômputo do ano 2017, de acordo o evidenciado pela Tabela 2. Gráfico 3 - Variação absoluta entre os trabalhadores admitidos e demitidos segundo escolaridade em Montes Claros (MG) 2017

7 6 Quanto à idade dos trabalhadores, os dados mostram que o mercado de trabalho local foi mais favorável aos mais jovens. Das sete faixas etárias avaliadas somente duas apresentaram saldo positivo, elas são exatamente as de menos idade. Na faixa de até 17 anos houve crescimento de 255 postos de trabalho e entre os trabalhadores com 18 a 24 anos ocorreu uma expansão de vagas de empregos. Todas as outras faixas etárias superiores e essas demonstraram déficit. Aquela que evidenciou maiores perdas de trabalhadores foi a de 30 a 39 anos. Em se tratando de escolaridade, pode-se afirmar que o déficit do emprego formal em Montes Claros no ano 2017 se deu entre os trabalhadores com menor instrução. No grupo daqueles que possuem escolaridade até o ensino fundamental completo ocorreu uma redução de 584 contratos. De outro modo, entre os que possuem formação até o ensino médio completo houve estabilidade, tendo um pequeno superávit de sete contratos. Na faixa de escolaridade dos que possuem curso superior incompleto ou completo o crescimento se deu de forma mais expressiva ostentando 344 postos de emprego. Pode-se também afirmar que o saldo negativo dos empregos na localidade foi impulsionado por empregos com rendimento entre dois sete salários. De forma contrária, entre as faixas salariais menores houve crescimento das contratações. É o caso dos que recebem até um salário mínimo, tendo expansão de 294 vagas formais, e, em menor medida, dos que ganham até dois salários, com aumento de 17 vagas formas. A maior redução de contratos ocorreu entre os trabalhadores que ganham de dois a três salários. Nessa faixa a diminuição contratual foi registrada em 262 postos de emprego. Em segundo lugar no ranking negativo desponta a faixa de três a cinco salários com perda de 193 trabalhadores. Já as faixas salariais mais elevadas se mostraram estáveis, evidenciando pequenas reduções de vagas, como é explicitado no Gráfico 4. É importante ressaltar, porém, que a movimentação dos contratos superiores a sete salários é muito baixa. Demite-se pouco, mas contrata-se pouco. Isso ajuda a explicar o fato de haver saldo negativo pequeno nas faixas salariais superiores.

8 7 Gráfico 4 - Variação absoluta entre os trabalhadores admitidos e demitidos segundo faixa salarial em Montes Claros (MG) 2017 No que tange a tempo de duração de contratos, percebe-se que os contratos que sofreram as maiores perdas na comparação entre os admitidos e os desligados foram os que duraram entre seis meses e dois anos. Aqueles contratos mais estáveis tiveram menos perdas. A faixa de tempo de serviço que liderou as perdas foi três a seis meses incompletos, com redução de 424 vagas. A faixa de tempo contratual de 120 meses (dez anos) ou mais apontou uma redução menor de 92 posto de emprego. O Gráfico 5 evidencia um declínio da diminuição de vagas a medida que se eleva a faixa de tempo no emprego a partir da faixa entre 12,0 e 23,9 meses (um a dois anos de trabalho). Tal fato denota que o déficit apresentado pelo mercado de trabalho de Montes Claros ocorreu prevalentemente entre os trabalhadores com menor tempo de atividade em sua respectiva vaga. Em suma, as empresas optam por poupar os funcionários que estão a maior tempo na empresa, preferindo demitir aqueles que possuem contratos mais recentes. Tal opção não se relaciona com a idade do trabalhador, já que foi demonstrada a redução mais acentuada entre os trabalhadores com mais idade.

9 8 Gráfico 5 - Variação absoluta entre os trabalhadores admitidos e demitidos segundo faixa de tempo no emprego em Montes Claros (MG) 2017 Considerações Finais O déficit dos empregos formais em 2017 não é homogêneo. O correu diferentemente entre homens e mulheres, entre jovens e pessoas de mais idade, entre trabalhadores menos escolarizados e aqueles mais qualificados e também há diferença em relação aos que ganham menos comparados aos que possuem salários mais elevados. O perfil do déficit é de homens, de menor escolaridade, com idade superior aos trinta anos, remuneração entre dois e sete salários e que tiveram contratos curtos na empresa de onde foram demitidos. Esse perfil geral não representa uma regra geral inviolável, contudo, uma tendência no ano em análise. Ainda assim, pode-se dizer que as mulheres tiveram maiores chances de serem contratadas em 2017, do mesmo modo, pessoas mais jovens e indivíduos com maior escolaridade. Pode-se afirmar também que trabalhadores com mais de cinco anos de contrato tiveram maiores condições de permanecerem na mesma empresa.