COMISSÃO DOS ADVOGADOS CRIMINALISTAS CAC OAB-MS

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Rosa César Dinis
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1 COMISSÃO DOS ADVOGADOS CRIMINALISTAS CAC OAB-MS Excelentíssimo Senhor Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Mato Grosso do Sul Dr. Leonardo Avelino Duarte. Considerando a indagação feita diretamente a este delegado, sobre a responsabilidade pela digitalização dos processos em sede criminal decorrente do provimento nº 70 da Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Mato Grosso do Sul MS; Considerando a existência do Procedimento de Controle Administrativo nº da ASSOCIAÇÃO SUL-MATO- GROSSENSE DOS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO ASMMP e do MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL em face da CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL MS questionando, dentre outros aspectos a prematura implantação do Processo Eletrônico; Considerando que nos foi solicitado emitir opinião sobre esses fatos; E, considerando que é função desta comissão, opinar, sempre que solicitado, sobre serviços forenses de interesse para os advogados criminalistas em geral. O Presidente da CAC, no uso de suas prerrogativas regimentais, assim se manifesta:

2 Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo interposto pela Associação sul-mato-grossense dos Membros do Ministério Público e pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul contra o Provimento nº 70/2012 da Corregedoria Geral da Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul. O Provimento nº 70 de 9 de janeiro de 2012 estabelece regras procedimentais para o sistema eletrônico de tramitação de processos judiciais, instituído pelo Conselho Superior da Magistratura, por meio do Provimento n. 148, de 16 de abril de O normativo questionado prevê a gradativa implantação do processo eletrônico regulando sua ocorrência em dois momentos, conforme dispõe o parágrafo único do art.5º. 1 No caso em análise, aparentemente, o MPE argumenta não estar aparelhado para formalizar seus pedidos, conforme disciplina o art. 10 do Provimento nº 70/ e pede a sustação dos efeitos dos artigos 43, inciso I e 46, 1º e 2º do mesmo diploma. O Conselheiro do CNJ Neves Amorim indeferiu a liminar pretendida, mas sinalizou no sentido de que seria responsabilidade do judiciário local estabelecer a estratégia para a implantação do processo eletrônico e justificou sua decisão tendo em vista que o modelo adotado pelo TJMS para os processos eletrônicos é idêntico ao implantado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região pela Resolução nº 17/2010. O TJMS deverá ser ouvido no PCA. É a síntese do necessário. A implantação do processo eletrônico já é uma realidade e, como dito em outras oportunidades, não há como voltar às costas para o avanço 1 III Da implantação do processo eletrônico Art. 5º Os processos cuja data de distribuição seja anterior ao início da implantação do processo eletrônico terão seu tramite regular, em formato físico, até o seu encerramento. Parágrafo único. O procedimento de implantação do processo eletrônico terá duas fases distintas: I inicialmente o Ofício de Justiça funcionará em sistema misto, com a tramitação dos feitos físicos já existentes e dos processos distribuídos em formato eletrônico; II quando ocorrer a extinção de todos os processos físicos, o Ofício de Justiça passará a funcionar com processos unicamente eletrônicos. 2 Art. 10. A correta formação do processo eletrônico é de responsabilidade do advogado ou procurador, que deverá: IV - carregar as peças essenciais da respectiva classe e documentos complementares, em arquivos distintos e na ordem em que deverão aparecer no processo.

3 da tecnologia, que se mostra presente em todos os setores da vida moderna. Com isso em vista é que o TJMS editou o Provimento nº 70 de 9 de janeiro de 2012 para disciplinar essa matéria. De fato, como se lê no Provimento nº 70, a responsabilidade pela implantação e manutenção dos processos eletrônicos é mesmo do judiciário local, que deve dispender o necessário para cumprir essa atividade. O MPE reclama da obrigação de digitalizar as peças essenciais ao processo penal (inquéritos) sem uma prévia consulta à entidade a cerca de sua viabilidade. Neste passo podemos afirmar que a OAB igualmente não fora consultada para opinar sobre as regras contidas no referido ordenamento. E mais, considerando o número de advogados que ainda não possuem certificação digital, tal providência deveria ter sido adot ada pelo senhor Corregedor do TJMS. De fato a implantação de um sistema totalmente eletrônico deve ser escalonado, conforme aponta o próprio texto normativo em discussão. Ou seja, não pode ser imposto unilateralmente e n ão pode ser a única via de acesso ao Poder Judiciário. De sorte que o TJMS deverá oferecer ao jurisdicionado todos os recursos para a digitalização de seus documentos essenciais; e, viabilizar para a classe jurídica ativa (advogados, promotores, defensores, etc.) adequada capacitação para o uso das ferramentas necessárias ao ofício. Do caso surge um questionamento: o processo eletrônico estaria ao alcance de todos os profissionais do direito no MS? A pergunta é relevante porque, aparentemente, não estão todos os advogados certificados digitalmente e, portanto, não podem acessar ou mesmo ajuizar processos eletrônicos. Longe de polemizar, mas adentrando na questão levantada pela CAC, o advogado ativo, mas não certificado digitalmente, pode exercer a advocacia plena? Aparentemente não. É preciso que se diga que a certificação digital incompleta e o processo eletrônico obrigatório desde já implicam em uma possível restrição ao direito de exercer a profissão ao advogado criminalista que, mesmo ativo na OAB de origem, não possua uma chave pública.

4 Como se vê do normativo em questão, o peticionamento eletrônico obriga o profissional do direito a dois cadastros distintos, um perante a certificadora e outro no E-SAJ, ambos obrigatórios e necessários para que possa exercer plenamente a profissão. A polêmica abraçada pelo PCA do MPMS não contempla todas as implicações e polêmicas possivelmente advindas com a modernização do aparelho judiciário no MS. Pontualmente o MPMS argui não possuir recursos físicos para digitalizar as peças essenciais (inquéritos, e peças de informação); e que também não disporia de material humano para desincumbir-se da tarefa. O Poder Judiciário possivelmente não disponibilizará aos jurisdicionados pessoal, bens ou serviços gratuitos para a digitalização das peças essenciais à lide. No entanto, essa responsabilidade não pode ser delegada às partes, mesmo em se tratando de um modelo possivelmente adotado em outras unidades da federação. Trata-se de politica pública do Poder Judiciário, modernizar sua atividade e prestá-la de forma eficiente ao jurisdicionado. O processo eletrônico cumpre a finalidade ecológica de dimin uir o consumo de papel e energia, porém a tecnologia, assim como qualquer outra novidade, implica em alguma espécie de risco. Ao que sentimos, o risco é a excessiva dependência da tecnologia, o pouco preparo por parte dos usuários e o desaparelhamento estatal para cumprir seus misteres. O MPMS reclama, e com razão, da necessidade de digitalização dos inquéritos. Neste ponto este delegado da CAC entende que o Inquérito Policial, cuja presidência é da autoridade policial, já deveria ser plenamente digital, ou seja, o Estado deveria adotar o processo digital em todos os níveis de atuação para que, esse encargo não seja repassado indevidamente ao jurisdicionado. Neste caso, entende este delegado da CAC, que o processo eletrônico possivelmente não esteja plenamente funcional. É certo que o Poder Judiciário necessita modernizar-se, o que representa um avanço por conta da necessidade de dar vazão a enorm e juridicialização das demandas após 1988.

5 E, por certo, depois de décadas o jurisdicionado aprendeu a confiar nas instituições governamentais, o que se prova pelo volume de ações distribuídas diariamente no Brasil. Diante desses fatos e diante da polêmica sobre o possível despreparo econômico para fazer frente à modernização do judiciário com o processo eletrônico criminal, é prudente que a OAB/MS apoie a medida adotada pelo MPMS e aprofunde a discussão sobre o Provimento 070/2012. É como opina o Presidente da Comissão dos Advogados Criminalistas OAB/MS CAC. Fevereiro de Luiz Carlos Saldanha Rodrigues Junior Presidente da Comissão dos Advogados Criminalistas da OAB -MS

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