COMISSÃO DE SAÚDE ACTA NÚMERO 116/XII/ 3.ª SL

Transcrição

1 Aos 18 dias do mês de dezembro de 2013, pelas 10:00 horas, reuniu a Comissão de Saúde, na sala 8 do Palácio de S. Bento, na presença dos Senhores Deputados constantes da folha de presenças que faz parte integrante desta ata, com a seguinte Ordem do Dia: 10:00 1. Informações; 2. Apreciação e votação da Ata n.º 114, de 11 de dezembro de 2013; 3. Discussão e votação do Relatório Final da Petição n.º 273/XII (2.ª) que «Pretende que seja discutido e aprovado um diploma que proíba o consumo total de tabaco nas discotecas» - Relatora: Deputada Ana Oliveira; 4. Discussão e votação do Relatório Final da Petição n.º 239/XII (2.ª) - «Acabar com o Aborto Gratuito» - Relatora: Deputada Conceição Bessa Ruão; 5. Distribuição, para elaboração de Parecer, da Proposta de Lei n.º 189/XII (3.ª), da ALRAM, sobre «Estratégia nacional para a prevenção e controlo de epidemias da febre do Dengue»; 6. Outros assuntos. 11:00 - Audiência da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, sobre o «Relatório do Observatório Nacional da Diabetes, relativo ao ano 2012». 1. Informações A Presidente informou que deu entrada na Comissão um requerimento, subscrito pelos grupos parlamentares do PS, CDS-PP e PCP, solicitando as audições dos Presidentes dos Institutos de Oncologia de Lisboa, Porto e Coimbra e do Diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, tendo em conta o Despacho n.º A/2013, que designa, entre os Hospitais do Serviço Nacional de Saúde, os Centros Especializados para Utilização Excecional do Medicamento, por patologias ou por grupo de patologias, tendo obtido a concordância de todos para o discutir e votar no final da reunião. A Presidente informou também que a próxima reunião da Comissão será agendada para o dia 8 de Janeiro de Apreciação e votação da Ata n.º 114, de 11 de dezembro de 2013 Depois de apreciada, a Presidente colocou à votação a ata n.º 114, de 11 de dezembro de 2013, que foi aprovada por unanimidade, registando-se a ausência do BE e PEV.

2 3. Discussão e votação do Relatório Final da Petição n.º 273/XII (2.ª) que «Pretende que seja discutido e aprovado um diploma que proíba o consumo total de tabaco nas discotecas» - Relatora: Deputada Ana Oliveira A Presidente agradeceu o esforço efetuado, pois com a discussão dos Relatórios agendados para esta reunião ficam terminadas as petições pendentes da anterior sessão legislativa. A Deputada Ana Oliveira apresentou o Relatório Final da Petição 280/XII (2.ª), mencionando o objeto, fazendo a sua análise e referindo as diligências efetuadas, designadamente o pedido de informação ao Ministro da Saúde, que anexa ao presente Relatório. Na parte relativa à opinião da Relatora referiu que «A Organização Mundial de Saúde calcula que o consumo de tabaco cause a morte prematura de cinco milhões de pessoas por ano, podendo esse número duplicar até 2020 se a tendência atual não for corrigida», que «A exposição ao fumo de tabaco tem consabidamente um efeito negativo na saúde pública, potenciando, tanto nos indivíduos fumadores ativos como passivos, um elevado risco de desenvolverem diversas doenças respiratórias crónicas, bem como cancro do pulmão», que «O gabinete do Senhor Ministro da Saúde informou oficialmente a Comissão de Saúde que o Governo apresentará brevemente à Assembleia da República uma proposta de alteração ao atual regime jurídico de proteção dos cidadãos da exposição involuntária ao fumo do tabaco, na qual deverá ser consagrada a proibição do fumo de tabaco em discotecas» e que «a referida proibição deverá ser faseada, tendo em conta os investimentos na instalação de sistemas de extração de fumos que foram efetuados pelos agentes económicos na sequência da entrada em vigor da Lei n.º 37/2007, de 14 agosto, diploma que permitia o fumo em discotecas, desde que aqueles sistemas fossem instalados». Concluiu com o Parecer de que o Relatório deve ser enviado à PAR, dando disso conhecimento à peticionária, e ser também enviado ao Ministro da Saúde, sendo a Petição arquivada em Comissão. A Deputada Luísa Salgueiro cumprimentou a Relatora pelo Relatório e pelas diligências efetuadas, dando assim dignidade à petição individual e acompanha a Deputada na forma como analisou a questão e também nas conclusões. A questão de fumar suscita a ponderação dos direitos das duas partes, por um lado, a dos interesses económicos das entidades que adquiriram equipamentos e, por outro, a dos interesses individuais. A Deputada Teresa Caeiro saudou a Relatora pela forma como abordou a matéria, reconhecendo que é preciso conciliar o interesse da saúde pública com os direitos individuais.

3 A Deputada Carla Cruz cumprimentou a Relatora pelo trabalho. Entende que o assunto não é pacífico, sendo preciso analisar os diversos interesses. Quanto à questão da saúde pública é muito importante, mas não se deve proibir por proibir, pois o importante é haver fiscalização e acompanhamento da lei. A Presidente felicitou a Relatora pelo trabalho efetuado e colocou à votação o Relatório Final da Petição, que foi aprovado por unanimidade, registando-se a ausência do BE e do PEV. 4. Discussão e votação do Relatório Final da Petição n.º 239/XII (2.ª) que pretende «Acabar com o Aborto Gratuito» - Relatora: Deputada Conceição Bessa Ruão A Deputada Conceição Bessa Ruão apresentou o Relatório Final da Petição n.º 239/XII (2.ª), na qualidade de Relatora, tendo identificado o objeto da Petição, fazendo a sua análise, e referindo as diligências efetuadas, designadamente a audição dos peticionários e os pedidos de informação ao Ministério da Saúde, à Direção-Geral de Saúde, à Ordem dos Médicos (OM), à Ordem dos Enfermeiros, à Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias, à Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e à Autoridade Central em Serviços de Saúde (ACSS), tendo mencionado no Relatório as que recebeu. A Relatora deu ainda conta das conclusões de uma tese de mestrado, de uma mestranda da London School of Hygiene and Tropical Medicine, cujo tema é o aborto. Na parte relativa à sua opinião disse que continua «a entender que atribuir à interrupção da gravidez por opção da mulher, em pé de igualdade, subsídios de natureza pecuniária que visam a substituição dos rendimentos perdidos por força da situação de incapacidade ou indisponibilidade para o trabalho, por motivo de maternidade, paternidade, adopção e outras causas de interrupção da gravidez, é tratar de modo igual situações antagónicas e conflituantes em matéria de interesses a proteger». Concluiu com o Parecer de que o Relatório deve ser enviado à PAR, para efeitos de agendamento, uma vez que a Petição é subscrita por 4384 assinaturas, dando conhecimento dele aos peticionários, ser publicado e também ser remetido ao Ministro da Saúde. A Deputada Catarina Marcelino disse que é com gosto que, pela primeira vez, está presente numa reunião da Comissão de Saúde. Felicitou a Relatora pelo trabalho produzido. Há um conjunto de cidadãos que recorrentemente falam desta matéria, mas, em sua opinião é uma matéria que não tem sentido discutir agora, considerando não ser oportuno alterar a legislação, pois não é relevante em termos de saúde nem em termos sociais.

4 A Deputada Teresa Caeiro saudou a Deputada Conceição Bessa Ruão pelo trabalho profundo. Não querendo antecipar o debate em Plenário, referiu que a posição do CDS-PP sobre esta matéria é conhecida, mas pessoalmente votou a favor da descriminalização da IVG. A legislação não precisa de ser alterada, mas à semelhança da maioria dos atos médicos, a taxa moderadora deve ser paga e não deve haver um regime de discriminação positiva. A Deputada Carla Cruz cumprimentou a Relatora pelo Parecer. Conhece a posição da Relatora e entende que foi objetiva no seu documento. Considera que foi possível apresentar esta Petição porque há uma ala conservadora e reacionária no país, que não aceitou os avanços que se conseguiram nesta matéria, e que utiliza este e outros instrumentos para colocar em causa o que está pacificado. Quanto às taxas moderadoras, o PCP é contra, pelo que não acompanham a Petição. Quem recorre à IVG, não o faz de ânimo leve, pois trata-se de uma situação muito difícil para as mulheres. O Deputado Ricardo Baptista Leite considera que a legislação sobre a IVG é matéria que merece uma discussão profunda e há sempre margem para melhorar. O referendo não arrumou o assunto, o povo é soberano. Há uma estabilidade legislativa que se pretende, mas não se pode fechar a porta ao debate. Lembrou que, na questão das taxas moderadoras, a Associação Protetora das Famílias defende a introdução de taxas moderadoras nos abortos de repetição. Lembrou também que a objeção de consciência é um direito inalienável dos profissionais de saúde. O Deputado Miguel Santos sublinhou que é favorável à legislação em vigor sobre a IVG. O Relatório Final da Petição está preciso e correto, tendo cumprimentado a Relatora por isso. Toda a gente tem direito a manifestar a sua posição, mas é preciso admitir opiniões contrárias às suas. A Deputada Conceição Bessa Ruão agradeceu os cumprimentos e as intervenções. A Presidente cumprimentou a Relatora pelo trabalho. Colocou à votação o Relatório Final da Petição, que foi aprovado por maioria, com os votos a favor do PSD, PS e CDS-PP, os votos contra do PCP, registando-se a ausência do BE e do PEV. 5. Distribuição, para elaboração de Parecer, da Proposta de Lei n.º 189/XII (3.ª), da ALRAM, sobre «Estratégia nacional para a prevenção e controlo de epidemias da febre do Dengue» A Proposta de Lei n.º 189/XII (3.ª), da ALRAM, sobre «Estratégia nacional para a prevenção e controlo de epidemias da febre do Dengue» foi distribuída ao PS, que indicou o Deputado André Figueiredo para elaboração do respetivo Parecer.

5 6. Outros assuntos A Presidente colocou à discussão o Requerimento, de que deu conta no ponto 1 - Informações, que solicita a audição dos Presidentes dos três Institutos de Oncologia (IPO s) e do Diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas. As Deputados Luísa Salgueiro, Carla Cruz e Teresa Caeiro informaram ter subscrito o requerimento e estarem em condições de o votar. O Deputado Nuno Reis disse que individualmente subscreveria o requerimento, pelo que votará a favor. A Presidente colocou à votação o Requerimento, que foi aprovado por unanimidade, registando-se a ausência do BE e do PEV. A Presidente pediu aos coordenadores dos Grupos Parlamentares para analisarem os pedidos de audiências e que apresentem as suas propostas, em função do critério de oportunidade política. Quanto às visitas a realizar pela Comissão, o Deputado Nuno Reis sugeriu que a próxima fosse a Vila Real e Bragança. A terminar, a Presidente desejou a todos votos de Boas Festas, que foram retribuídos. Audiência da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, sobre o «Relatório do Observatório Nacional da Diabetes, relativo ao ano 2012». (a audiência foi integralmente gravada) O Presidente da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, Dr. Luís Gardete Correia, veio acompanhado pelo Diretor do Programa Nacional da Diabetes, Dr. José Manuel Boavida, e pelo Presidente do Observatório Nacional da Diabetes, Professor Doutor José Luís Medina, que agradeceram a oportunidade de vir apresentar o Relatório do Observatório Nacional da Diabetes, relativo ao ano de 2012, e que foi tornado público no mês de novembro de O Relatório apresenta dados sobre a diabetes no mundo, a epidemiologia da diabetes, o controlo e tratamento da diabetes, as regiões de saúde e a diabetes, os custos da diabetes e factos sobre a diabetes (o que é a diabetes, o que é a hiperglicemia intermédia e quais são os tipos de diabetes). Informaram que a prevalência da diabetes em Portugal, entre os 20 e os 79 anos, atinge 12,9% da população (7,4% diagnosticada e 5,5% não diagnosticada), o que equivale a cerca de um milhão de pessoas e que a prevalência da diabetes tipo I nas crianças até aos 14 anos, atingiu 1764 casos, em A Presidente agradeceu as informações apresentadas pelos responsáveis pela Diabetes, que considerou importantes, e disse que deviam ser tomadas medidas que contrariassem os dados

6 referidos. Propôs que a Comissão de Saúde contribua para este objetivo, apresentando, por exemplo, um Projeto de Resolução, tendo por base as preocupações manifestadas pelo Parliamentary Champions for Diabetes Forum, na Melbourne Declaration on Diabetes, aprovada a 2 de dezembro de 2013, documento que foi entregue à Comissão pelo Dr. José Manuel Boavida. Seguiu-se a colocação de questões por parte dos Deputados Isabel Galriça Neto, Luísa Salgueiro, João Prata e Carla Cruz. A Deputada Isabel Galriça Neto agradeceu as informações e disse estar muito orgulhosa do trabalho desenvolvido nesta área ao longo dos anos e que é bom ver esse trabalho reconhecido. Perguntou o que poderia ser melhorado em termos de cuidados de saúde primários (CSP). A Deputada Luísa Salgueiro cumprimentou todos e perguntou se, ao nível dos CSP, há tendência de inversão da doença e o que se pode fazer aos doentes que ainda não estão diagnosticados e se o protocolo entre a ARSLVT e a APDP vai continuar, dado que a Associação tem feito um grande trabalho e também porque há serviços que só aí são prestados. O Deputado João Prata cumprimentou os responsáveis pela diabetes e agradeceu as informações. Lembrou que a descida do preço dos medicamentos tem contribuído para combater a doença. A ARS Norte tem concentrado esforços nesta área e em parceria com o Hospital de S. João foi desenvolvido um teste inovador para detetar a diabetes, perguntando se já existem resultados. Por oposição à ARS Norte, estão menos evoluídas as ARS do Alentejo e do Algarve. Questionou ainda até que ponto é que na área educativa se podem diminuir os fatores de risco, alertando os jovens. A Deputada Carla Cruz agradeceu a excelência do trabalho desenvolvido e a clareza da transmissão da informação. Há dificuldade de articulação entre os cuidados primários de saúde e os cuidados hospitalares no combate e deteção precoce da doença e gostaria de saber quais as lacunas dessa articulação e se elas se poderão dever a altas precoces ou ao subfinanciamento do SNS. Referiu que o PCP fez uma pergunta ao Governo sobre esta matéria e também sobre a retinopatia diabética, aguardando resposta. Perguntou quais serão as razões para a tendência do aumento do número de pessoas com a doença e se terão a ver com a diminuição do rendimento das famílias e com a alteração dos padrões alimentares e ainda se a medicina do trabalho não deveria ser integrada na saúde. Os responsáveis pela diabetes responderam às questões colocadas. Esclareceram que a população diabética vai «explodir» no mundo inteiro devido à má alimentação, mas também pelo aumento da esperança de vida. Podiam ser feitas campanhas no sentido de criar hábitos alimentares mais saudáveis, nomeadamente uma taxação sobre os alimentos que têm aditivos de

7 açúcar. Em Nova Iorque foram criadas campanhas para reduzir o tamanho das embalagens dos sumos, o pagamento de parte dos ordenados dos funcionários é feito com senhas destinadas à compra de vegetais e também existem políticas a nível do design como, por exemplo, a indicação dos elevadores com uma cor escura e a das escadas e rampas com cores claras e flores. No final, lembraram a importância dos podologistas para o doente diabético, devido ao chamado «pé diabético». A Associação dos Podologistas aguarda a regulamentação da sua profissão e seria importante que fosse enquadrada nos aspetos necessários, com supervisão médica. A Presidente agradeceu os esclarecimentos prestados pelo Dr. Luís Gardete Correia, Dr. José Manuel Boavida, e Professor Doutor José Luís Medina e a documentação que deixaram. Foi uma magnífica sessão e todos ficam mais informados. A terminar, disse que, ela própria, se compromete a apresentar um projeto de resolução. A reunião foi encerrada às 13:20 horas, dela se tendo lavrado a presente ata, a qual, depois de lida e aprovada, será devidamente assinada. Palácio de São Bento, 18 dezembro A PRESIDENTE (MARIA ANTÓNIA DE ALMEIDA SANTOS)

8 Folha de Presenças Estiveram presentes nesta reunião os seguintes Senhores Deputados: Carla Rodrigues Conceição Bessa Ruão Cristóvão Simão Ribeiro Francisco de Assis Isabel Galriça Neto José Junqueiro Laura Esperança Luísa Salgueiro Maria Antónia de Almeida Santos Maria Manuela Tender Miguel Santos Nuno Reis Paula Santos Ricardo Baptista Leite Teresa Caeiro Ana Oliveira Carla Cruz Catarina Marcelino João Prata Rosa Arezes Faltaram os seguintes Senhores Deputados: Couto dos Santos Graça Mota João Semedo Nuno André Figueiredo Estiveram ausentes em trabalho parlamentar os seguintes Senhores Deputados: Elsa Cordeiro Filipe Neto Brandão José Luís Ferreira