CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PRAÇA DA REPÚBLICA, 53 - FONE CEP

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1 CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PRAÇA DA REPÚBLICA, 53 - FONE CEP PROCESSO CEE Nº: 0377/92 - Reautuado em 11/05/92 INTERESSADO : Paula Dogo Freire ASSUNTO : Recurso - Avaliação Final (Del. CEE nº 03/91) EEPSG "Maria Trujilo Torloni" São Caetano do Sul RELATOR : Consº Ubiratan D'Ambrosio PARECER CEE Nº 1046/92 - CEPG - APROVADO EM 02/09/92 1. HISTÓRICO CONSELHO PLENO 1.1 Na inicial, Doraci Dogo Freire, genitora da aluna Paula Dogo Freire, dirige-se a este Colegiado em 26/03/92 (fls. 02 e 03) solicitando reconsideração no que se refere à retenção de sua filha, em 1991, por faltas em Educação Física, na 1ª série do 2º grau da EEPSG "Maria Trujilo Torloni, localizada na Estrada das Lágrimas, nº Bairro Sao José, em São Caetano do Sul (D.E. de S. C. do Sul, DRE-6 Sul), com base nos seguintes argumentos: a) como a aluna apresentasse problemas de saúde, solicitou dispensa das aulas de Educação Física, por tempo indeterminado, através de atestado médico que a escola não reconheceu; obteve, então, novo atestado médico, este com validade por três meses (fls. 11); b) procurou na U.E a Professora de Educação Física para entendimentos, não tendo sido, porém, atendida em sua solicitação; c) deu entrada a recurso na U.E. aos 16/12/91 (fls. 06 e 07) e na D.E. aos 23/12/91 (fls. 04 e 05), nao tendo obtido até o presente momento (três meses já decorridos), informação sobre a solução do caso;

2 PROCESSO CEE Nº 377/92 PARECER CEE Nº 1046/92 d) inúmeras vezes, em vão, compareceu à D.E., tendo sido, finalmente, informada, aos 23/03/92 pelo Delegado, de que o protocolado fora devolvido à escola aos 20/03/92, com despacho desfavorável a sua solicitação; e) considerando que outros recursos da escola obtiveram rapidamente resultados favoráveis, causou estranheza o tratamento dispensado à sua petição; f) a aluna, atualmente, trabalha e estuda à noite em outra escola. 1.2 O recurso da interessada foi protocolado neste CEE aos 14/04/92, tendo-se oficiado, na mesma data, junto ao Delegado de S.C» do Sul, para que se manifestasse a respeito (Ofício G.P. nº 0517/92 - fls. 09). 1.3 Em 28/04/92, o Delegado instituiu uma Comissão de Supervisores de Ensino para prover o caso em tela (Informação n% 378/92 - V.E. fls. 10) o Parecer Técnico de 30/04/92 (fls. 28 e 29) da Comissão de Supervisores acrescenta as seguintes informações: a) em diligência junto à U.E., os Supervisores procederam à verificação e inclusão, ao expediente, dos seguintes documentos - Consolidado da Classe (1ª série "A" do 2º Grau), ano de 1991 (fls. 16 a 20); Ficha Individual da aluna (fls. 26); - Histórico Escolar (fls. 27); - Diário de Classe (fls. 21 a 25);

3 PROCESSO CEE Nº 377/92 PARECER CEE Nº 1046/92 - Ata de Reunião do Conselho de Classe (fls. 15); - Relatório da Professora de Educação Física (fls. 13 e 14); - Comunicado interno sobre controle de faltas, firmado pela mãe da aluna (fls. 12); Atestado Médico referente ao 2º Bimestre (fls. 11); b) o Conselho de Classe, reunido aos 18/12/91, deliberou pela retenção, "por 11 votos contra a aluna e nenhum a favor", uma vez que "não atingiu o mínimo de frequência exigida, por faltas em Educação Física, mesmo sendo alertada pelos professores e pela direção da escola, durante o ano letivo" (Ata de Reunião, fls. 15); c) o recurso da interessada, datado de 23/12/91 (fls. 04 e 05), foi protocolado na D.E. aos 03/01/92 e só recebeu parecer final, favorável à retenção da aluna, em 06/03/92, tendo em vista as justificativas apresentadas às fls. 28; d) a aluna atingiu os seguintes percentuais de faltas em Educação Física, em 1991: 1º Bimestre - 20,68% 2º Bimestre - dispensa médica 3º Bimestre - 51,85% 4º bimestre - 100% e) durante as aulas de Educação Física, a aluna permanecia no pátio da escola, recusando-se a participar das atividades, ainda que avisada pela professora. Também a mãe da aluna foi informada da situação, tendo firmado o documento de fls. 12;

4 PROCESSO CEE Nº 377/92 PARECER CEE Nº 1046/92 f) a escola propiciou compensação de ausência em todos os componentes curriculares, aos alunos com frequência inferior a 75%, até 60% Manifesta-se a Comissão de Supervisores, contrária ao deferimento da solicitação; favorável a que se mantenha a retenção da aluna, considerando: a) "a importância da Educação Física para a formação integral e a socialização do educando, além da obrigatoriedade de sua prática; b) o descumprimento, pela aluna, das normas estabelecidas; c) a necessidade de se manter a ordem e o bom andamento das atividades da escola." 1.4 Em relatório firmado por vários docentes (fls. 13 e 14), a Professora de Educação Física informa que inúmeras vezes procurou orientar a aluna quanto às consequências de sua atitude, obtendo como explicação, por parte desta, que "entraria com recurso no final do ano e, com certeza, seria promovida pelo Supervisor de Ensino". 1.5 O Delegado de São Caetano do Sul, em atenção ao Oficio G.P. nº 0517/92 deste CEE, encaminhou os documentos solicitados nos termos, da Deliberação CEE nº 03/91, aos 04/05/92 (Informação 0384/92 - V.E., fls. 30).

5 PROCESSO CEE Nº 377/92 PARECER CEE Nº 1046/ APRECIAÇÃO 2.1 Tratam os autos de recurso interposto junto a este Colegiado por Doraci Dogo Freire, genitora da aluna Paula Dogo Freire, contra decisão da Delegacia de Ensino de São Caetano do Sul, DRE-6-Sul, que indeferiu seu pedido de reconsideração, no que %e refere à retenção de sua filha por faltas em Educação Física, na 1ª série do 2º grau da EEPSG "Maria Trujilo Torloni", localizada na Estrada das Lágrimas, nº Bairro São José, em São Caetano do Sul - SP. 2.2 A obrigatoriedade de frequência às aulas de Educação Física fica estabelecida no artigo 7º da Lei 5692/71 e no artigo 2º do Decreto nº /71, de 1º/11/ Quanto à avaliação do rendimento escolar, dispõe a Lei 5692/71, no "caput" do artigo 14, que: "a verificação do rendimento escolar ficará, na forma regimental, a cargo dos estabelecimentos, compreendendo a avaliação do aproveitamento e a apuração da assiduidade"; e, em seu parágrafo terceiro, que : 3º - Ter-se-á como aprovado, quanto à assiduidade: a) o aluno de frequência igual ou superior a 75% na respectiva disciplina, área de estudo ou atividades;

6 PROCESSO CEE Nº 377/92 PARECER CEE Nº 1046/92 b) o aluno de frequência inferior a 75% que tenha tido aproveitamento superior a 80% da escala de notas ou menções adotadas pelo estabelecimento; c) o aluno que não se encontre na hipótese da alínea anterior, mas com frequência igual ou superior ao mínimo estabelecido em cada sistema de ensino, pelo respectivo Conselho de Educação e que demonstre melhoria de aproveitamento após estudos de recuperação" A Deliberação CEE nº 18/78, regulamentando o dispositivo acima mencionado, "fixa o mínimo de frequência por disciplina, área de estudo e atividade, no ensino de 1º e 2º graus do Estado de São Paulo, em 60% no que se refere à alínea "c" e, em 50%, no que se refere à alínea "b". 2.4 O Regimento Comum das Escolas Estaduais de Segundo Grau aprovado pelo Decreto nº de 23/05/78 dispõe: "Artigo 79 - A verificação do rendimento escolar compreenderá a avaliação do aproveitamento e a apuração da assiduidade". "Artigo 80 - A avaliação do aproveitamento deverá incidir sobre o desempenho do aluno nas diferentes experiências de aprendizagem, levando em consideração os objetivos visados. Parágrafo único - o disposto neste artigo aplica-se a todos os componentes curriculares independentemente do respectivo tratamento_metodológico e de sua consideração, para fins de promoção."

7 PROCESSO CCE Nº 377/92 PARECER CEE Nº 1046/92 Artigo 87 - Será considerado retido, sem direito a estudos finais de recuperação. I - o aluno que não obtiver, em qualquer disciplina, área de estudo ou atividade, frequência mínima de 50%, qualquer que seja o conceito final de aproveitamento"; 2.5 A Resolução SE nº 07 de 19/01/89 - que dispõe sobre adequação dos quadros curriculares de 1º e 2º graus das escolas oficiais à Resolução CFE nº 06/86 - estabelece, em seu Artigo 10, que a promoção do aluno de 2º grau em todos os conteúdos curriculares estabelecidos pelo artigo 7º da Lei 5692/71, à excecão de "Programas de Saúde" (integrados a Biologia), decorrerá apenas da apuração da assiduidade. 2.6 Quanto ao desempenho global da aluna, no conjunto dos componentes curriculares cursados (Delib. CEE nº 03/91), foi relevante, uma vez que obteve aprovação em Língua Portuguesa e Literatura, História, Geografia, Biologia e Programa de Saúde, Matemática e Inglês, com menção "B"; em Física, Química, Educação Artística e Filosofia, com menção "C" (Ficha Individual, fls. 26 e Histórico Escolar, fls. 27); quanto ao componente Educação Física, o desempenho da aluna, em 1991, é o seguinte:

8 PROCESSO CEE Nº 377/92 PARECER CEE Nº 1046/ observe-se que a interessada registra um total de 45 faltas, sobre um total de 106 aulas dadas, das quais foi dispensada de 25, por licença médica (2º bimestre) isto é, 55,55% de ausência, sobre EH. Aulas ministradas (1º, 3º e 4º bimestres), ou ainda, 44,44% de frequência, sobre o total de aulas ministradas, legalmente insuficiente, portanto, para sua promoção; observe-se, ainda, que a escola propiciou, nos termos regimentais, atívidades de compensação de ausências, conforme registram os "Consolidados" bimestrais da classe (fls. 16 a 20/ verso) onde se constata que, à interessada, foram-lhe dadas as devidas oportunidades; é de se considerar, ainda, que segundo relatório da Supervisão de Ensino (fls. 28 e 29) e depoimento da Professora de Educação Física (fls. 13 e 14), mãe e filha foram inúmeras vezes notificadas e orientadas quanto à situação. 2.7 Por outro lado, não consta dos autos o despacho decisório do Diretor da U.E., nos termos do Artigo 4ª da Deliberação CEE nº 03/91; configura-se, igualmente, irregular, nos termos dessa Deliberação, o recurso diretamente submetido à apreciação do Delegado de Ensino aos 23/12/91;

9 PROCESSO CEE Nº 377/92 PARECER CEE Nº 1046/ a informação de que esse recurso, datado de 23/12/91 (fls. 04 e 05), foi protocolado na D.E. em 03/01/92 (Parecer Técnico, fls. 28 e 29) é conflitante, considerando-se o que alega a mãe da aluna (fls. 03) e o comprovante de recebimento firmado pela D.E. (assinatura não identificada) aos 23/12/91 (fls. 05); quanto ao Parecer Técnico da Comissão de Supervisores (28 e 29), deixa de constar o devido acolhimento e homologação pelo Delegado de Ensino, que simplesmente encaminha os documentos a este CEE, sem manifestar sua decisão de mérito, nos termos do Artigo 5º da Deliberação CEE nº 03/ O assunto é polêmico. Este CEE, ao lado de Pareceres e pronunciamentos contrários à dispensa de prática de Educação Física, considerando-se, sobretudo, o seu valor formativo, tem "dado provimento a recursos impetrados com referência a decisão de Conselhos de Classe, exceto no caso em que o Conselho considera', para fins de retenção de alunos, não os aspectos cognitivos do aluno e que foram satisfatórios, mas a deficiência de requisistos considerados indispensáveis a formação global do educando (Parecer CEE nº 1862/85 - Processo CEE nº 1084/85, "apud" Parecer CEE nº 1542/78); deu-se provimento, por exemplo, a recursos da mesma natureza, em função de suas características, através dos seguintes pareceres, entre outros:

10 PROCESSO CEE Nº 377/92 PARECER CEE Nº 1046/92 - Parecer CEE nº 518/84 - Processo CEE nº 030/84 - Parecer CEE nº 1648/84 - Processo CEE nº 0276/84 - Parecer CEE nº 687/86 - Processo CEE nº 022/85 - Parecer CEE nº 0712/90 - Processo CEE nº 3648/90 - Parecer CEE nº 0278/92 - Processo CEE nº 0096/92 Conquanto a mãe da aluna alegue problemas de saúde, o caso em tela, pelas suas características, parece não se enquadrar em nenhum dos dispositivos que facultam a prática de Educação Física (Decreto Lei nº 1044 de 21/10/69; Lei de 13/12/77). Segundo alega a Professora de Educação Física (fls. 13 e 14) e, ao que tudo indica, deve-se mais à uma atitude obstinada da aluna, permanecendo no pátio da escola no transcorrer das aulas, negando-se a participar das atividades, confiante em sua promoção final através de recurso a instâncias superiores. 3. CONCLUSÃO Diante do exposto, indefere-se o recurso interposto pela genitora de Paula Dogo Freire contra a retenção de sua filha, em 1991, por faltas em Educação Física, na 1ª série do 2º grau da EEPSG "Maria Trujilo Torloni /São Caetano do Sul-DE de São Caetano do Sul- DRE-6 Sul. São Paulo, 1 de julho de a) Consº Ubiratan D'Ambrosio Relator

11 PROCESSO CEE Nº 0377/92 PARECER CEE Nº 1046/92 4. DECISÃO DA CÂMARA A CÂMARA DO ENSINO DO SEGUNDO GRAU adota, como seu Parecer, o Voto do Relator. O Consº Francisco Aparecido Cordão absteve-se de votar. Presentes os nobres Conselheiros: Francisco Aparecido Cordão, José Machado Couto, José Mário Pires azanha, Luiz Roberto da Silveira Castro, Maria Bacchetto, Nacim Walter Chieco e Ubiratan D'Ambrosio Sala da Câmara do Ensino do Segundo Grau, em 08 de julho de a) Consº Luiz Roberto da Silveira Castro Vice-presidente da CESG no exercício da Presidência

12 PROCESSO CEE Nº 0377/92 PARECER CEE Nº 1046/92 DELIBERAÇÃO PLENÁRIA O CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO aprova por maioria, a decisão da Câmara do Ensino do Primeiro Grau, nos termos do Voto do Relator. Foram votos vencidos os Conselheiros: Apparecido Leme Colacino, Benedito Olegário R. N. de Sá, Elba Siqueira de Sá Barretto, Maria Clara Paes Tobo, Nicolau Tortamano e Roberto Moreira. O Parecer substitutivo da Conselheira Maria Eloísa Martins Costa transformou-se em Declaração de Voto. Sala "Carlos Pasquale", em 02 de setembro de a) Cons.José Mário Pires Azanha Presidente Publicado no D.O.E. em 05/09/92 Seção I Páginas de 19 a 23

13 DECLARAÇÃO DE VOTO 1.1. Na inicial, Doraci Dogo Freire, genitora da aluna Paula Dogo Freire, dirige-se a este Colegiado em 26/03/92 (fls. 02 e 03) solicitando reconsideração no que se refere à retenção de sua filha, em 1991, por faltas em Educação Física, na 1ª série do 2º grau da EEPSG "Maria Trujilo Torloni", localizada na Estrada das Lágrimas, nº Bairro São José, em São Caetano do Sul (DE de S. C. do Sul, DRE-6 Sul), com base nos seguintes argumentos: a) como a aluna apresentasse problemas de saúde, solicitou dispensa das aulas de Educação Física, por tempo indeterminado, através de atestado médico que a escola não reconheceu; obteve, então, novo atestado médico, este com validade por três meses; b) procurou na U.E. a Professora de Educação Física para entendimentos, não tendo sido, porém, atendida em sua solicitação; c) deu entrada a recurso na U.E. aos 16/12/91 (fls. 06 e 07) e na D.E. aos 23/12/91 (fls. 04 e 05), não tendo obtido, até o presente momento (três meses já decorridos), informação sobre a solução do caso;

14 d) inúmeras vezes, em vão, compareceu a D.E., tendo sido, finalmente, informada, aos 23/03/92, pelo Delegado, de que o protocolado fora devolvido à escola aos 20/03/92, com despacho desfavorável a sua solicitação; e) considerando que outros recursos da escola obtiveram rapidamente resultados favoráveis, causou estranheza o tratamento dispensado à sua petição; f) a aluna, atualmente, trabalha e estuda à noite em outra escola O recurso da interessada foi protocolado neste CEE aos 14/04/92, tendo-se oficiado, na mesma data, junto ao Delegado de S.C. do Sul, Para que se manifestasse a respeito Em 28/04/92, o Delegado instituiu uma Comissão de Supervisores de Ensino para prover o caso em tela O Parecer Técnico de 30/04/92 da Comissão de Supervisores acrescenta as seguintes informações: a) em diligência junto a U.E., os Supervisores procederam à verificação e inclusão, ao expediente, dos seguintes documentos: - Consolidado da Classe (1ª série "A" do 2º Grau), ano de 1991; - Ficha Individual da aluna; - Histórico Escolar; - Diário de Classe;

15 - Ata de Reunião do Conselho de Classe; - Relatório da Professora de Educação Física; - Comunicado interno sobre controle de faltas, firmado pela mãe da aluna; Atestado Médico referente ao 2º Bimestre; b) o Conselho de Classe, reunido aos 18/12/91, deliberou pela retenção, "por 11 votos contra a aluna e nenhum a favor", uma vez que "não atingiu o mínimo de frequência exigida, por faltas em Educação Física, mesmo sendo alertada pelos professores e pela direção da escola, durante o ano letivo"; c) o recurso da interessada, datado de 23/12/91 (fls. 04 e 05), foi protocolado na D.E. aos 03/01/92 e só recebeu parecer final, favorável a retenção da aluna, em 06/03/92, tendo em vista as justificativas apresentadas; d) a aluna atingiu os seguintes percentuais de faltas em Educação Física, em 1991: 1º Bimestre - 20,68% 2º Bimestre - dispensa médica 3º Bimestre - 51,85% 4º bimestre - 100% e) durante as aulas de Educação Física, a aluna permanecia no pátio da escola, recusando-se a participar das atividades, ainda aue avisada pela professora. Também a mãe da aluna foi informada da situação, tendo firmado o documento;

16 f) a escola propiciou compensação de ausência em todos os componentes curriculares, aos alunos com frequência inferior a 75%, até 60% Manifestasse a Comissão de Supervisores, contrária ao deferimento da solicitação; favorável a que se mantenha a retenção da aluna, considerando: a) "a importância da Educação Física para a formação integral e a socialização do educando, além da obrigatoriedade de sua prática; b) o descumprimento, pela aluna, das normas estabelecidas; c) a necessidade de se manter a ordem e o bom andamento das atividades da escola Em relatório firmado por vários docentes (fls. 13 e 14), a Professora de Educação Física informa que inúmeras vezes procurou orientar a aluna quanto às consequências de sua atitude, obtendo como explicação, por parte desta, que "entraria com recurso no final do ano e, com certeza, seria promovida pelo Supervisor de Ensino" O Delegado de São Caetano do Sul, em atenção ao Ofício G.P. nº 0517/92 deste CEE, encaminhou os documentos solicitados nos termos da Deliberação CEE nº 03/91, aos 04/05/92.

17 2.1. Tratam os autos de recurso interposto Junto a este Colegiado por Ooraci Dogo Freire, genitora da aluna Paula Dogo Freire, contra decisão da Delegacia de Ensino de São Caetano do Sul, DRE-6-Sul, que indeferiu seu pedido de reconsideração, no que se refere à retenção de sua filha por faltas em Educação Física, na 1ª série do 2º grau da EEPSG "Maria Trujilo Torloni", localizada na Estrada das Lágrimas, nº Bairro São José, em São Caetano do Sul - SP Quanto à avaliação do rendimento escolar, dispõe a Lei 5692/71, no "caput" do artigo 14, que: "a verificação do rendimento escolar ficará, na forma regimental, a cargo dos estabelcimentos, compreendendo a avaliação do aproveitamento e a apuração da assiduidade"; e, em seu parágrafo terceiro, que: 3º Ter-se-á como aprovado, quanto à assiduidade: a) o aluno de frequência igual ou superior a 75% na respectiva disciplina, área de estudo ou atividades; b) o aluno de freguência inferior a 75% que tenha tido aproveitamento superior a 80% da escala de notas ou menções adotadas pelo estabelecimento;

18 c) o aluno que não se encontre na hipótese da alínea anterior, mas com frequência igual ou superior ao mínimo estabelecido em cada sistema de ensino, pelo respectivo Conselho de Educação e que demonstre melhoria de aproveitamento após estudos de recuperação" A Deliberação CEE nº 10/78, regulamentando o dispositivo acima mencionado, "fixa o mínimo de frequência por disciplina, área de estudo e atividade, no ensino de 1º e 2º graus do Estado de São Paulo, em 60% para encaminhar o aluno áos estudos de recuperação final no que se refere à alínea "c" e, em 50%, no que se refere à alínea b O Regimento Comum das Escolas Estaduais de Segundo Grau aprovado Pelo Decreto nº de 23/05/78 dispõe: "Artigo 79 - A verificação do rendimento escolar compreenderá a avaliação do aproveitamento e a apuração da assiduidade". "Artigo 80 - A avaliação do aproveitamento deverá incidir sobre o desempenho do aluno nas diferentes experiências de aprendizagem, levando em consideração os objetivos visados. Parágrafo único - o disposto neste artigo aplica-se a todos os componentes curriculares, independentemente do respectivo tratamento metodológico e de sua consideração, para fins de promoção." Artigo 87 - Será considerado retido, sem direito a estudos finais de recuperação:

19 I - o aluno que não obtiver, em qualquer disciplina, área de estudo ou atividade, frequência mínima de 50%, qualquer que seja o conceito final de aproveitamento"; 2.4. O Regimento Comum também obriga a escola a oferecer, ao longo do ano letivo, compensação de ausências que deve ser cumprida ate atingir os mínimos de 75% eara aprovação na série ou 60% para ser aprovado mediante melhoria de aproveitamento após estudos de recuperação ; 2.5. Quanto ao desempenho global da aluna, no conjunto dos componentes curriculares cursados (Delib. CEE nº 03/91), foi relevante, uma vez que obteve aprovação em Língua Portuguesa e Literatura, História, Geografia, Biologia e Programa de Saúde, Matemática e Inglês, com menção "B"; em Física, Química, Educação Artística e Filosofia, com menção "C", assim, a aluna no conjunto dos componentes que não permitem dispensa de frequência logrou aprovação, ficando retida por faltas em Educação Física que constitui componente passível de dispensa por inúmeros motivos (doença, idade, prole, trabalho, etc) quanto ao componente Educação Física, o desempenho da aluna, em 1991, é o seguinte:

20 observe-se que a interessada registra um total de 45 faltas, sobre um total de 106 aulas dadas, das quais foi dispensada de 25, por licença médica (2º bimestre) isto é, 55,55% de ausência, sobre 81 aulas ministradas (1º, 3º e 4º bimestres) ou ainda, 44,44% de frequência, sobre o total de aulas ministradas, legalmente insuficientes, portanto, para sua promoção; observe-se que nos "Consolidados" bimestrais da classe existe registro sobre os alunos que têm direito a compensação de ausências sem informar em qual componente e se essa compensação foi de fato oferecida, por outro lado o Diário de Classe do professor de Educação Física registra casos de reposição para dois alunos e não da interessada; segundo relatório da Comissão de Supervisores de Ensino e depoimento da Professora de Educação Física, mãe e filha foram avisadas sobre a porcentagem necessária para sua aprovação e alertadas sobre a Possibilidade de reprovação por faltas. Foram orientadas para providenciar outro Atestado Medico, pois o apresentado não determinava o Período. A escola não informou a respeito de outras Possibilidades de dispensa, nem sobre a possibilidade da aluna cumprir Educação Física realizando outras atividades adequadas a sua condição física, diferente de "ginástica" dos outros alunos como a lei permite. Isso seria possível, pois nos autos a Professora declara "no pátio da escola, no horário de aula na sua classe." 2.6. A informação de que esse recurso, datado de 23/12/91, foi protocolado na D.E. em 03/01/92 (Parecer Técnico é conflitante, considerando-se o que alega a mãe da aluna e o comprovante de recebimento firmado pela D.E. (assinatura não identificada) aos 23/12/91;

21 quanto ao Parecer Técnico da Comissão de Supervisores, deixa de constar o devido acolhimento e homologação pelo Delegado de Ensino, sue simplesmente encaminha os documentos a este CEE, sem manifestar sua decisão de mérito, nos termos do Artigo 5º da Deliberação CEE nº 03/ Este CEE, ao lado de pareceres e pronunciamentos contrários à dispensa de prática de Educação Física, considerando-se, sobretudo, o seu valor formativo, tem "dado provimento a recursos impetrados com referência a decisão de Conselhos de Classe, exceto no caso em que o Conselho considera, para fins de retenção de alunos, não os aspectos cognitivos do aluno e que foram satisfatórios, mas a deficiência de requisistos considerados indispensáveis à formação global do educando; 2.7. Neste caso é importante considerar o bom desempenho global da aluna, a presença da aluna na escola durante as aulas de Educação Física, o não aproveitamento da sua frequência para executar atividades alternativas às praticadas pela turma, a existência de Atestado Médico inicial recusado pela escola Considerando que a escola poderia ter oferecido aulas e compensação de ausências adequada às características bio-pscológicas da aluna, e dessa forma transformando a peculiaridade do caso numa rica oportunidade educacional.

22 Diante do exposto, considera-se a frequência da aluna Paula Dogo Freire na EEPSG "Maria Trujilo Toloni para completar o percentual de comparecimento exigido por lei, em 1991, em Educação Física, e em consequência aprova-se a aluna na 1º série do 2º grau. São Paulo, 15 de agosto de a) Consª Maria Eloísa Martins Costa Relatora