ESTACAS STRAUSS: CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS NA EXECUÇÃO E A CONTRIBUIÇÃO DA PONTA NA SUA CAPACIDADE DE CARGA
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- Bianca Mirandela Aldeia
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1 ESTACAS STRAUSS: CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS NA EXECUÇÃO E A CONTRIBUIÇÃO DA PONTA NA SUA CAPACIDADE DE CARGA Alexandre Foti 1 ; Faiçal Massad 2 Resumo O trabalho apresenta os princípios básicos de como se deve executar uma estaca tipo Strauss corretamente e os cuidados necessários durante a sua execução, quer na fase de perfuração, quer na fase de concretagem. São apresentados, também, resultados de algumas comparações entre estacas Strauss e outros tipos de estacas escavadas, enfocando a importância da formação do bulbo de concreto, na ponta da estaca Strauss, na sua capacidade de carga. Abstract This work presents the basic principles about how to execute a Strauss Pile properly and the necessary care during its execution in the drilling or concrete phase. It is also presented results of comparation between Strauss Pile and another kinds of drilling piles drawing the attention to the importance of concrete bulb formation at the tip of the pile in its load capacity. Palavras-Chave: estacas Strauss; provas de carga. INTRODUÇÃO A estaca tipo Strauss deixou de ser, de certa forma, indicada por alguns consultores e engenheiros de fundações e executada em obras maiores devido, principalmente, à falta de controle na execução e à baixa qualidade da mão-de-obra envolvida. No entanto, ela continua sendo usada, em pequenas e médias obras, pelo Brasil afora. Uma pesquisa realizada por Silva e Bressani [1], envolvendo edificações construídas no Rio Grande do Sul, entre 11 e 12, revelou que, em 12 casos analisados envolvendo fundações profundas, 12 apresentavam como solução estaca tipo Strauss. Esta cifra representa cerca de 18% dos casos. Resgatar a confiança neste tipo de estaca é difícil, pois são poucas as empresas executoras que seguem rigorosamente as normas e os critérios técnicos para a obtenção de estacas íntegras e confiáveis. Uma das grandes vantagens da estaca tipo Strauss, que foi objeto de boa parte do estudo do presente trabalho, é o apiloamento do concreto da ponta da estaca, formando um bulbo. MÉTODO EXECUTIVO Podemos dividir em duas fases distintas a execução da estaca Strauss: primeiro, a perfuração e colocação total dos tubos de revestimento no solo; e segundo, o lançamento do concreto previamente preparado, no interior do tubo. Perfuração Uma vez posicionado o equipamento em cima do piquete de locação, iniciam-se os trabalhos, soltando o soquete que irá formar um pré-furo no terreno. Em seguida, coloca-se o primeiro tubo com extremidade inferior dentada, chamada de coroa, tendo já no seu interior a sonda mecânica. A seguir, o operador vai manobrando a sonda para cima e para baixo, cortando o terreno com auxílio de água e retirando a sonda e descarregando o material escavado pelas janelas longitudinais. Tendo a sonda avançado no solo, aproximadamente o comprimento de um segmento de tubo, inicia-se a manobra conjunta da sonda com o tubo até que o primeiro tubo seja introduzido no solo. Sucessivamente repete-se a operação até se atingir a profundidade desejada, estando o furo completamente revestido. Concretagem A água e a lama são removidas pela sonda. O soquete limpo é levado e posicionado acima do tubo. A seguir, o concreto, previamente preparado, é lançado através do funil no interior dos tubos em quantidade suficiente para se ter uma coluna de aproximadamente um metro no seu interior. Sem sacar o tubo, apiloa-se o concreto com o soquete, formando uma espécie de bulbo, pela expulsão do concreto. Para execução do fuste, o concreto é lançado dentro do tubo e, à medida que é apiloado, o tubo vai sendo retirado com o guincho manual ou com o uso do tambor traseiro. 1 1 Mestre em Engenharia pela EPUSP; Prof. da UNIBAN; Dir. Técnico da Nova ABC Fundações S/C Ltda R. José Bonifácio, 06 sala 11 Santo André/SP CEP MSc Harvard University; Dr. em Engenharia e Prof. Titular pela EPUSP Av. Prof. Luciano Gualberto, trav. 2 Edif. Paula Souza (Prédio de Eng a Civil) São Paulo/SP CEP 05800
2 Para garantia de continuidade do fuste, deve ser mantida, dentro da tubulação, durante o apiloamento, uma coluna de concreto de altura suficiente para ocupar todo o espaço perfurado e eventuais vazios de perfuração. Dessa forma, o soquete não tem possibilidade de entrar em contato com o solo da parede da perfuração e provocar solapamento e mistura de solo ao concreto. FALHAS NO PROCESSO EXECUTIVO E CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS As estacas do tipo Strauss são criticadas justamente por possíveis falhas no processo executivo e o controle rigoroso da concretagem da estaca é indispensável, já que grande parte das ocorrências de danos nestas estacas se deve a deficiências de concretagem durante a retirada dos tubos. Alguns procedimentos podem ser adotados para garantir uma boa qualidade final para as estacas, como se passa a descrever: a) Quando a pressão de água for tal que impeça o seu esgotamento com a sonda, deve-se aumentar o diâmetro da camisa e gerar uma altura de coluna de concreto maior, dificultando a lavagem do concreto pela água e o seccionamento do fuste. b) Deve-se também fazer um concreto mais fluído (auto-adensável), para permitir a expulsão da água por fora do tubo durante a concretagem, sem apiloar, apenas subindo lentamente o revestimento através de pequenos solavancos (concreto vibrado) e alterando o traço do concreto adicionando mais cimento. c) Em argilas muito moles, saturadas, e em areias submersas não se deve concretar duas estacas do mesmo bloco no mesmo dia, para evitar que o concreto migre de uma estaca para a outra vizinha. Além disso, o soquete deve estar apenas encostado no concreto, que está dentro do tubo (sem apiloar), enquanto o tubo é sacado lentamente. d) Quando as estacas são armadas, deve-se tomar muito cuidado durante a concretagem para não ocasionar problemas de seccionamento do fuste ( bicheira ). Para isso, deve-se utilizar um concreto mais fluído e com maior teor de cimento. A armação longitudinal não deve ter emendas e o estribo deve ser helicoidal e sem ganchos. ANÁLISE DOS RESULTADOS DE PROVAS DE CARGA EM ESTACAS TIPO STRAUSS COMPARAÇÃO COM OUTROS TIPOS DE ESTACAS ESCAVADAS Apresentação das provas de carga Na tabela 1 estão apresentados dados relativos a várias estacas instaladas no mesmo local, para comparação de desempenho. Note-se que dez estacas são do tipo Strauss, uma Hélice Contínua, uma escavada e uma apiloada. Os solos por elas atravessados consistiam de solos do Pré-Cambriano da Grande São Paulo e solos de decomposição de arenito da cidade de São Carlos. Nas Figuras 1-A a 5-B, são mostrados os perfis de sondagem e as curvas carga-recalque, no topo, para as estacas dos dois Campos Experimentais indicados na Tabela 1. Tabela 1 Características gerais das estacas submetidas às provas de carga à compressão axial. Local Tipo Estaca D (cm) Q nom. (kn) L (m) Q máx. (kn) Fonte Campo Exp. USP/ABEF Mauá/ SP Strauss STR ,5 00 Hélice Cont. HLC- 35 0,5 ABEF [2] Strauss E ,6 0 Tecnosolo [3] Strauss P ,0 00 Engestrauss [] Freg. Do Ó/SP Strauss E ,0 3 Engesonda [5] Várzea Paulista/SP Strauss E ,8 0 Strauss E ,5 00 Engesonda [5] Piqueri/SP Strauss E ,0 10 Engesonda [5] Santo Amaro/SP Campo Exp. USP/ São Carlos Strauss E ,0 0 Strauss E ,0 0 Strauss E ,0 Escavada E ,0 1 Apiloada E-1 0 6,0 3 Engesonda [5] Campelo, N.S. [6] Legenda: D=diâmetro da estaca, Q nom. =carga nominal da estaca, L=comprimento da estaca e Q máx. =carga máxima atingida no ensaio.
3 N.A. Est. Prof. Consist. ou (m) Compacid. 0, Pouco compacto Silte arenoso amarelo S.P.T S E C O compacto a compacto Silte arenoso micáceo roxo , Figura 1-A Perfil de subsolo SP05 Figura 1-B Curva carga-recalque da estaca STR-1 N.A. Est.,2 0 Prof. (m) Consist. ou Compacid. Pouco Compacta 6,00 6, Liha de seixos compacta Vermelha (Solo residual) S.P. T ,00 Figura 2-A Perfil de subsolo SP01 Figura 2-B Curva carga-recalque da estaca E-5 N.A 1, 15,00 Prof. (m) Consist. ou Compacid. 0,80 Mole Argila silto arenosa amarela 1,6 Pouco compacto Silte arenoso marrom e roxo compacto a muito compacto Silte arenoso micáceo roxo (Solo residual) S.P.T Figura 3-A Perfil de subsolo SP03 Figura 3-B Curva carga-recalque da estaca HLC-
4 N.A. Est., Prof. (m) Consist. ou Compacid. Pouco Compacta 6,00 6, Liha de seixos 15,00 compacta Vermelha (Solo residual) S.P. T Figura -A Perfil de subsolo SP01 Figura -B Curva carga-recalque da estaca E-3 N.A. Est., Prof. (m) Consist. ou Compacid. Pouco Compacta 6,00 6, Liha de seixos 15,00 compacta Vermelha (Solo residual) S.P. T Figura 5-A Perfil de subsolo SP01 Figura 5-B Curva carga-recalque da estaca E-1 Análise global dos resultados relativos às Estacas Strauss a) Extrapolação das curvas carga-recalque das provas de carga A Tabela 2 apresenta, na última coluna, valores das cargas de ruptura extrapoladas pelo Método da NBR As tentativas de uso dos Métodos de Chin e Van der Veen foram frustradas. O Método de Chin conduziu a valores elevados da carga de ruptura, acima do que foi obtido pelos outros dois métodos, confirmando avaliações feitas por outros autores sobre este método (veja-se, por exemplo, Alonso e Décourt) []. Já o Método de Van der Veen deixou Tabela 2 Resultados de aplicação de Métodos de previsão de capacidade de carga Estaca Tipo D.Quaresma (18) (kn) D.Quaresma (Apud Décourt, 16) (kn) Aoki-Velloso (15) (kn) Qu das P.C. A lr Q pr Q u A lr Q pr Q u A lr Q pr Q u (kn) STR E P E E-35 Strauss E E E E E E-3 Escavada E-1 Apiloada HLC- H.Contínua Legenda: A lr =atrito lateral na ruptura, Q pr =carga de ruptura na ponta, Q u =carga de ruptura total estimada e Q u das P.C.=carga de ruptura total, extraída da prova de carga
5 margens a dúvidas para a maior parte das estacas, corroborando neste sentido a conclusão de Décourt e Niyama [8] sobre este método, quando aplicado a estacas escavadas. b) Aplicação dos métodos empíricos de previsão de carga de ruptura Foi feita uma aplicação de três métodos de previsão de carga de ruptura, a saber: Método Décourt-Quaresma [], Método Décourt-Quaresma (Apud Décourt) [] e Método Aoki-Velloso [11]. A Tabela 2 e a Figura 6 mostram os resultados de aplicação desses métodos para as estacas pesquisadas. D.Quaresma(8) D.Quaresma(6) A.Velloso(5) 00 Qu calculado (kn) Qu das provas de carga (kn) Figura 6 Comparação entre as cargas de ruptura calculadas e as extrapoladas das provas de carga. De um modo geral, os valores obtidos pelo Método Décourt-Quaresma (Apud Décourt) [] aproximam-se dos valores da carga de ruptura das provas de carga, exceto para as estacas E- e E-61 que, não devem ter penetrado três metros na última camada, devido ao alto valor de SPT (acima de 35 golpes). c) Separação das cargas de atrito e ponta máximas Outra análise realizada refere-se à separação das parcelas de atrito e ponta, máximas, com a aplicação dos Métodos das Duas Retas (Massad e Lazo) [12] e Décourt [13]. Os resultados estão apresentados na Tabela 3. Tabela 3 Método das Duas Retas (Massad e Lazo) [12] e Método Décourt [13] para separação das Parcelas de atrito lateral e ponta Estaca Tipo Método das Duas Retas (kn) Método Décourt (13, 15 e 15-a) (kn) A lr Q pr Q máx. Q u Q pr /Q máx. A lr Q pr Q máx. Q u Q pr /Q máx. STR % % E % % P E % % E % % Strauss E % % E E % E % E % % E-3 Escavada % % E-1 Apiloada % % HLC- H.Contínua 00-38% - 2% Legenda: A lr =atrito lateral na ruptura, Q pr =carga de ruptura na ponta, Q máx =carga máxima atingida no ensaio, Q u =carga de ruptura total estimada e Q pr / Q máx. =porcentagem da carga de ruptura na ponta em relação à máxima do ensaio. Foi adotado, como módulo de elasticidade para estacas tipo Strauss, o valor E=2 x kn/m 2, para obtenção da rigidez da estaca (K r ) como peça estrutural. Nas provas de carga realizadas em estacas do tipo Strauss, exceto para a estaca E -5, os resultados não indicaram uma ruptura nítida (Q u ), pela forma da curva carga-recalque. Assim, a rigor, não se obtém Q u, mas um valor que representa a carga máxima (Q máx. ) do ensaio. Por outro lado, em estacas rígidas ou curtas, com pequenos recalques (deslocamentos), o atrito lateral se esgota rapidamente e a ponta da estaca começa logo a trabalhar. Nestes casos, a parcela de ponta, denominada Q pmáx., é um limite inferior da carga de ruptura na ponta.
6 Nas estacas P - e E - não foi possível aplicar o Método das Duas Retas, devido à forma da curva cargarecalque e à baixa deformação da estaca. Analisando-se a Tabela 3 (Método das Duas Retas), pode-se observar que algumas das estacas tipo Strauss trabalham com uma parcela significativa de resistência de ponta. Das provas de carga em estacas tipo Strauss apresentavam relação Q pr /Q máx. igual ou acima de cerca de 0% e outras 3 entre % e 35%. Comparação entre uma estaca Hélice Contínua e uma Strauss Campo Experimental da EPUSP/ABEF No Campo Experimental da EPUSP/ABEF foram executadas, entre outras, estacas escavadas do tipo Strauss e Hélice Contínua, que foram submetidas a provas de carga estáticas (ABEF) [2]. A Tabela 1 mostra que as características dos dois tipos de estacas são muito semelhantes: possuem os mesmos comprimentos e diâmetros quase iguais. No caso da sondagem SP05 (Figura 1-A), onde foi executada a STR-1, do tipo Strauss, a média dos valores de SPT foi um pouco superior à SP03 (Figua 3-A), onde foi executada a HLC-. Face às diferenças nos tipos de estacas, o Método Décourt-Quaresma (Apud Décourt) [], para a previsão da capacidade de carga (ver Tabela ), levou a uma parcela de ponta, na ruptura (Q pr ), quase duas vezes maior na estaca Strauss, quando comparada à Hélice Contínua. Para o atrito lateral na ruptura (A lr ), a previsão inverteu-se: a estaca Strauss apresentou valor 23% inferior ao da Hélice Contínua. Quanto à capacidade de carga das estacas (Q u ) a diferença é pequena, cerca de % a favor da Strauss. Tabela Resultados da previsão da capacidade de carga pelo Método Décourt-Quaresma (Apud Décourt, 16) Estaca Tipo SPT f SPT p β α A lr (kn) Q pr (kn) Q u (kn) STR-1 Strauss 1, 3 0,65 0,6 80 HLC- H.Contínua 1, 31 1,0 0, E-5 Strauss 5,3 8,3 0,5 0, E-3 Escavada 3,8 6, 0,5 0, E-1 Apiloada 3,8 6, 0,5 0, Legenda: SPT f =valor médio do SPT ao longo do fuste da estaca, SPT p =valor médio do SPT na ponta da estaca, α e β=coeficientes de majoração ou de minoração do Método Décourt-Quaresma (Apud Décourt) [], para a ponta e atrito lateral, respectivamente, A lr =atrito lateral na ruptura, Q pr =carga de ruptura na ponta, Q u =carga de ruptura total estimada. No entanto, comparando-se as curvas carga-recalque das duas estacas, conclui-se que esta diferença é maior, da ordem de 0% a favor da estaca Strauss. Com base na Tabela 3 foi preparada a Tabela 5, que apresenta os valores do atrito lateral unitário máximo (f u ) e da resistência de ponta (R p ), na intenção de se eliminar as variáveis geométricas da estaca (L e D) e realçar somente a influência dos valores de SPT e do método executivo. Tabela 5 Valores do atrito lateral unitário máximo (f u ) e da resistência de ponta (R p ) para as estacas STR-1 e HLC- (Campo Experimental da EPUSP/ABEF) Estaca Tipo Método das Duas Retas Método Décourt (13, 15 e 15-a) f u R p f u R p STR-1 Strauss 5, (1,) 6 (3),1 (1,) 653 (3) HLC- Hélice Contínua 8,5 (1,) 26 (31), (1,) 2808 (31) Legenda: f u =atrito lateral unitário máximo, R p =resistência de ponta, ( )=os números entre parêntesis são os valores médios de SPT ao longo do fuste (N) e na ponta (N p ). Vê-se que a resistência de ponta (R p ) da estaca Strauss (STR-1) é aproximadamente % superior à da Hélice Contínua (HLC-). Como o SPT p de uma para a outra estaca difere de apenas %, conclui-se que o método executivo da Strauss influenciou muito a resistência de ponta, mais que dobrando o valor associado à HLC-. Em termos de atrito lateral unitário máximo (f u ), tem-se que o SPT f no caso da estaca Strauss é cerca de 3% superior ao da Hélice Contínua. Pelo Método Décourt-Quaresma (Apud Décourt) [], para um mesmo SPT f de 1,, seria de se esperar para a HLC-: f u = [(1+1,/3) / (1+1,/3)] x 8,5 = 63,2 kpa, portanto 63,2/5, = 1,16, isto é, 16% acima do f u da STR-1, baseando-se no Método das Duas Retas. Esta cifra subiria para % se fosse usado o Método de Décourt [13]. Esta relativamente pequena diferença é, provavelmente, devida à influência do método executivo dessas estacas. Tais constatações permitem concluir que a diferença entre os valores de Q máx., favorável à estaca Strauss, é devida ao comportamento de sua ponta, graças ao apiloamento do concreto, para a formação do bulbo. Comparação entre uma estaca Strauss, uma apiloada e uma escavada Campo Experimental da USP/São Carlos Os ensaios foram realizados no Campo Experimental da USP/São Carlos, sobre estacas apiloadas, escavadas (do tipo broca) e do tipo Strauss, com diâmetros de a 32 cm, e comprimentos de 6 a m (ver Tabela 1). O perfil de sondagem mais próximo do local está apresentado na Figura -A. Comparando-se os valores de Q u (Tabela ) calculados pelo Método Décourt-Quaresma (Apud Décourt) [] com os obtidos através das provas de carga (última coluna da Tabela 2), pode-se observar que para as estacas E-1 (apiloada) e E-5 (Strauss), o Método Décourt-Quaresma (Apud Décourt) [] mostrou-se muito conservador. Já para a estaca E-3 (escavada) o resultado pode ser considerado bom.
7 Verifica-se pela Tabela 3, pelos dois métodos de separação das parcelas de atrito lateral e ponta, que as estacas do tipo apiloada e Strauss apresentam relação Q pmáx. / Q máx. ou Q pmáx. / Q u em torno de 25% e 1%, respectivamente, diferentemente do que ocorreu com a estaca do tipo escavada, que girou em torno de %. Se os valores de SPT f e SPT p fossem, respectivamente, 3,8 e 6, (os mesmos associados às estacas E-3 e E-1, ver Tabela 6), f u e R p da estaca E-5 (Strauss), seriam, respectivamente,,8 kpa e 3kPa, tomando-se como referência o Método das Duas Retas (Massad e Lazo) [12]. Estas cifras são, respectivamente, 25% superiores e 8% inferiores aos correspondentes valores da estaca E-1 (apiloada) e 88% e 28% superiores aos da estaca E-3 (escavada). Tomando-se como referência o Método de Décourt [13] ter-se-ia para a estaca E-5 (Strauss): f u = 8, kpa e R p = 83 kpa e as diferenças, apontadas acima, seriam de 33% superiores e 232% inferiores aos correspondentes valores da estaca E-1 (apiloada) e 85% e 33% superiores aos da estaca E-3 (escavada). Conclui-se que as estacas Strauss e apiloada apresentam comportamento bem superior ao da escavada, sendo a maior diferença devido à parcela de ponta, face ao apiloamento do concreto, inerente aos seus métodos executivos. Tabela 6 Valores do atrito lateral unitário máximo (f u ) e da resistência de ponta (R p ) para as estacas pesquisadas (Campo Experimental da USP/ABEF e USP/São Carlos) Estaca Tipo Método das Duas Retas (Massad e Lazo) [12] Método Décourt [13] f u R p f u R p STR-1 Strauss 5, (1,) 6 (3),1 (1,) 653 (3) HLC- Hélice Contínua 8,5 (1,) 26 (31), (1,) 2808 (31) E-5 Strauss,8 (5,3) 82 (8,3) 5, (5,3) 1 (8,3) E-3 Escavada 26,5 (3,8) (6,) 26,5 (3,8) (6,) E-1 Apiloada 3,8 (3,8) 16 (6,) 36,6 (3,8) 186 (6,) Legenda: f u =atrito lateral unitário máximo, R p =resistência de ponta, ( )=os números entre parêntesis são os valores médios de SPT ao longo do fuste (N) e na ponta (N p ). CÁLCULO DA PARÂMETRO R DE CAMBEFORT PARA AS ESTACAS PESQUISADAS O parâmetro R de Cambefort [1] pode ser estimado através da seguinte expressão (Massad e Lazo) [12]: = 1 (1) R.A K r d onde d=coeficiente angular da segunda reta do Método das Duas Retas, K r =rigidez da estaca como peça estrutural, R=Parâmetro de Cambefort e A=área da seção transversal da estaca. Os pares de pontos (R x SPT p ), referentes às estacas Strauss, tendem a se aproximar de uma reta (Figura ) que parece passar pela origem. Quando se forma o bulbo na ponta da estaca, o solo remoldado e eventual resto de lama devem se misturar com o concreto seco. Com o subseqüente apiloamento, deve ocorrer uma densificação desta mistura, permitindo a mobilização do solo intacto, circunvizinho. 2 Strauss Li (St ) Outros tipos 0 R (MPa/m) 1 0 CONCLUSÕES SPTp Figura Valores do Parâmetro R de Cambefort em função da média de valores de SPT na ponta (SPT p ) da estaca Espera-se ter mostrado que, apesar da estaca tipo Strauss não ser uma solução de fundação para todos os tipos de obras e solos, quando tomados alguns cuidados durante a execução e, principalmente, durante a concretagem, representa uma boa alternativa para pequenas e médias obras.
8 E se seguido o processo correto de execução no que se refere ao apiloamento do concreto na ponta da estaca, ocorre uma melhora na mobilização da reação de ponta, se comparada a outros tipos de estacas (Hélice Contínua e escavada), o que é muito benéfico (Foti) [15]. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, a Nova ABC Fundações S/C Ltda e a todos que direta ou indiretamente colaboraram com este trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Silva, D.A.; Bressani, L.A. (1). Patologia de fundações resultados de um estudo de casos ocorridos no Rio Grande do Sul. In: Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações, X, Foz do Iguaçu, pp [2] ABEF (18). ABEF Research on Foundation Engineering. Published on the occasion of the XII ICSMFE, Rio de Janeiro, Brasil. p16, p18, p55, p58 e p5. [3] Tecnosolo S/A (15). Consulta aos arquivos da empresa. [] Engestrauss Engenharia e Fundações Ltda (1). Consulta aos arquivos da empresa. [5] Engesonda Engenharia de Solos e Fundações (1, 15 e 18). Consulta aos arquivos da empresa. [6] Campelo, N. S. (1). Comportamento de estacas submetidas a esforços verticais de tração em solo colapsível. Dissertação de Mestrado, USP/São Carlos, 122p. [] Alonso, U.R. (16). Interpretação de provas de carga axial em estacas Hélice Contínua monitoradas na execução. Revista Solos e Rochas, 1 (3): , São Paulo. [] Décourt, L. (18). Interpretação de provas de carga axial em estacas Hélice Contínua monitoradas na execução. Artigo de Urbano Rodrigues Alonso. Discutido por Luciano Décourt. Revista Solos e Rochas, 21 (1): 5 62, São Paulo. [8] Décourt, L.; Niyama, S. (1). Predicted and measured behavior of displacement piles in residual soils. Proc. XIII ICSMFE, v. 2, pp 86, New Delhi, Índia. [] Décourt, L.; Quaresma, A.R. (18). Capacidade de carga de estacas a partir de valores de SPT. In: Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações, 6,Rio de Janeiro.Anais. São Paulo,ABMS,18,v1,pp 5-5. [] Décourt, L. (16). Análise e projeto de fundações profundas estacas. In: Fundações: Teoria e Prática. 1 ed. São Paulo, ABMS/ABEF/Pini. pp [11] Aoki, N.; Velloso, D.A. (15). Um método aproximado para estimativa da capacidade de carga de estacas. In: Congresso Panamericano de Dinâmica dos Solos e Engenharia de Fundações, 15, pp [12] Massad, F.; Lazo, G. (18). Método gráfico para interpretar a curva carga-recalque de provas de carga verticais em estacas rígidas ou curtas. Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações. XI, Brasília, (3), pp 11. [13] Décourt, L. (13, 15 e 15-a). On the load-settlement behavior of piles. III Conferência Odair Grillo, proferida em 13 e publicada em 15 na Revista Solos e Rochas, v. 18, n. 2, pp [1] Cambefort, M. (16). Essai sui le comportment em terrain homogéne dês pieux isolées et des groupes de pieux. Annales de L Institut du Batiment et des Travaux Publi, n., Decémbre. [15] Foti, A. (01). Confiabilidade de estacas tipo Strauss e sua viabilidade técnica em pequenas e médias obras. Dissertação de Mestrado, EPUSP, 01.
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