O BATÓLITO GUAPOREÍ UMA INTRUSÃO MESOPROTEROZÓICA DO COMPLEXO GRANITÓIDE PENSAMIENTO EM MATO GROSSO, SW DO CRÁTON AMAZÔNICO.

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1 O BATÓLITO GUAPOREÍ UMA INTRUSÃO MESOPROTEROZÓICA DO COMPLEXO GRANITÓIDE PENSAMIENTO EM MATO GROSSO, SW DO CRÁTON AMAZÔNICO.

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3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO Reitora Maria Lúcia Cavalli Neder Vice-Reitor Francisco José Dutra Souto Pró-Reitora de Pós Graduação Leny Caselli Anzai INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA Diretor Edinaldo de Castro e Silva DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS Chefe Jackson Douglas Silva da Paz Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Geociências Márcia Aparecida de Sant ana Barros iii

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5 CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Nº13 O BATÓLITO GUAPOREÍ UMA INTRUSÃO MESOPROTEROZÓICA DO COMPLEXO GRANITÓIDE PENSAMIENTO EM MATO GROSSO, SW DO CRÁTON AMAZÔNICO. Patrícia Alves Nalon Orientadora Profa. Dra. Maria Zélia Aguiar de Sousa Co-Orientador Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências do Departamento de Geologia da Faculdade de Geologia da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em Geologia Área de Concentração: Evolução Crustal e Geologia Regional CUIABÁ 2010 v

6 Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Ciências Exatas e da Terra Curso de Geologia Departamento de Recursos Minerais Programa de Pós-Graduação em Geociências ppgec@cpd.ufmt.br Campus Cuiabá Avenida Fernando Corrêa, s/nº - Coxipó Cuiabá, Mato Grosso Fone: (65) Fax: (65) E.mail: Os direitos de tradução e reprodução são reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos, ou utilizada sem a observância das normas de direito autoral. Depósito Legal na Biblioteca Nacional Edição 13 a Catalogação elaborada pela Biblioteca Central do Sistema de Bibliotecas e Informação SISBIB Universidade Federal de Mato Grosso Nalon, Patrícia Alves O BATÓLITO GUAPOREÍ UMA INTRUSÃO MESOPROTEROZÓICA DO COMPLEXO GRANITÓIDE PENSAMIENTO EM MATO GROSSO, SW DO CRÁTON AMAZÔNICO. [manuscrito]. / Patrícia Alves Nalon 2010 xiv, 68f.; il. Color. (Contribuições às Ciências da Terra, n. 13). Orientadora: Profa. Dra. Maria Zélia Aguiar de Sousa Co-Orientador: Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz Dissertação (Mestrado): Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Ciências Exatas e da Terra. Faculdade de Geologia. Departamento de Geologia. Programa de Pós-Graduação em Geociências. Área de Concentração: Evolução Crustal e Geologia Regional 1. Geologia Dissertação. 2. SW do Cráton Amazônico Dissertação. 3. O Batólito Guaporeí Dissertação. 4. Estudo petrológico Dissertação. I. Universidade Federal de Mato Grosso. Departamento de Geologia. II. Título. CDU:... vi

7 Dedicatória Aos meus pais! vii

8 Agradecimentos Os meus mais sinceros agradecimentos vão para todas as pessoas que contribuíram para a realização e conclusão deste trabalho. Agradecimento especial às pessoas: A minha querida orientadora Maria Zélia Aguiar de Sousa por ter me aceito aos 45 do segundo tempo e por todo conhecimento geológico, sabedoria, apoio incondicional e estima a mim dispensados; Ao meu co-orientador Dr. Amarildo Salinas Ruiz por ter me presenteado com o Guaporeí, pela ajuda em campo, por todo o auxílio em estrutural e na realização deste trabalho. À mestre e amiga Maria Elisa Fróes Batata, pelas inúmeras ajudas (principalmente com material para leitura e sites) além da grande generosidade; Ao amigo mestrando Fernando Lisboa P. de Figueiredo pelas valiosas discussões sobre geologia, principalmente sobre o terreno Paraguá, pelo incansável auxílio em estrutural e na confecção dos mapas; A CAPES pela concessão de bolsa durante todo o mestrado e ao PROCAD nº. 096/2007 pelo custeio das análises químicas/geocronológicas. Muito obrigada a todos! viii

9 Sumário Agradecimentos... viii Sumário... ix Lista de Figuras... x Lista de Tabelas... xii Resumo... xiii Abstract... xiv Capítulo Introdução... 1 APRESENTAÇÃO DO TEMA... 1 OBJETIVO... 1 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO... 1 MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA... 2 ETAPA DE PREPARAÇÃO... 2 ETAPA DE AQUISIÇÃO DOS DADOS... 3 CAMPO... 3 LABORATÓRIO... 3 Análises Petrográficas... 3 Geoquímica de rocha... 3 Geocronologia... 4 Geocronologia Pb-Pb em zircão (evaporação)... 4 Análises isotópica Sm-Nd (rocha total)... 5 ETAPA DE TRATAMENTO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS... 6 ETAPA DE ELABORAÇÃO DA DISSERTAÇÃO... 6 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL... 7 SUDOESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO... 8 Província Rondoniana San Ignácio... 8 Terreno Paraguá... 9 PETROGRAFIA DO BATÓLITO GUAPOREÍ CARACTERIZAÇÃO DEFORMACIONAL DO GRANITO GUAPOREÍ GEOQUÍMICA GEOCRONOLOGIA Pb-Pb em zircão (evaporação) Resultado Sm-Nd em Rocha Total CONCLUSÕES REFERÊNCIAS Capítulo Artigo ix

10 Lista de Figuras Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo Figura 2 - Localização da área estudada no mapa de compartimentação geocronológica e tectônica do cráton Amazônico Figura 3 - Localização da área estudada no Mapa Tectônico do SW do cráton Amazônico, em Mato Grosso, Rondônia e oriente da Bolívia Figura 4 - Mapa geológico do terreno Paraguá na região de Vila Bela da Santíssima Trindade- MT Figura 5 Ilustrações de afloramentos e amostras do batólito Guaporeí Figura 6 Fotografias de rochas do batólito Guaporeí ilustrando variedades composicionais e texturais Figura 7 Diagrama classificatório QAP para as rochas do batólito Guaporeí Figura 8 - Fotomicrografias das rochas do batólito Guaporeí Figura 9 - Aspectos de campo ilustrando a foliação penetrativa S 1 e as discretas zonas de cisalhamento paralelas a S Figura 10 Estereograma para pólos da foliação S 1 do Granito Guaporeí Figura 11 - Fotomicrografia das rochas do Batólito Guaporeí Figura 12 -: Diagramas de variações de Harker para elementos maiores (expressos em óxidos) das rochas do batólito Guaporeí Figura 13: Diagramas de variações de Harker para elementos traços de rochas do batólito Guaporeí Figura 14 - Diagramas classificatórios para o Granito Passagem: (A) Al 2 O 3 versus TiO 2 (Cattalani & Bambic 1994); (B) álcalis versus sílica (Le Maitre 1989); (C) SiO 2 versus Zr/TiO 2 (Winchester & Floyd 1977); (D) R 1 R 2 (La Roche 1980) Figura 15 - Diagramas geoquímicos para as rochas do batólito Guaporeí: (A) Total de álcalis versus sílica e (B) AFM (Irvine & Baragar 1971); (C) Total de álcalis versus sílica (Middlemost 1991); (D) K 2 O% versus SiO 2 % (Le Maitre 2002); (E) A/NK versus A/CNK (Maniar & Piccoli 1989) Figura 16 - Padrões de distribuição das rochas do batólito Guaporeí nos diagramas: Em (A) a (D) ETR, normalizados pelos valores condríticos (Nakamura 1977). (E) Elementos traço e K 2 O das rochas do batólito Guaporeí, normalizados pelos valores dos granitos de Cordilheira Meso-Oceânica (Pearce et al. 1984) x

11 Figura 17: Diagramas de classificação tectônica para o Batólito Guaporeí: (A) Rb versus Y+Nb (Pearce et al. 1984, Pearce 1996); (B) Hf-Rb/30-Ta*3 (Harris et al. 1986) Figura 18- Fotomicrografia de cristais de zircão da amostra JR76 selecionados para a datação.. 31 Figura 19 Diagrama idade versus cristais de zircão para a amostra JR76 do Batólito Guaporeí xi

12 Lista de Tabelas Tabela 1 Coluna estratigráfica com as principais unidades que constituem o terreno Paraguá na área estudada Tabela 2- Relação dos granitos que configuram o Complexo Granitóide Pensamiento Tabela 3 - Composição química de elementos maiores, menores e traços (óxidos % em peso e ppm) de rochas do batólito Guaporeí Tabela 4 -. Continuação composição química de elementos maiores, menores e traços (óxidos % em peso e ppm) de rochas do batólito Guaporeí Tabela 5 Dados isotópicos de Pb de multigrãos de zircão do Batólito Guaporeí Tabela 6 Dados analíticos de Sm-Nd do Batólito Guaporeí xii

13 Resumo O batólito Guaporeí é um corpo de aproximadamente 240km 2 com trend NW, localizado na região de Vila Bela da Santíssima Trindade, estado de Mato Grosso. Situa-se na interface tectônica dos domínios da província Rondoniana-San Ignácio, no terreno Paraguá, na porção meridional do cráton Amazônico. É formado por sieno a monzogranitos, granodioritos e quartzo-monzonitos e, subordinadamente, trondjemitos caracterizados por textura inequigranular fina - grossa a porfirítica/porfiroclástica, que têm biotita como mineral máfico primário, por vezes, associado a anfibólio, metamorfizadas na fácies xisto verde e milonitizadas quando em zonas de cisalhamento. Estudos litoquímicos identificam um magmatismo cálcioalcalino de alto potássio, metaluminoso a levemente peraluminoso, gerado em ambiente de arco magmático sin-colisional, evoluído por cristalização fracionada associada à assimilação crustal. Duas fases de deformação marcam a evolução compressional da orogenia San Ignácio impressas, nestas rochas, pelo estiramento e alinhamento mineral evidenciados pelas foliações S 1 e S 2. Determinação geocronológica obtida pelo método de evaporação Pb-Pb em zircão, forneceu idade de ,5 Ma para sua cristalização, enquanto dados Sm-Nd, em rocha total, indicam idade modelo T DM em torno de 1,7 Ga e valor negativo para εnd (t=1,3) (-14), corroborando a idéia de participação crustal. Tais resultados permitem interpretar as rochas do batólito Guaporeí como produtos derivados do manto superior segregados para a crosta durante o paleoproterozóico. Os resultados obtidos apontam semelhanças entre estas rochas e aquelas da contra-parte boliviana, reforçando a idéia de continuidade crustal do Complexo Granitóide Pensamiento em território brasileiro. Palavras-chave: batólito Guaporeí, Complexo Granitóide Pensamiento, Terreno Paraguá. xiii

14 Abstract THE GUAPOREÍ BATHOLITH - AN MESOPROTEROZOIC INTRUSION OF PENSAMIENTO GRANITOID COMPLEX IN MATO GROSSO, SW AMAZONIAN CRATON The Guaporeí batholith is a 240km 2 body of extension with a NW direction, located in Vila Bela da Santíssima Trindade, at Mato Grosso State. It is situated in the domains of Rondoniana-San Ignacio Province, in Paragua terrane, in the southern portion of Amazon craton. It consists of the syeno to monzogranite, granodiorite and quartz-monzonite and trondhjemite subordinate characterized by inequigranular fine to coarse and porphyritic/porphyroclastic texture. The biotite is the mafic primary mineral, sometimes associated with amphibole, metamorphosed in the greenschist facies and mylonitized, when near shear zones areas. Litochemistry data showed a calcium-alkaline of high potassium magmatismo with metaluminous to peraluminous character, generated in syn-collisional magmatic arc environment, evolved by fractional crystallization associated to crustal assimilation. Two stages of deformation mark the evolution of San Ignacio compressional orogeny characterized by stretching and alignment mineral and by S 1 and S 2 foliations. Geochronological determination obtained by the single zircon Pb-evaporation method yield a crystallization age of ,5 Ma, whereas Sm-Nd whole rock indicate T DM model ages of ca. 1,7 Ga and negative value εnd (t = 1,3) values of -14, revealing crustal participation. These results show that the Guaporeí batholith is a upper mantle product segregated to the crust in the Paleoproterozoic. The obtained data indicate similarities between these rocks and those of the Bolivian counterpart, supporting the idea of Pensamiento Granitoid Complex crustal continuity in Brazilian territory. Keywords: Guaporeí batholith, Pensamiento Granitoid Complex, Paragua terrane. xiv

15 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Capítulo 1 Introdução APRESENTAÇÃO DO TEMA O terreno Paraguá tem sido descrito como um fragmento crustal alóctone, acrescido à margem do proto-cráton Amazônico durante o Mesoproterozóico ou Neoproterozóico (Boger et al. 2005, Ruiz 2009, Bettencourt et al. 2010). Segundo Boger et al. (2005) sua aglutinação teria ocorrido durante a orogenia Sunsás (1,0 a 0,9 Ga), enquanto Ruiz (2005, 2009) e Bettencourt et al. (2010) sugerem a orogenia San Ignácio (1,37 a 1,3 Ga) como responsável pela colisão do terreno Paraguá ao cráton Amazônico. Desde Litherland et al. (1986) se reconhece em território boliviano um expressivo e volumoso magmatismo de natureza plutônica ácida, cujas idades variam desde 1,37 Ga até 1,30 Ga. Tais rochas foram agrupadas sob a designação Complexo Granitóide Pensamiento e classificadas, conforme o momento de sua colocação, como sin a pós-cinemáticos, em relação ao pico metamórfico e deformacional da orogenia San Ignácio. Na região de Vila Bela da Santíssima Trindade, sudoeste do estado de Mato Grosso, aflora a porção extremo oriental do terreno Paraguá limitada a leste pelo terreno Rio Alegre. Entre as unidades litoestratigráficas que constituem este terreno nessa região, destacam-se o embasamento gnáissico com idades Pb-Pb de 1651±4 (Figueiredo et al. 2009) que serve de encaixante para o granito Guaporeí além de plugs e diques do granito Passagem, ambos correlacionados ao Complexo Granitóide Pensamiento (Nalon et al c). O Grupo Aguapeí depositou-se, em discordância erosiva, sem apresentar deformação dúctil e metamorfismo, sobre os gnaisses e granitóides. OBJETIVO O propósito deste trabalho é caracterizar o batólito Guaporeí do ponto de vista petrográfico e estrutural e, com o emprego de litogeoquímica (elementos maiores, traços e terras raras) e geocronologia (Pb-Pb e Sm-Nd) definir seu significado petrológico e idade. Buscar-se-á também identificar seu posicionamento tectônico na evolução do Complexo Granitóide Pensamiento no terreno Paraguá, em território brasileiro. LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO A área de estudo está localizada na região de Vila Bela da Santíssima Trindade estado de Mato Grosso, na porção SW da Serra de Ricardo Franco; contida nos domínios da Folha Casalvasco (SD Z - D II), na escala de 1: , delimitada pelas seguintes coordenadas geográficas: 14º S e 60º W; 15º S e 59º W. A área do batólito perfaz cerca de 240 km 2 e o acesso é feito, a partir de Cuiabá através da BR 070 até Cáceres, em seguida pela BR-174 até Pontes e Lacerda e pela MT-246 até a cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade (Fig.1). O trajeto à área é realizado por estradas secundárias 1

16 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. não pavimentadas que permitem o acesso às fazendas da região. As condições de tráfego durante a estação de seca são boas, porém, no período das chuvas a locomoção em alguns trechos fica comprometida. Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo. MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA Os métodos empregados na realização desta pesquisa são os mesmos utilizados em mapeamentos geológicos sistemáticos e podem ser subdivididos em quatro fases: etapa de preparação; etapa de aquisição de dados (em campo e laboratório); etapa de tratamento e sistematização de dados e etapa de elaboração da dissertação. ETAPA DE PREPARAÇÃO Nesta etapa, fez-se o levantamento bibliográfico de trabalhos geológicos realizados na região sudoeste do cráton Amazônico, tendo por base, o Proyeto Precambrico, artigos científicos e, principalmente, monografias de conclusão do curso de geologia da Universidade Federal de Mato Grosso desenvolvidas na área de estudo. Posteriormente, realizou-se o levantamento quantitativo das amostras de mão, seções delgadas e pontos de afloramento disponíveis a fim de se gerar um banco de dados. A elaboração do mapa base foi a partir da interpretação de imagens de satélite, com o auxílio dos softwares ArcMap, versão 9.1 e Corel Draw, versão 12. 2

17 Geologia Regional e Recursos Minerais, N ETAPA DE AQUISIÇÃO DOS DADOS Este item descreve as atividades realizadas para a obtenção dos dados em campo e em laboratório (análise petrográfica, geoquímica de rocha e geocronologia Pb-Pb e Sm-Nd). CAMPO Corresponde à complementação do mapeamento geológico sistemático, na escala de 1: , realizado em anos anteriores através de trabalhos de conclusão do curso de geologia. Os novos trabalhos de campo foram realizados em duas etapas, uma em abril e outra em dezembro de 2009, buscando detalhamento de afloramentos-chave com coleta de amostras para análises petrográficas e químicas além da caracterização dos diversos litotipos que constituem este batólito. Os pontos amostrados e descritos foram registrados por um aparelho GPS (Global Position System) GARMIN e-trex H e as medidas de foliações foram obtidas com uma bússola do tipo CLAR, da marca Krantz. LABORATÓRIO Análises Petrográficas A realização do estudo qualitativo envolveu descrições de 150 amostras e 50 seções delgadas com o intuito de se caracterizar detalhadamente os tipos petrográficos, enfatizando feições mineralógicas, texturais e paragêneses das rochas do batólito Guaporeí. As seções delgadas foram confeccionadas e estudadas nos laboratórios de Laminação e Pesquisa Petrográfica do Departamento de Recursos Minerais (DRM) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com o auxílio de um microscópio petrográfico Olimpus BX 41. Para as fotomicrografias e captura de imagens das seções delgadas utilizou-se o equipamento Infinity 1 e o software de mesma denominação, além do Corel Draw, versão 12. As análises modais foram realizadas em microscopia e ao microscópio de luz transmitida com auxílio de um vernier e um contador e o número de pontos determinados por seção variou em função da textura e granulação apresentada. Os critérios adotados quanto à granulação (em mm) para a caracterização petrográfica foram os sugeridos pela IUGS: muito fina (Ø 0,1); fina (0,1<Ø 1,0); média (1,0<Ø 5,0) e grossa (5,0<Ø 20,0). Geoquímica de rocha Para as análises geoquímicas foram selecionadas 17 amostras de rochas como as mais representativas do Batólito Guaporeí considerando sua distribuição na área de estudo, bem como sua diversidade textural e mineralógica. Inicialmente, estes exemplares foram serrados e britados nos laboratórios de Laminação e Preparação de Amostras do DRM-UFMT 3

18 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. e, em seguida, fez-se a separação individual de cerca de 50g de amostra, sendo todas enviadas ao Acme Analytical Laboratories (Acmelab)-Vancouver/Canadá para determinações através dos métodos ICP (Inductively Couple Plasma) e ICP-MS (Inductively Couple Plasma Mass Espectrometry) para elementos maiores e menores (SiO 2, TiO 2, Al 2 O 3, FeO total, MnO, MgO, CaO, Na 2 O, K 2 O e P 2 O 5 ) e elementos traços (Rb, Sr, Cr, Ni, Zr, Y, Ce, Ba, Be, Nb, Cu,Lu, Dy, Gd, Er, Yb, Y, La, Eu, Nd, Ce e Sm). Geocronologia A preparação das amostras foi feita no Laboratório de Preparação de Amostras, do DRM-UFMT. As datações Pb-Pb em zircão (evaporação) foram realizadas no Laboratório de Geologia Isotópica (Pará-Iso), da Universidade Federal do Pará, enquanto as análises Sm-Nd em rocha total foram realizadas no Laboratório de Geocronologia do Instituto de Geociências, da Universidade de Brasília. Ambas as análises foram feitas em um espectrômetro de massa Finnigan MAT 262. As rochas datadas correspondem às amostras: JR76, JR83 (Pb-Pb em zircão - evaporação) e GJ15 (Sm-Nd em rocha total). Geocronologia Pb-Pb em zircão (evaporação) As amostras selecionadas para datação foram cominuídas em um britador de mandíbulas, moídas em moinho de disco, lavadas para o deslamamento, posteriormente secas em estufa a e em seguida, peneiradas em diferentes intervalos de granulometria, reservando-se o concentrado das frações menores que 80 mesh. Este concentrado foi levado a um separador magnético do tipo Frantz, cuja finalidade é separar a fração não magnética (zircão) para posterior processamento em líquidos densos (Bromofórmio d=2,6). O concentrado de zircão resultante é então lavado com HNO 3 para eventual remoção de capa de alteração. Os cristais de zircão foram escolhidos manualmente da granulação 0,170 mm da fração menos magnética, com o auxilio de uma lupa binocular e dispostos em um filamento de rênio sob a forma de canoa. As fotomicrografias dos melhores cristais, incluindo os analisados foram também realizadas. Fez-se o uso de mais de um grão de zircão por canoa, devido a suas baixas concentrações de Pb radiogênico. A técnica analítica empregada no espectrômetro FINNIGAN MAT 262 utiliza dois filamentos posicionados frente a frente, como preconizado por Kober (1986, 1987), sendo um filamento de evaporação, o qual contém o zircão, e um filamento de ionização, a partir do qual o Pb é analisado. O filamento de evaporação é aquecido gradativamente em temperaturas pré-estabelecidas, constituindo três etapas de evaporação: 1450 o C, 1500 o C e 1550 o C. Mais raramente, dependendo da quantidade de Pb que o zircão contém, podem ser realizadas até cinco etapas de evaporação. Durante cada etapa de aquecimento, que dura aproximadamente 5 minutos, ocorre à liberação do Pb do retículo cristalino do zircão. Esse Pb deposita-se imediatamente no filamento de ionização, o qual é mantido em temperatura ambiente. 4

19 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Em seguida, após desligar o filamento de evaporação o filamento de ionização é aquecido a uma temperatura em torno de 1050 o C quando o Pb ali depositado é ionizado. As intensidades das emissões dos diferentes isótopos de Pb podem ser medidas de duas formas: a primeira, quando se tem baixa intensidade de sinal, com monocoletor (um contador de íons) segundo uma varredura na seguinte seqüência de massa: 206, 207, 208, 206, 207 e 204. A segunda, quando se tem alta intensidade, é feita em multicoletor (contador de íons e caixas de Faraday) segundo uma varredura na seguinte seqüência de massa: 206, 207, 208 e 204. Em ambos os modos, cada conjunto de 10 varreduras define um bloco. Um bloco obtido no contador de íons fornece 18 razões 207 Pb/ 206 Pb e no multicoletor 10 razões 207 Pb/ 206 Pb. A cada etapa de evaporação são obtidos, em geral, até cinco blocos de dados nas análises em monocoletor, e dez, nas análises em multicoletor. A média das razões 207 Pb/ 206 Pb desses blocos define uma idade correspondente para cada etapa. Esses dados são representados em um diagrama Idade (Ma) versus Etapas de evaporação. As idades obtidas nas diferentes etapas de evaporação podem apresentar diferentes valores, sendo que, normalmente observa-se um aumento nas idades no sentido das etapas de mais alta temperatura. Quando isso ocorre, são consideradas apenas as idades obtidas em temperaturas mais altas, pois nesse caso, o Pb analisado é proveniente das porções mais retentivas do cristal de zircão e, portanto, mais representativas da idade de cristalização do mineral. Os resultados são apresentados com desvios a 2 e as correções do Pb comum são feitas mediante uso do modelo de evolução do Pb em estágio duplo proposto por Stacey & Kramers (1975), utilizando a razão 204 Pb/ 206 Pb. Os dados obtidos são tratados estatisticamente segundo princípios metodológicos estabelecidos no Pará-Iso (Gaudette et al. 1998). Resultados de blocos, etapas ou cristais podem ser eliminados do cálculo final da idade segundo alguns critérios. Entre eles destacam-se os seguintes: Os blocos com razões isotópicas 204 Pb/ 206 Pb superiores a 0,0004 são desprezados, para tornar mínima a correção de Pb de contaminação ou inicial. São eliminados blocos com desvios superiores a 2 em relação à média das idades dos cristais de zircão. Faz-se, além disso, a eliminação subjetiva, onde são desprezados blocos, etapas de evaporação, ou cristais que apresentem idades discordantes da média das idades obtidas nas temperaturas mais altas da maioria das análises. Análises isotópica Sm-Nd (rocha total) A digestão química das amostras de rocha total para análises isotópicas Sm-Nd foram realizadas em bombas de teflon em forno microondas na potência média. Após pesar aproximadamente g de amostras e adicionar o traçador (spike), partiu-se para as fases de digestão química das amostras em 2 etapas: com uma mistura de HF + HNO3, por 1 minuto e 30 segundos em forno microondas e secagem em placa aquecedora e 1 etapa com HCl, em forno microondas por 1 minuto e 30 segundos. Depois de dissolvidas as amostras, fez-se a extração dos elementos terras raras (ETRs) em colunas de troca iônica com resina 5

20 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. BIO-RAD AG50W-X8 e a extração do Sm e do Nd dos demais ETRs foi realizada em colunas de teflon com resina LN SPEC (resina líquida HDEHP-ácido di-(etilhexil) fosfórico impregnada em pó de teflon). As medidas dos conteúdos e razões isotópicas de Nd resultaram de ionização termal, com sistemas de coletores simples e múltiplos. As razões 143 Nd/ 144 Nd foram normalizadas pelos valores de 146 Nd/ 144 Nd = 0,7219 e, posteriormente, ajustadas pelos padrões NBS987 e La Jolla, respectivamente. Os cálculos das idades-modelo foram feitos com base na curva de evolução do manto empobrecido de DePaolo (1981). ETAPA DE TRATAMENTO E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS Nesta fase da pesquisa foram confeccionados os Mapas de Pontos e Geológico (Preliminar e Final) com o auxilio dos softwares ArcMap, versão 9.1 e CorelDraw, versão 12. Os resultados geoquímicos obtidos foram tratados com o auxilio de software para processamento de dados petrológicos Minpet for Windows (versão 2.02, Richard 1995) e Newpet for DOS (versão 7.10, Clarke 1992). Os gráficos obtidos foram posteriormente tratados no software CorelDraw, versão 12. As idades Sm-Nd foram tratadas no software Isoplot. Os dados estruturais foram tratados no software Stereonet for Windows para a confecção de estereogramas. ETAPA DE ELABORAÇÃO DA DISSERTAÇÃO A partir dos dados obtidos, tratados e interpretados, foi possível confeccionar a presente dissertação e a elaboração de um artigo científico, pré-requisitos necessários para obtenção do título de mestre no programa de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal de Mato Grosso. 6

21 Geologia Regional e Recursos Minerais, N CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL No decorrer do tempo, muitas pesquisas e discussões foram feitas objetivando a compreensão do cráton Amazônico. A idéia mais aceita atualmente é de que a evolução proterozóica do cráton Amazônico foi dada pela acresção de cinturões móveis que se amalgamaram sucessivamente ao núcleo arqueano do proto-cráton Amazônico. Estes cinturões foram definidos como províncias tectono-geocronológicas e suas compartimentações quanto à definição de limites temporais e físicos assim como nomenclatura não são coincidentes e encontram-se propostas em diversos autores, dentre eles, Tassinari & Macambira (1999), Santos et al. (2000, 2008), Tassinari et al. (2000), Ruiz (2005), Cordani & Teixeira (2007), Cordani et al. (2009). Neste trabalho utiliza-se a proposta de Tassinari & Macambira (2004) onde foram individualizadas seis províncias geocronológicas, a saber: Província Amazônia Central (2,5 Ga), Província Maroni-Itacaiúnas (2,25 2,00 Ga), Província Ventuari-Tapajós (1,95 1,80 Ga), Província Rio Negro Juruena (1,80 1,55 Ga), Província Rondoniana-San Ignácio (1,55 1,30 Ga) e Província Sunsás (1,30 1,0 Ga). Santos et al. (2000) redenominaram as unidade geocronológicas do cráton Amazônico em sete principais províncias geocronológicas e um cinturão de dobramento que se dispõem da seguinte maneira: Província Carajás e Imataca (3,10-2,53 Ga), Província Transamazônica (2,25-2,00 Ga), Província Tapajós-Parima (2,10-1,87 Ga), Província Amazônia Central (1,88-1,70 Ga), Província Rio Negro (1,86-1,52 Ga), Província Rondoniana-Juruena (1,76-1,47 Ga), Província Sunsás (1,33-0,99 Ga) e o cinturão K Mudku. A área de estudo encontra-se inserida dentro dos domínios da Província Rondoniana- San Ignácio (Ruiz 2005), situada na porção sudoeste do cráton Amazônico que tem o bloco Rio Apa configurando seu extremo sul (Fig. 2). 7

22 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Área de estudo Figura 2 - Localização da área estudada no mapa de compartimentação geocronológica e tectônica do cráton Amazônico (Ruiz 2005). SUDOESTE DO CRÁTON AMAZÔNICO Província Rondoniana San Ignácio A porção SW do cráton Amazônico está representada por 4 províncias proterozóicas sub-paralelas (Cordani & Teixeira 2007, Cordani et al. 2009), dentre elas está a Província Rondoniana-San Ignácio (1,50 1,30 Ga) onde encontra-se inserido o batólito Guaporeí, objeto deste estudo. Segundo Cordani & Teixeira (2007), a evolução da Província Rondoniana-San Ingácio ocorreu através da amalgamação de arcos magmáticos intra-oceânicos e prismas acrescionários formados durante uma colisão continental desenvolvida ao longo do limite SW da Província Rio Negro-Juruena. Sua cratonização teria ocorrido por volta de 1,30 Ga (idade Ar-Ar) e 1,25 Ga (idade K-Ar), sendo seguida por reativação tectônica, deformação, sobreposição termal e magmatismo relacionado ao orógeno Sunsás (Bettencourt et al. 2010). Inserido nesta província está o Cinturão Acrescionário Rondoniano-San Ignácio que corresponde ao evento mais jovem e mais difundido ocorrido no Mesoproterozóico. Este 8

23 Geologia Regional e Recursos Minerais, N cinturão compreende o arco continental San Ignácio (Bolívia) e os Complexos Colorado e Mamoré (Brasil). O arco San Ignácio (1,37 1,28 Ga) caracteriza-se por volumosas suítes meta-ígneas, de caráter subalcalino e natureza cálcio-alcalina de alto-k, denominadas de Complexo Granitóide Pensamiento, localizadas na região do Paraguá, na Bolívia (Teixeira et al. 2009). As maiores unidades tectônicas que compõem esta província são, segundo Ruiz (2009), os terrenos: Paraguá, Rio Alegre, Jauru, Alto Guaporé e Nova Brasilândia. Terreno Paraguá A denominação cráton Paraguá foi inicialmente usada por Litherland et al. (1986) para se reportarem as unidades geológicas pré-cambrianas do escudo boliviano, que permaneceram tectonicamente estáveis durante as deformações meso a neoproterozóicas dos cinturões Sunsás e Aguapeí. Posteriormente, Saes e Fragoso César (1996) propuseram o termo terreno e subdividiram o escudo pré-cambriano em dois, o terreno Paraguá e terreno San Pablo. Tohver et al. (2004) expandiram os limites desse cráton e definiram que o trend E- W do cinturão Nova Brasilândia marca o limite entre os crátons Paraguá e Amazônico. Segundo Santos et al. (2007) a idéia de que a unidade Paraguá seja um cráton é questionável, controversa e alvo de grandes discussões. Dessa forma, adota-se neste trabalho o termo terreno Paraguá para se referir a uma área complexa sob o ponto de vista geológico e uma entidade tectônica que configura grande parte do escudo pré-cambriano boliviano (Fig. 3). A área de estudo está contida neste terreno que é representado por um embasamento paleoproterozóico (Complexo Gnáissico Chiquitania, Grupo de Xistos San Ignácio e Complexo Lomas Maneches) e granitóides cálcio-alcalinos mesoproterozóicos (Complexo Granitóide Pensamiento) amalgamados ao proto-cráton Amazônico durante a orogenia San Ignácio (Litherland et al. 1986). Novas informações sobre a cronoestratigrafia das rochas do terreno Paraguá são fornecidas por Boger et al. (2005) e Matos et al. (2009). Estes últimos autores sugeriram uma cronoestratigrafia para este terreno disposta da seguinte forma: Complexo Chiquitania (1,79 Ga), Grupo San Ignácio (<1,76 Ga), Suíte Lomas Maneches (1,68 Ga) e Complexo Granitóide Pensamiento. No estado de Mato Grosso, o terreno Paraguá aflora próximo à região da Serra de Santa Bárbara e Serra de Ricardo Franco, sendo limitado a leste pelo terreno Rio Alegre. Nessa região, este terreno é constituído pelas unidades litoestratigráficas (Fig. 4) que estão listadas da base para o topo, na tabela 1. 9

24 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Figura 3 - Localização da área estudada no Mapa Tectônico do SW do cráton Amazônico, em Mato Grosso, Rondônia e oriente da Bolívia (Ruiz 2009). 10

25 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Tabela 1 Coluna estratigráfica com as principais unidades que constituem o terreno Paraguá na área estudada. 11

26 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Figura 4 - Mapa geológico do terreno Paraguá na região de Vila Bela da Santíssima Trindade- MT. 12

27 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Na Bolívia, o Complexo Granitóide Pensamiento compreende grandes volumes de rochas graníticas e gnáissicas que guardam os registros metamórficos e deformacionais da orogenia San Ignácio. Segundo Litherland et al. (1986), este Complexo é composto por granitos, sienitos, granodioritos, tonalitos, trondjemitos e, subordinadamente, dioritos, que ocorrem no oriente boliviano, de idades Rb/Sr e K/Ar entre 1,39 a 1,24 Ga. Estas rochas foram subdivididas por estes autores como sin a tardi-cinemáticos e tardi a pós-cinemáticos (Tab. 2) conforme o momento de sua colocação e em relação ao pico metamórfico/deformacional da orogenia San Ignácio. Os termos sin a tardi-cinemáticos ( Ma) caracterizam-se por apresentar rochas porfiríticas e foliadas enquanto os termos tardi a pós-cinemáticos (1340 Ma) exibem rochas de granulação fina com pouca ou nenhuma foliação. Dados geocronológicos mais recentes (Boger et al. 2005) sugerem que os limites para os intervalos de idades entre estes termos sejam ampliados. Tabela 2- Relação das unidades que configuram o Complexo Granitóide Pensamiento. Complexo Granitóide Pensamiento (1,36 1,30 Ga) Bolívia-* Brasil Granitóides Sin a Tardi Cinemáticos ( Ma) Granitóides Tardi a Pós Cinemáticos (1340 Ma) La Junta Diamantina Flórida Porvenir Puerto Alegre Padre Eterno San Martin Três Picos Campamento Orobayaya Discordância El Tigre San Cristobal e granófiro Piso Firme *Passagem O primeiro mapeamento de corpos graníticos no SW do estado de Mato Grosso foi feito em trabalhos de conclusão do curso de Geologia da UFMT. Dentre esses, Nogueira & Oliveira (2007) denominaram Granito Passagem ao conjunto de corpos intrusivos da região de Vila Bela da Santíssima Trindade e o dividiram em fácies fina, grossa e porfirítica. Posteriormente, Figueiredo & Ribeiro (2008) individualizaram como Granito Guaporeí a fácies porfirítica. Alguns outras pesquisas têm sido feitas visando a definição desses corpos, dentre as quais, Campos et al. (2007), Jesus et al. (2007), Nalon et al. (2009 a, b, c) e Jesus et al. (no prelo). Estes últimos autores caracterizaram o Granito Passagem compreendendo stocks, plugs e diques, próximos à Serra de Ricardo Franco, formados por monzo a sienogranitos e, mais raramente granodioritos, que têm biotita como o único máfico essencial. Definiram ainda uma idade 1284 ± 20 Ma para cristalização dessas rochas que foram geradas por um magmatismo de natureza cálcio-alcalina de alto potássio, levemente peraluminoso, gerado em ambiente de arco magmático, em época pós-colisional e reconheceram essa unidade como pertencente ao Complexo Granitóide Pensamiento. 13

28 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. PETROGRAFIA DO BATÓLITO GUAPOREÍ O batólito Guaporeí é constituído por meta-granitos anisotrópicos com foliação bem marcada, a localmente incipiente, caracterizada pelo estiramento, orientação preferencial de minerais félsicos e arranjo planar dos máficos. Quando situados próximos às zonas de cisalhamento, esses litotipos encontram-se milonitizados. Suas exposições típicas correspondem a lajedos de dimensões decamétricas, blocos e matacões sub-arredondados (Fig. 5 A e B), por vezes, cortados por veios e vênulas centimétricas de composição quartzofeldspática e por diques do granito Passagem (Fig. 5 C) As rochas desta unidade apresentam textura dominantemente inequigranular média a porfirítica/porfiroclástica (Fig. 5 D), com raros exemplares de granulação grossa, de cores claras que variam de branco-acinzentado a rosa-avermelhado. De forma subordinada, encontram-se litotipos de granulação fina e cor branco a cinza-esverdeado (Fig. 6). Classificam-se mineralogicamente como biotita-granitóides e hornblenda-biotita-granitóides e de acordo com o diagrama QAP (Streckeisen 1976; Fig. 7) como sieno a monzogranitos, quartzo-monzonitos e granodioritos, com ocorrência restrita de tonalito caracterizado como trondjemito pela pouca quantidade de máficos (aproximadamente 20 % de hornblenda e 10 % de biotita) e pela composição albítica do plagioclásio. Exibem fenocristais de feldspato alcalino rosa a branco, com dimensões entre 2 e 4 cm, por vezes estirados, imersos em uma matriz composta por quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio que tem, principalmente, biotita como mineral máfico primário e, às vezes, biotita e hornblenda (Figura 5 D). 14

29 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Figura 5 Ilustrações de afloramentos e amostras do batólito Guaporeí: (A) ocorrência em lajedo; (B) matacões e blocos subarredondados; (C) detalhe de dique do granito Passagem cortando o Guaporeí; (D) aspecto macroscópico textura porfirítica/porfiroclástica em matriz inequigranular média.. 15

30 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Figura 6 Fotografias de rochas do batólito Guaporeí ilustrando variedades composicionais e texturais. 16

31 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Figura 7 Diagrama classificatório QAP para as rochas do batólito Guaporeí. Opticamente, as rochas estudadas apresentam textura inequigranular, porfirítica a porfiroclástica onde se destacam fenocristais de feldspatos e quartzo em uma matriz de mesma composição predominantemente recristalizada. Os minerais máficos primários correspondem à biotita e, por vezes, também ao anfibólio que ocorrem em cristais isolados ou em agregados isso-orientados. A paragênese acessória está representada por allanita, titanita, apatita, zircão, monazita, rutilo e opacos; enquanto clorita, sericita, epidoto, clinozoizita, argilo-minerais e opacos constituem a produtos de alteração ou fases de metamorfismo de baixo grau da fácies xisto verde. Quando em zonas de cisalhamento, a trama destas rochas configura feições típicas de milonitização resultantes de mecanismos de deformação, tais como, recristalização dinâmica e deformação intracristalina. Esses litotipos podem ser classificados, segundo proposta de Sibson (1977), como protomilonitos e, mais restritamente, como ultramilonitos, caracterizados por 40 e 80% de matriz, respectivamente. Os feldspatos alcalinos ocorrem em fenocristais e porfiroclastos, principalmente em grãos anédricos com bordas cominuídas. Estão representados tanto pela microclina quanto pelo ortoclásio, com geminações, respectivamente, em grade (combinadas albita + periclina) e do tipo Carlsbad. Em geral, apresentam-se pertíticos, tanto em grãos/gotas quanto em filmes e flâmulas (Fig. 8 A), bem como podem exibir intercrescimento gráfico. Às vezes, observam-se também porfiroclastos de ortoclásio que ainda preservam a macla Carlsbad primária, associada a uma geminação em grade incipiente, sugerindo sua microclinização. Compõem ainda a matriz, como grãos anédricos primários ou principalmente secundários, provenientes de recristalização, exibindo geminação em grade. Evidências de processos de alteração são comuns, tais como, argilização e sericitização. Os plagioclásios dispõem-se como porfiroclastos anédricos a subédricos (Fig. 8 B), ou em pequenos grãos recristalizados compondo a matriz, exibindo geminações polissintéticas do tipo albita e/ou periclina, sendo classificados pelo método estatístico de Michel-Levy como albita, no sienogranito, quartzo-monzonito e trondjemito e como oligoclásio no monzogranito e granodiorito. Apresentam, por vezes, textura mirmequítica e, em algumas amostras 17

32 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. encontram-se intensamente turvos em decorrência dos processos pós-magmáticos, como sericitização, argilização e saussuritização com grande quantidade de epidoto/clinozoizita, sericita e calcita. O quartzo ocorre como subgrãos anédricos e como cristais poligonais formando textura em mosaico (Fig. 8 C), bem como constitui matriz recristalizada que se associa com os porfiroclastos de feldspatos. Deformação intracristalina é evidenciada, principalmente nas rochas milonitizadas (Fig. 8 D), pela formação de ribbons, extinção ondulante, lamelas e bandas de deformação e recristalização em subgrãos que por vezes caracterizam feição tabuleiro de xadrez (Fig. 8 E). A biotita apresenta-se em palhetas milimétricas anédricas a subédricas, com pleocroísmo castanho-claro a marrom-escuro, formando agregados intimamente associados à clorita, epidoto e opacos, por vezes deformadas em kink. Observa-se também em lamelas isoladas ou inclusas nos feldspatos alcalinos, constituindo uma fase primária associada ao anfibólio, bem como, pode representar produto de alteração deste último. Encontra-se, em geral, substituída parcial a totalmente pela clorita de coloração verde-claro, caracterizada como peninita (Fig. 8 F) e localmente ocorre alterada para cristais fibrosos de muscovita. O anfibólio ocorre em alguns litotipos como cristais subédricos (Fig. 8 G) ou em grãos anédricos, formando agregados com biotita e opacos. Apresenta pleocroísmo intenso que varia de marrom a verde-escuro, exibindo por vezes, discreta zonação e textura poiquilítica com quartzo. Exibe ainda feições retrometamórficas, tais como, transformação em biotita e/ou clorita principalmente nas bordas, nos traços de clivagens e fraturas. A titanita está representada em duas gerações sendo a fase primária formada por cristais de hábito romboédrico, por vezes, inclusa nos feldspatos, enquanto a secundária é definida por grãos poiquiloblásticos subédricos a anédricos de coloração mais alaranjada (Fig. 8 H). Localmente, é resultante de processo de desopacitização e se dispõe como uma borda de mineral opaco, possivelmente ilmenita, caracterizando textura coronítica. A allanita que corresponde a uma fase primária é reconhecida em cristais subédricos de cor amarelo-alaranjada, às vezes zonada ou isotrópica exibindo estrutura parcialmente destruída devido a processo de metamictização. Além da allanita, outros minerais do grupo do epidoto são comumente encontrados disseminados ou concentrados nos grãos de plagioclásio, associados à sericita e à calcita, provenientes de saussuritização. O zircão é uma fase acessória comum ocorrendo em minúsculos cristais variando de euédricos prismáticos a anédricos, dispersos na matriz ou inclusos, preferencialmente, na biotita onde desenvolve halos pleocróicos. A apatita ocorre com hábito acicular, inclusa nos feldspatos e na allanita ou disseminados na matriz. Os minerais opacos apresentam-se em cristais euédricos a anédricos, localmente dendríticos, pretos com tonalidades amareladas a avermelhadas, ocorrendo isolados ou interdigitados com máficos, por vezes, como produto de sua alteração. São observados também, parcialmente desopacitizados originando titanita, biotita, clorita e rutilo. O rutilo representa geralmente um produto de alteração da ilmenita e da titanita, sendo encontrado associado aos opacos e, por vezes, à clorita com hábito fibroso a acicular. 18

33 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Figura 8 - Fotomicrografias das rochas do batólito Guaporeí ilustrando: (A) microclina anédrica com intercrescimento pertítico do tipo flâmula e gotas; (B) parte de porfiroclasto de plagioclásio com bordas cominuídas formada por minúsculos subgrãos de feldspatos e quartzo neo-cristalizados associados à palhetas orientadas de biotita; (C) agregado de grãos de quartzo em mosaico com junções tríplices de 120 o e porfiroclasto de quartzo com extinção ondulante (D) ultramilonito com matriz fina recristalizada e ribbons de quartzo; (E) ribbons de quartzo com subgrãos intercalados por matriz quartzo-feldspática recristalizada; (F) palheta de biotita parcialmente transformada em clorita; (G) grão anédrico de hornblenda orientado segundo a foliação marcada por ribbons de quartzo. (H) cristais subédricos de titanita poiquiloblástica. Polarizadores cruzados em A, B, C, D e G e paralelos em F e H. 19

34 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E DEFORMACIONAL DO GRANITO GUAPOREÍ Os elementos estruturais reconhecidos em rochas do Batólito Guaporeí foram agrupados em duas fases de deformação, F 1 e F 2, com base nos critérios rotineiros de hierarquização das estruturas deformacionais, especialmente as observações das relações de corte entre foliações. A fase de deformação F 1 é de natureza dúctil, sendo representada pelo desenvolvimento de uma foliação regional penetrativa (S 1 ), lineação mineral e de estiramento (l 1 ) e zonas de cisalhamento estreitas subparalelas a foliação regional. A S 1 é definida como uma xistosidade marcada pela orientação preferencial da matriz quartzo-feldspática e dos porfiroclastos de feldspato alcalino (Fig. 9). Os máficos, principalmente a biotita e em menor proporção o anfibólio, completam a trama planar penetrativa. A xistosidade S 1 é observada ao longo de todo o batólito, no entanto a sua orientação varia gradualmente de N30 45W/65-80NE ou, mais raramente, SW, em sua porção central e sul, para N75-65E/70-80SE (Fig. 10) na parte norte. Zonas de cisalhamento paralelas a S 1 foram reconhecidas nas bordas e no interior do batólito, sendo caracterizados por estreitas e contínuas faixas, com expressivo desenvolvimento de proto a ultramilonitos, e mais comumente milonitos com a textura ocelar típica. Lineação de estiramento e mineral (l 2 ), down dip a levemente oblíqua, e os porfiroclastos de feldspato alcalino rotacionados, indicam um movimento de topo de NE para SW. Em análise microscópica, a foliação S 1 é confirmada principalmente pelo alinhamento de biotitas+hornblenda e/ou opacos nos sieno e monzogranitos (Fig. 11 A). Nas rochas granodioríticas, trondjemíticas e quartzo-monzoníticas têm-se o estiramento de quartzo e o alinhamento descontínuo de biotitas e/ou hornblenda configurando a foliação S 1 (Fig. 11 B). O quartzo comumente exibe feições de deformação intracristalina e plasticidade cristalina tais como extinção ondulante, lamelas de deformação, ribbons e subgrãos, respectivamente. Quando os sienogranitos a granodioritos situam-se próximos às zonas de cisalhamento, observa-se uma diminuição na quantidade de feldspatos e um maior grau de arredondamento destes porfiroclastos; aumento na proporção de quartzo em ribbons e na matriz recristalizada além de subgrãos de quartzo. A fase F 2 é marcada pela formação de dobras suaves da foliação S 1 que resulta em uma foliação não penetrativa S 2. A foliação S 2 é obliqua a S 1 e coincide com a nucleação e desenvolvimento de discretas e estreitas zonas de cisalhamento dúcteis-rúpteis orientadas (Fig. 9) segundo a direção N70-80W com mergulhos elevados, entre 70º a 80º, para o quadrante NE. 20

35 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Figura 9 - Aspectos de campo (em planta) ilustrando a foliação penetrativa S 1 e as discretas zonas de cisalhamento paralelas a S 2. Figura 10 Estereograma para pólos da foliação S 1 do Granito Guaporeí. O máximo obtido, N40W/75NE, reflete a porção sul e central da intrusão e os valores próximos a N75E/75SE foram obtidos no setor norte do corpo. 21

36 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Figura 11 - Fotomicrografia das rochas do Batólito Guaporeí ilustrando a foliação S 1 em: (A) alinhamento de palhetas de biotita e cristais anédricos de hornblenda, no monzogranito; (B) intercalação de ribbons de quartzo e alinhamento de palhetas de biotita nos quartzomonzonitos. GEOQUÍMICA As rochas do batólito Guaporeí são de natureza ácida pouco expandida, com valores de SiO 2 entre 63,1 e 74,3 % (Tab. 3). Os diagramas de Harker (Fig. 12) mostram tendências de variação coerentes com correlações lineares negativas entre sílica e Al 2 O 3, Fe 2 O 3total, TiO 2, MgO, CaO e P 2 O 5, que refletem o empobrecimento em plagioclásio cálcico e em minerais máficos primários, tais como hornblenda, biotita, ilmenita-magnetita, titanita e apatita, durante a diferenciação. Os comportamentos de MnO e K 2 O não evidenciam um padrão de evolução, exibindo relativa dispersão em função dos baixos teores do primeiro e dos altos do segundo que caracterizam as rochas estudadas como granitóides cálcio-alcalinos de alto K, bem como, podem estar ligados às alterações pós-magmáticas (sericitização). O Na 2 O apresenta uma discreta correlação positiva com SiO 2 e seu aumento com a evolução é refletido numa maior proporção do componente albítico do plagioclásio, principalmente no trondjemito, e numa quantidade expressiva de intercrescimento dos feldspatos alcalinos, petrograficamente caracterizado por lentes de pertitas bem desenvolvidas, nos sienogranitos. Entre os elementos traços (Fig. 13), tendências de diferenciação são observadas para Ba, Sr, Rb, V e Zr que apresentam distribuições relativamente semelhantes e correlações negativas com a SiO 2 provavelmente vinculadas ao empobrecimento em minerais máficos primários (biotita e hornblenda) e plagioclásio, bem como, pelo fracionamento de zircão. A correlação negativa do Ba com a SiO 2 confirma a atuação do fracionamento de biotita, mineral mais comum nas rochas menos diferenciadas não devendo, portanto, estar associado aos feldspatos alcalinos. 22

37 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Tabela 3 - Composição química de elementos maiores, menores e traços (óxidos % em peso e ppm) de rochas do batólito Guaporeí. Amostras AT42D JR116 AT07 FL12A FL15 AT44 GJ10 FL45 JR05 Elementos SiO 2 63,11 63,81 63,93 65,05 66,48 66,60 67,01 67,34 68,11 TiO 2 0,94 0,88 0,49 1,05 0,65 0,46 0,34 0,52 0,58 Al 2 O 3 14,13 15,21 15,27 13,67 14,85 15,84 16,15 14,68 14,72 Fe 2 O 3 total 6,10 5,83 3,48 6,5 5,21 3,92 2,72 4,71 3,77 MgO 1,16 1,60 1,09 1,27 1,10 1,02 0,76 0,99 0,82 MnO 0,08 0,08 0,03 0,08 0,04 0,03 0,03 0,03 0,05 CaO 2,55 3,25 1,93 3,05 1,99 2,39 2,02 1,95 2,18 Na 2 O 2,94 2,98 3,10 2,68 2,81 3,19 3,47 2,70 3,01 K 2 O 4,94 4,55 5,16 4,86 5,67 5,09 6,29 5,82 5,77 P 2 O 5 0,42 0,29 0,13 0,45 0,17 0,28 0,14 0,13 0,18 Cr2O3 0,002 0,005 0,003 0,003 0,008 0,002 0,003 0,006 <,001 LOI 3,2 1,1 5,0 0,7 0,6 0,9 0,8 0,8 0,6 Total 99,53 99,55 99,64 99,53 99,61 99,68 99,74 99,63 99,79 Sc Ba , ,6 Co 10,8 10,7 7,1 29,8 22,0 7,0 58,9 22,2 83,8 Cs 0,4 0,6 1,9 1,9 1,5 2,1 1,3 1,4 0,4 Ga 17,3 20,3 18,6 21,1 19,9 22,1 21,8 20,1 22,2 Hf 11,9 18,7 7,0 16,3 12,6 8,0 7,7 10,9 14 Nb 17,6 22,5 17,0 26,4 22,7 11,5 11,3 15,7 14,7 Rb 164,5 155,5 183,2 180,9 246,2 217, ,3 172,1 Sn 3 5 < Sr 372,7 338,1 450,2 353,2 258,9 312,3 645,4 254,3 307,3 Ta 1,1 1,2 0,6 1,8 0,4 0,5 1,2 0,4 0,5 Th 21,9 14,9 50,8 20,2 114,9 35,4 50,8 102,6 26 U 0,8 1,5 2,2 3,4 2,0 3,6 2,9 1,8 0,8 V W <0,5 <0,5 <0,5 198,3 113,2 <0,5 321,3 114,0 432,3 Zr 453,8 667,2 255,2 599,7 406,6 270,7 285,5 355,2 488,6 Yb 4,53 8,98 0,69 9,59 0,98 2,54 2,13 1,04 2,58 Mo 0,6 0,9 0,4 3,8 7,8 0,3 0,1 6,4 0,8 Cu 10,7 23,3 21,1 13,6 37,8 18,6 7 25,5 6,8 Pb 6,6 6,4 10,6 6,2 15,6 6,6 10,3 13,1 5,8 Zn Ni 2,9 15,5 12,4 16,5 34,1 9,3 6,9 29,1 3,8 As <0,5 <0,5 <0,5 0,7 <0,5 <0,5 <,5 <0,5 <,5 Au 32,0 <0,5 <0,5 1,6 1,6 0,7 <,5 1,4 1,5 La 104,5 103,1 96,8 119,2 131,6 80,5 102,3 122,3 125,3 Ce 235,2 269,9 203,8 262,4 279,2 167,1 210,3 265,4 275,5 Pr 26,29 32,37 21,86 38,21 33,86 17,33 21,76 32,91 32,53 Nd 100,2 127,1 77,5 158,2 123,5 61,6 73,5 120,4 117,5 Sm 15,99 23,70 12,19 29,31 17,60 8,31 9,16 17,49 17,52 Eu 2,52 2,34 1,51 4,13 1,61 1,29 1,42 1,54 1,84 Gd 12,19 20,40 7,92 25,79 11,93 5,38 5,45 11,65 11,9 Tb 1,83 3,25 1,03 3,91 1,30 0,98 0,89 1,28 1,74 Dy 9,37 18,21 4,03 20,68 4,78 6,41 4,27 4,96 7,41 Ho 1,78 3,71 0,53 4,14 0,65 1,30 0,71 0,70 1,23 Er 4,94 10,77 1,04 11,09 1,39 3,57 1,97 1,49 3,03 Tm 0,74 1,53 0,13 1,64 0,16 0,46 0,35 0,19 0,48 Y 54,1 114,4 15,1 110,8 17,7 41,7 26,3 18,7 39,3 Lu 0,66 1,25 0,10 1,33 0,16 0,38 0,3 0,16 0,38 Eu/Eu* 0,55 0,33 0,47 0,46 0,34 0,59 0,62 0,33 0,39 La/Yb* 15,38 7,65 93,53 8,29 89,52 21,13 32,02 78,40 32,38 23

38 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Tabela 4 -. Continuação composição química de elementos maiores, menores e traços (óxidos % em peso e ppm) de rochas do batólito Guaporeí. Amostras SL76 PN13 JR76 GJ09 GJ15 JR03 GJ05 JR115 Elementos SiO 2 68,42 69,62 69,75 70,73 71,22 71,84 73,96 74,30 TiO 2 0,56 0,34 0,38 0,59 0,27 0,23 0,25 0,25 Al 2 O 3 13,82 14,59 14,47 13,84 14,34 13,82 12,05 13,39 Fe 2 O 3total 3,85 3,11 3,90 3,5 2,21 2,05 3,45 2,87 MgO 0,70 0,78 1,29 1,4 0,59 0,35 0,11 0,37 MnO 0,05 0,03 0,07 0,04 0,02 0,03 0,05 0,07 CaO 1,57 2,16 2,37 2,81 1,7 1,07 0,41 2,48 Na 2 O 2,85 3,21 4,32 3,38 3,29 2,81 2,97 4,61 K 2 O 5,61 4,76 2,41 3 5,29 6,59 5,95 1,18 P 2 O 5 0,17 0,13 0,13 0,15 0,09 0,1 0,04 0,07 Cr2O3 0,002 0,002 0,005 0,005 0,002 <,001 0,004 0,007 LOI 2,0 0,9 0,7 0,4 0,7 0,9 0,4 0,1 Total 99,60 99,66 99,80 99,84 99,73 99,79 99,64 99,71 Sc Ba ,9 1091,3 1413, Co 5,2 5,4 6,0 55,1 75,4 111,2 162,5 177,3 Cs 4,5 1,3 2,1 2,7 1 0,9 0,5 0,2 Ga 19,0 18,0 25,6 22,3 19,1 17,8 26,5 18,2 Hf 18,0 9,1 5,0 9,6 6,4 8,5 23,0 7,4 Nb 24,4 8,8 29,3 16,5 5,2 6,8 15,8 6,5 Rb 244,0 156,4 128,1 140,6 183,2 246,5 135,0 25,2 Sn Sr 279,5 538,9 293,1 351,7 315,7 376,4 93,4 283,7 Ta 1,4 0,7 0,5 0,7 0,3 0,9 0,8 0,8 Th 33,9 32,9 16,5 7,6 29,9 90,1 24,5 0,9 U 2,8 1,8 1,4 2 1,9 3,6 2,1 0,3 V <8 11 W <0,5 <0,5 <0,5 282,9 405,4 598,3 941, Zr 620,7 280,2 164,7 363,1 225,4 292,9 721,2 273,0 Yb 10,88 1,69 1,46 1,42 0,83 1,75 5,16 3,12 Mo 1,1 0,6 0,6 0,2 0,1 0,9 5,8 8,5 Cu 11,1 7,7 5,7 10 4,7 10,7 17,7 6,0 Pb 10,3 9,2 6,5 3,3 9 16,5 41,9 8,5 Zn Ni 3,6 8,9 19,6 16 4,6 4,5 22,9 36,5 As 0,5 0,6 <0,5 <,5 <,5 <,5 <0,5 <0,5 Au <0,5 <0,5 1,5 <,5 <,5 <,5 <0,5 <0,5 La 107,6 94,8 41,6 33,8 38,6 143,5 87,5 18,1 Ce 263,5 197,3 91,3 77,9 79,5 297,3 232,9 40,0 Pr 30,23 19,13 10,30 8,67 8,16 31,95 23,67 5,57 Nd 117,4 63,7 40,0 33,7 27,3 104,5 88,1 24,4 Sm 22,72 8,01 7,97 5,57 3,62 13,37 16,61 6,25 Eu 1,97 1,21 0,90 1,47 0,92 1,33 1,05 2,05 Gd 19,66 4,74 7,55 4,07 2 6,9 14,52 6,64 Tb 3,33 0,70 1,13 0,61 0,33 0,96 2,24 1,21 Dy 19,32 3,48 5,69 3,18 1,84 4,16 11,51 6,87 Ho 3,96 0,65 1,00 0,5 0,29 0,61 2,25 1,43 Er 11,35 1,88 2,42 1,31 0,88 1,71 5,93 3,90 Tm 1,78 0,29 0,28 0,26 0,14 0,31 0,88 0,55 Y 114,0 18,8 26, ,5 22,3 147,4 37,3 Lu 1,57 0,25 0,20 0,22 0,12 0,24 0,81 0,45 Eu/Eu* 0,29 0,60 0,36 0,95 1,05 0,43 0,21 0,98 La/Yb* 6,59 37, , ,67 11,30 3,87 24

39 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Figura 12 -: Diagramas de variações de Harker para elementos maiores (expressos em óxidos) das rochas do batólito Guaporeí. Símbolos: sienogranito; monzogranito; granodiorito; tonalito; quartzo-monzonito. 25

40 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Figura 13: Diagramas de variações de Harker para elementos traços de rochas do batólito Guaporeí. Símbolos: sienogranito; monzogranito; granodiorito; tonalito; quartzomonzonito. Utilizando-se o diagrama Al 2 O 3 versus TiO 2 proposto por Cattalani & Bambic (1994) para discriminação de processos de alteração, os pontos que representam as rochas do batólito Guaporeí correspondem às composições que variam de andesito, dacito a riolito com o leve predomínio de rochas dacíticas e posicionam-se próximos ao trend de fracionamento, sugerindo estágio de alteração incipiente em relação a esses elementos considerados como menos móveis em processos pós-magmáticos (Fig. 14 A). As rochas estudadas foram classificadas como traquidacitos a riolitos no diagramas álcalis versus sílica de Le Maitre (2002; Fig. 14 B) e como riodacitos-dacitos e riolitos naquele SiO 2 versus Zr/TiO 2 proposto por Winchester & Floyd (1977, Fig. 14 C). No diagrama R1xR2 (La Roche 1980, Fig. 14 D) que considera a maioria dos elementos maiores os litotipos do batólito Guaporeí coincidem com os domínios dos sienogranitos a granodioritos com duas amostras no campo do quartzo-monzonito e uma no do tonalito. 26

41 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Figura 14 - Diagramas classificatórios para o Granito Passagem: (A) Al 2 O 3 versus TiO 2 (Cattalani & Bambic 1994); (B) álcalis versus sílica (Le Maitre 2002); (C) SiO 2 versus Zr/TiO 2 (Winchester & Floyd 1977); (D) R 1 R 2 (La Roche 1980). Símbolos: sienogranito; monzogranito; granodiorito; tonalito; quartzo-monzonito. O magmatismo que originou estas rochas apresenta caráter cálcio-alcalino, de acordo com o diagrama AFM de Irvine & Baragar (1971; Fig. 15 A); do tipo transicional a silicático e de alto K, segundo propostas de Middlemost (1991) e Le Maitre (2002, Figs. 15 B e C), respectivamente. Neste último diagrama (Fig. 15 C) duas amostras de monzogranito e granodiorito têm assinatura de magmatismo cálcio-alcalino de médio K e o trondjemito coincide com o domínio de baixo K. Os pontos que representam os litotipos do batólito Guaporeí descrevem na figura 15 A uma tendência linear que evolui em direção ao vértice dos álcalis e os classificam, no diagrama A/CNK versus A/NK (Maniar & Piccoli 1989), como rochas levemente metaluminosas a peraluminosas, representadas respectivamente pelos hornblenda-biotita-granitos e biotita-granitos (Fig. 15 D). 27

42 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Figura 15 - Diagramas geoquímicos para as rochas do batólito Guaporeí: (A) AFM (Irvine & Baragar 1971); (B) Total de álcalis versus sílica (Middlemost 1991); (C) K 2 O% versus SiO 2 % (Le Maitre 2002); (D) A/NK versus A/CNK (Maniar & Piccoli 1989).Símbolos: sienogranito; monzogranito; granodiorito; tonalito; quartzo-monzonito. Os Elementos Terras Raras (ETRs) são considerados como os últimos elementos traços solúveis e são relativamente imóveis durante o metamorfismo de baixo grau, intemperismo e alteração hidrotermal. Extremo empobrecimento dos ETRs pesados em relação aos leves indica provavelmente a presença de granada na fonte, pois existe uma ampla variação nos coeficientes de partição dos ETRs. Em líquidos félsicos as fases acessórias como titanita, zircão, allanita, apatita e monazita podem influenciar padrão dos ETRs, muito embora eles possam estar presentes só em pequenas quantidades (~ 1% da rocha), seus coeficientes de partição muito elevados confirmam que eles têm uma influência desproporcional no padrão dos ETRs. O zircão terá um efeito similar ao da granada e empobrecerá em ETRs pesadas; titanita e apatita fracionam ETRs médios relativos aos leves e pesados; e monazita e allanita causam empobrecimento em ETRs leves. Os teores dos ETRs das rochas do batólito Guaporeí, normalizados pelos valores condríticos de Nakamura (1977), independentemente de tipo litológico, mostram três padrões similares com pequenas variações, ilustrados separadamente para uma melhor visualização (Figs. 16 A, B e C) e um padrão de comportamento distinto sem anomalia de Eu (Eu/Eu* entre 0,95 e 1,05 Fig. 16 D) e com valores baixos de ETR totais (entre 157,84 a 190,68) apresentado pelo trondjemito, um granodiorito e um monzogranito. Os padrões mais comuns 28

43 Geologia Regional e Recursos Minerais, N mostram distribuição de ETR marcada pelo enriquecimento de ETRL sobre pesados e anomalias negativas de Eu variando de forte (Eu/Eu* entre 0,21 e 0,46 Fig. 16 A) até fraca ((Eu/Eu* entre 0,36 e 0,55 Fig. 16 B). Apresentam padrões sub-horizontalizados para as ETRP (Figs. 16 A e B) e um grupo exibe um maior fracionamento desses elementos com alta inclinação dos braços e razão La/Yb entre 93, 53 e 54,67 (Fig. 16 C). Nos aranhogramas (Fig. 16 E), alguns elementos traços além de K 2 O normalizados contra os valores de granitos de Cordilheira Meso-Oceânica de Pearce et al. (1984), observam-se padrões de enriquecimento dos elementos litófilos de íons grandes (LILE) K, Rb, Ba e Th em relação aos elementos de alta carga (HFSE) Nb, Ce, Hf, Zr, Sm, Y e Yb. No grupo dos LILE observa-se uma anomalia positiva de Rb em relação ao K 2 O e Ba que aparecem empobrecidos pelo fracionamento de biotita; e uma discreta anomalia positiva de Th assinalando contaminação crustal. No grupo dos HFSE notam-se baixos valores de Ta e Nb, anomalia positiva de Ce e Sm em relação aos elementos adjacentes confirmando assimilação de crosta. Os valores normalizados de Y e Yb geralmente inferiores a 1, assemelham-se àquele encontrado em rochas cálcio-alcalinas de alto K, como os granitóides de arco magmático, da Cordilheira Oeste dos Andes, e também sugere a presença de granada residual em sua fonte (Scheepers, 1995). Figura 16 - Padrões de distribuição das rochas do batólito Guaporeí nos diagramas: Em (A) a (D) ETR, normalizados pelos valores condríticos (Nakamura 1977). (E) Elementos traço e K 2 O das rochas do batólito Guaporeí, normalizados pelos valores dos granitos de Cordilheira Meso-Oceânica (Pearce et al. 1984). Símbolos como na figura 7. 29

44 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Os diagramas discriminantes de ambiente tectônico de Pearce et al. (1984) e Pearce (1996) Rb versus Y+Nb (Fig. 17 A), bem como, o proposto por Harris et al. (1986) Hf Rb Ta (Fig. 17 B) indicam que as rochas do batólito Guaporeí foram geradas em ambiente de arco magmático provavelmente em época sin-colisional. Figura 17: Diagramas de classificação tectônica para o Batólito Guaporeí: (A) Rb versus Y+Nb (Pearce et al. 1984, Pearce 1996); (B) Hf-Rb/30-Ta*3 (Harris et al. 1986). Símbolos: sienogranito; monzogranito; granodiorito; tonalito; quartzo-monzonito. GEOCRONOLOGIA Pb-Pb em zircão (evaporação) Com a finalidade de se identificar a idade do Batólito Guaporeí, a amostra selecionada para a datação corresponde a um biotita monzogranito (JR76), coletado na parte sudeste do batólito, sob as coordenadas UTM: / Apresenta textura grossa a porfirítica, com fenocristais de feldspato potássico de até 3cm, orientados segundo foliação regional. Os cristais de zircão desta amostra apresentam coloração marrom a marromamarelada, geralmente prismáticos (subédricos a anédricos) a arredondados, curtos, com núcleos bem turvos, exibindo moderados fraturamentos (Fig. 18). Raros cristais apresentam crescimento geminado e são comuns feições de metamictização (opacidade, fraturamento, coloração leitosa, etc) as quais são, provavelmente relacionadas a altas concentrações de urânio em zircão. 30

45 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Figura 18- Fotomicrografia de cristais de zircão da amostra JR76 selecionados para a datação. Os dados analíticos obtidos através do método Pb-Pb em zircão (evaporação) estão apresentados na Tab. 5. Foram selecionados cento e trinta grãos de zircão dispostos, em grupos de quatro a cinco grãos, perfazendo um total de vinte e seis canoas de rênio. Apenas onze canoas foram estudadas. Destas, seis foram eliminadas devido as baixas emissões de Pb para as análises. As cinco canoas restantes apresentaram bons resultados analíticos obtidos durante a segunda etapa de aquecimento ( C). Para uma melhor análise e apresentação dos resultados, optou-se pelo uso de apenas quatro canoas (10,11,13 e 17). Estas forneceram 118 razões isotópicas que foram utilizadas para calcular uma idade média de ,5 Ma (MSWD = 0.12) que é considerada como a idade mínima de cristalização para as rochas do Batólito Guaporeí (Fig. 19). Esta idade é correlacionável com as idades das rochas sin a tardi-cinemáticas de 1373 a 1347 Ma, do Complexo Granitóide Pensamiento (Litherland et al., 1986). Apesar da idade do Batólito Guaporeí ter ficado abaixo das idades identificadas anteriormente, sugere-se que este batólito trata-se da continuação do Complexo Granitóide Pensamiento, em território brasileiro e que o intervalo de idades para as rochas sin a tardi-cinemáticas seja ampliado. Tabela 5 Dados isotópicos de Pb de multigrãos de zircão do Batólito Guaporeí. Amostra T 0 C Razões 204 Pb/ 206 Pb 2σ ( 208 Pb/ 206 Pb)c 2σ ( 207 Pb/ 206 Pb)c 2σ Idade 2σ JR76/ /8 0, , , , , , ,8 14,9 JR76/ /108 0, , , , , , ,7 3,7 JR76/ /62 0, , , , , , ,8 17,8 JR76/ /38 0, , , , , , ,5 3,8 118/216 Idade Média: ,5 31

46 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Figura 19 Diagrama idade versus cristais de zircão para a amostra JR76 do Batólito Guaporeí. Resultado Sm-Nd em Rocha Total A amostra selecionada para o estudo isotópico para o sistema Sm-Nd foi a GJ15, que corresponde a um monzogranito, localizado na parte sudoeste do batólito com coordenadas UTM / Consiste por uma rocha de textura inequigranular grossa a porfirítica, com foliação incipiente e fenocristais de feldspato alcalino de até 3 cm. As razões 147 Sm/ 144 Nd apresentam valor de 0,0841 e o valor de ε Nd(0) negativo situase em -21,42, indicativo de contaminação crustal. A idade-modelo T DM é de 1,76 Ga (Tab. 6) considerada como representante do período a partir do qual os materiais do manto superior foram segregados para a crosta enquanto que o valor negativo de ε Nd(t=1,3) (-14) corrobora a assimilação e contaminação com material crustal. Tabela 6 Dados analíticos de Sm-Nd do Batólito Guaporeí. ε Nd(0) T DM (Ga) ε Nd(t=1,3) Amostra Sm(ppm) Nd(ppm) 147 Sm/ 144 Nd 143 Nd/ 144 Nd (+2SE) GJ15 4,385 31,504 0,0841 0, /-5-21,42 1,76-14 CONCLUSÕES O arcabouço tectônico do SW do cráton Amazônico é constituído por diversos terrenos ou fragmentos crustais que foram sendo aglutinados durante o Mesoproterozóico ao longo de vários episódios orogênicos que culminaram com a formação do supercontinente Rodínia. O batólito Guaporeí insere-se na Província Rondoniana-San Ignácio (1,56 a 1,3 Ga) conforme a definição de Bettencourt et al. (2010) e faz parte do principal evento magmático 32

47 Geologia Regional e Recursos Minerais, N registrado no terreno Paraguá (Ruiz 2009) durante a evolução da orogenia San Ignácio (1,37 a 1,3 Ga). O batólito Guaporeí consiste de granitóides subsolvus, classificados como sieno a monzogranitos, quartzo-monzonitos, granodioritos e trondjemitos que têm biotita e/ou hornblenda como máficos primários; anisotrópicos, com foliação bem marcada evidenciada por duas fases de deformação (S 1 e S 2 ) relacionadas à orogenia San Ignácio. Geoquimicamente, essas rochas constituem uma seqüência ácida formada por um magmatismo subalcalino, do tipo cálcio-alcalino de alto potássio, metaluminoso a levemente peraluminoso, evoluído através de mecanismos de cristalização fracionada associados a contaminação crustal. Os dados geocronológicos Pb-Pb em zircão indicam ,5 Ma como a idade mínima de cristalização dos litotipos estudados. Os dados de Sm-Nd (em rocha total) fornecem uma idade modelo T DM de 1,76 Ga considerada como representante do período Estateriano, no Paleoproterozóico, a partir do qual os materiais do manto superior foram segregados para a crosta, enquanto o valor negativo encontrado para ε Nd(t=1,3), em torno de -14, corrobora a hipótese de assimilação crustal pelo magma formador destas rochas. Considerando a forte foliação penetrativa com atitude preferencial N30 45W/65-80NE, correlacionável a deformação D 3 (Litherland et al. 1986), a idade de ,5 Ma (Pb- Pb em zircão) de formação do granito Guaporeí, bem como sua caracterização petrológica sugere-se que este é correlato às intrusões sin a tardi-cinemáticas do Complexo Granitóide Pensamiento, representadas pelos granitos La Junta, Puerto Alegre e San Martin estudados por Matos et al. (2009). Conclui-se, portanto, que estes corpos são formados por um magmatismo cogenético e que as semelhanças descritas reforçam ainda mais a idéia de que a área aqui estudada é continuidade crustal deste complexo em território brasileiro. Os dados geológicos, geoquímicos e isotópicos (Sm-Nd) obtidos para o batólito Guaporeí, quando comparados aos granitóides do Complexo Granitóide Pensamiento, sugerem que a intrusão investigada, foi gerada em um ambiente tectônico convergente, em um arco magmático continental do tipo andino, instalado às margens do terreno Paraguá, durante a orogenia San Ignácio. REFERÊNCIAS Bettencourt, J. S, Leite Jr, W. B., Ruiz, A. S., Matos, R., Payolla, B. L., Tosdal, R. M The Rondonian-San Ignácio Province in the SW Amazonian Craton: an overview. Journal of South American Earth Sciences, Volume 29, Issue 1, Pags Boger, S. D., Raetz, M., Giles, D., Etchart, E., Fanning, C.M U-Pb age data from the Sunsas region of Eastern Bolivia, evidence for the allochthonous origin of the Paragua Block. Precambrian Research, 139: Campos, M.S.; Sousa, M.Z.A.; Ruiz A.S.; Lima, G.A.; Jesus, G.C. Aspectos Petrográficos do Granito Passagem - Complexo Granitóide Pensamiento - SW do Cráton Amazônico - MT. In: X Simpósio de Geologia do Centro-Oeste, 2007, Pirenópolis. Anais do X Simpósio de Geologia do Centro-Oeste, Cattalani S. & Bambic P Application de la lithogeochimie e du changement de masse en exploration minière. In: Congress APGGQ 1994, Val D Or, Quebec. Short Course Manual. 33

48 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Clarke, D B Granitoid Rocks. Chapman & Hall, London, 283p. Cordani, U.G., Teixeira, W., D agrella-filho, M.S., Trindade, R.I., The position of the Amazonian Craton in supercontinents. Gondwana Research 15, Cordani, U. G.; Teixeira, W Proterozoic accretionary belts of the Amazonian Craton. In: Hatcher, R.D. Jr., Carlson, M. P., Mcbride, J. H.; Martinez Catalán, J. R. (Org.). The 4D Framework of Continental Crust. Boulder, Colo.: Geological Society of America, p (Memoir. v. 200). DePaolo, D.J Nd isotopic studies: Some new perspectives on Earth Structure and Evolution. EOS, Figueiredo, F. L. P.; Ruiz, A. S.; Souza, M. Z. A.; Macambira, M. J. B Dados isotópicos Pb-Pb em zircão do ortognaisse Turvo/Terreno Paraguá SW do cráton Amazônico. Boletim de Resumos Expandidos. In: Simp. 45 Anos de Geocronologia no Brasil, 2009, São Paulo IGC-USP, Figueiredo, F. L. P. & Ribeiro, L. R Caracterização Geológica do Embasamento Metamórfico do Domínio Paraguá na Fazenda Guaporeí no Município de Vila Bela da Santíssima Trindade - MT. Trabalho de Conclusão de Curso. Gaudette H.E., Lafon J.M., Macambira M.J.B., Moura C.A.V., Scheller T Comparison of single filament Pb evaporation/ionization zircon ages with conventional U-Pb results: Examples from the Precambrian of Brazil. J. South. Amer. Earth. Sc., 11: Harris N.B.W., Pearce J.A, Tindal A.G Geochemical characteristics of collision-zone magmatism. In: M.P. Coward & A.C. RIES (ed.) Collision Tectonics. London-The Geol. Soc. Spec. Bull., 19: Irvine T. N. & Baragar W. R. A A guide to the chemical classification of the common volcanic rocks. Can. J. Earth Sci., 8: Jesus, G.C.; Sousa, M.Z.A.; Ruiz, A.S. Petrologia e Geocronologia (U-Pb/ Sm-Nd) do Granito Passagem Complexo Granitóide Pensamiento Terreno Paraguá, SW do Cráton Amazônico Mato Grosso. Revista Brasileira de Geociências, 2010, no prelo. Jesus, G.C.; Sousa, M.Z.A.; Matos, J.B.; Ruiz, A.S.; Campos, M.S.; Lima, G.A. Petrografia do Granito Guaporeí, Complexo Granitóide Pensamiento, SW do Cráton Amazônico, Brasil. In: X Simpósio de Geologia do Centro-Oeste, 2007, Pirenópolis. Anais do X Simpósio de Geologia do Centro-Oeste, Kober, B Single grain evaporation combined with Pb+ emitter bedding for 207Pb/206Pb investigations using thermal ion mass spectrometry and implications for zirconology. Contrib. Mineral. Petrol., 96: Kober, B Whole grain evaporation for 207Pb/206Pb age investigations on single zircons using a double filament source. Contrib. Mineral. Petrol.,93: La Roche (de) H Granites chemistry through multicationic diagrams. Sciences de la Terre, Série Informatique Géologique, 13: Le Maitre R.W Igneous Rocks: a Classification and Glossary of Terms: Recommendations of the International Union of Geological Sciences Subcommission on the Systematics of Igneous Rocks. Cambridge, Cambridge University Press, 236 p. Litherland, M., Annells, R.N., Appleton, J.D., Berrangé, J.P., Bloomfield, K., Burton,C.C.J., Darbyshire, D.P.F., Fletcher, C.J.N., Hawkins, M.P., Klinck, B.A., Lanos, A., Mithcell, W.I., O Connor, E.A., Pitfield, P.E.J., Power, G. E Webb, B.C The Geology and 34

49 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Mineral Resources of the Bolivian Precambrian Shield. British Geological Survey. Overseas Memoir 9. London, Her Majesty s Stationery Office. 140 p. Maniar P. D. & Piccoli P. M Tectonic discrimination of granitoids. Geol. Soc. Amer. Bull., 101: Matos, R.; Teixeira, W.; Geraldes, M.C.; Bettencourt, J.S Geochemistry and Nd-Sr Isotopic Signatures of the Pensamiento Granitoid Complex, Rondonian-San Ignacio Province, East Precambrian Shield of Bolívia: Petrogenetic Constraints for a Mesoproterozoic Magmatic Arc Setting. Geol. USP, Sér. Cient., São Paulo, v. 9, n.2, p Middlemost, E.A.K Towards a comprehensive classification of igneous rocks and magmas. Earth Science Reviews, 31: Nakamura K., Volcanoes as a possible indicator of tectonic stress orientation: principle and proposal. J. Volcanol. Geotherm. Res., 2:1-16. Nalon, P. A.; Sousa, M.Z.A.; Ruiz, A.S. (2009 a). Caracterização Geológica e Petrográfica do Batólito Guaporeí, Terreno Paraguá- SW do Cráton Amazônico-MatoGrosso-Brasil. In: XVIII Congreso Geologico Boliviano, 2009, Potosi. Comision Cientifica Nacional - Ing. Daniel Howard, v. único. p Nalon, P. A.; Sousa,. Z. A.; Ruiz, A. S. (2009 b). O Batólito Guaporeí - SW do Cráton Amazônico - MT. In: XI Simpósio de Geologia do Centro Oeste, Cuiabá. In: XI Simpósio de Geologia do Centro Oeste. Cuiabá, v. único. p. 65 Nalon, P. A.; Souza, M. Z. A.; Ruiz, A. S c. Geologia e geocronologia do batólito Guaporeí Suíte Intrusiva Pensamiento Mato Grosso. Boletim de Resumos Expandidos. In: Simp. 45 Anos de Geocronologia no Brasil, 2009, São Paulo IGC-USP, Nogueira, E. R. & Oliveira, d. J. R Caracterização Geológica do Embasamento do Grupo Aguapeí na Borda Sudoeste da Serra Ricardo Franco nas imediações de Vila Bela da Santíssima Trindade/MT. Instituto de Ciências Exatas e da terra, Universidade Federal de Mato Grosso. Trabalho de Conclusão de Curso. 75p. Pearce J.A Sources and settings of granitic rocks. Episodes, 19: Pearce J. A., Harris N. B. W., Tindle A. G Trace element discrimination diagrams for the tectonic interpretation of granitic rocks. J. Petrol., 25(4): Richard, L. R MINPET: The ultimate mineralogical and petrological data processing system for Windows. Quebec, Canadá, 263p. Ruiz, A. S Compartimentação Tectônica (Pré-Sunsás) do SW do Cráton Amazônico: ênfase em Mato Grosso Brasil. In: XVIII Congresso Geológico Boliviano, Potosi, Anais. Ruiz, A. S Evolução Geológica do Sudoeste do Cráton Amazônico Região Limítrofe Brasil-Bolívia-Mato Grosso. UNESP. Rio Claro, SP. Tese de Doutoramento, 260 p. Saes G.S. & Fragoso Cesar A.R.S Acresção de terrenos mesoproterozóicos no SW da Amazônia. In:SBG-Sociedade Brasileira de Geologia, 39, Salvador, Boletim de Resumos Expandidos. Santos, J.O.S.; Rizzotto, G.J.; Potter, P.E.; Mcnaughton, N.J.; Matos, R.S.; Hartmann, L.A.; Chemale JR, F. & Quadros, M.E.S Age and autochthonous evolution of the Sunsás Orogen in the West Amazon Craton based on mapping and U-Pb greochronology. Precambrian Research. 35

50 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Santos, J.O.S.; Rizzotto, G.J.; McNaughton, N.J.; Matos, R.; Hartmann, L.H O Mito Cráton Paraguá. In: Anais X Simpósio de Geologia da Amazônia, Porto Velho, RO, p. 112 a 115. Santos, J.O.S., Hartmann, L.A., Gaudette, H.E., Groves, D.I., Mcnaughton, N., Fletcher, I.R., A new understanding of the provinces of the Amazon Craton basedon integration of field mapping and U-Pb and Sm-Nd geochronology. Gondwana Research 3 (4), Scheepers R Geology, geochemistry and petrogenesis of Late Precambrian S-, I- and A- type granitoids in the Saldania belt, Western Cape Province, South Africa. Journal of African Earth Sciences, 21(1): Sibson, R.H Fault rocks and fault mechanisms. J. Soc. & London, 133: Stacey, J. S.; kramers, J. D. Approximation of terrestrial lead isotope evolution by a two-stage model. 0, v. 26, p , Steiger R.H. & Jager E Subcommission on geochronology: convention of the use of decay constants in geo- and comoschronology. Earth Planet. Sci. Lett., 36: Streckeisen, A. To each plutonic rock, its proper name. Earth Science Review, Amsterdam, v. 12, p. 1-33, Tassinari, C.G.C. & Macambira, M.J.B A evolução tectônica do Cráton Amazônico.In: Geologia do continente sul- americano: evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. Org. Neto-Mantesso, V., Bartorelli, A, Carneiro, C. D. R., Brito-Neves, B.B. de B., p Tassinari, C.C.G., & Macambira, M.J.B., Geochronological provinces of the Amazonian Craton. Episodes 22, Tassinari, C.C.G., Bettencourt, J.S., Geraldes, M.C., Macambira, M.J.B., Lafon, J.M., The Amazonian Craton. In: Cordani, U.G., Milani, E.J., Thomaz Filho, A., Campos, D.A. (Eds.), Tectonic evolution of South America. 31st International Geological Congress, Rio de Janeiro, Brazil, pp Teixeira, W., Geraldes, M.C., Matos, R., Ruiz, A.S., Saes, G., Mattos, G.V A review of the tectonic evolution of the Sunsás belt, SW Amazonian Cráton. Journal of South American, Earth Sciences. Tohver, E., van der Pluijm, B., Mezger, K., Essene, E.J., Scandolara, J.E., Rizzotto, G.R., Significance of the Nova Brasilândia metasedimentary belt in western Brazil: redefining the Mesoproterozoic boundary of the Amazon craton. Tectonics 23 TC doi: /2003tc Winchester J. A. & Floyd P. A Geochemical discrimination of different magma series and their differentiation products using immobile elements. Chem. Geol., 20:

51 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Capítulo 2 Artigo BATÓLITO GUAPOREÍ UMA EXTENSÃO DO COMPLEXO GRANITÓIDE PENSAMIENTO EM MATO GROSSO, SW DO CRÁTON AMAZÔNICO PATRÍCIA ALVES NALON (1,4), MARIA ZÉLIA AGUIAR DE SOUSA (1,2,4,6), AMARILDO SALINA RUIZ (1,3,4,6), MOACIR JOSÉ BUENANO MACAMBIRA (5,6) (1) Programa de Pós-Graduação em Geociências, Instituto de Ciências Exatas e da Terra (ICET), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Avenida Fernando Corrêa, s/n, Bairro Coxipó. CEP: Cuiabá-MT, Brasil. nalonp@gmail.com (2) Departamento de Recursos Minerais, ICET, UFMT. prof.mzaguiar@gmail.com (3) Departamento de Geologia Geral, ICET, UFMT. asruiz@gmail.com (4) Grupo de Pesquisa em Evolução Crustal e Tectônica Guaporé (5) Laboratório de Geologia Isotópica (Pará-Iso), Instituto de Geociências da UFPA. E- mail: moamac@ufpa.br (6) Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Geociências da Amazônia (GEOCIAM) RESUMO O Batólito Guaporeí é um corpo de aproximadamente 240 km 2 alongado segundo a direção NW, localizado na região de Vila Bela da Santíssima Trindade, estado de Mato Grosso. Situa-se nos domínios da Província Rondoniana-San Ignácio, no Terreno Paraguá, na porção meridional do Cráton Amazônico. É formado por monzogranitos e, subordinadamente, granodioritos, quartzo-monzonitos e sienogranitos, caracterizados por granulação grossa e textura, em geral, porfirítica a porfiroclástica. Possui biotita como mineral máfico primário, por vezes, associada a anfibólio, e encontra-se metamorfizado na fácies xisto verde exibindo estrutura milonítica, em estreitas zonas de cisalhamento. Evidências geoquímicas indicam que estas rochas derivam de um magma cálcio-alcalino de alto potássio a shoshonítico, metaluminoso a levemente peraluminoso evoluído por cristalização fracionada associada à assimilação crustal, possivelmente gerado em ambiente de arco continental. Duas fases de deformação relacionadas à Orogenia San Ignácio, caracterizadas pelo estiramento e alinhamento mineral evidenciadas pelas foliações S 1 e S 2, foram identificadas nestas rochas. Foi obtida pelo método de evaporação de Pb em zircão uma idade de 1314 ± 3 Ma, interpretada como idade de cristalização do corpo granítico. Dados Sm- Nd em rocha total indicam idade modelo T DM em torno de 1,7 Ga e valor negativo para εnd (t=1,3) (-14), corroborando a hipótese de envolvimento crustal na gênese do magma. Os resultados obtidos apontam semelhanças entre estas rochas e aquelas de região adjacente em território boliviano, sugerindo que o Granito Guaporeí representa uma extensão do Complexo Granitóide Pensamiento. Palavras-chave: Batólito Guaporeí, Complexo Granitóide Pensamiento, Terreno Paraguá, Cálcio-alcalino de alto K. Abstract - THE GUAPOREÍ BATHOLITH - AN EXTENSION OF THE PENSAMIENTO GRANITOID COMPLEX IN MATO GROSSO, SW AMAZONIAN CRATON The Guaporeí batholith is located in the Vila Bela da Santíssima Trindade region, at Mato Grosso State (Brazil) and crops out over 240 km 2 along the NW direction. It is situated in the Paragua terrane, included in the Rondonian-San Ignacio Province, in the southwestern portion of the Amazonian craton. The batholith is made up of monzogranite, with subordinate granodiorite, quartz monzonite and syenogranite, shows coarse porphyritic/porphyroclastic texture, is metamorphosed in the greenschist facies and mylonitized along shear zones. The biotite is the main primary mafic mineral, sometimes associated with amphibole. Geochemical data indicated high-potassium calc-alkaline and metaluminous to peraluminous character, probably generated in continental arc environment, and evolved by fractional crystallization associated to crustal assimilation. Two stages of deformation related to the evolution of San Ignacio compressional orogeny were identified and are characterized by stretching and lineation, and development of S 1 and S 2 foliations. Dating by single zircon Pbevaporation method yields a crystallization age of 1314 ± 3 Ma, whereas Sm-Nd whole rock isotope data indicate a T DM model age of ca. 1.7 Ga and a negative value for εnd (t = 1,3) of -14, suggesting crustal contribution in the magma genesis. The obtained data indicate similarities between these rocks and those of the Pensamiento 37

52 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Granitoid Complex, in the Bolivian counterpart, and put in evidence that the Guaporeí batholith is an extension of this complex. Keywords: Guaporeí batholith, Pensamiento Granitoid Complex, Paraguá terrane, High-K calc-alkaline. INTRODUÇÃO Litherland et al. (1986) descreveram em território boliviano um expressivo e volumoso magmatismo de natureza plutônica ácida, cujas idades variam de 1,37 Ga a 1,30 Ga. Tais granitóides foram agrupados sob a designação Complexo Granitóide Pensamiento e classificados, conforme o momento de sua colocação em relação ao pico metamórfico e deformacional da Orogenia San Ignácio, como sin a pós-cinemáticos. Na região de Vila Bela da Santíssima Trindade, sudoeste do estado de Mato Grosso, aflora a porção extremo oriental do Terreno Paraguá, limitada a leste pelo Terreno Rio Alegre (Fig.1). Entre as unidades litoestratigráficas que constituem este Terreno nessa região, destacam-se um embasamento gnáissico com idade de 1651±4 (Pb-Pb por evaporação em zircão; Figueiredo et al. 2009), que serve de encaixante para o Granito Guaporeí, além de plugs e diques do Granito Passagem (Jesus et al. 2010), ambos correlacionados ao Complexo Granitóide Pensamiento (Nalon et al. 2009). Na área estudada, o Grupo Aguapeí não apresenta deformação dúctil e metamorfismo e repousa em discordância erosiva sobre os gnaisses e granitóides. O propósito deste trabalho é caracterizar o Batólito Guaporeí do ponto de vista petrográfico, estrutural e geoquímico, definir sua idade e significado petrológico. Buscar-se-á, além disso, avaliar se o mesmo representa uma extensão do Complexo Granitóide Pensamiento em território brasileiro ou se constitui uma intrusão independente. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL A área de estudo está localizada na região de Vila Bela da Santíssima Trindade - Mato Grosso, contida na Província Rondoniana-San Ignácio e inserida no Terreno Paraguá (Ruiz, 2009 e Bettencourt et al. 2010; Fig. 1), na porção meridional do Cráton Amazônico. Este Terreno é uma unidade tectônica complexa, anteriormente denominada de Cráton Paraguá (Litherland et al. 1986) e, ultimamente descrita como um fragmento crustal alóctone, acrescido à margem do proto-cráton Amazônico durante o Mesoproterozóico ou Neoproterozóico (Boger et al. 2005) Segundo esses autores, a colisão e aglutinação do Terreno Paraguá ao Cráton Amazônico teria ocorrido durante a orogenia Sunsás (1,0 a 0,9 Ga), enquanto Ruiz (2005, 2009) e Bettencourt et al. (2010) sugeriram que se deu durante a Orogenia San Ignácio (1,37 a 1,3 Ga). Este Terreno é constituído por um embasamento paleoproterozóico, representado pelo Complexo Lomas Maneches, Grupo de Xistos San Ignácio e Complexo Gnáissico Chiquitania e por granitóides cálcio-alcalinos mesoproterozóicos (Complexo Granitóide Pensamiento). Informações adicionais sobre a cronoestratigrafia deste Terreno foram apresentadas por Boger et al. (2005), com base em datações pelo método U-Pb em zircão (SHRIMP) de rochas do Complexo Lomas Maneches e do Complexo Gnáissico Chiquitania. Matos et al. (2009) sugeriram a seguinte sequência litoestratigráfica: Complexo Chiquitania (1,79 Ga), Grupo San Ignácio (<1,76 Ga), Suíte Lomas Maneches (1,68 Ga) e Complexo Granitóide Pensamiento. O Complexo Granitóide Pensamiento compreende grande extensão areal de rochas graníticas e gnáissicas que guardam os registros metamórficos e deformacionais da Orogenia San Ignácio, de 1,40-1,28 Ga (Bettencourt et al. 2010). Os corpos do complexo foram subdivididos por Litherland et al. (1986) em sin a tardi-cinemáticos e tardi a pós-cinemáticos. Os corpos sin a tardi-cinemáticos ( Ma) caracterizam-se por apresentar rochas porfiríticas e foliadas e os tardi a pós-cinemáticos (1340 Ma) exibem rochas de granulação fina sem foliação marcante. 38

53 Geologia Regional e Recursos Minerais, N A litoestratigrafia do Terreno Paraguá na região de Vila Bela da Santíssima Trindade, foi definida por Nalon (2010) e Figueiredo (2010) e compreende as seguintes unidades: Ortognaisse Turvo, Granito Fronteira, Complexo Metamórfico Ricardo Franco, Gnaisse Shangri-lá, Complexo Granitóide Pensamiento (granitos Passagem e Guaporeí), Suíte Intrusiva Guará, Granito Vila Bela, Grupo Aguapeí e Suíte Intrusiva Huanchaca (Fig. 2). Figura 1 - Localização da área estudada no Mapa Tectônico do SW do Cráton Amazônico em Mato Grosso, Rondônia e oriente da Bolívia (Ruiz 2009). 39

54 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Figura 2 - Mapa geológico do Terreno Paraguá na região de Vila Bela da Santíssima Trindade-MT. GEOLOGIA E PETROGRAFIA O Batólito Guaporeí é constituído por granitos anisotrópicos com foliação bem marcada ou, localmente, incipiente, caracterizada pelo estiramento e orientação preferencial de minerais félsicos e arranjo planar dos máficos que, quando situados próximos a zonas de cisalhamento, encontram-se milonitizados. Estas rochas configuram um corpo de aproximadamente 240 km 2 limitado por zonas de cisalhamento que o colocam a NE, parcialmente, em contato com o Gnaisse Shangri-lá e Complexo Metamórfico Ricardo Franco (Figueiredo 2010), e a SW com o Gnaisse Turvo (Figueiredo 2010; Fig. 2). Suas exposições típicas correspondem a lajedos de dimensões decamétricas, blocos e matacões sub-arredondados (Figs. 3A e B), por vezes, cortados por veios e vênulas centimétricas de composição quartzo-feldspática e por diques do Granito Passagem (Fig. 3C). As rochas desta unidade apresentam cores claras que variam de branco-acinzentado a rosaavermelhado e textura dominantemente porfirítica/porfiroclástica (Fig. 3D), com fenocristais centimétricos de feldspato alcalino em matriz de granulação média. De forma subordinada, encontram-se litotipos de granulação fina e cor branca a cinza-esverdeada. De acordo com o diagrama QAP (Fig. 4; Streckeisen 1976), são hornblenda-biotita ou biotita-monzogranitos, com sienogranitos, granodioritos e quartzo-monzonitos subordinados. Caracteristicamente, a maioria das rochas desta unidade exibe fenocristais de feldspato alcalino rosa a branco, por vezes estirados, imersos em uma matriz composta por quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio, biotita e, às vezes, hornblenda. 40

55 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Figur a 3 - Ilustrações de afloramentos e de amostra de mão do Batólito Guaporeí: (A) ocorrência em lajedo; (B) matacões e blocos subarredondados; (C) dique do Granito Passagem cortando o Guaporeí; (D) aspecto macroscópico, com rocha porfirítica formada por fenocristais centimétricos de feldspato alcalino em matriz inequigranular média. Figura 4 - Diagrama QAP para as rochas do Batólito Guaporeí (campos conforme Le Maitre et al. 2002). 41

56 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Ao microscópio, as rochas estudadas apresentam textura porfirítica a porfiroclástica com fenocristais de feldspatos alcalinos, plagioclásio e quartzo em uma matriz de mesma composição, por vezes, recristalizada. A biotita e, quando presente, o anfibólio ocorrem em cristais isolados ou em agregados isorientados. A paragênese acessória primária está representada por allanita, titanita, apatita, zircão, monazita, rutilo e opacos; clorita, sericita, epidoto, clinozoizita, argilo-minerais e opacos constituem os produtos de alteração ou fases de metamorfismo de baixo grau da fácies xisto verde. Quando em zonas de cisalhamento, a trama destas rochas configura feições típicas de milonitização resultantes de mecanismos de deformação, tais como, recristalização dinâmica e deformação intracristalina. Os litotipos deformados mais intensamente podem ser classificados como protomilonitos e, mais restritamente, como ultramilonitos, caracterizados por cerca de 40 e 80% de matriz, respectivamente (Sibson 1977). Os feldspatos alcalinos formam fenocristais e porfiroclastos e se apresentam, principalmente, em grãos anédricos com bordas cominuídas e exibem geminações em grade (dupla macla albita + periclina) e do tipo Carlsbad. Em geral, apresentam intercrescimentos pertíticos, com lamelas sódicas tanto em grãos/gotas, quanto em filmes e flâmulas (Fig. 5A) e podem formar intercrescimentos granofíricos com o quartzo. Às vezes, observam-se porfiroclastos de prováveis cristais de ortoclásio primário, que ainda preservam a macla Carlsbad original, porém com presença igualmente de geminação em grade incipiente, sugerindo sua microclinização. Os feldspatos alcalinos da matriz se apresentam em grãos anédricos, provenientes de recristalização, que exibem geminação em grade. Evidências de processos de alteração, tais como argilização e sericitização, são comuns. Os plagioclásios dispõem-se como porfiroclastos anédricos a subédricos (Fig. 5B) ou em pequenos grãos recristalizados compondo a matriz com geminações polissintéticas do tipo albita e/ou periclina. Apresentam, por vezes, textura mirmequítica e, em algumas amostras encontram-se intensamente turvos em decorrência dos processos pós-magmáticos, como sericitização, argilização e saussuritização com grande quantidade de epidoto/clinozoizita, sericita e calcita. O quartzo ocorre em subgrãos anédricos e em cristais poligonais formando textura em mosaico (Fig. 5C), bem como na forma de grãos finos que constituem a matriz recristalizada que envolve os porfiroclastos de feldspatos. Deformação intracristalina é evidenciada, principalmente nas rochas milonitizadas (Fig. 5D) pela formação de ribbons (Fig. 5E), extinção ondulante, lamelas e bandas de deformação e recristalização em subgrãos que, por vezes, exibem feição tabuleiro de xadrez. A biotita apresenta-se em palhetas milimétricas anédricas a subédricas, com pleocroísmo castanho-claro a marrom-escuro e, por vezes, deformadas, em agregados com clorita, epidoto e opacos. Também é observada em lamelas isoladas ou inclusas nos feldspatos alcalinos, associada ao anfibólio, podendo representar produto de transformação deste último. Encontra-se, em geral, substituída parcial a totalmente por clorita de coloração verde-claro, caracterizada como peninita (Fig. 5F) e, localmente, por cristais fibrosos de muscovita. O anfibólio, identificado como hornblenda, ocorre em cristais subédricos (Fig. 5G) ou anédricos, formando agregados com biotita e opacos. Apresenta pleocroísmo intenso que varia de verde-amarronzado a verde-escuro, exibindo por vezes, discreta zonação e textura poiquilítica com quartzo. Exibe ainda transformação em biotita e/ou clorita principalmente nas bordas, nos traços de clivagens e fraturas. A titanita está presente em duas gerações sendo uma primária formada por cristais de hábito romboédrico, por vezes, inclusa nos feldspatos, e outra definida por grãos secundários subédricos a anédricos, poiquiloblásticos (Fig 5H). Localmente, é resultante de processo de substituição dos minerais óxidos de Fe e Ti ocorrendo em torno do mineral opaco, possivelmente ilmenita, caracterizando textura coronítica. A allanita se apresenta em cristais subédricos de cor amarelo-alaranjada, às vezes zonados ou de aspecto isotrópico por ter sido sua estrutura 42

57 Geologia Regional e Recursos Minerais, N parcialmente destruída devido a processo de metamictização. Outros minerais do grupo do epidoto acham-se disseminados ou concentrados nos grãos de plagioclásio, associados a sericita e calcita, provenientes de saussuritização. O zircão é uma fase acessória comum, ocorrendo em minúsculos cristais euédricos a anédricos, prismáticos, dispersos na matriz ou inclusos, preferencialmente, na biotita onde desenvolvem halos pleocróicos. A apatita ocorre com hábito acicular, inclusa nos feldspatos e na allanita ou disseminada na matriz. Os minerais opacos apresentam-se em cristais euédricos a anédricos, localmente dendríticos, pretos ou com tonalidades amareladas a avermelhadas, ocorrendo isolados ou interdigitados com máficos, por vezes, como produto de sua alteração. São observados também, parcialmente alterados, originando titanita, biotita, clorita e rutilo. O rutilo representa geralmente um produto de alteração da ilmenita e da titanita, sendo encontrado associado a esses minerais ou, por vezes, à clorita exibindo hábito fibroso a acicular. 43

58 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Figur a 5 - Fotomicrografias de rochas do Batólito Guaporeí ilustrando: (A) feldspato alcalino anédrico com intercrescimento pertítico do tipo flâmula e gotas; (B) parte de porfiroclasto de plagioclásio com bordas cominuídas formadas por minúsculos subgrãos de feldspatos e 44

59 Geologia Regional e Recursos Minerais, N quartzo neo-cristalizados associados à palhetas orientadas de biotita; (C) agregado de grãos de quartzo em mosaico com junções tríplices de 120 o e porfiroclasto de quartzo com extinção ondulante; (D) ultramilonito com matriz fina recristalizada e ribbons de quartzo; (E) quartzo fitado com subgrãos em matriz quartzo-feldspática recristalizada; (F) palheta de biotita parcialmente transformada em clorita; (G) grão anédrico de hornblenda orientado segundo a foliação marcada por ribbons de quartzo. (H) Cristais subédricos de titanita poiquiloblástica. Polarizadores cruzados em A, B, C, D, E e G e paralelos em F e H. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL Na área estudada foi identificada a atuação de duas fases de deformação, F 1 e F 2, correspondentes a fase D 3 da orogenia San Ignácio (Litherland et al. 1986). A fase D 3 é reconhecida como o último e maior evento penetrativo sendo simultânea à colocação de volumosas intrusões graníticas sin-cinemáticas e migmatização nas rochas do Terreno Paraguá. Nas rochas do Batólito Guaporeí a fase de deformação F 1 é de natureza dúctil, sendo representada pelo desenvolvimento de uma foliação regional penetrativa (S 1 ), lineação mineral e de estiramento (l 1 ) e zonas de cisalhamento estreitas subparalelas à foliação regional (S 1 ). A foliação S 1 é definida como uma xistosidade marcada pela orientação preferencial da matriz quartzo-feldspática e dos porfiroclastos de feldspato alcalino. Os máficos, principalmente a biotita e em menor proporção o anfibólio, completam a trama planar penetrativa (Fig. 6). A xistosidade S 1 é observada ao longo de todo o Batólito, no entanto a sua orientação varia de N30 45W/65-80NE em sua porção central e sul e para N75-65SE/70-80NW no setor norte (Fig. 7). Zonas de cisalhamento reversas, paralelas a S 1 foram reconhecidas nas bordas e no interior do Batólito. Formam estreitas e contínuas faixas, com desenvolvimento expressivo de proto a ultramilonitos, ou, mais comumente, milonitos com a textura ocelar típica. Lineação de estiramento e mineral l 1, down dip a levemente oblíqua, e os porfiroclastos de feldspato alcalino rotacionados, indicam um movimento de topo de NE para SW. Em análise microscópica nos sieno e monzogranitos, a foliação S 1 é marcada principalmente pelo alinhamento de minerais máficos (Fig. 8A). Nas rochas quartzomonzoníticas têm-se o estiramento de quartzo e o alinhamento descontínuo de biotitas e/ou horblenda configurando a foliação S 1 (Fig. 8B). O quartzo comumente exibe feições de deformação intracristalina e plasticidade cristalina tais como extinção ondulante, lamelas de deformação, ribbons e subgrãos, respectivamente. Quando os sienogranitos a granodioritos situam-se próximos de zonas de cisalhamento, observam-se: diminuição na quantidade e maior grau de arredondamento dos porfiroclastos de feldspatos; aumento na proporção de quartzo em ribbons e na matriz recristalizada, além de subgrãos de quartzo. A fase F 2 é marcada pela formação de dobras suaves da foliação S 1 que resulta em uma foliação não penetrativa S 2. A foliação S 2 é obliqua a S 1 e coincide com a nucleação e desenvolvimento de discretas e estreitas zonas de cisalhamento dúcteis-rúpteis orientadas (Fig. 6) segundo a direção N70-80W com mergulhos elevados, entre 70º a 80º, para o quadrante NE. 45

60 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Figur a 6 - Aspectos de campo (em planta) ilustrando as foliações S 1 e S 2. Detalhe para o estiramento e rotação de grãos de feldspato alcalino. Figura 7 Estereograma para pólos da foliação S 1 do Granito Guaporeí. O máximo obtido, N40W/75NE, reflete a porção sul e central da intrusão e os valores próximos a N75SE/75NW foram obtidos no setor norte do corpo. 46

61 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Figura 8 - Fotomicrografia das rochas do Batólito Guaporeí ilustrando a foliação S 1 em: (A) alinhamento de palhetas de biotita e cristais anédricos de hornblenda, no monzogranito; (B) intercalação de ribbons de quartzo e palhetas de biotita definindo alinhamento nos quartzomonzonitos. GEOQUÍMICA ELEMENTAL Doze amostras de rochas representativas do Batólito Guaporeí considerando sua distribuição na área de estudo, bem como sua diversidade textural e mineralógica foram selecionadas para análises químicas. Inicialmente, estes exemplares foram serrados e britados no laboratório de Laminação do Departamento de Recursos Minerais da UFMT e, em seguida, fez-se a separação de cerca de 50g de cada amostra, sendo todas enviadas ao Acme Analytical Laboratories (Acmelab)-Vancouver/Canadá para determinações através dos métodos ICP- OES (Inductively Coupled Plasma Optical Emission) e ICP-MS (Inductively Coupled Plasma Mass Espectrometry) para elementos maiores, menores e traços, incluindo terras raras, sendo os resultados apresentados na tabela 1. As rochas do Batólito Guaporeí são de natureza ácida pouco expandida, com valores de SiO 2 entre 63,81 e 73,96 % (Tabela 1). Os diagramas de Harker (Fig. 9) mostram tendências de variação coerentes com correlações lineares negativas entre sílica e Al 2 O 3, Fe 2 O 3t, TiO 2, MgO, CaO e P 2 O 5, que refletem o empobrecimento em plagioclásio cálcico e em minerais máficos primários, tais como hornblenda, biotita, ilmenita-magnetita, titanita e apatita, durante a diferenciação. Dos álcalis, o Na 2 O não apresenta variação significativa com a sílica enquanto os valores de K 2 O são sempre elevados com correlação positiva com esse índice evidenciando um padrão de evolução que ilustra o enriquecimento em feldspatos alcalinos das rochas mais diferenciadas. 47

62 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Amostras JR116 FL12A FL15 AT44 GJ10 FL45 JR05 SL76 PN13 GJ15 JR03 GJ05 Classificação/ Monzo Monzo Monzo Qz- Qz- Monzo Sieno Monzo Monzo Monzo Sieno Sieno Elementos Monz Monz SiO 2 63,81 65,05 66,48 66,60 67,01 67,34 68,11 68,42 69,62 71,22 71,84 73,96 TiO 2 0,88 1,05 0,65 0,46 0,34 0,52 0,58 0,56 0,34 0,27 0,23 0,25 Al 2O 3 15,21 13,67 14,85 15,84 16,15 14,68 14,72 13,82 14,59 14,34 13,82 12,05 Fe 2O 3 5,83 6,50 5,21 3,92 2,72 4,71 3,77 3,85 3,11 2,21 2,05 3,45 MgO 1,60 1,27 1,10 1,02 0,76 0,99 0,82 0,70 0,78 0,59 0,35 0,11 MnO 0,08 0,08 0,04 0,03 0,03 0,03 0,05 0,05 0,03 0,02 0,03 0,05 CaO 3,25 3,05 1,99 2,39 2,02 1,95 2,18 1,57 2,16 1,7 1,07 0,41 Na 2O 2,98 2,68 2,81 3,19 3,47 2,70 3,01 2,85 3,21 3,29 2,81 2,97 K 2O 4,55 4,86 5,67 5,09 6,29 5,82 5,77 5,61 4,76 5,29 6,59 5,95 P 2O 5 0,29 0,45 0,17 0,28 0,14 0,13 0,18 0,17 0,13 0,09 0,10 0,04 Cr2O3 0,005 0,003 0,008 0,002 0,003 0,006 <,001 0,002 0,002 0,002 <,001 0,004 LOI 1,10 0,70 0,60 0,90 0,80 0,80 0,60 2,00 0,90 0,70 0,90 0,40 Total 99,55 99,53 99,61 99,68 99,74 99,63 99,79 99,60 99,66 99,73 99,79 99,64 Sc 13,00 14,00 7,00 6,00 3,00 7,00 8,00 6,00 2,00 3,00 3,00 2,00 Ba , , ,3 1413,7 332 Co 10,70 29,80 22,00 7,00 58,90 22,20 83,80 5,20 5,40 75,40 111,20 162,50 Cs 0,60 1,90 1,50 2,10 1,30 1,40 0,40 4,50 1,30 1,00 0,90 0,50 Ga 20,30 21,10 19,90 22,10 21,80 20,10 22,20 19,00 18,00 19,10 17,80 26,50 Hf 18,70 16,30 12,60 8,00 7,70 10,90 14,00 18,00 9,10 6,40 8,50 23,00 Nb 22,50 26,40 22,70 11,50 11,30 15,70 14,70 24,40 8,80 5,20 6,80 15,80 Rb 155,50 180,90 246,20 217,30 210,00 250,30 172,10 244,00 156,40 183,20 246,50 135,00 Sn 5,00 6,00 4,00 2,00 3,00 4,00 3,00 5,00 2,00 1,00 2,00 3,00 Sr 338,10 353,20 258,90 312,30 645,40 254,30 307,30 279,50 538,90 315,70 376,40 93,40 Ta 1,20 1,80 0,40 0,50 1,20 0,40 0,50 1,40 0,70 0,30 0,90 0,80 Th 14,90 20,20 114,90 35,40 50,80 102,60 26,00 33,90 32,90 29,90 90,10 24,50 U 1,50 3,40 2,00 3,60 2,90 1,80 0,80 2,80 1,80 1,90 3,60 2,10 V 71,00 90,00 56,00 44,00 43,00 51,00 50,00 35,00 33,00 28,00 26,00 <8,00 W <0,50 198,30 113,20 <0,50 321,30 114,00 432,30 <0,50 <0,50 405,40 598,30 941,60 Zr 667,20 599,70 406,60 270,70 285,50 355,20 488,60 620,70 280,20 225,40 292,90 721,20 Y 114,4 110,8 17,7 41,7 26,3 18,7 39,3 114,0 18,8 11,5 22,3 147,4 Mo 0,90 3,80 7,80 0,30 0,10 6,40 0,80 1,10 0,60 0,10 0,90 5,80 Cu 23,30 13,60 37,80 18,60 7,00 25,50 6,80 11,10 7,70 4,70 10,70 17,70 Pb 6,40 6,20 15,60 6,60 10,30 13,10 5,80 10,30 9,20 9,00 16,50 41,90 Zn 101,00 100,00 86,00 63,00 37,00 73,00 69,00 77,00 43,00 45,00 33,00 76,00 Ni 15,50 16,50 34,10 9,30 6,90 29,10 3,80 3,60 8,90 4,60 4,50 22,90 As <0,50 0,70 <0,50 <0,50 <,50 <0,50 <,50 0,50 0,60 <,50 <,50 <0,50 Au <0,50 1,60 1,60 0,70 <,50 1,40 1,50 <0,50 <0,50 <,50 <,50 <0,50 La 103,10 119,20 131,60 80,50 102,30 122,30 125,30 107,60 94,80 38,60 143,50 87,50 Ce 269,90 262,40 279,20 167,10 210,30 265,40 275,50 263,50 197,30 79,50 297,30 232,90 Pr 32,37 38,21 33,86 17,33 21,76 32,91 32,53 30,23 19,13 8,16 31,95 23,67 Nd 127,10 158,20 123,50 61,60 73,50 120,40 117,50 117,40 63,70 27,30 104,50 88,10 Sm 23,70 29,31 17,60 8,31 9,16 17,49 17,52 22,72 8,01 3,62 13,37 16,61 Eu 2,34 4,13 1,61 1,29 1,42 1,54 1,84 1,97 1,21 0,92 1,33 1,05 Gd 20,40 25,79 11,93 5,38 5,45 11,65 11,90 19,66 4,74 2,00 6,90 14,52 Tb 3,25 3,91 1,30 0,98 0,89 1,28 1,74 3,33 0,70 0,33 0,96 2,24 Dy 18,21 20,68 4,78 6,41 4,27 4,96 7,41 19,32 3,48 1,84 4,16 11,51 Ho 3,71 4,14 0,65 1,30 0,71 0,70 1,23 3,96 0,65 0,29 0,61 2,25 Er 10,77 11,09 1,39 3,57 1,97 1,49 3,03 11,35 1,88 0,88 1,71 5,93 Tm 1,53 1,64 0,16 0,46 0,35 0,19 0,48 1,78 0,29 0,14 0,31 0,88 Yb 8,98 9,59 0,98 2,54 2,13 1,04 2,58 10,88 1,69 0,83 1,75 5,16 Lu 1,25 1,33 0,16 0,38 0,3 0,16 0,38 1,57 0,25 0,12 0,24 0,81 Eu/Eu* 0,33 0,46 0,34 0,59 0,62 0,33 0,39 0,29 0,60 1,05 0,43 0,21 La/Yb* 7,65 8,29 89,52 21,13 32,02 78,40 32,38 6,59 37, ,67 11,30 Tabela 1- Composição química de elementos maiores, menores e traços (óxidos % em peso e elementos traço em ppm) de rochas do Batólito Guaporeí. 48

63 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Figura 9 -: Diagramas de variações de Harker para elementos maiores (expressos em óxidos) das rochas do Batólito Guaporeí. Símbolos: sienogranito; monzogranito; quartzomonzonito. As rochas do Batólito Guaporeí foram classificadas como traquidacitos, dacitos e riolitos na representação gráfica Total de Álcalis versus sílica de Le Bas (1986; Fig. 10A) como granitos na Q P proposto por Debon & Le Fort (1988; Fig 10B.) e como granodioritos e monzo a sienogranitos no diagrama R 1 xr 2 (La Roche 1980; Fig. 10C) que considera a maioria dos elementos maiores. O gráfico K 2 O+Na 2 O versus SiO 2 com limite dos domínios subalcalino e alcalino, proposto por Irvine & Baragar (1971) e o AFM, do mesmo autor, 49

64 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. ilustrados respectivamente nas figuras 10A e 10D, indicam que o magmatismo que originou as rochas estudadas caracteriza-se como sub-alcalino do tipo cálcio-alcalino. A natureza de alto K a shoshonítica desse magma é sugerida pelo diagrama K 2 O versus SiO 2 (Peccerillo & Taylor 1976; Fig. 10E) e sua afinidade entre metaluminosa e peraluminosa é ilustrada no gráfico A/NK versus A/CNK (Maniar & Piccoli 1989; Fig. 10F). Os teores dos Elementos Terras Raras (ETR) das rochas do Batólito Guaporeí, normalizados pelos valores condríticos de Nakamura (1977) mostram, para a maioria das amostras, pequenas variações e distribuições similares (Fig. 11A). Os padrões das rochas dominantes evidenciam distribuição de ETR marcada pelo enriquecimento de ETRL sobre pesados, porém com razões (La/Yb) N muito variáveis (6,59 a 89,52; Tabela 1) e pronunciadas anomalias negativas de Eu (Eu/Eu* entre 0,21 e 0,62; Fig. 11A). No diagrama multi-elementos (Fig. 11B) que apresenta diversos elementos traço além de K 2 O normalizados contra os valores de granitos de Cordilheira Meso-Oceânica de Pearce et al. (1984), observam-se padrões de enriquecimento dos elementos litófilos de íons grandes (LILE) em relação aos elementos de alta carga (HFSE). No grupo dos LILE, destaca-se anomalia positiva de Rb em relação a K 2 O e Ba pelo fracionamento de feldspatos alcalinos e plagioclásio; e anomalias positivas de Th. No grupo dos HFSE notam-se baixos valores de Ta e Nb, anomalia positiva de Ce e Sm em relação aos elementos adjacentes. Os valores normalizados de Y e Yb, geralmente inferiores a 1, assemelham-se àqueles encontrados em rochas cálcio-alcalinas de alto K. O diagrama Nb versus Y (Fig. 11C; campos de Pearce et al. 1984) indica que a maioria das rochas do Batólito Guaporeí possui composição compatível com a de granitos fanerozóicos gerados em ambiente de arco magmático em período sin-colisional. A similaridade geoquímica com as rochas formadas em ambiente de arco é corroborada pelo diagrama Hf Rb Ta (Fig. 11D; campos de Harris et al. 1986). 50

65 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Figura 10 - Diagramas classificatórios para as rochas do Batólito Guaporeí: (A) total de álcalis versus sílica (Le Bas 1986) com limite entre domínio alcalino/subalcalino de Irvine & Baragar (1971); (B) Q- P (Debon & Le Fort 1988); (C) R 1 xr 2 (La Roche 1980): (D) AFM (Irvine & Baragar 1971); (E) K 2 O versus SiO 2 (Peccerillo & Taylor 1976); (F) A/NK versus A/CNK (Maniar & Piccoli 1989). Símbolos como na Figura 9. 51

66 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Figur a 11 - Padrões de distribuição das rochas do batólito Guaporeí nos diagramas: Em (A) ETR, normalizados pelos valores condríticos (Nakamura 1977); (B) Elementos traço e K 2 O das rochas do batólito Guaporeí, normalizados pelos valores dos granitos de Cordilheira Meso-Oceânica (Pearce et al. 1984). Diagramas de classificação tectônica para as rochas do batólito Guaporeí: (C) Nb versus Y (Pearce et al. 1984); (D) Hf-Rb/30-Ta*3 (Harris et al. 1986). Símbolos como na Figura 9. GEOCRONOLOGIA E GEOQUÍMICA ISOTÓPICA As amostras foram tratadas no Laboratório de Preparação de Amostras do Departamento de Recursos Minerais (DRM) da UFMT. As datações Pb-Pb em zircão (evaporação) foram realizadas no Laboratório de Geologia Isotópica (Pará-Iso), da Universidade Federal do Pará, enquanto as análises Sm-Nd em rocha total foram realizadas no Laboratório de Geocronologia do Instituto de Geociências, da Universidade de Brasília. Em ambos os casos, as análises isotópicas foram feitas em um espectrômetro de massa Finnigan MAT 262. As amostras datadas correspondem aos monzogranitos JR76, JR83 (Pb-Pb em zircão - evaporação) e GJ15 (Sm-Nd em rocha total). Procedimentos Analíticos Os concentrados de zircão foram obtidos através das técnicas convencionais de moagem e separação mineral (peneiramento, líquidos densos e separador magnético). Os cristais de zircão foram escolhidos manualmente da granulação 0,170 mm da fração menos magnética e dispostos em um filamento de rênio sob a forma de canoa. Fez-se o uso de mais de um grão de zircão por canoa, devido às baixas concentrações de Pb radiogênico dos zircões analisados. As análises Pb/Pb em multigrãos de zircão foram realizadas por ionização termal, através do 52

67 Geologia Regional e Recursos Minerais, N sistema de detector de contagem de íons para os isótopos 204 Pb, 206 Pb, 207 Pb e 208 Pb, que permite medidas precisas para baixas razões de 206 Pb/ 204 Pb. As calibrações foram feitas usando o padrão NBS 983. A média das idades foi calculada com precisão de 2σ (± 95% de precisão), segundo metodologia descrita em Gaudette et al. (1998). Cada canoa com multigrãos de zircão foi analisada em diferentes temperaturas (1450ºC, 1500ºC e 1550 ºC). As idades foram calculadas usando as constantes de decaimento e abundâncias isotópicas listadas por Steiger & Jäger (1977). A técnica analítica Samário-Neodímio utiliza amostras previamente pulverizadas, levadas à abertura por via úmida com HF e HNO 3 em forno de microondas. Em seguida, é realizada a separação química em duas etapas, utilizando-se colunas de cromatografia de troca iônica. Na primeira coluna é feita a separação dos elementos terras raras dos demais elementos maiores. Na segunda coluna faz-se a separação de Sm e Nd dos elementos terras raras. A análise é realizada por espectrometria de massa, sendo que o depósito de Nd é feito em filamento de Ta e o de Sm em filamento de Re. Na análise química é empregado um arranjo de filamento duplo, constituído de um filamento de evaporação, onde é feito o depósito de Sm ou Nd, e um filamento de ionização. As medidas dos conteúdos e razões isotópicas de Nd resultaram de ionização termal, com sistemas de coletores simples e múltiplos. As razões 143 Nd/ 144 Nd foram normalizadas pelos valores de 146 Nd/ 144 Nd = 0,7219 e, posteriormente, ajustadas pelos padrões NBS987 e La Jolla, respectivamente. Os cálculos das idades-modelo foram feitos com base na curva de evolução do manto empobrecido de DePaolo (1981). Resultados Analíticos Pb-Pb em Zircão (Evaporação) Para datação geocronológica pelo método Pb-Pb em zircão do Batólito Guaporeí foram selecionadas duas amostras (JR76 e JR83). Apenas os resultados da primeira delas foram satisfatórios e serão considerados neste trabalho. Os dados relativos à amostra JR83, embora mostrem baixas razões de Pb comum, foram descartados por apresentarem um número restrito da razão utilizada na interpretação (inferior a 4). A amostra JR76 corresponde a um monzogranito intensamente foliado aflorante na parte sudeste do Batólito, próximo a zona de cisalhamento e os dados analíticos obtidos estão apresentados na Tabela 4. Apresenta textura inequigranular grossa a porfirítica, com fenocristais de feldspato alcalino estirados segundo a foliação regional principal, imersos em uma matriz quartzo-feldspática rica em biotita. Os cristais de zircão desta amostra variam de marrom a marrom-amarelado, são prismáticos a anédricos arredondados, curtos, com núcleos bem turvos, exibindo moderado faturamento. Raros exemplares apresentam geminação e zonação. São comuns feições de alteração metamítica, tais como opacidade, fraturamento, coloração leitosa. Dessa forma, para a análise foram escolhidos os cristais menos afetados por esse processo (Fig. 12). 53

68 Nalon, P.A., O Batólito Guaporeí Uma Intrusão Mesoproterozóica do Complexo Granitóide Pensamiento em Mato Grosso, SW do Cráton Amazônico. Figura 12: Fotomicrografia de cristais de zircão da amostra JR76 selecionados para datação. Cento e trinta cristais selecionados foram dispostos em grupo de quatro a cinco grãos, totalizando vinte e seis filamentos de rênio, das quais apenas onze foram analisados. Desses, seis foram eliminados devido às baixas emissões de Pb para as análises. Os cinco filamentos restantes apresentaram bons resultados analíticos, obtidos durante a segunda etapa de aquecimento ( C). A fim de reduzir o desvio sobre a idade, optou-se pelo uso dos resultados de apenas quatro filamentos (10, 11, 13 e 17), os quais forneceram as cento e dezoito razões isotópicas (Tabela 2) utilizadas no cálculo da idade média de Ma (MSWD = 0,12) considerada como a idade de cristalização para as rochas do Batólito Guaporeí (Fig. 13). Amostra T 0 C Razões 204 Pb/ 206 Pb 2σ ( 208 Pb/ 206 Pb)c 2σ ( 207 Pb/ 206 Pb)c 2σ Idade 2σ JR76/ /8 0, , , , , , ,8 14,9 JR76/ /108 0, , , , , , ,7 3,7 JR76/ /62 0, , , , , , ,8 17,8 JR76/ /38 0, , , , , , ,5 3,8 118/216 Idade Média: ,5 Tabela 2 Dados isotópicos de Pb de multigrãos de zircão da amostra JR76 do Batólito Guaporeí. 54

69 Geologia Regional e Recursos Minerais, N Figura 13 Diagrama idades versus cristais de zircão para a amostra JR76 do Batólito Guaporeí. Resultados Analíticos de Sm-Nd em Rocha Total A amostra selecionada para estudo isotópico de Sm-Nd corresponde a um monzogranito (GJ15), localizado na parte sudoeste do Batólito. Consiste por uma rocha de textura inequigranular grossa a porfirítica, com foliação incipiente e fenocristais de feldspato alcalino de até 3 cm. Os resultados analíticos obtidos indicam razões 147 Sm/ 144 Nd de 0,0841, idademodelo T DM de 1,76 Ga (Tabela3), considerada como indicativa do período em que houve extração do magma do manto superior enquanto que o valor negativo de ε Nd(t=1,3) (-14) é condizente com os valores apresentados por granitos de origem crustal, sugerindo processos de fusão parcial da crosta continental na geração do magma. ε Nd(0) T DM (Ga) ε Nd(t=1,3) Amostra Sm(ppm) Nd(ppm) 147 Sm/ 144 Nd 143 Nd/ 144 Nd (+2SE) GJ15 4,385 31,504 0,0841 0, /-5-21,42 1,76-14 Tabela 3 Dados analíticos de Sm-Nd do Batólito Guaporeí. CONCLUSÕES O SW do Cráton Amazônico é constituído por diversos Terrenos ou fragmentos crustais que foram sendo aglutinados durante o Mesoproterozóico, ao longo de vários episódios orogênicos. O Batólito Guaporeí insere-se na Província Rondoniana-San Ignácio (1,56 a 1,3 Ga) conforme a definição de Bettencourt et al. (2010) e faz parte do principal evento magmático registrado no Terreno Paraguá (Ruiz 2009) durante a evolução da orogenia San Ignácio (1,37 a 1,3 Ga). 55

quartzo ( 25%), biotita ( 18%), cordierita (18 %), K-feldspato ( 10%), granada (7 %), plagioclásio ( 3%) Minerais Acessórios: zircão, apatita, opacos

quartzo ( 25%), biotita ( 18%), cordierita (18 %), K-feldspato ( 10%), granada (7 %), plagioclásio ( 3%) Minerais Acessórios: zircão, apatita, opacos Número da Lâmina: MP 29 Ponto: MP 29 Unidade Estratigráfica: Complexo Nova Venécia Cerca de 15% de minerais máficos, apresenta estrutura bandada e foliada. Minerais Essenciais: quartzo ( 25%), biotita

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