AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE SORGO PARA FORRAGEM NA SAFRINHA

Transcrição

1 AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE SORGO PARA FORRAGEM NA SAFRINHA Vitor silva de Oliveira, Weslei Geraldo Martins, Carlos Juliano Brant Albuquerque, César Henrique Souza Zandonadi, Fernanda Heloisa Litz, Ana Leticia Zero, Erika Alice Nascimento Resende RESUMO: Para recomendação de uma variedade de sorgo para produção de forragem é necessário boa produtividade de matéria seca e alta qualidade nutricional. Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar as características agronômicas e nutricionais de 49 variedades de sorgo para forragem no município de Uberlândia, MG, no ano agrícola O experimento foi conduzido no delineamento em látice simples 7 x 7 com duas repetições. Foram avaliados as características de altura de plantas, produtividade de matéria seca, fibra em detergente neutro e proteína bruta. Considerando as produtividades de matéria seca, teores de proteína bruta e FDN a variedade 1081 foi a mais indicada para a produção de forragem. Palavras chave: Silagem, Sorghum bicolor, FDN. INTRODUÇÃO A estacionalidade na produção forrageira, e a necessidade de produzir leite e carne durante todo o ano tem levado os pecuaristas a adotarem práticas de conservação de forragens, principalmente na forma de silagem. No sistema organizacional e de planejamentos das empresas rurais, a escolha de cultivares de sorgo para a produção de silagem tem sido bastante controvertida, devido à falta de informações quanto ao comportamento agronômico produtivo e qualitativo de diferentes materiais genéticos ofertados pelas empresas de melhoramento. O rendimento forrageiro do sorgo e o valor nutritivo das cultivares são características que devem ser levadas em consideração na escolha do tipo de

2 sorgo a ser cultivado, porém, tais características são altamente influenciadas pelas condições ambientais da região de cultivo (Portugal et al., 2003). Ao avaliar características químicas, agronômicas e degradabilidade de cultivares de sorgo para silagem no município de Lavras, MG, Resende (2001) observou valores médios de 28,7% para matéria seca e 6,7% de proteína bruta, fibra em detergente neutro com 50,3%, além de 31,6% para fibra em detergente ácido. As opções de cultivares de sorgo com índices de produtividade e a adaptação são diversificadas. Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar as características agronômicas e nutricionais de 49 variedades de sorgo para forragem no município de Uberlândia, MG, no ano agrícola METODOLOGIA O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental Capim Branco de propriedade da Universidade Federal de Uberlândia, localizada no município de Uberlândia, MG, em uma região que apresenta altitude média de 863 metros, situando-se aproximadamente a de latitude S e a de longitude W. Foram avaliadas 49 variedades de sorgo para produção e qualidade de silagem. As parcelas foram constituídas de uma linha de 3 m de comprimento no espaçamento 50cm. No plantio utilizou- se 400 kg ha -1 do formulado zn. A semeadura foi realizada manualmente dia 20 de fevereiro / 2013 usando o dobro de sementes. Posteriormente realizou-se desbaste na ocasião da adubação de cobertura (300 kg ha -1 do formulado ) visando uma densidade de 110 mil plantas ha-1. O Experimento foi conduzido no delineamento em látice simples 7 x 7 com duas repetições. Realizaram-se pulverizações, quando necessário, com o produto Decis 25CE na dosagem de 200 ml.ha -1, por meio de pulverizador costal, para controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda).

3 Na ocasião do florescimento, a altura de plantas foi tomada da inserção da panícula superior até o solo, medindo-se, em metros, quatro plantas por área útil de parcela. Quando os grãos do centro da panícula atingiram o estádio pastoso, as plantas foram colhidas a 15 cm do solo e posteriormente pesadas para avaliação do peso da matéria fresca. Em seguida, todas plantas da parcelas foram trituradas e homogeneizadas em forrageira elétrica. Coletou-se amostra de aproximadamente 300 g da amostra fresca, que foi seca em estufa de aeração forçada, à temperatura de 65 o C, por 72 horas, para a determinação da matéria seca da forragem. A produtividade de matéria seca foi estimada por meio do peso verde das parcelas multiplicado pela porcentagem de matéria seca. O peso médio foi transformado em t.ha -1. Posteriormente, as amostras foram moídas em moinho tipo Willey, com peneira de 1 mm de crivo, para a determinação da matéria seca a 105 o C (AACC, 1976) e realização das análises bromatológicas relacionadas a porcentagem de fibra em detergente neutro (FDN) e porcentagem de proteína bruta (PB) conforme metodologia descrita por Van Soest et al., (1991). As análises de variância e agrupamento das médias pelo teste de Sccotknott, a 0,05 de significância foram realizados pelo programa estatístico GENES. RESULTADOS Houve diferença (p 0,01) entre as variedades para todas as características avaliadas. A altura de plantas no sorgo forrageiro é uma característica de grande importância na escolha da cultivar, pois materiais de porte elevado tendem a produzir maiores quantidades de matéria seca. Tabela 1 Resultados médios para altura de plantas em metros (AP), produtividade de matéria seca em t ha -1 (MS), Fibra em detergente neutro em % (FDN) e proteína bruta em % (PB). Variedades AP MS FDN PB 1 1,16 c 7,25 e 55,44 a 8,35 B 2 1,21 c 9,36 d 52,89 a 11,61 A

4 3 1,59 b 8,52 d 42,50 b 9,09 B 4 1,62 b 8,66 d 47,58 b 7,71 B ,08 c 4,26 e 60,53 a 10,51 B ,42 c 12,12 c 59,32 a 8,14 B ,23 c 5,35 e 58,91 a 8,17 B ,11 c 7,56 d 64,07 a 8,38 B ,27 c 11,89 c 62,31 a 7,18 B ,24 c 8,23 d 60,20 a 7,60 B ,32 c 8,62 d 50,00 b 8,57 B ,30 c 9,65 d 55,73 a 7,82 B ,20 c 6,11 e 58,38 a 9,63 B ,37 c 6,40 e 59,50 a 8,24 B ,17 c 8,59 d 49,70 b 8,22 B ,10 c 5,70 e 59,12 a 7,76 B ,97 a 8,07 d 45,96 b 8,98 B ,91 a 13,90 b 46,42 b 7,87 B ,32 c 6,31 e 56,95 a 10,40 B ,34 c 8,95 d 42,11 b 6,98 B ,99 c 7,75 d 32,63 c 6,54 C ,65 b 8,79 d 59,82 a 8,41 B ,46 c 11,11 c 44,80 b 8,32 B ,51 b 10,63 c 58,91 a 7,32 B ,26 c 9,35 d 34,28 c 7,31 B ,87 c 6,46 e 33,00 c 9,49 B ,29 c 9,20 d 58,36 a 8,92 B ,07 c 10,11 c 65,71 a 7,70 B ,67 b 13,50 b 64,03 a 7,14 B ,43 c 10,47 c 57,33 a 8,66 B ,87 c 6,46 e 60,98 a 8,99 B ,28 c 8,08 d 43,26 b 10,17 B ,00 a 8,50 d 34,00 c 7,35 B ,16 c 8,92 d 61,71 a 6,64 C ,55 b 12,87 b 62,26 a 6,57 C ,29 c 7,16 e 56,62 a 9,21 B ,40 c 9,29 d 50,91 a 10,25 B ,13 c 11,50 c 56,71 a 9,55 B ,53 b 11,05 c 72,19 a 7,76 B ,88 a 13,45 b 56,75 a 8,69 B ,87 a 10,50 c 63,30 a 7,52 B ,96 c 8,93 d 46,50 b 8,40 B ,25 c 7,76 d 38,48 c 9,50 B ,96 c 7,32 e 59,01 a 8,81 B ,08 c 6,78 e 30,54 c 8,77 B ,14 a 18,14 a 58,83 a 6,30 C ,85 a 13,28 b 54,26 a 9,01 B ,12 c 9,24 d 61,27 a 7,85 B ,21 c 11,13 c 60,68 a 8,50 B

5 Média 1,36 9,25 53,56 8,38 Médias com a mesma letra na coluna, não diferem pelo teste de Sccot-knott, a 0,05 de significância DISCUSSÕES E CONCLUSÕES É possível visualizar na tabela 1 valores médios para altura de plantas de 1,36 m. De forma geral as plantas tiveram um porte baixo. A temperatura alta e o déficit de água proporcionado pelo plantio tardio acarretou redução no porte das plantas, sobretudo nas variedades mais sensíveis ao fotoperíodo. Entre as variedades de maior porte, podemos destacar a 1161, 1149, 1148, 1081, 1080, 1128 e 1156 com valores até 2,14m. Avaliando caracteres agronômicos de sorgo forrageiro em regiões na época normal de semeadura, Chiese et al. (2008) e Pinho et al. (2007) verificaram valores próximos aos obtidos no presente trabalho. Nestes trabalhos, os autores relataram variação na altura das plantas de 1,7 a 3 m. Experimentos realizados no município de Goiânia, GO, com a cultivar BRS 610, na época normal de semeadura, demonstraram maiores alturas de plantas. Neste caso, foram constatados 2,4 m (Oliveira et al., 2005). A produtividade média de matéria seca, considerando todas variedades foi de 9,25 t ha -1. Este valor pode ser considerado bom, devido às limitações climáticas da safrinha. Entre as cultivares avaliadas podemos destacar a 1156 que obteve 18,14 t ha -1. Entretanto, é importante destacar que vários genótipos obtiveram produtividades superiores a outros experimentos (Silva et al., 2012; Albuquerque et al., 2011; Neumann et al., 2008; Portugal et al., 2003), evidenciando o potencial do cultivo do sorgo forrageiro na safrinha no cerrado. O teor de FDN é o indicativo de quantidade total de fibra do volumoso, estando diretamente relacionado com o consumo dos animais, ou seja, quanto menor for o valor maior será o consumo. Entre as variedades avaliadas a 1154, 1097, 1107, 1128, 1105 e 1152 apresentaram melhores porcentagens de FDN com valore entre 30,54 a 38,48%. Segundo Albuquerque et al., (2011) a maior

6 proporção de panículas e menores proporções de colmos e folhas na MS reduz a FDN. Assim, plantas baixas com grandes produtividades de grãos tendem a reduzir os valores de FDN aumentando o consumo da forragem. A media geral para proteína bruta foi de 8,38%. A variedade de maior porcentagem de proteína bruta foi a 2. Valores elevados de proteína é desejado nas forragens, entretanto essa característica deve estar associada a boa produtividade de matéria seca. Entre as 49 variedades avaliadas, a maioria não diferiu estatisticamente para essa característica. Considerando as produtividades de matéria seca, teores de proteína bruta e FDN a variedade 1081 foi a mais indicada para a produção de forragem. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a FAPEMIG e CNPq pela concessão de bolsas e apoio financeiro. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, C. J. B; PINHO, R.G.V; RODRIGUES, J.A.S; BRANT,R.S; Espaçamento entre fileiras e Densidade de semeadura do Sorgo forrageiro para a região norte de Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, v.35, n.3, AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS.Approved methods of the American Association of Cereal Chemists.7.ed. Saint Paul: AACC, p. CHIESA, E.D.; ARBOITTE, M.Z.; BRONDANI, I.L.; MENEZES, L.F.G de; RESTLE, J.; SANTI, M.A.M. Aspectos agronômicos de híbridos de sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) no desempenho e economicidade de novilhos confinados. Acta Scientiarum. Animal Sciences, Maringá, v. 30, n. 1, p , jan NEUMANN, M.; OST, P. R.; PELLEGRINI, L. G.;DEFAVERI, F. J. Comportamento de híbridos de milho (Zea mays) e sorgo (Sorghum bicolor) parasilagem na região centro-sul do Paraná. Ambiência. Guarapuava, Guarapuava, v. 4, p , 2008.

7 PINHO, R.G., VASCONCELOS, R.C. de; BORGES, I.D., RESENDE, A.V. Produtividade e qualidade de silagem de milho e sorgo em função da época de semeadura. Bragantia, Campinas, v.66, n.2, p , PORTUGAL, A.F.; ROCHA, V.S.; SILVA, A.G. da; PINTO, G.H.F.; PINA FILHO, O.C. Fenologia de cultivares de sorgo no período de verão e rebrota na safrinha. Revista Ceres, Viçosa, v.50, n.289, p , maio/jun OLIVEIRA, R. de P.; FRANÇA, A.F. de S.; RODRIGUES FILHO, O.; OLIVEIRA, E.R de; ROSA, B.; SOARES, T.V.; MELLO, S.Q.S. Características agronômicas de cultivares de sorgo (Sorghum Bicolor (l.) Moench). Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v.35, n.1, p , jan./jun RESENDE, J.A. Características agronômicas, químicas e degradabilidade ruminal da silagem de sorgo p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia)-Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. SILVA,R; SANTOS,A; TABOSA, J.N; GOMES, F; ALMEIDA, C. Avaliação de diferentes genótipos de sorgo para forragem e silagem. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.11, n.3, p , 2012 VAN SOEST, P.J.; ROBERTSON, J.B.; LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, and nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition.journal of Dairy Science, Champaign, v.74, n.10, p , Oct