UFAM UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE LEGISLAÇÃO E NORMAS

Transcrição

1 INFORMAÇÃO N.º: 050/2011/DLN INTERESSADA: ANDREZA KAREN MARQUES FERREIRA ASSUNTO: TRANSFERÊNCIA EX OFFICIO Retornam a este Departamento, os autos de solicitação de transferência da Sra. ANDREZA KAREN MARQUES FERREIRA, acadêmica do Curso de Enfermagem na Universidade Federal do Pará, que já foi objeto de análise, conforme Informação de nº 016/2011, datado de 19/01/2011. De acordo com o que foi mencionado na Informação supra, a Lei nº 9.536/97, regulamentadora do Parágrafo Único do Art. 49 da Lei nº 9.394/96 (LDB), que trata da modalidade de transferência ex-officio, garante a transferência privilegiada em qualquer época do ano e, independentemente da existência de vaga, a servidores públicos federais estudantes, militares ou civis e seus dependentes estudantes quando compelidos, efetivamente, a mudar de domicílio, por necessidade de serviço. É o que se deflui do art. 1º do supramencionado dispositivo legal, in verbis :

2 Art.1º- A TRANSFERÊNCIA EX-OFFICIO a que se refere o parágrafo único do Art. 49 da Lei n º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, será efetivada, entre instituições vinculadas a qualquer sistema de ensino, em qualquer época do ano e independente da existência de vaga, quando se tratar de servidor público federal civil ou militar estudante, ou seu dependente estudante, se requerida em razão de comprovada remoção ou transferência de ofício, que acarrete mudança de domicílio, para o município onde se situe a instituição recebedora, ou para a localidade mais próxima desta. Compulsando os autos, observamos que em princípio a requerente não faria jus à transferência uma vez que seu genitor, de acordo com a pré-referida Declaração de Situação Militar, está licenciado a pedido, das fileiras do exército, perdendo, desta feita, a qualidade de militar da ativa quando de seu deslocamento de Belém para Manaus. A exclusão do cidadão do serviço militar efetivo das Forças Armadas e o conseqüente desligamento da organização a que estiver vinculado decorrem, de regra, em razão de licenciamento a pedido ou ex officio. É notório que licenciamento a pedido e licenciamento ex officio produzem o mesmo efeito legal no tocante à ruptura do vínculo funcional e institucional para com a força militar onde serve o militar, tal como ocorre com o militar que passa para a reserva.

3 Fiel a esse entendimento, a jurisprudência do Tribunal da 4 a. Região vinha rejeitando solicitações de transferências quando o militar estivesse desvinculado do quadro ativo da corporação, senão vejamos: 1. Não é viável a transferência compulsória para que o militar da reserva do Exército que, portanto, não é membro efetivo das Forças Armadas freqüente estabelecimento de ensino superior sem o devido processo seletivo do Vestibular, pois tal possibilidade vulnera os princípios da isonomia e igualdade. (MAS-SC-TRF 4 A. REGIÃO. PROC. Nº , de 08/08/1996.). Nada obstante, o Superior Tribunal de Justiça, em decisão recente vem acolhendo transferências de militares da reserva sob o fundamento de que, embora na reserva esses militares estariam à disposição do Estado para eventual convocação em situação de beligerância, como se vê a seguir: RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO MILITAR DA RESERVA. TRANSFERÊNCIA EX OFFICIO NO INTERESSE DA ADMINISTRAÇÃO. ENSINO SUPERIOR. TRANSFERÊNCIA DE INSTITUIÇÃO DE ENSINO PARTICULAR PARA INSTITUIÇÃO DE ENSINO PÚBLICO. POSSIBILIDADE DIANTE DA AUSÊNCIA DE UNIVERSIDADE CONGÊNERE NA

4 LOCALIDADE. LEI Nº 9.536/97. PROCEDENTE DO STF. SÚMULA 7/STJ. 1. (...) 2. (...) 3. (...) 4. (...) 5. Os militares da reserva não podem ser inteiramente equiparados aos servidores civis aposentados, pois aqueles, mesmo na inatividade, ficam sujeitos à prestação de serviço militar na ativa, mediante convocação ou mobilização (art. 3º, 1º, ''b'', da Lei nº 6.880/80 - Estatuto dos Militares). Assim, somente os militares inativos reformados é que estão definitivamente excluídos do serviço militar ativo. 6. (...) 7. (...) 8. Recurso especial desprovido. Por esse raciocínio, os militares licenciados não estariam de igual modo definitivamente excluídos da prestação de serviço militar na ativa, já que

5 passariam a compor quadro de reserva das Forças Armadas, com possibilidade também de eventual convocação ou mobilização, conforme se extrai da lei 6.880/80 (Estatuto dos Militares) verbis: (...) Art. 94. A exclusão do serviço ativo das Forças Armadas e o conseqüente desligamento da organização a que estiver vinculado o militar decorrem dos seguintes motivos: I - transferência para a reserva remunerada; II - reforma; III - demissão; IV - perda de posto e patente; V - licenciamento; VI - anulação de incorporação; VII - desincorporação; VIII - a bem da disciplina; IX - deserção; X - falecimento; e XI - extravio.

6 1º O militar excluído do serviço ativo e desligado da organização a que estiver vinculado passará a integrar a reserva das Forças Armadas, exceto se incidir em qualquer dos itens II, IV, VI, VIII, IX, X e XI deste artigo ou for licenciado, ex officio, a bem da disciplina. (g.n.) Assim sendo, podemos verificar que, a julgar pela simetria das situações postas, a requerente faz jus à transferência solicitada, razão por que, somos pela reversão do indeferimento proferido. É a Informação À apreciação da Sra. Pró-Reitora de Ensino de Graduação. Manaus-Am, 22 de fevereiro de 2011.