FACULDADE DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOLOGIA

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1 FACULDADE DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOLOGIA A PESCA DO CAMARÃO-ROSA Farfantepenaeus paulensis NA LAGOA DO PEIXE (RS): ANÁLISE QUANTITATIVA DE RECRUTAMENTO, CRESCIMENTO E MORTALIDADE COM VISTAS AO GERENCIAMENTO PESQUEIRO FASE JUVENIL. Maria Lúcia Fernandes Antunes TESE DE DOUTORADO 2007

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3 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOLOGIA A PESCA DO CAMARÂO-ROSA Farfantepenaeus paulensis NA LAGOA DO PEIXE (RS): ANÁLISE QUANTITATIVA DE RECRUTAMENTO, CRESCIMENTO E MORTALIDADE COM VISTAS AO GERENCIAMENTO PESQUEIRO FASE JUVENIL Tese de doutorado apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Zoologia na Programa de Pós-graduação em Zoologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Maria Lúcia Fernandes Antunes Orientador: Dr. Nelson Ferreira Fontoura TESE DE DOUTORADO PORTO ALEGRE RS BRASIL 2007

4 Sumário Dedicatória... Agradecimentos... Relação de figuras... Relação de tabelas... Resumo... Abstract... iv v viii xii xv xvi I. Introdução... 1 II. Materiais e Métodos Descrição da área Metodologia de amostragem Amostragens de pós-larvas e juvenis de Farfantepenaeus paulensis: dinâmica populacional Amostragem de juvenis de Farfantepenaeus paulensis: avaliação da pesca Registro de parâmetros ambientais Metodologia de laboratório e análise de dados Parâmetros ambientais em relação à densidade Análise de sedimento Tratamento e análise do material biológico Avaliação do crescimento em comprimento Avaliação do crescimento em peso Avaliação das taxas de mortalidade e de sobrevivência III. Resultados e Discussão Eventos de fechamento e abertura da barra da Lagoa do Peixe Parâmetros ambientais: temperatura, salinidade, vento e profundidade Sedimento Densidade de Farfantepenaeus paulensis Densidade de pós-larvas na Região Oceânica Densidade de pós-larvas no Canal da Barra Densidade de pós-larvas e de juvenis na Lagoa do Peixe Densidades para a população de Farfantepenaeus paulensis Recrutamento de pós-larvas de Farfantepenaeus paulensis para a Lagoa do Peixe Influência do Tamanho na distribuição espacial da população de ii

5 Farfantepenaeus paulensis na Lagoa do Peixe Distribuição espacial de pós-larvas Distribuição espacial de juvenis Migração de juvenis da Lagoa do Peixe para o oceano Crescimento em comprimento Crescimento em peso Mortalidade Avaliação para liberação e acompanhamento da pesca do camarão-rosa na Lagoa do Peixe Avaliação da atividade pesqueira IV. Conclusões V. Referências iii

6 Dedicatória Dedico esta tese aos meus pais Antonio Antunes Gaio e Glória Fernandes Antunes (In memorian). iv

7 Agradecimentos Talvez a parte mais difícil seja agradecer a todos aqueles que, no transcorrer deste projeto, desempenharam um importante papel para o desenvolvimento e realização desta tese, pois para isso, precisamos primeiramente de: alguém disposto a nos orientar, de profissionais das mais diversas áreas de conhecimento contribuindo para um maior enriquecimento do trabalho, dos autores para dar embasamento, dos órgãos para nos dar suporte, dos motoristas, de alguém para ajudar nas saídas de campo, das críticas, sugestões, e de alguém que se disponha a ficar ouvindo por mais de quatro anos sobre camarões, ventos, chuvas e correntes.... Assim, da informação acadêmica mais refinada até aquele cafezinho servido quando retornamos de uma amostragem totalmente encharcados, com o maior frio e, mesmo com p<0,001 ; ou r 2 =1,0", não há diferenças significativas, todos foram determinantes neste trabalho e, têm o meu profundo agradecimento. Ao Dr. Nelson Ferreira Fontoura, meu orientador, pela forma de orientar, pela objetividade, apoio e pela confiança. À DHN, Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil, pelo pronto fornecimento dos dados, fundamentais para este trabalho. Ao IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, pela concessão da licença de coleta e apoio. Ao Cnpq Ct-Hidro, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pela concessão da Bolsa de Doutorado. Aos professores: Dr. Jorge Alberto Willwock (IMA), Dr. Luis Glock, Dr. Cláudio Augusto Mondin e Dr. José Willibaldo Thomé, (Programa de pósgraduação em Zoologia), Dr. Cláudio Frankenberg (Faculdade de Engenharia) e ao Dr. Régis Lahm (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas) pelas valiosas contribuições. À Maria Luiza Moreira e Jose Martins Rocha, da secretaria da Pós- Graduação pelo profissionalismo e carinho com que sempre me receberam. A Gilberto Silveira dos Santos e Maribel dos Santos Nunes do Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica (CECO) da UFRGS, pelo curso sobre v

8 processamento e análise de amostras de sedimento e pela generosidade em transmitir seus conhecimentos nesta área. Ao Dr. Danilo Calazans, meu primeiro orientador nesta área, um grande amigo. Ao Prof. Luiz Oscar Monteiro de Topin (in memoriam), Prof. Dr. Fernando D Incao, Prof. José Afonso Feijó e Suelma Rodrigues Silveira, Laboratório de Crustáceos Decápodes da FURG, pelas contribuições importantes apoio e amizade que sempre pude contar. À Guacira Maria Gil, amiga para todas as horas, mas principalmente por sua grande generosidade. Sempre! À Maria Inês Corte Vitória, Salete Campos de Moraes e Helena Sporleder Cortes, pelo carinho, pela torcida mas principalmente por sua grande amizade. À, Camila Marone(Ba), Thais Alves, Camilla Marques, Tatiana Beras, Andréa Gama, do Laboratório de Dinâmica Populacional, por tudo! Ao Diogo, Filipe, Wagner, João Pedro, Geison, Seninha, Scooby, Bianca, B1, B2, Thiago e Igor (FURG), Paulo Augusto de Souza Mota (Molla), Diego Cognato, Rafael (Genética), Paulo Bergonci, Chico, Thiago, Aloísio Braum e Daniel Lewis, Adriana Schuller, Rodrigo Bergamim, Marcos Azambuja (Azamba), Bibiana, Hiroschi, Carol, Daniel Shaito, Eleandro Moysés, Fagner, Zeca, Felipe (Fisiologia), Fernando CEAB, Talita, Fernando (Malaco), Flavinho, Gabriel, Guilherme (Barba), Jeanine Arruda, Luis, Marcos, Milena Fávero, Carol, Rafael Parasito, Rafael Rabelo, Ricardo Carlos (Sapo) e Samir Cafruni, amigos da PUCRS que participaram das amostragens, percorrendo quilômetros pela água, sobre o barro e sob o sol, as vezes sob chuva e outras, no maior frio, desatolando carros e até os colegas, mas sempre no maior bom humor. Valeu! Aos motoristas da PUCRS Thomaz de Oliveira, Ubirajara Eilert, Paulo Ayedo, Jorge Santos, Fernando Fraga da Luz, Carlos Alberto de Lima, Dilton, Romalino, Pinheiro, Darci, Ivã, Marcelo, Carlos Fernando, Paulo Henrique (PUCRS); Giba, Candinho e Valdir (FURG), pela paciência, colaboração e companheirismo, mesmo tendo que enfrentar um verdadeiro rally a cada saída de campo. Aos funcionários da Prefeitura da PUCRS, que confeccionaram os mais estranhos aparatos para uma subamostragem mais eficiente. vi

9 Aos pescadores da Lagoa do Peixe, pelo trabalho em conjunto nas amostragens e também por contribuírem de forma importante para a abordagem de vários aspectos nesse trabalho. Aos meus irmãos Maria de Fátima, Maria Helena (in memoriam) e José Antônio, e aos meus amigos José Danilo, João Fávero e Patrícia Fagundes, que sempre acreditaram, confiaram, em momentos cruciais, foram também meus orgãos financiadores. Valeu! vii

10 Relação de Figuras Figura 1: Mapa de localização da Lagoa do Peixe, RS, com a indicação dos setores amostrados: (1) Barra; (2) Velha Terra; (3) Costa; (4) Lagamar; (5) Paiva (6) Cambota; (7) Formiga; (8) Capitão Rosa; (9) Natalício; (10) Chica; (11) Lagoa do Ferreira Figura 2: Foto de área vegetada na Lagoa do Peixe, RS Figura 3: Redes utilizadas nas amostragens da população De Farfantepenaeus paulensis na Lagoa do Peixe. a) rede de zooplâncton; b) rede de Renfro; c) rede de aviãozinho Figura 4: Valores médios de temperatura (ºC) e salinidade ( ) registrados na Região Oceânica: a) temperatura média de 1998 a 2000; b) temperatura média de 2003 a 2005; c) salinidade média de 1998 a 2000; d) salinidade média de 2003 a Figura 5: Figura 6: Figura 7: Figura 8: Figura 9: Figura 10: Figura 11: Valores médios de profundidade (cm), temperatura (ºC) e salinidade ( ), registrados na Lagoa do Peixe. a) profundidade média de 1998 a 2000; b) profundidade média de 2003 a 2005; c) temperatura média de 1998 a 2000; d) temperatura média de 2003 a 2005; e) salinidade média de 1998 a 2000; f) salinidade média de 2003 a Gráficos dos ventos predominantes na área da Lagoa do Peixe. a) período 1998/2000; b) período 2003/ Profundidades média, mínima e máxima em cada setor da Lagoa, observadas entre setembro de 1998 e maio de 2000 e entre janeiro de 2003 e julho de Mapa do percentual de matéria orgânica (MO) contida nas amostras de sedimento da Lagoa do Peixe Mapa do perfil granulométrico: percentual de grãos com tamanho superior a 0,063mm, contidos nas amostras de sedimento da Lagoa do Peixe Mapa do perfil granulométrico: percentual de grãos com tamanho de 0,063mm, contidos nas amostras de sedimento da Lagoa do Peixe Mapa do perfil granulométrico: percentual de grãos com tamanho de 0,125mm, contidos nas amostras de sedimento da Lagoa do Peixe viii

11 Figura 12: Mapa do perfil granulométrico: percentual de grãos com tamanho de 0,250mm, contidos nas amostras de sedimento da Lagoa do Peixe Figura 13: Densidades médias mensais de pós-larvas de Farfantepenaeus paulensis (ind/100m 3 ) capturadas na Região Oceânica. a) entre meses nos períodos de safra, na estação Oceano-Barra; b) entre as estações Oceano-Barra, Oceano- Lagamar e Oceano-Farol; c) entre os períodos de 1998/2000 e 2003/2005, na estação Oceano-Barra Figura 14: Densidades médias mensais (ind/100m 2 ) de pós-larvas de Farfantepenaeus paulensis por safra, entre os anos 1998 e a) Setor Barra; b) conjunto dos demais setores da Lagoa do Peixe Figura 15: Densidades mensais (ind/100m 2 ) de juvenis de Farfantepenaeus paulensis por safra, entre os anos 1998 e a) Setor Barra; b) conjunto dos demais setores da Lagoa do Peixe Figura 16: Figura 17: Figura 18: Figura 19: Figura 20: Figura 21: Figura 22: Densidade média por mês (ind/100m 3 ), de pós-larvas de Farfantepenaeus paulensis, capturadas na estação Oceano- Barra, no Setor Barra e no conjunto dos demais setores da Lagoa do Peixe. a) 1998/2000; b) 2003/ Distribuição de juvenis de Farfantepenaeus paulensis nos setores da Lagoa do Peixe, categorizados por comprimento Distribuição de indivíduos com comprimento total médio superior a 7,0cm capturados no Setor Barra, em todos os períodos de safra Distribuição de freqüência mensal por intervalo de classe de comprimento de machos de Farfantepenaeus paulensis Distribuição de freqüência mensal por intervalo de classe de comprimento de fêmeas de Farfantepenaeus paulensis Gráficos de segmentos com as modas dos grupos etários de Farfantepenaeus paulensis. a) machos; b) fêmeas Curva de crescimento em comprimento para a população de Farfantepenaeus paulensis da Lagoa do Peixe. a) machos; b) fêmeas ix

12 Figura 23: Figura 24: Relação entre peso e comprimento para a população de Farfantepenaeus paulensis da Lagoa do Peixe. a) machos; b) fêmeas Curva de crescimento em peso para a população de Farfantepenaeus paulensis da Lagoa do Peixe. a) machos; b) fêmeas Figura 25: Relações entre CPUE (Kg/rede/dia) de juvenis de Farfantepenaeus paulensis e os parâmetros ambientais. a) profundidade; b) temperatura; c) salinidade; d) fases da lua; e) direção do vento; f) presença/ausência de vegetação, nos diferentes períodos de safras, em todos os setores da Lagoa do Peixe Figura 26: Figura 27: Figura 28: Figura 29: Figura 30: Número total de redes por mês, para cada uma das safras entre anos 2000/2005, utilizadas pelos pescadores na Lagoa do Peixe Número médio de dias de atividade de pesca, com valores mínimos e máximos, por mês, para cada uma das safras entre anos 2000/2005, utilizadas pelos pescadores na Lagoa do Peixe Captura total por área (kg/km 2 ) pela atividade de pesca sobre a população de Farfantepenaeus paulensis da Lagoa do Peixe entre os anos 2001/ Peso total mensal (Kg) de Farfantepenaeus paulensis capturados pelos pescadores, segundo os Setores da Lagoa do Peixe, no período 2000/ Valores médios mensais de CPUE e valores mínimos e máximos, obtidos pelos pescadores na Lagoa do Peixe, durante os períodos de safra. a) 2000/2001; b) 2001/2002; c) 2002/2003; d) 2003/2004; e) 2004/ Figura 31: Valores médios mensais de CPUE e Esforço de pesca, obtidos pelos pescadores na Lagoa do Peixe, durante os períodos de safra. a) 2000/2001; b) 2001/2002; c) 2002/2003; d) 2003/2004; e) 2004/ x

13 Figura 32: Captura por Unidade de Esforço (CPUE) média mensal e os valores mínimos e máximos obtidos, por Setor, durante os períodos de safra 2001/2005, na Lagoa do Peixe. a) 2000/2001; b) 2001/2002; c) 2002/2003; d) 2003/2004; e) 2004/ xi

14 Relação de Tabelas Tabela I: Eventos de fechamento e de abertura da barra da Lagoa do Peixe, verificados entre os anos de 1998 e Tabela II: Densidade média (ind/100m 3 ) de pós-larvas de Farfantepenaeus paulensis, capturadas na estação Oceano- Barra, entre os anos de 1998 e 2005, por período de safra, densidade máxima e mês de maior densidade Tabela III: Tabela IV: Tabela V: Tabela VI: Densidade média mensal de pós-larvas de Farfantepenaeus paulensis (ind/100m 3 ) capturadas nos períodos 1998/1999 e 1999/2000 na estação Oceano-Barra Densidade média quinzenal de pós-larvas de Farfantepenaeus paulensis (ind/100m 3 ) capturadas no período 2003/2005, nas três estações da Região Oceânica: Oceano-Barra, Oceano- Lagamar e Oceano-Farol Resultados da Anova entre as densidades de pós-larvas de Farfantepenaeus paulensis capturadas em cada uma das três estações oceânicas no período 2003/ Densidades média (ind/100m 3 ) e as maiores densidades médias mensais de pós-larvas de Farfantepenaeus paulensis, capturadas no canal da Barra, a cada um dos períodos de safra entre os anos 1998 a Tabela VII: Densidades média (ind/100m 2 ) de pós-larvas de Farfantepenaeus paulensis por safra, as maiores densidades mensais e o mês de maior densidade, registradas para o Setor Barra e para o conjunto dos demais setores da Lagoa do Peixe, entre os anos 1998 e Tabela VIII: Tabela IX: Densidades média (ind/100m 2 ) de juvenis de Farfantepenaeus paulensis por safra, as maiores densidades mensais e o mês de maior densidade, registradas para o Setor Barra e para o conjunto dos demais setores da Lagoa do Peixe, entre os anos 1998 e Anova entre as densidades por cada amostra de pós-larvas de Farfantepenaeus paulensis capturadas nas três diferentes estações oceânicas, Oceano-Barra, Oceano-Lagamar e Oceano-Farol nos períodos 2003/2005, com a condição de Barra da Lagoa fechada xii

15 Tabela X: Tabela XI: Tabela XII: Tabela XIII: Tabela XIV: Tabela XV: Tabela XVI: Tabela XVII: Tabela XVIII: Tabela XIX: Tabela XX: Comprimento total mínimo (Ltmín), médio (Ltméd) e máximo (Ltmáx) em centímetros, de pós-larvas de Farfantepenaeus paulensis, capturadas na Lagoa do Peixe, segundo o setor Teste de Kruskal-Wallis para distribuição de indivíduos com comprimento total superior a 9,0cm (%), segundo os setores em todos os período de safra. 1) Barra; 2) Velha Terra; 3) Costa; 4) Lagamar; 5) Paiva; 6) Cambota, 7) Formiga; 8) Capitão Rosa; 9) Natalício; 10) Chica Relações entre peso e comprimento para populações de Farfantepenaeus paulensis em diferentes estuários Amplitude de variação (mínimos e máximos) e os valores médios de temperatura e salinidade, por mês, durante o período de avaliação do crescimento de Farfantepenaeus paulensis (2004/2005), na Lagoa do Peixe Data de abertura e encerramento de cada uma das safras, entre os anos de 1999 e 2005, na Lagoa do Peixe/RS Valores percentuais de Farfantepenaeus paulensis com comprimento total superior a 9,0cm resultantes das amostragens para liberação das safras 1999 a 2005, por setor e por macro setor CPUE (kg/rede/dia) mensal (mínima, média e máxima), antes e durante o acompanhamento das safras do camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis, entre os anos 1999/2005 na Lagoa do Peixe Maiores capturas (CPUE em kg/rede/dia) antes e durante o acompanhamento das safras do camarão-rosa entre os períodos de safra 1999/2005, por setor, na Lagoa do Peixe Resultados dos testes de Kruskal-Wallis (H) e significâncias (p) entre as variáveis ambientais não-paramétricas e a CPUE de Farfantepenaeus paulensis, a cada amostra, na Lagoa do Peixe/RS, no período Número de redes utilizadas pelos pescadores por período de safra, segundo o setor, entre os anos 2000/2005 na Lagoa do Peixe/RS Peso total capturado em quilogramas, por mês durante as safras do camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis, entre os anos 2000 e 2005, na Lagoa do Peixe xiii

16 Tabela XXI: Tabela XXII: Análise de variância e significância dos valores de CPUE (kg/rede/dia) entre os meses a cada período de safra 2000/2005de de Farfantepenaeus paulensis, coletados na Lagoa do Peixe Relação entre o peso total capturado (Wt), o esforço total utilizado pelos pescadores e a CPUE total a cada safra (2000/2005) xiv

17 Resumo Dada a importância ecológica e a localização geográfica estratégica da Lagoa do Peixe e a relevância do camarão-rosa no contexto ecológico, econômico e social da comunidade que vive em seu entorno, foram investigados o padrão geral de recrutamento, a distribuição espacial e mortalidade de Farfantepenaeus paulensis Pérez-Farfante, 1967 na Lagoa do Peixe, assim como o processo de retorno de juvenis para águas oceânicas, levando-se em consideração variáveis ambientais e antrópicas que, possivelmente, intervêm na dinâmica desta população. Deste modo, compreende-se que o entendimento do padrão geral de recrutamento e da migração de F. paulensis, não somente aprofunda o conhecimento da dinâmica populacional da espécie, mas, principalmente, contribui para o estabelecimento de uma política de manejo sustentado para a Lagoa do Peixe, podendo servir de subsídio para uma política sustentável de exploração deste recurso pesqueiro. Entre os anos de 1998 e 2005 foram estimadas as densidades de indivíduos na zona de arrebentação (Região Oceânica) e no interior da Lagoa, constatando-se que as pós-larvas encontram-se disponíveis em todos os meses do ano (2003/2005), apresentando maiores densidades entre os meses de outubro a fevereiro. Entretanto, o recrutamento desses animais para o estuário está condicionado à abertura artificial da barra da Lagoa. No interior da Lagoa do Peixe, tanto as pós-larvas ( 0,64 > Lt 1,75cm) como pequenos juvenis (1,8 > Lt 3,5cm) ocupam a Região da Barra e a Região Norte da Lagoa. Os indivíduos juvenis (3,5 > Lt 9,0cm), distribuem-se por toda a Lagoa, porém as maiores densidades foram registradas na Região Norte, enquanto os maiores juvenis (Lt > 9,0cm) distribuem-se, preferencialmente, na Região Sul. Estimativas dos parâmetros de crescimento em comprimento resultaram em: L = 16,29cm e k= 1,34.ano -1, para machos; e, para fêmeas, em L = 19,79cm e k= 1,08 ano -1, indicando que as fêmeas atingem tamanhos superiores aos machos. A mortalidade por pesca (F) foi estimada em 12,11.ano -1. A avaliação do comprimento médio dos camarões para fins de liberação da pesca, durante o transcurso desta investigação (1998/2005) foi realizada em conjunto com os pescadores e IBAMA. O acompanhamento sistemático de cada uma das safras, ocorridas neste período, permitiu, não apenas a avaliação do esforço de pesca, da captura por unidade de esforço (CPUE) e da captura total em peso dos camarões juvenis, como viabilizou a elaboração de sugestões para o ordenamento pesqueiro na Lagoa do Peixe. Entende-se que regulamentação da pesca e os encaminhamentos direcionados para essa atividade têm falhado. Em termos amplos, por falta de uma Política Pública séria, dirigida à conservação dessa área estuarina e, em termos específicos, pela ausência ou falhas na fiscalização e no controle da atividade pesqueira na Lagoa do Peixe. Palavras-chave: recrutamento, migração, dinâmica populacional, pesca artesanal, CPUE, camarão-rosa, Lagoa do Peixe. xv

18 Abstract Given the ecological importance, the strategic geographic localization of the Lagoa do Peixe and the relevance of pink-shrimp in the ecological, economical and social context, for the local community, were investigated the general pattern of recruitment, the spatial distribution and the mortality of Farfantepenaeus paulensis Pérez-Farfante, 1967 in the Lagoa do Peixe, as well as the returning process of juveniles to oceanic waters, with regards to environmental and anthropic variables that possibly interfere with the dynamic of this population. The understanding of recruitment and migration general pattern of F. paulensis, deepens the knowledge about the species populational dynamic, further than contribute to the establishment of a sustainable management politic for the Lagoa do Peixe, serving as a support to a sustainable politic of exploration of the fishery resource. Between 1998 and 2005, were estimated the individual densities in the surf shore zone (Oceanic Region) and inside the lagoon, establishing that the post-larvae are available during all the year (2003/2005), showing greater densities between October and February. Nevertheless, the recruitment of these animals to the estuary is related to the artificial opening of the lagoon barra. Inside the Lagoa do Peixe, both the post-larvae (0,64 > Lt < 1,75cm) and small juveniles (1,8 > Lt < 3,5cm) occupy the Barra Region and the North Region of the lagoon. The juvenile individuals (3,5 > Lt < 9,0cm) are distributed along the Lagoa length, however, greatter densities were registered in the North Region, while bigger juveniles (Lt > 9,0cm) are distributed, mainly, in the South Region. Estimative of the growing parameters in length were: L = 16,29cm and k= 1,34.year -1, to males and, L = 19,79cm and k= 1,08.year -1, to females, showing that females reach bigger sizes than males.the fishery mortality (F) were estimated in 12,11.year -1. The assessment of the medium length of the shrimps in order to allow the fishery, during this investigation (1998/2005), was carried out with fishermen and IBAMA. The systematic evaluation of each harvest, during this period, resulted, not only in the fishery assessment, catches per unit effort (CPUE) and in the total catchment in weight of the juvenile shrimps, as well as made possible the elaboration of suggestions to organize the fishery management in the Lagoa do Peixe. We understand that the fishery regulation and the directions to this activity have been failed. In a broad term, because of the absence of a serious Public Politics to conservation of this estuarine area, and in a specific term, because of absence or fail in the inspection and control of the fishery activity in the Lagoa do Peixe. Key words: recruitment, migration, population dynamic, artisanal fishery, CPUE, pink-shrimp, Lagoa do Peixe. xvi

19 I. Introdução A reprodução e desova dos camarões do gênero Farfantepenaeus Burokovsky, 1997 ocorrem no oceano, em águas da plataforma continental, em profundidades que variam de 40 a 100m, durante o ano todo (ZENGER & AGNES, 1977, IWAI, 1978). O camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis (Pérez-Farfante, 1967) distribui-se ao longo da plataforma continental brasileira, a partir de Ilhéus (Bahia) até litoral nordeste da Argentina (38 35 S) (D INCAO, 1995). As fêmeas maduras concentram-se, principalmente, na costa centro-sul de Santa Catarina, em uma faixa de profundidade que varia de 40 a 60m (ZENGER & AGNES, 1977), concentrando-se, durante o verão, também, no litoral norte do Rio Grande do Sul (BARCELLOS, 1968). A espécie F. paulensis possui alta taxa de fecundidade. Em experimentos de laboratório, IWAI (1978) registrou que, a cada desova, são liberados entre a ovos por fêmea. As fêmeas liberam os ovos na água, dos quais eclodem larvas planctônicas na fase de náuplio, com o desenvolvimento larval completando-se entre 42 e 46 dias (IWAI, 1978). Os camarões deste gênero apresentam no seu ciclo de vida um período pelágico composto pelas fases de náuplio, protozoé, misis e pós-larva seguido por um período demersal, composto pelas fases juvenil e adulta (DALL et al.,1990; CALAZANS, 1992). Ainda como organismos pelágicos, as pós-larvas penetram em zonas estuarinas de lagunas costeiras onde se assentam como juvenis em fundos rasos, ambientes protegidos e ricos em alimento. O ciclo de vida completa-se com a migração dos indivíduos juvenis, três a quatro meses após sua entrada no estuário, até a zona onde se encontra o estoque adulto (NEIVA, 1966; IWAI, 1978; D INCAO, 1991). Segundo ODUM (1988) os estuários estão incluídos entre os ecossistemas mais férteis do mundo, sendo considerados como zona de transição entre os ambientes, oceânico costeiro e de água continental. KENNISH (1986) complementa essas declarações, afirmando que sua dinâmica trófica está caracterizada por uma variedade de consumidores primários, com ênfase no aproveitamento de detritos, com um alto grau de interação entre a coluna 1

20 d água e o sedimento. Características abióticas como fluxo das águas, turbidez, salinidade, temperatura, concentração de oxigênio dissolvido, textura e composição dos sedimentos exercem um importante papel na dinâmica estuarina (DAY et al., 1986). Em decorrência de mudanças ambientais de extrema amplitude que conferem um pronunciado grau de estresse ambiental, a diversidade de espécies nesses sistemas é menor, quando comparado com outros sistemas aquáticos, ainda que a densidade específica possa ser grande (KENNISH, 1986). A constatação de que a distribuição de diferentes espécies de camarão nas zonas estuarinas é influenciada pela existência de áreas vegetadas (macroalgas, macrófitas e raízes de mangues), pelo tipo de sedimento, pelo grau de transparência da água e pela profundidade, foi evidenciada por HUGHES (1966); MACNAE (1974); STAPLES (1979); STAPLES & VANCE (1985); DE FREITAS (1986); PRIMAVERA & LEBATA (1995); MACIA (2004) e por KENYON et al. (2004), em diferentes áreas geográficas. Assim, HAYWOOD et al. (1995), KENYON et al. (1997) e SÁNCHEZ (1997) afirmam que a vegetação e a salinidade são fatores chaves na dinâmica populacional de camarões, uma vez que controlam a distribuição dos indivíduos nos sistemas estuarinos. A importância das pradarias de macrófitas como reguladoras da distribuição e abundância de espécies de Farfantepenaeus, também é destacada por PÉREZ-CASTAÑEDA, & DEFEO (2001) a partir de estudos desenvolvidos com quatro espécies de camarões peneídeos. Os autores afirmam que todas as espécies foram significativamente mais abundantes em áreas que apresentavam alta biomassa de vegetação aquática. Outra característica de habitat que vem sendo associada à distribuição espacial de peneídeos nos estuários é a constituição e distribuição dos sedimentos. A preferência por diferentes tipos de sedimento tem sido relacionada à disponibilidade de alimento, à eficiência no enterramento segundo o tipo de sedimento e a problemas associados à respiração, quando estão enterrados (DALL et al., 1990). A habilidade dos camarões durante o processo de enterramento é afetada pelas características do substrato. MACIA et al. (2003), através de 2

21 experimentos em aquário, verificaram que em Metapenaeus monoceros (Fabricius, 1798) o enterramento é dificultado quando os animais são colocados em substrato grosseiro (areia e conchas). Nessa situação o animal não consegue se enterrar totalmente, deixando de fora parte do dorso, olhos e rostro ficando, assim, mais exposto à predação. Porém, quando em substratos mais finos (areia e lama), os mesmos indivíduos demonstram grande habilidade de escavação, reduzindo o risco de predação. PENN (1981; 1984) verificou que Penaeus japonicus Bate, 1888 é conhecido por ter dificuldade de escavar em sedimento muito fino, o que explicaria as baixas abundâncias obtidas em habitats contendo lama e vegetação, sendo que os mesmos foram abundantes em bancos de areia. Já Fenneropenaeus indicus (H. Milne Edwards, 1837) prefere sedimentos moles em relação aos mais compactados. BRANFORD (1981) mostrou que P. semisulcatus De Haan 1844 não apresenta uma preferência clara em relação ao tipo de sedimento. Entretanto, MOLLER & JONES (1975) analisaram a habilidade de escavação de P. semisulcatus em sedimento com diferentes granulometrias, avaliando, também, a influência do fator luminosidade. Os autores concluíram que, nessa espécie, o enterramento é ativado com o aumento da luminosidade e que a saída do substrato ocorre somente com a diminuição da luz, ao entardecer. MOLLER & JONES (1975) acreditam que tal comportamento seja governado, principalmente, por fatores endógenos. Ao investigarem a abundância e distribuição de juvenis de P. merguiensis De Man, 1888 e de F. indicus, KENYON et al. (2004), obtiveram as maiores capturas de F. indicus em substrato lodoso e em águas com alta turbidez. Porém, para P. merguiensis, as maiores abundâncias foram registradas em águas com baixa turbidez. A constatação de existência de diferenças significativas entre os diversos microhabitats avaliados, permitiu aos autores concluírem acerca da importância desses ambientes sobre a distribuição dos indivíduos nos estuários. A dinâmica ambiental dos estuários determina a taxa de sobrevivência dos camarões peneídeos, nos diferentes estágios de desenvolvimento, exercendo influência, também, sobre o comportamento de larvas e pós-larvas 3

22 (WILLIAMS, 1969; VILLALOBOS et al., 1969; BRISSON, 1977; STAPLES, 1978; PRICE, 1982; ROTHLISBERG, 1987; BOFF & MARCHIORI, 1984). As Lagoas dos Patos, Tramandaí e do Peixe, na costa do Rio Grande do Sul e, as Lagoas de Castilho e Rocha, no Uruguai, são considerados importantes criadouros naturais onde se desenvolvem juvenis de F. paulensis e de várias outras espécies estuário-dependentes (NION et al., 1974, D INCAO, 1978; 1983, ANTUNES, 2002). Em F. paulensis a desova ocorre, provavelmente, durante todo o ano, mas somente durante a primavera e o verão as larvas são transportadas pelas correntes costeiras em direção ao sul, aonde chegam já na fase de pós-larva, penetrando nas regiões estuarinas do Rio Grande do Sul (IWAI, 1978; D INCAO, 1983). Para o estuário da Lagoa dos Patos, D INCAO (1991) verificou que as correntes têm direção sul no período que vai de julho a março com velocidades de 0,7 a 1,5 milhas náuticas por hora e calculou que este transporte leva entre 11 e 24 dias até a Região Oceânica adjacente à Barra do Rio Grande. As correntes que ocorrem na área costeira da região sul do Brasil são peculiares devido à presença da Convergência Subtropical, formada pela Corrente do Brasil com fluxo em direção ao sul, transportando água Tropical e pela Corrente das Malvinas com fluxo em direção ao norte, transportando água Subantártica (GARCIA, 1997). Além disso, durante o inverno e a primavera, acentua-se, nesta região, a ação de águas de origem continental, principalmente, do Rio da Prata e da Lagoa dos Patos (CASTELLO & MÖLLER, 1978). A mistura dessas águas com as de origem Subantártica e Tropical formam as águas Costeiras, caracterizadas por baixas salinidades e temperaturas variáveis (MIRANDA, 1973). As principais características físicas, químicas e biológicas de qualquer sistema aquático são determinadas por seu tamanho e forma (PANOSSO et al., 1998). Assim, a morfologia de um corpo d água afeta os processos hidrodinâmicos, o tempo de residência da água (WETZEL, 1975), os processos de erosão, transporte e acumulação de sedimentos (HÄKANSON, 1982), o balanço de nutrientes, a estabilidade térmica da coluna d água (VOLLENWEIDER, 1976) e os processos de circulação e dispersão de organismos e nutrientes (WETZEL & LIKENS, 1991). 4

23 Além dos fatores mencionados acima, os padrões hidrodinâmicos das lagoas também são influenciados por sua orientação em relação à direção dos ventos predominantes. Os efeitos do vento tendem a ser mais pronunciados, especialmente quando o eixo longitudinal é paralelo à ação dos ventos predominantes (PANOSSO et al., 1998). Lagoas costeiras em geral apresentam profundidade reduzida sendo, portanto, altamente vulneráveis à ação dinâmica do vento e às oscilações dos fatores climáticos. Ambientes rasos são sujeitos a processos de resfriamento e aquecimento e à ação de mistura, por ação do vento, que pode estender-se até o fundo impedindo a formação de estratificações verticais de temperatura e salinidade e, pode provocar ressuspensão de sedimentos finos, aumentando a turbidez da água por ocasião de ventos fortes (PANOSSO et al., 1998). BRISSON (1986), através de experimentos em laboratório, observou que F. paulensis atinge uma taxa de sobrevivência de aproximadamente 90% em ambientes hipersalinos (> 50 ). O autor salienta que as condições de hipersalinidade podem comprometer as atividades fisiológicas dos organismos, quando outros parâmetros não se encontram em condições ótimas para a sua sobrevivência (temperatura, ph, oxigênio dissolvido, compostos nitrogenados). O movimento de pós-larvas em direção a águas mixohalinas é um fenômeno comum entre os Penaeídeos (WICKINS, 1976), já que os ambientes estuarinos e lagunares fornecem ricas fontes de alimento aos camarões juvenis (DAY & QUINN, 1989). É possível que este fenômeno seja explicado por um estímulo orientado (CALDERÓN-PÉREZ & POLI, 1987) provocado por diferenças no gradiente de salinidade, próximo às desembocaduras de rios e lagos, onde ocorre o aporte de águas continentais. Entretanto, CALAZANS (1978) e MIAZATO (1993) afirmam que esse movimento migratório não guarda relação direta com as variações de salinidade e temperatura, mas sim com o movimento de água oceânica enchente, influenciado pelos ventos dos setores sul e sudeste, e também com a pluviosidade que causa o movimento de água vazante. No estuário da Lagoa dos Patos a penetração das pós-larvas começa em setembro, estendendo-se até o mês de maio (ANTUNES, 1997). CALAZANS (1978) observou que as maiores penetrações de pós-larvas de F. paulensis, 5

24 neste estuário, ocorrem quando sopram ventos do quadrante sul, seguidos pelos ventos de quadrante leste, que empurram a água oceânica em direção à costa, fazendo com que esta penetre no estuário. Corroborando esta afirmativa, CASTELLO & MÖLLER (1978) afirmam que a abundância de pós-larvas nesta Lagoa depende da entrada de água marinha, que por sua vez é regulada, principalmente, pelo regime de ventos e pela pluviosidade. Segundo GARCIA et al. (2003) o evento El Niño pode prejudicar de forma importante a entrada de pós-larvas na Lagoa dos Patos, devido ao grande fluxo de saída de água doce para o oceano, tendo como conseqüência uma redução no fluxo migratório para o interior do estuário e das populações estuáriodependentes. No estuário da Lagoa dos Patos D INCAO (1991) observou que as maiores abundâncias de F. paulensis ocorrem em épocas nas quais as temperaturas são mais elevadas (janeiro a abril), sugerindo que as distribuições de abundâncias acompanham a curva de temperatura e, em áreas com salinidade inferior a 10, ressaltando, porém, que também foram registradas grandes abundâncias em uma ampla faixa de salinidade (0 a 31 ). Após terem completado sua fase de desenvolvimento no interior do estuário, os juvenis de F. paulensis migram para o oceano. IWAI (1978) afirma que os indivíduos retornam ao mar aberto com comprimento total (Lt) médio de 11,0cm, enquanto D INCAO (1983) registrou a primeira migração em um Lt médio de 6,8cm e ANTUNES (2002), em um Lt médio de 8,5cm. Na Lagoa dos Patos, o período de migração de juvenis de F. paulensis para o oceano ocorre principalmente de fevereiro a maio e, neste período, a intensa pesca artesanal efetuada sobre os juvenis contribui para uma forte diminuição no número de indivíduos que, efetivamente, atingem o oceano, reduzindo de forma bastante acentuada os estoques pesqueiros (ALMEIDA & D INCAO 1999; D INCAO, 1983, 1991). Uma das ferramentas que vem sendo utilizada para avaliação dos estoques pesqueiros de camarões peneídeos, são as análises de crescimento (ALBERTONI et al., 2003). Dessa forma, a dinâmica de crescimento de F. paulensis importante recurso pesqueiro no sul do Brasil foi analisada por diversos autores em tempos e locais diferentes (MELLO, 1973; BRISSON, 1977; 6

25 1981; IWAI, 1978; D INCAO & CALAZANS, 1978; D INCAO, 1984; 1991; CHAGAS- SOARES, 1985; VILLELA et al., 1997; BRANCO & VERANI, 1998a; PEIXOTO, 1999; ALBERTONI et al., 2003). Um dos principais problemas enfrentados no estudo do crescimento dessa espécie é, sem dúvida, a interferência da captura pela pesca, que retira os indivíduos maiores da população. O camarão-rosa é um dos principais recursos pesqueiros da região sul do Brasil. A pesca é exercida em dois estratos populacionais: captura de juvenis nos estuários classificada como pesca artesanal e captura de adultos no oceano classificada como pesca industrial (VALENTINI et al., 1991). A captura excessiva de adultos no oceano pode afetar diretamente a reprodução, necessária para sustentar o estoque, ao eliminar grande número de fêmeas potencialmente prontas para a desova. Por outro lado, a intensidade da pesca sobre os jovens nas áreas naturais de criação, poderá comprometer o recrutamento (IWAI, 1973a), acarretando prejuízos para as próximas safras (D INCAO, 1991). REIS & D INCAO (2000) declaram que as capturas do camarão-rosa na costa sudeste-sul brasileira foram reduzidas em cerca de 35% nos anos noventa, quando comparados às capturas dos anos setenta, possivelmente, devido à diminuição dos estoques oceânicos. A série histórica das curvas de rendimento do camarão-rosa apresentadas por VALENTINI et al. (1991; 2001) evidenciam alterações significativas no equilíbrio populacional de F. paulensis. Assim, um rendimento máximo sustentável de 7.009t anuais, estimado para o período de 1965 a 1972, foi reduzido a 2.800t entre os anos de 1973 e 1987 e, para o período , a curva de rendimento mostrou uma produção máxima sustentável 24% menor que para o período imediatamente anterior. Com esses dados os autores demonstram que, se pouco foi alterado em relação ao defeso e à frota atuante, agravou-se a situação nos criadouros, com o total descontrole da atividade pesqueira nos principais estuários à exceção da Lagoa dos Patos acentuando-se assim o comprometimento do estoque adulto por falhas no recrutamento e da disponibilidade do recurso à pesca no mar. Diante dessas informações VALENTINI et al., (2001) alertam para um estado de exaustão do estoque, prevendo, também, a possibilidade de que 7

26 haja um colapso na pesca industrial em um futuro próximo. Para minorar ou reverter esse quadro, os autores exigem maior eficiência das medidas de ordenamento de pesca e sugerem a aplicação do defeso de recrutamento no período de fevereiro-maio; a redução ou manutenção da frota atuante e, maior controle sobre as áreas de criadouros tanto sobre a pesca em cima dos juvenis como no aspecto da preservação ambiental. Também acompanhando uma série histórica de dados sobre pesca industrial nas regiões Sudeste e Sul, D INCAO et al. (2002), verificaram que desde o máximo obtido em 1969 (7.102t), os desembarques apresentaram uma tendência de diminuição até o mínimo de 948t, observado em Em relação à pesca artesanal de camarões nas regiões sudeste e sul, os primeiros registros sobre a produção nos criadouros datam de 1945, no Rio Grande do Sul. Nos estuários das Lagoas dos Patos, Tramandaí e do Peixe, a pesca é realizada de forma artesanal, com redes estacionárias tipo saco e aviãozinho, arrasto como as denominadas redes de coca e prancha ou ainda com tarrafa. O período de maior captura em toda a região é denominado de safra e ocorre de janeiro a maio e é efetuada sobre o estrato juvenil da população de forma muito intensa, praticamente impedindo a migração dos camarões para o oceano (ZENGER & AGNES, 1977; IWAI, 1978; VALENTINI et al. 1991; ALMEIDA & D INCAO, 1999). O Parque Nacional da Lagoa do Peixe, com uma área de ha, foi criado através do Decreto N º de 06/11/1986, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), objetivando a proteção dos ecossistemas litorâneos, das espécies animais, particularmente das aves migratórias, e preservação das áreas úmidas, encontrando-se ainda em processo de implantação. Por estar inserida em uma Unidade de Conservação (UC) a Lagoa do Peixe possui ação antrópica parcialmente minimizada, diferindo das demais zonas estuarinas do Estado (IBAMA, 1998). Apesar dessa condição legal, a pesca de F. paulensis é permitida para um conjunto de pescadores cadastrados (175), cada um podendo utilizar um máximo de 30 redes. Esta situação em um Parque Nacional é provisória e só é possível porque estes moradores já habitavam a área antes de sua criação. Neste local, a pesca é realizada sem uso de barcos a motor, sendo permitido 8

27 apenas o uso de pequenas embarcações a remo. O tipo de rede permitida para a captura é o aviãozinho. Além desta, também é utilizada, irregularmente, a rede de arrasto tipo coca. Dada a importância ecológica e a localização geográfica estratégica da Lagoa do Peixe e a relevância do camarão-rosa no contexto ecológico, econômico e social da comunidade que vive em seu entorno, neste trabalho foi investigado o padrão geral de recrutamento, a distribuição espacial e mortalidade de F. paulensis na Lagoa do Peixe, assim como o processo de retorno de juvenis para águas oceânicas, levando-se em consideração variáveis ambientais e antrópicas que, possivelmente, intervêm na dinâmica desta população. Assim, o entendimento do padrão geral de recrutamento e migração de F. paulensis, não somente aprofunda o conhecimento da dinâmica populacional da espécie, mas, principalmente, contribui para o estabelecimento de uma política de manejo sustentado para a Lagoa do Peixe, podendo servir de subsídio para uma política sustentável de exploração deste recurso pesqueiro. 9

28 II. Materiais e Métodos 1. Descrição da área Estuários caracterizam-se por serem ambientes que apresentam alta dinâmica ambiental (KUPSCHUS & TREMAIN, 2001). Por estarem em ligação com o mar e receberem, tanto água oceânica como aporte de água continental, tendem a se comportar como ambientes marinhos durante determinados períodos e como ambientes límnicos durante outros períodos. Outros aspectos importantes na dinâmica dos estuários, além do tamanho (área) é a sua morfologia, tanto de fundo quanto de margens, a profundidade, o tipo de vegetação circundante que vai interferir ou intervir no modo como a ação dos ventos atuará na coluna d água (PANOSSO et al., 1998) a diversidade, tipo e densidade da vegetação submersa, a constituição sedimentar, a maior ou menor proximidade com o mar, o tipo de barreira entre o ambiente marinho e o ambiente estuarino. A Lagoa do Peixe localiza-se no litoral médio do Rio Grande do Sul e está situada no quadrante compreendido pelas coordenadas 31º26 S 51º10 W e 31º14 S 50º54 W (RESENDE, 1988), no município de Tavares, Rio Grande do Sul. Possui uma extensão de 35km, largura média de 1km, profundidade média inferior a 50cm (RESENDE & LEEWENBERG, 1987) e, uma área de 43,70km 2 (SCHWARZBOLD & SCHÄFER, 1984). Situa-se paralelamente ao oceano e sua ligação com o mar é feita através de uma barra de baixa profundidade (1,5 a 2,5m), disposta perpendicularmente em relação ao mar, portanto, a oeste do Oceano Atlântico. Ainda que a Lagoa do Peixe esteja submetida a um padrão meteorológico sazonal regional, as características morfológicas e de orientação em relação à costa, fazem com que as condições climáticas atuem de maneira mais acentuada nesse estuário, formando o que se poderia chamar de um padrão meteorológico local ou um microclima. Anualmente ocorre o fechamento natural da barra da Lagoa. Esse fechamento se dá pela ação dos ventos que atuam sobre as dunas e faixa de areia, carreando os sedimentos e promovendo a sua oclusão, geralmente durante o verão. Nesses casos a abertura do canal da Barra é realizada por 10

29 processo mecânico, quando os níveis de água se encontram bastante elevados geralmente no inverno nos meses de julho e agosto. Esse canal de ligação da lagoa com o mar, quando aberto, permitindo a entrada de água oceânica, caracteriza a Lagoa do Peixe como um estuário podendo ser classificada, ainda, como do tipo sufocada, por apresentar um estreito canal de ligação com o mar (Kjerfve, 1986 apud TRUCCOLO, 1993). Pela sua grande extensão e morfologia há uma tendência a compartimentalização, que levou a comunidade local a denominar cada um dos seus setores, como apresentados na Figura 1. Segundo características próprias de salinidade, profundidade, tipo de vegetação submersa e de vegetação de borda, os dez setores da lagoa podem ser agrupados em três grandes regiões: Barra, Norte e Sul, permitindo assim, uma descrição mais ampla da dinâmica ambiental em cada uma dessas regiões. Assim a Barra, juntamente com o setor Cambota e Lagoa do Ferreira, formam a Região da Barra, os demais setores a norte, a Região Norte e os setores ao sul, a Região Sul. A Barra, por ser uma área mais aberta, caracteriza-se por ser a Região onde as variações nas condições climáticas são mais rapidamente percebidas. Possui zonas rasas e de média profundidade, além do canal, onde a lâmina d água pode variar entre 10,0cm e 250,0cm. Por sua ligação com o mar, é nessa região onde são registradas as maiores variações na salinidade. Quando a barra da lagoa está aberta e os ventos predominantes são de sul, sudeste ou leste geralmente, mais intensos no inverno esses favorecem a entrada da água do mar, promovendo, primeiramente, o alagamento da maior parte da Região Norte da Lagoa que, embora seja a área que apresenta maior largura (em torno de 2km), não apresenta barreiras, facilitando, assim, o deslocamento da massa de água para esta área da Lagoa. Como decorrência da baixa profundidade da Região Norte e da ação dos ventos, a mistura da água marinha com a água da Lagoa acaba ocorrendo rapidamente (IBAMA, 1998). 11

30 BR Mostardas 31º10 RS 6 Tavares Lagoa Peixe do º Oceano Atlântico º3 51º00 51º50 Figura 1: Mapa de localização da Lagoa do Peixe, RS, com a indicação dos setores amostrados: (1) Barra; (2) Cambota; (3) Paiva (4) Lagamar; (5) Costa; (6) Velha Terra; (7) Chica; (8) Natalício; (9) Capitão Rosa; (10) Formiga; (11) Lagoa do Ferreira. 12

31 Esta dinâmica faz com que a Região Norte apresente menor variação de salinidade quando comparada às demais regiões. A exceção à presença de barreiras ocorre na ligação entre os setores Costa e Velha Terra, onde a lagoa é cortada por uma trilha e a ligação entre estes setores fica restrita a três estreitos valos, locais de maior profundidade (nesse caso, 10 a 20m de largura cada). Assim, o setor Velha Terra, que também está ligado ao setor Ruivo localizado no extremo norte da lagoa recebe água do setor Ruivo e, devido a essa peculiaridade, acaba por apresentar características semelhantes as do setor sul: níveis de salinidade mais baixos durante a maior parte do ano e maior abundância de vegetação. Segundo POLETTE & TAGLIANI (1990), a hidrodinâmica da Lagoa é regida pela ação do vento bem como pela precipitação. Durante o inverno, devido ao aumento do período de chuvas, a salinidade chega a zero partes por mil. Segundo TAGLIANI (1995), as precipitações nesta região são bem distribuídas ao longo de todo o ano, mas com chuvas mais intensas no período de inverno, variando entre 1150 e 1450mm anuais. Os ventos predominantes são nordeste, seguidos por ventos sudeste, com elevado teor de umidade, com velocidades médias entre 3 e 5m/s. Grandes extensões da margem leste da Lagoa do Peixe (300 a 400m) podem ficar expostas durante o dia, uma vez que os ventos de norte, nordeste e leste aumentam de intensidade e terminam por empurrar a água em direção à margem oeste e, durante a noite, com a diminuição da intensidade dos mesmos, a água volta inundando as áreas que haviam ficado expostas (IBAMA, 1998). Além disso, esses ventos promovem também o deslocamento de água da Região Norte da lagoa para o sul. A Região Sul é a mais estreita da lagoa. Possui pequenas ilhas na sua parte central e, entre as margens das ilhas e a margem da lagoa, formam-se valos, com profundidades entre 0,80m e 1,70m, que permitem o fluxo de água entre um setor e outro, sendo que alguns separam uma ilhota da outra e outros se estendem desde as pequenas ilhas até margens da lagoa, tanto para leste, como para oeste. A Região Sul apresenta maior amplitude na variação da salinidade, quando comparada às Regiões Norte e Barra (IBAMA, 1998). A maior parte do ano a Região Sul apresenta baixa salinidade porque, devido à 13

32 morfologia da lagoa, formam-se barreiras para a entrada da água marinha. Como decorrência da baixa salinidade, a Região Sul apresenta grande abundância e diversidade de vegetação que, em determinadas épocas, formam verdadeiros tapetes encobrindo toda a área alagada (Figura 2). Nesta região são encontradas as fanerógamas submersas Zannichellia palustris, Potamogeton sp. e Ruppia marítima, sendo que as duas primeiras, juntamente com outros gêneros de água doce, estão restritas às extremidades da Lagoa e a zonas próximas à desembocadura de arroios, onde os teores salinos são mais baixos. Entretanto, a espécie dominante é R. maritima que possui ampla tolerância a variações de salinidade, o que permite distribuir-se por toda a Lagoa (KNAK & CAPITOLI, 1991; IBAMA, 1998). Porém, em períodos de alta estiagem é na Região Sul onde são mais rapidamente percebidas as bruscas variações de salinidade. Geralmente as salinidades mais elevadas são registradas nos setores dessa Região. Isso ocorre porque, a partir do ingresso de água salgada, as mesmas barreiras que dificultaram a entrada de água, dificultam o seu retorno. Esse evento, associado às altas temperaturas do período de verão, acelera o processo de evaporação, elevando o teor de sais na região sul da Lagoa. Figura 2: Foto de área vegetada na Lagoa do Peixe, RS. 14

33 As algas bentônicas Enteromorpha e Ulva são encontradas, principalmente, na região da Barra, ainda que em determinados períodos possam distribuir-se também em alguns setores da região Norte da Lagoa. Ainda no setor Barra, na margem norte, verifica-se grande concentração e predominância de Spartina densiflora, que se caracteriza por ocupar marismas, e das associações Paspalum vaginatum/s.densiflora. A presença de S. densiflora também é observada em alguns trechos na margem leste da Região Sul bem como em algumas da ilhas que se situam nesta região da Lagoa (IBAMA, 1998). Dada a baixa profundidade da Lagoa, a transparência da água depende, quase que exclusivamente da ação dos ventos, que atuam em toda coluna d água e fazem com que os sedimentos finos permaneçam em constante ressuspensão. A Região da Barra, por ser uma área mais aberta, é a que apresenta maiores variações na transparência da água, evidenciando-se maior turbidez no canal e nas zonas de maior profundidade. Pode-se observar maior quantidade de material em suspensão na Região Norte, principalmente nas denominadas caixas, localizadas próximas à margem oeste. Já no extremo sul da Lagoa, a transparência é maior provavelmente devido à densa vegetação naquela área. Tanto as pradarias submersas como as áreas aquáticas de marismas beneficiam diretamente várias espécies (COSTA, 1998), sendo algumas delas de interesse comercial, como o camarão-rosa F. paulensis. SOGARD & ABLE (1991) constataram diferenças marcantes na abundância e diversidade de espécies animais entre locais com e sem vegetação, evidenciando a importância ecológica dessas plantas. Segundo ZIEMAN (1968), MANN (1972), ZIEMAN & ZIEMAN (1989) e GAMBI et al. (1992), ainda que as fanerógamas submersas sejam pouco usadas de forma direta pelos organismos consumidores, entram na cadeia trófica, principalmente via detritos, constituindo-se na maior fonte de alimentos de ambientes estuarinos. Assim, as pradarias são zonas de criação, ambiente de desova e habitat de vários peixes e crustáceos costeiros e estuarinos, e a densidade e o número de espécies animais estão diretamente relacionadas à biomassa destas pradarias (EDGAR, 1990; EDGAR & ROBERTSON, 1992). 15

34 2. Metodologia de Amostragem 2.1. Amostragens de pós-larvas e juvenis do camarão-rosa: dinâmica populacional Com o intuito de avaliar o recrutamento de pós-larvas para o estuário e o fluxo migratório de juvenis para o oceano, as amostragens da população de F. paulensis foram realizadas utilizando-se redes de zooplâncton, de Renfro e de aviãozinho. As amostras coletadas com redes de zooplâncton e de Renfro foram fixadas em formaldeído a 4%, enquanto àquelas coletadas com rede aviãozinho, foram trabalhadas no campo e/ou congeladas para posterior processamento em laboratório. Arrastos de zooplâncton a) Período As amostras foram realizadas mensalmente, entre setembro de 1998 e maio de 2000, em duas estações de coleta. Na Estação 1, localizada na Região Oceânica adjacente à barra da Lagoa, foram feitas, em média, sete amostras em pontos variados, a fim de verificar a disponibilidade de pós-larvas de F. paulensis nesta área. Já na Estação 2, localizada no canal da Barra, foram feitas, em média, oito amostras, objetivando avaliar o recrutamento de pós-larvas no estuário. Os arrastos para coleta de material zooplanctônico foram realizados manualmente, com uma rede cônica, com 60cm de diâmetro de boca, 1,60m de comprimento e abertura de malha de 500µm, em uma profundidade aproximada de 1,5m, dotada de medidor de fluxo fluxômetro o que permite calcular a densidade por volume de água filtrado. Cada arrasto teve duração de 3 minutos. No mês de setembro de 1998 foi amostrada somente a Barra e, nos meses de outubro de 1998, abril, julho e agosto de 1999 não foram realizadas amostragens uma vez que as condições climáticas não permitiram o acesso aos locais de coleta. b) Período

35 Foram realizadas amostragens quinzenais, tanto na Região Oceânica, como no canal da Barra, entre setembro de 2003 e julho de Para este período optou-se por realizar amostras quinzenais minimizando, assim, diferenças na densidade de pós-larvas dentro do mesmo mês, em função da grande variabilidade observada durante as amostragens do período No oceano, as coletas de material zooplânctônico foram efetuadas em oito pontos distintos. A fim de evitar dados subestimados ou superestimados na densidade das pós-larvas, com amostragens realizadas apenas em local próximo à entrada do estuário, bem como para estimar o tamanho da nuvem de distribuição das pós-larvas no oceano, os oito pontos de amostragem foram assim distribuídos: quatro amostras na Região Oceânica adjacente à Barra da Lagoa, denominado Oceano-Barra; duas, a 8km deste ponto, denominada Oceano-Lagamar; e, finalmente, duas, a 20km do ponto inicial, denominada Oceano-Farol. Inicialmente, no canal da barra as amostras seriam realizadas num ciclo de 24h com intervalo de 4h, para as amostragens de pós-larvas no canal de acesso à Lagoa, foi estabelecido um transecto perpendicular à margem sul do canal da Barra e em três pontos, ao longo desse transecto, foram fixadas estacas calões para fixação da rede. Os animais foram coletados com a mesma rede de zooplâncton utilizada para amostragens no oceano com medidor de fluxo, e com o mesmo tempo de exposição, 3min. Entretanto, com os sucessivos eventos de fechamento da barra e a diminuição da profundidade do canal, estas coletas foram substituídas por arrastos (rede de Renfro), desenvolvidos em toda a área do Setor Barra permitindo assim amostragens em diferentes profundidades, inclusive no canal. Convencionalmente, estudos envolvendo populações de camarões denominam de recrutamento ao processo de saída de juvenis de estuários e sua incorporação ao estoque adulto dos oceanos. Do mesmo modo, o termo migração é utilizado quando as larvas se deslocam de águas oceânicas em direção aos estuários. Entretanto, como esta investigação foi realizada unicamente no interior do estuário e na região oceânica próxima a ele, definiuse o termo recrutamento como sendo o movimento de ingresso de pós-larvas no estuário e migração a saída de juvenis para o oceano. 17

36 a b c Figura 3: Redes utilizadas nas amostragens da população de Farfantepenaeus paulensis na Lagoa do Peixe. a) rede de zooplâncton; b) rede de Renfro; c) rede de aviãozinho. 18

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