MERCADO RETALHISTA E MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "MERCADO RETALHISTA E MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS"

Transcrição

1 MERCADO RETALHISTA E MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS Análise dos mercados do produto e geográficos, avaliação de PMS e imposição, manutenção, alteração ou supressão de obrigações regulamentares ICP-ANACOM Julho de 2010

2 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO As conclusões da última análise de mercado As evoluções ocorridas no mercado A necessidade de revisão das análises dos mercados relevantes A revisão da Recomendação da CE sobre mercados relevantes O processo de análise de mercado Sentido provável de decisão O SERVIÇO DE CIRCUITOS ALUGADOS O MERCADO RETALHISTA DE CIRCUITOS ALUGADOS Metodologia de definição de mercado Definição do mercado de circuitos alugados retalhistas Definição do mercado do produto Síntese das análises de substituibilidade realizadas na anterior análise de mercado Circuitos digitais tradicionais vs. circuitos suportados em Ethernet Segmentação dos circuitos digitais segundo a capacidade Conclusão: definição do mercado do produto Definição do mercado geográfico Conclusão: mercado retalhista de circuitos alugados A aplicação do teste dos três critérios Presença de obstáculos fortes e não transitórios à entrada no mercado Tendência do mercado para a concorrência efectiva Insuficiência da lei da concorrência Comparação internacional Conclusão: mercado retalhista de circuitos alugados DEFINIÇÃO E ANÁLISE DOS MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS Os serviços grossistas de circuitos alugados Os mercados grossistas de segmentos terminais e de trânsito Os anteriores mercados 13 e 14 e a Recomendação Definição dos mercados de produto Resumo de análise de substituibilidade anteriores Circuitos digitais tradicionais vs. circuitos suportados em Ethernet Conclusão da análise de substituibilidade definição do mercado do produto Definição do mercado geográfico Existência de instrumentos legais e regulamentares, nomeadamente, restrições associadas à licença/autorização, obrigações tarifárias e de prestação de serviços A área abrangida por uma rede Segmentos terminais Segmentos de trânsito Conclusão: Mercados grossistas dos segmentos terminais e segmentos de trânsito Análise dos mercados grossistas relevantes susceptíveis de regulação ex ante Mercado grossista de segmentos terminais Mercado grossista de segmentos de trânsito O mercado de segmentos de trânsito constituído pelas Rotas C O mercado de segmentos de trânsito constituído pelas Rotas NC Conclusão Conclusão: mercados grossistas relevantes susceptíveis de regulação ex ante AVALIAÇÃO DE PMS NOS MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E SEGMENTOS DE TRÂNSITO NAS ROTAS NC Dominância individual nos mercados grossistas de segmentos terminais e de segmentos de trânsito nas Rotas NC / 169

3 Critérios utilizados na avaliação de PMS nos mercados grossistas Quotas de mercado Concorrência entre as empresas instaladas: barreiras à entrada e à expansão e rivalidade Economias de escala e/ou gama Infra-estruturas dificilmente duplicáveis Integração vertical e/ou acordos de exclusividade Rivalidade: preços, rentabilidade, inovação das ofertas e grau de diversificação nos meios empregues Concorrência entre as empresas instaladas, barreiras à entrada e à expansão e rivalidade: Conclusão Concorrência potencial Contrapoder negocial dos compradores Dominância individual nos mercados grossistas de segmentos terminais e de segmentos de trânsito nas Rotas NC : Conclusão Dominância conjunta Análise prospectiva Avaliação de PMS nos mercados grossistas de segmentos terminais e segmentos de trânsito: conclusão IMPOSIÇÃO, MANUTENÇÃO, ALTERAÇÃO OU SUPRESSÃO DE OBRIGAÇÕES Princípios tidos em conta na imposição, alteração ou supressão das obrigações Obrigações actualmente em vigor Supressão de obrigações nos mercados retalhista em todo o território nacional e de segmentos de trânsito nas Rotas C Supressão de obrigações no mercado retalhista de circuitos alugados Não discriminação Transparência Controlo de preços e contabilização de custos Supressão de obrigações no mercado grossista de segmentos de trânsito nas Rotas C Acesso e utilização de recursos de rede específicos Não discriminação Transparência Controlo de preços e contabilização de custos Separação de contas Reporte financeiro Identificação das obrigações adequadas nos mercados grossistas relevantes Problemas concorrenciais, associados a comportamentos discriminatórios ou a preços Obrigações a impor nos mercados grossistas de segmentos terminais em todo o território nacional e de segmentos de trânsito nas Rotas NC Acesso e utilização de recursos de rede específicos Não discriminação Transparência Controlo de preços e contabilização de custos Separação de contas Reporte financeiro Conclusão ANEXO I LISTA DE CENTRAIS LOCAIS QUE CONSTITUEM OS EXTREMOS DAS ROTAS C ANEXO II MAPA DE CENTRAIS LOCAIS QUE CONSTITUEM OS EXTREMOS DAS ROTAS C APÊNDICE I LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIAÇÕES APÊNDICE II LISTA DE OPERADORES E OUTRAS ENTIDADES / 169

4 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 - Obrigações impostas às empresas identificadas com PMS no mercado retalhista relevante... 5 Tabela 2 - Obrigações impostas às empresas identificadas com PMS nos mercados grossistas relevantes... 6 Tabela 3 - Preços praticados pela PT Prime para os circuitos entre 64 Kbps e 34 Mbps Tabela 4 - Evolução do volume de circuitos alugados no retalho Tabela 5 - Principais características de alguns dos orçamentos solicitados à PTC Tabela 6 - Volume de segmentos de trânsito fornecidos pela PTC Tabela 7 - Obrigações a impor às empresas identificadas com PMS nos mercados grossistas relevantes Tabela 8 - Comparação entre as obrigações impostas em 2005 e as obrigações constantes da presente análise de mercado segmentos terminais em todo o território e segmentos de trânsito nas Rotas NC ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Evolução do volume total de circuitos alugados retalhistas e grossistas contratados entre 2003 e Gráfico 2 - Diferença de preço considerando apenas circuitos tradicionais: contratação de circuitos de maior capacidade vs. manutenção de circuitos de menor capacidade, com aumento de 10% (circuito local) Gráfico 3 - Diferença de preço considerando circuitos tradicionais e circuitos Ethernet: contratação de circuitos de maior capacidade vs. manutenção de circuitos de menor capacidade, com aumento de 10% (circuito local) Gráfico 4 - Comparação de preços dos circuitos alugados de 2 Mbps de 2 km de comprimento Gráfico 5 - Comparação de preços dos circuitos alugados de 34 Mbps de 2 km de comprimento ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Circuito alugado (diagrama esquemático) extremo-a-extremo Figura 2 - Arquitectura simplificada dos circuitos extremo-a-extremo Figura 3 - Arquitectura simplificada dos circuitos parciais Figura 4 - Rede de acesso - cobertura OLL da Sonaecom (2007) Figura 5 - Rede de transporte em fibra óptica da Novis/Sonaecom (2005) Figura 6 - Rede metropolitana em fibra óptica da Novis/Sonaecom (2005) Figura 7 - Rede de transporte (óptico) da OniTelecom Figura 8 - Rede de transporte da Cabovisão (2007) Figura 9 - Mapa da Rede Nacional de Transporte de Electricidade Figura 10 - Diagrama da rede de transmissão de fibra óptica da REFER TELECOM Figura 11 - Mapa da Rede Ferroviária Nacional Figura 12 - Infra-estruturas de transporte da ReferTelecom e da REN (ligações a azul e verde) e centrais locais da PTC onde existem apenas um (amarela), dois (laranja) ou três (preta) operadores co-instalados com transmissão própria Figura 13 - Localização das centrais que correspondem às Rotas C / 169

5 1. INTRODUÇÃO 1.1. As conclusões da última análise de mercado Por deliberação de 8 de Julho de 2005, o Conselho de Administração do ICP-ANACOM aprovou a decisão relativa à definição dos mercados do produto e mercados geográficos, avaliação de poder de mercado significativo (PMS) e imposição, manutenção, alteração ou supressão de obrigações regulamentares no mercado retalhista de circuitos alugados e nos mercados grossistas dos segmentos terminais e de trânsito de circuitos alugados 1. Nessa análise, o ICP-ANACOM identificou os seguintes mercados relevantes para efeitos de regulação ex ante: mercado retalhista de circuitos alugados analógicos e digitais até 2 Mbps (inclusive), abrangendo todo o território nacional; mercado grossista dos segmentos terminais analógicos e digitais, sem distinção de capacidade, abrangendo todo o território nacional; mercado grossista dos segmentos de trânsito analógicos e digitais, sem distinção de capacidade, abrangendo todo o território nacional. Analisados os mercados supra 2, o ICP-ANACOM concluiu que o Grupo PT detinha PMS nos mercados relevantes identificados e por conseguinte impôs às empresas desse mesmo Grupo as obrigações constantes da Tabela 1 e Tabela 2, respectivamente a nível retalhista e grossista. Tabela 1 - Obrigações impostas às empresas identificadas com PMS no mercado retalhista relevante Obrigações Não discriminação na oferta de acesso e interligação e na respectiva prestação de informações Mercado retalhista de circuitos alugados analógicos e digitais até 2 Mbps Aplicar condições semelhantes em circunstâncias semelhantes às empresas suas clientes finais e, quando aplicável, oferecer aos clientes retalhistas circuitos alugados da mesma qualidade e nas mesmas condições que as que põem à disposição dos seus próprios serviços ou parceiros. 1 Mercados 7, 13 e 14 da Recomendação da Comissão Europeia 2003/311/CE, de 11 de Fevereiro de Tendo em máxima conta as linhas de orientação da Comissão Europeia relativas à análise e avaliação do PMS no âmbito do quadro regulamentar comunitário para as redes e serviços de comunicações electrónicas. 5 / 169

6 Obrigações Transparência na publicação de informações Controlo de preços e contabilização de custos Mercado retalhista de circuitos alugados analógicos e digitais até 2 Mbps Divulgar as seguintes informações sobre o conjunto mínimo de circuitos alugados: (a) Características técnicas, incluindo as características físicas e eléctricas, bem como as especificações técnicas e de desempenho detalhadas aplicáveis ao ponto terminal da rede; (b) Preços, incluindo os encargos iniciais de ligação, os encargos periódicos de aluguer e outros encargos, devendo, sempre que os preços sejam diferenciados (incluindo descontos), tal ser indicado; (c) Condições de fornecimento, incluindo, nomeada e obrigatoriamente, o procedimento de encomenda, o prazo normal de entrega, o período contratual, o tempo típico de reparação e o grau de disponibilidade, e o procedimento de reembolso, quando existente. Elaborar e pôr em prática um sistema adequado de contabilidade de custos. Fixar preços orientados para os custos. Tabela 2 - Obrigações impostas às empresas identificadas com PMS nos mercados grossistas relevantes Obrigações Acesso e utilização de recursos de rede específicos Não discriminação na oferta de acesso e interligação e na respectiva prestação de informações Mercados grossistas de segmentos terminais e de segmentos de trânsito Dar resposta aos pedidos razoáveis de acesso, em condições transparentes, equitativas e não discriminatórias. Prever a possibilidade de co-instalação nas suas instalações 3. Negociar de boa-fé com as empresas que pedem acesso. Não retirar o acesso já concedido a determinados recursos. Prestar, aos operadores alternativos, a informação, os recursos e os serviços em prazos, numa base e com uma qualidade que deverão ser pelo menos tão bons quanto os oferecidos aos departamentos de retalho e empresas do Grupo PT. Os prazos de entrega e de reparação de avarias contratuais aplicados ao fornecimento grossista de circuitos alugados (incluindo os circuitos parciais de linhas alugadas) devem ser inferiores aos prazos de entrega observados nos mercados retalhistas. Não praticar quaisquer descontos de fidelidade e/ou descontos de quantidade e/ou capacidade. Qualquer proposta neste âmbito terá que ser devidamente fundamentada e justificada e remetida previamente ao ICP-ANACOM. Remeter, trimestralmente, informação referente aos prazos de entrega e de reparação de avarias e do grau de disponibilidade, desagregados por capacidade e por operador 4. 3 Nos mesmos moldes das ofertas grossistas ORALL e ORI. 4 Prazo de entrega para 95% dos casos (em dias), prazos de reparação para 80% dos casos (em horas) e disponibilidade desagregados por tipo de circuito: analógicos e digitais 64 kbps / n 64 kbps / 2 Mbps / 34 Mbps / 155 Mbps. 6 / 169

7 Obrigações Transparência na publicação de informações, incluindo propostas de referência Separação de contas quanto a actividades específicas relacionadas com o acesso e/ou a interligação Controlo de preços e contabilização de custos Reporte financeiro Mercados grossistas de segmentos terminais e de segmentos de trânsito Publicar 5 uma oferta de referência de circuitos alugados analógicos e digitais até 155 Mbps (inclusive), incluindo circuitos parciais de linhas alugadas (e componentes de suporte para interligação), a clientes grossistas, incluindo: (a) as características técnicas e de desempenho dos vários tipos de segmentos de circuitos alugados; (b) os preços, devidamente desagregados por componente; (c) SLAs vinculativos, incluindo as condições de fornecimento e migração, comunicação e reparação de avarias, e as respectivas penalizações em caso de incumprimento; (d) as condições específicas associadas às rotas, aos circuitos CAM, ao serviço de circuitos parciais de linhas alugadas (e componentes de suporte para interligação), ao serviço de acesso a cabos submarinos e à oferta de tecnologias xdsl simétricas (se e quando disponibilizadas ao retalho ou a empresas do Grupo PT). Sistema de custeio e separação contabilística. Fixar preços orientados para os custos. Controlo de preços a diferença mínima entre os preços dos circuitos alugados grossistas e os preços dos correspondentes circuitos alugados no retalho, praticados pelas empresas do Grupo PT, deve ser de 26%. Disponibilizar os registos contabilísticos (SCA), incluindo os dados sobre receitas provenientes de terceiros. Em conformidade com as obrigações impostas, a PT Comunicações, S.A. (PTC) publicou e mantém a oferta grossista de referência de circuitos alugados (ORCA), onde se estabelecem as características e as condições técnicas e comerciais associadas ao fornecimento dos circuitos alugados grossistas por parte daquela entidade As evoluções ocorridas no mercado Desde meados de 2005, quando foi publicada a análise anteriormente referida, as principais evoluções com impacto ao nível da oferta no mercado referem-se ao desenvolvimento significativo das ofertas de circuitos alugados baseadas em soluções Ethernet e à expansão das redes de transporte próprias dos principais operadores alternativos. 5 No prazo de 30 dias úteis após a notificação da decisão final. 6 Vide 7 / 169

8 De entre outras alterações ocorridas no mercado nacional que afectaram a estrutura do mercado das comunicações electrónicas, destacam-se as seguintes: A separação ( spin off ) da PT Multimédia Serviços de Telecomunicações e Multimédia, SGPS, S.A., (agora ZON Multimédia Serviços de Telecomunicações e Multimédia, SGPS, S.A. doravante ZON) da Portugal Telecom, SGPS, S.A., ocorrida a 7 de Novembro de 2007 e que foi potenciadora de maior concorrência nos mercados em que aquelas empresas actuam 7. Neste contexto, a análise dos mercados de fornecimento grossista de acesso (físico) à infra-estrutura de rede num local fixo e de fornecimento grossista de acesso em banda larga veio clarificar a situação regulatória após o spin off 8. As operações de concentração, nomeadamente: a aquisição, em 2007, do controlo exclusivo pela Sonaecom, S.G.P.S., S.A. (Sonaecom) sobre a totalidade do capital social da Telemilénio Telecomunicações, Sociedade Unipessoal, Lda. (Tele2); a aquisição, em 2007, do controlo exclusivo pela Sonaecom 9 sobre um conjunto de activos que corresponde ao segmento residencial e SoHo (Small Office/Home Office) do negócio retalhista de comunicações de rede fixa da Onitelecom Infocomunicações, S.A (OniTelecom). a aquisição, pela CATVP (agora ZON) 10, do controlo exclusivo sobre a Bragatel 11, Pluricanal Leiria 12 e Pluricanal Santarém 13, através da aquisição das participações sociais, actualmente detidas nestas sociedades, pela Parfitel SGPS, S.A.; a aquisição, pela ZON, do controlo exclusivo da TVTEL 14. A expansão da oferta do lacete local (OLL), em termos de centrais locais com operadores co-instalados, recorrendo fundamentalmente a infra-estrutura de transporte própria (suportada em fibra óptica) e.g., da Sonaecom e OniTelecom, e da entrada de novos operadores, casos da COLT TELECOM Serviços de Telecomunicações, Unipessoal, 7 Neste contexto, o ICP-ANACOM clarificou que, com o spin-off, a ZON Multimédia deixou de integrar o Grupo PT, pelo que as obrigações decorrentes das análises de mercado conduzidas no âmbito do Título IV do Capítulo II da Lei n.º 5/2004, de 10 de Fevereiro (Lei das Comunicações Electrónicas) e que impendiam sobre aquele Grupo não lhe são aplicáveis. 8 Vide 9 Através da sua participada, Novis Telecom, S.A. 10 TV Cabo Portugal, S.A. (TV Cabo). 11 Companhia de Televisão de Cabos de Braga, S.A. 12 Pluricanal Leiria Televisão por Cabo, S.A. 13 Pluricanal Santarém Televisão por Cabo, S.A. 14 TVTEL Comunicações, S.A. 8 / 169

9 Lda. (COLT), e da VODAFONE PORTUGAL Comunicações Pessoais, S.A. (Vodafone). A expansão da banda larga móvel, nomeadamente, e para efeitos da presente análise, suportada num reforço de capacidade nas estações de base, em muitos casos com recurso a circuitos alugados e/ou infra-estrutura própria 15. O lançamento, por parte de operadores alternativos, de novas ofertas (e.g. triple-play ) suportadas em fibra óptica, proporcionado pelos desenvolvimentos recentes ao nível da disseminação das redes de fibra óptica própria ou alugada (por exemplo, a utilities ). O aumento dos débitos das ofertas de banda larga, com necessidade de reforço das capacidades ao nível da rede de transporte e da interligação/peering, incluindo o recurso a circuitos alugados. Em termos prospectivos, deverá ser acompanhada a evolução para as redes de nova geração (NGN Next Generation Networks), tanto ao nível da rede de transporte e interligação, como das redes de acesso 16. Acresce que foi entretanto revista, pela Comissão Europeia (CE), a Recomendação sobre mercados relevantes, tendo sido publicada a versão definitiva da mesma já no final de 2007, conforme referido detalhadamente na secção 1.4 deste documento A necessidade de revisão das análises dos mercados relevantes Nas anteriores análises de mercado já se previa a necessidade de proceder à revisão dos mercados caso: a Recomendação da CE sobre mercados relevantes fosse revista; ou ocorressem alterações significativas no mercado que modificassem as condições do mesmo. Assim, pelos motivos expostos anteriormente, considera-se oportuno e necessário proceder à revisão da análise dos mercados de circuitos alugados, quer a nível retalhista, quer a nível grossista A revisão da Recomendação da CE sobre mercados relevantes Em 17 de Dezembro de 2007, a CE publicou a Recomendação sobre mercados relevantes revista Recomendação 2007/879/CE, de 17 de Dezembro, relativa aos mercados relevantes de 15 Nomeadamente, através do recurso à oferta do lacete local e a tecnologias SHDSL. 16 Vide a este respeito o relatório da consulta pública do ICP-ANACOM em 9 / 169

10 produtos e serviços no sector das comunicações electrónicas susceptíveis de regulação ex ante em conformidade com a Directiva 2002/21/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, relativa a um quadro regulamentar comum para as redes e serviços de comunicações electrónicas (doravante designada por Recomendação) 17. A presente Recomendação substitui a anterior Recomendação da Comissão Europeia 2003/311/CE de 11 de Fevereiro, cujo conteúdo foi revisto, dada a evolução verificada nos mercados ao longo dos últimos anos. São agora definidos sete mercados relevantes passíveis de regulação ex ante, um a nível retalhista 18 e os restantes seis a nível grossista 19, o que compara com um total de dezoito mercados constantes da anterior Recomendação (sete a nível retalhista e onze a nível grossista). Tal como na versão anterior da Recomendação, a versão revista é acompanhada de uma Exposição de Motivos onde a CE procura explicar a definição dos supra referidos mercados como mercados relevantes para efeitos de regulação ex ante 20. Nesse documento, a CE justifica o facto de ter retirado da lista de mercados relevantes os mercados retalhista (antigo Mercado 7) e grossista de segmentos de trânsito de circuitos alugados (antigo Mercado 14), sendo o antigo Mercado 13 (da anterior Recomendação) agora designado Mercado 6, com a seguinte definição: Fornecimento grossista de segmentos terminais de linhas alugadas, seja qual for a tecnologia utilizada para fornecer a capacidade alugada ou dedicada. No que respeita especificamente ao Mercado 14 da anterior Recomendação, refira-se que para a CE, o facto de na maioria dos Estados-Membros se estar a assistir ao desenvolvimento de infraestruturas de rede de transporte alternativas, em particular nas principais rotas/segmentos de trânsito, sugere que as barreiras à entrada neste mercado grossista serão reduzidas. Nestes casos, i.e., onde os operadores alternativos investiram em infra-estrutura, existe uma tendência para uma situação de concorrência. Segundo a CE, a maioria das Autoridades Reguladoras Nacionais (ARN), nas suas análises dos mercados grossistas de segmentos de trânsito de circuitos alugados, 17 Recomendação da Comissão Europeia de 17 de Dezembro de 2007, relativa aos mercados relevantes de produtos e serviços no sector das comunicações electrónicas susceptíveis de regulamentação ex ante em conformidade com a Directiva 2002/21/CE do Parlamento Europeu e do Conselho relativa a um quadro regulamentar comum para as redes e serviços de comunicações electrónicas. Publicada no Jornal Oficial da União Europeia, de 28 de Dezembro de 2007 e disponível em 18 Mercado 1: Acesso à rede telefónica pública num local fixo para clientes residenciais e não residenciais. 19 Que são os seguintes: - Mercado 2: Originação de chamadas na rede telefónica pública num local fixo; - Mercado 3: Terminação de chamadas em redes telefónicas públicas individuais num local fixo; - Mercado 4: Fornecimento grossista de acesso à infra-estrutura de rede num local fixo; - Mercado 5: Fornecimento grossista de acesso em banda larga; - Mercado 6: Fornecimento grossista de segmentos terminais de linhas alugadas; e - Mercado 7: Terminação de chamadas vocais em redes móveis individuais. 20 Exposição de Motivos disponível em 10 / 169

11 verificou serem estes mercados efectivamente concorrenciais, devido ao desenvolvimento de infra-estruturas paralelas. Considera ainda a CE que esta tendência se deverá manter, eliminandose assim as elevadas e não transitórias barreiras à entrada, possibilitando uma concorrência efectiva neste mercado grossista. Por outro lado, a CE reconhece que um número significativo de rotas, em particular as rotas de menor capacidade, poderá continuar a ser servida por um único operador dado não ser expectável que outros operadores possam concorrer com o operador histórico em todo o território (ainda que esta situação possa variar em diferentes Estados-Membros). Neste sentido, a CE considera que as ARN poderão estar em posição de demonstrar que o mercado de segmentos de trânsito de circuitos alugados continua a cumprir os três critérios justificativos quando verificados cumulativamente de regulação ex ante 21 : Obstáculos à entrada no mercado e ao desenvolvimento da concorrência persistência de fortes obstáculos à entrada, sejam de natureza estrutural, jurídica ou regulamentar. Aspectos dinâmicos as características do mercado não conduzirão a uma concorrência efectiva num horizonte temporal pertinente, sem necessidade de intervenção regulamentar ex ante. A aplicação deste critério implica o exame prospectivo da situação da concorrência por detrás dos obstáculos à entrada. Eficácia relativa do direito da concorrência insuficiência do direito da concorrência, por si só, para suprir adequadamente as deficiências persistentes no mercado. Neste sentido, a CE, apesar de considerar que a lei da concorrência poderá suprir as falhas de mercado nas rotas de maior capacidade, considera irrealista que se recorra apenas à referida lei enquanto o número de rotas sem fornecedor alternativo se mantiver elevado 22. Relativamente ao mercado retalhista de circuitos alugados (antigo Mercado 7), a CE considera, também na Exposição de Motivos, que não parecem subsistir falhas de mercado de tal modo significativas que justifiquem a manutenção de regulação ex ante ao nível do retalho. Nota a CE que o conjunto mínimo de linhas alugadas fazia parte da anterior Recomendação, mas com a regulação nos mercados grossistas, nomeadamente com a imposição de obrigações ao operador com PMS, não deverão existir problemas para o utilizador de circuitos alugados (retalhistas), isto é, a regulação ao nível grossista, onde apropriado, deve ser suficiente para assegurar uma oferta concorrencial ao nível do retalho. Por outro lado, a CE analisa se este mercado retalhista satisfaz o teste dos três critérios, concluindo, ainda na Exposição de Motivos, que, na presença de regulação grossista, as barreiras à entrada no mercado retalhista (conexo) devem ser reduzidas. De facto, podendo as empresas presentes neste mercado manter uma oferta ubíqua, recorrendo se necessário à oferta 21 Cf. Recomendação, considerando (5). 22 Cf. Exposição de Motivos, página / 169

12 grossista regulada de circuitos alugados ou outra, para complementar a infra-estrutura própria, então as barreiras à entrada já não serão elevadas. Por conseguinte, a CE não identifica, na Recomendação, o mercado retalhista de circuitos alugados como um mercado relevante susceptível de regulação ex ante e propôs reduzir o conjunto mínimo de linhas alugadas a zero, o que veio a ocorrer na Decisão 2008/60/CE da Comissão Europeia, de 21 de Dezembro de 2007, que altera a Decisão 2003/548/CE no que respeita à eliminação de tipos específicos de linhas alugadas do conjunto mínimo de linhas alugadas O processo de análise de mercado A Lei n.º 5/2004, de 10 de Fevereiro (Lei das Comunicações Electrónicas, doravante designada por LCE), aprovou o regime jurídico aplicável às redes e serviços de comunicações electrónicas e aos recursos e serviços conexos, definindo as competências do ICP-ANACOM neste domínio. Aquele diploma transpôs as Directivas n. os 2002/19/CE, 2002/20/CE, 2002/21/CE, 2002/22/CE, todas do Parlamento Europeu e do Conselho, de 7 de Março e a Directiva n.º 2002/77/CE, da Comissão Europeia, de 16 de Setembro. Compete assim ao ICP-ANACOM definir e analisar os mercados relevantes, identificar eventuais empresas com PMS e, caso existam empresas com PMS, impor as medidas adequadas a essas empresas (art.º 18.º da LCE). Este processo desenvolve-se de acordo com as seguintes fases (art. os 55.º a 61.º da LCE) 24 : Definição dos mercados relevantes de produtos e serviços do sector das comunicações electrónicas, incluindo os mercados geográficos relevantes, em conformidade com os princípios do direito da concorrência (art.º 58.º da LCE). Na definição de mercados relevantes deve a ARN, em função das circunstâncias nacionais, ter em conta a Recomendação e as Linhas de Orientação da CE relativas à análise e avaliação de PMS no âmbito do quadro regulamentar comunitário para as redes e serviços de comunicações electrónicas 25 (daqui em diante designadas por Linhas de Orientação ). Análise dos mercados relevantes definidos nos termos do ponto anterior, tendo em conta as Linhas de Orientação (art.º 59.º da LCE). 23 Vide 24 Cf. Directiva-Quadro, art. os 7.º e 14.º a 16.º. 25 Disponível em 12 / 169

13 O procedimento de análise de mercado tem como objectivo investigar a existência de concorrência efectiva. Não existe concorrência efectiva caso se identifiquem empresas com PMS 26. Considera-se que uma empresa tem PMS se, individualmente 27 ou em conjunto com outras, gozar de uma posição equivalente a uma posição dominante, ou seja, de uma posição de força económica que lhe permita agir, em larga medida, independentemente dos concorrentes, dos clientes e dos consumidores. Imposição, manutenção, alteração ou supressão de obrigações regulamentares (art.º 66.º da LCE). Caso o ICP-ANACOM conclua que um mercado é efectivamente concorrencial, deve abster-se de impor qualquer obrigação regulamentar específica e, se estas existirem, deve suprimi-las. Caso o ICP-ANACOM considere que o mercado relevante não é efectivamente concorrencial, compete-lhe impor obrigações regulamentares específicas adequadas às empresas com PMS nesse mercado, ou manter ou alterar essas obrigações, caso já existam. As obrigações impostas: devem ser adequadas ao problema identificado e proporcionais e justificadas à luz dos objectivos de regulação consagrados no art.º 5.º da mesma lei; devem ser objectivamente justificáveis em relação às redes, serviços ou infraestruturas a que se referem; não podem originar uma discriminação indevida relativamente a qualquer entidade; devem ser transparentes em relação aos fins a que se destinam. 26 Também conforme as Linhas de Orientação ( 24), No âmbito do quadro regulamentar, os mercados serão definidos e o PMS avaliado com metodologias idênticas às do direito da concorrência. (...) e a avaliação da concorrência efectiva pelas ARN devem ser coerentes com a jurisprudência e a prática em matéria de concorrência. Com vista a garantir essa coerência, as presentes orientações baseiam-se em: 1. Jurisprudência do Tribunal de Primeira Instância e do Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias no que diz respeito à definição de mercado e à noção de posição dominante na acepção do artigo 82.º do Tratado CE e do artigo 2.º do regulamento relativo ao controlo das concentrações. 27 Note-se que, de acordo com o Acórdão TJCE, de 12 de Julho de 1984, Hydrotherm, a noção de empresa deve ser entendida como designando uma unidade económica do ponto de vista do objecto do acordo em causa, mesmo que, do ponto de vista jurídico, esta unidade económica seja constituída por várias pessoas físicas ou morais. De acordo com o art.º 2.º, n. os 1 e 2, da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho (que aprova o regime jurídico da concorrência), 1- Considera-se empresa, para efeitos da presente Lei, qualquer entidade que exerça uma actividade económica que consista na oferta de bens ou serviços num determinado mercado, independentemente do seu estatuto jurídico e do modo de funcionamento. 2- Considera-se como uma única empresa o conjunto de empresas que, embora juridicamente distintas, constituem uma unidade económica ou que mantêm entre si laços de interdependência ou subordinação decorrentes dos direitos ou poderes enumerados no n.º 1 do artigo 10.º. 13 / 169

14 Na análise e definição das obrigações a impor (ou suprimir) são também tidos em conta os princípios estabelecidos no âmbito da posição comum do ERG sobre a matéria, apresentada no documento Revised ERG Common Position on the approach to appropriate remedies in the ECNS regulatory framework 28, bem como a posição comum sobre as melhores práticas na imposição de obrigações nos mercados grossistas de circuitos alugados 29. Segundo a metodologia que continua a ser adoptada na Recomendação 30, o ponto de partida para a definição e identificação de mercados grossistas relevantes é uma caracterização dos mercados retalhistas num período temporal, da sua dimensão geográfica e das pressões concorrenciais a que estão sujeitos, do lado da procura e da oferta. Assim, numa primeira fase é definido o mercado retalhista de circuitos alugados. Posteriormente, são definidos os mercados grossistas conexos tendo em conta as mesmas dimensões e é analisada a eventual existência de PMS nestes mercados. Por último, são analisadas as obrigações regulamentares a impor às empresas com PMS nesse(s) mercado(s). Neste contexto, o presente documento consubstancia a decisão do ICP-ANACOM sobre a definição dos mercados do produto e mercados geográficos, a avaliação de PMS e a imposição, manutenção, alteração ou supressão de obrigações regulamentares nos mercados retalhista e grossistas de circuitos alugados Sentido provável de decisão Em 16 de Dezembro de 2009, o Conselho de Administração do ICP-ANACOM aprovou o sentido provável da decisão relativo à definição dos mercados do produto e mercados geográficos, avaliação de poder de mercado significativo (PMS) e imposição, manutenção, alteração ou supressão de obrigações regulamentares nos mercados de fornecimento retalhista de circuitos alugados (antigo Mercado 7) e de fornecimento grossista de segmentos terminais e de trânsito de circuitos alugados (Mercado 6 e antigo Mercado 14 da Recomendação). Foi simultaneamente aprovado o envio desse projecto de decisão à Autoridade da Concorrência, nos termos do art.º 61.º da Lei n.º 5/2004, de 10 de Fevereiro. Também na mesma data, o Conselho de Administração deliberou que o projecto de medidas supra mencionado fosse submetido a consulta pública e, em conformidade com o previsto nos art.ºs 100.º e 101.º do Código do Procedimento Administrativo, os interessados foram notificados para, no prazo de 30 dias úteis, se pronunciarem sobre o sentido provável da decisão. 28 Disponível em 29 Disponível em 30 Cf. Recomendação Exposição de Motivos, Secção / 169

15 A consulta decorreu até ao dia 3 de Fevereiro de 2010, tendo o ICP-ANACOM recebido respostas das seguintes entidades, que agradece 31 : APRITEL Associação dos Operadores de Telecomunicações (APRITEL) 32 BT Portugal Telecomunicações, Unipessoal, Lda. (BT) 33 Grupo PT (Portugal Telecom SGPS, S.A., PT Comunicações S.A. (PTC), PT Prime Soluções Empresariais de Telecomunicações e Sistemas, S.A., TMN Telecomunicações Móveis Nacionais, S.A. e PT Acessos de Internet Wi-Fi, S.A.) 34 Grupo SGC AR Telecom (ARTelecom) 35 OniTelecom Infocomunicações, S.A. (OniTelecom) 36 Rádio e Televisão de Portugal, S.A. (RTP) 37 Sonaecom Serviços de Comunicações, S.A. (Sonaecom) 38 Vodafone Portugal, Comunicações Pessoais, S.A. (Vodafone) 39 ZON TV Cabo Portugal, S.A. e suas participadas (ZON) 40 A Autoridade da Concorrência, em parecer enviado a 19 de Janeiro, não se opôs à definição dos mercados do produto e geográficos relevantes, nem à avaliação de poder de mercado significativo. Aquela Autoridade concordou com o teor do sentido provável de decisão, considerando que a análise desenvolvida é adequada e genericamente coerente com a aplicação da metodologia do Direito da Concorrência e que a definição de mercados geográficos se revela apropriada à identificação de condições concorrenciais heterogéneas. Os comentários recebidos neste contexto e o entendimento do ICP-ANACOM foram devidamente ponderados na elaboração do presente documento, tendo sido objecto de um relatório autónomo, que pode ser consultado no sítio do ICP-ANACOM na Internet. 31 Respostas disponíveis em 32 Mensagem de correio electrónico da APRITEL, de , que releva tratar-se de posição da maioria dos seus membros, onde não se inclui a PT Comunicações, S. A.. 33 Carta da BT Portugal, de Carta do Grupo PT, de Mensagem de correio electrónico da AR Telecom, de Mensagem de correio electrónico da OniTelecom, de Mensagem de correio electrónico da RTP, de , que referiu não ter nada a informar no âmbito do referido documento, argumentando que a RTP/RDP não fornece este tipo de serviços. 38 Mensagem de correio electrónico da Sonaecom, de Mensagem de correio electrónico da Vodafone, de Mensagem de correio electrónico da ZON, de / 169

16 O presente documento será objecto de notificação a remeter à CE e às ARN dos demais Estados- Membros, nos termos do n.º 1 do artigo 57.º da Lei n.º 5/2004, bem como o formulário de notificação resumida elaborado nos termos do Anexo I da Recomendação da CE de relativa às notificações, prazos e consultas previstos no artigo 7.º da Directiva 2002/21/CE do Parlamento Europeu e do Conselho relativa a um quadro regulamentar comum para as redes e serviços de comunicações electrónicas. 16 / 169

17 2. O SERVIÇO DE CIRCUITOS ALUGADOS Para efeitos da presente análise dos mercados retalhista e grossistas de circuitos alugados, o ICP-ANACOM mantém a definição genérica de que um circuito alugado corresponde a uma ligação física permanente e transparente entre dois pontos, para o uso exclusivo e não partilhado do utilizador, com velocidade de transmissão garantida e simétrica e sobre a qual é cursado qualquer tipo (de tráfego) de comunicações electrónicas 41. Retoma-se aqui, brevemente, a definição de um circuito alugado (grossista 42 ), geralmente constituído por dois tipos de elementos (vide Figura 1) 43 : segmento terminal (igualmente designado por prolongamento local), que corresponde à ligação física entre a instalação do cliente e a central local mais próxima do operador de rede fornecedor, onde se localiza um nó da sua rede de transporte/transmissão para efeitos desta análise, a central local da PTC 44 ; segmento de trânsito (igualmente designado por troço principal), que corresponde à ligação física entre centrais locais/segmentos terminais 45. Figura 1 - Circuito alugado (diagrama esquemático) extremo-a-extremo Central local Central trânsito Central trânsito Central local Segmento Terminal Segmento Trânsito Segmento Terminal 41 A capacidade dos circuitos alugados pode ser dedicada ou partilhada na rede que os suporta, dependendo da tecnologia que lhe está associada. 42 Os circuitos alugados retalhistas não apresentam, tipicamente, qualquer segmentação, i.e., são comercializados como ligações dedicadas entre dois locais (extremos). 43 Os circuitos alugados podem ter diferentes configurações, por exemplo, podem existir circuitos constituídos apenas por segmentos terminais (se as instalações do cliente estão localizadas na mesma central local) ou por um segmento terminal e um segmento de trânsito (e.g., para interligação de redes). Os tarifários dos circuitos alugados (grossistas) traduzem, normalmente, esta segmentação. 44 Mais precisamente, segundo a PTC, as centrais locais, entendidas como os pontos terminam os segmentos terminais (prolongamentos locais), correspondem aos Pontos de Atendimento Principais acrescidos dos edifícios onde estão localizados os PGI Nacionais da PTC (Boa-Hora, Picoas, Batalha e Devesas). No que diz respeito aos serviços de circuitos alugados, nessas centrais locais localizam-se os nós da rede de transporte/transmissão da PTC. 45 Ou entre um segmento terminal (que termina numa central local) e um nó de rede de transporte (central local ou trânsito) de um operador. 17 / 169

18 Os circuitos alugados podem utilizar diferentes tecnologias e infra-estruturas de suporte (por exemplo, pares de cobre ou fibra óptica). Podem ser caracterizados pela velocidade de transmissão (débito), tipo de utilização (por exemplo, para interligação de redes ou para suporte do acesso a clientes finais) e qualidade de serviço. Também podem ser caracterizados de acordo com os locais a servir e com o tipo e necessidades dos clientes, retalhistas ou grossistas. As infra-estruturas e tecnologias de suporte ao serviço de circuitos alugados são, no caso dos circuitos de mais alto débito 46 (superior a 2 Mbps), sobretudo a rede de fibra óptica e equipamento de transmissão SDH 47 e, mais recentemente, Ethernet 48. Nos segmentos terminais analógicos e digitais de mais baixo débito, é utilizada essencialmente a rede de pares de cobre e tecnologias associadas (nomeadamente PDH 49 ). Em menor escala e em nós de rede com menores requisitos de capacidade e/ou zonas de difícil acesso poderão ser utilizadas tecnologias de micro-ondas (feixe hertziano) e, no caso das terminações locais, nomeadamente as de 2 Mbps 50, podem também ser utilizadas tecnologias xdsl, nomeadamente HDSL ou SHDSL 51. Para grandes distâncias podem utilizar-se cabos submarinos. Estes sistemas são utilizados quer nos circuitos internacionais 52 quer nas ligações para as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. O serviço de aluguer de circuitos de acesso aos cabos submarinos da PTC (que terminam em Sesimbra e em Carcavelos) denomina-se backhaul. Os circuitos alugados entre o território continental e as referidas Regiões Autónomas são conhecidos como circuitos CAM No caso dos circuitos alugados digitais, os débitos vão desde os 64 Kbps até aos 2.5 Gbps (ou mais, no futuro), sendo que se poderá considerar o débito de 2 Mbps como um patamar em que se verifica uma transição entre o baixo e o alto débito, tanto ao nível do parque de circuitos como das próprias tecnologias de suporte. 47 SDH Synchronous Digital Hierarchy, tecnologia maioritariamente utilizada nas redes de transporte, bem como nas redes de acesso de alto débito (normalmente em débitos superiores a 2 Mbps). 48 Nomeadamente através da oferta comercial da PTC, Rede Ethernet PT, uma oferta grossista actualmente não regulada. 49 PDH Plesiochronous Digital Hierarchy, tecnologia anterior ao SDH (que a veio substituir nas redes de transporte), maioritariamente utilizada nas redes de acesso e para circuitos de mais baixo débito. 50 Eventualmente até superior, dependendo do número de pares de cobre alocados a determinada ligação e da norma xdsl utilizada. 51 x Digital Subscriber Line Conjunto de tecnologias de linha digital de assinante, genericamente denominadas DSL, capazes de transformar linhas de cobre (por exemplo, linhas telefónicas vulgares) em linhas digitais de alta velocidade, passíveis de suportar serviços avançados de maior largura de banda, como acesso rápido à Internet e Video-on-demand. HDSL (High-bitrate DSL), SHDSL (Symmetric HDSL) e ADSL (Asymmetric DSL) ou VDSL (Very high-bitrate DSL) são suas variantes. 52 Existe também considerável infra-estrutura terrestre (fibra óptica) entre Portugal e Espanha para o suporte de circuitos alugados internacionais. 53 Circuitos CAM: Continente Açores Madeira. 18 / 169

19 De uma forma esquemática, as tecnologias utilizadas nas redes fixas de acesso e de transporte (que também suportam circuitos alugados) são, nomeadamente, as seguintes: Fonte: resposta do Grupo PT à consulta pública ao projecto de decisão relativo à presente análise de mercado. Algumas destas tecnologias são utilizadas em conjunto, quer por oferecerem vantagens específicas para o sistema global, quer ainda por questões relacionadas com a sua evolução e introdução gradual na rede já instalada 54. Os circuitos alugados tradicionais são suportados nas tecnologias apresentadas no lado esquerdo do diagrama 55, mas desde há vários anos que são oferecidos circuitos dedicados sobre tecnologias de comutação de pacotes (lado direito do diagrama), quer sobre ATM 56 quer sobre Ethernet. Não obstante esta multiplicidade de tecnologias e infra-estruturas físicas de suporte, a oferta de serviços de circuitos alugados é transparente para os operadores e utilizadores finais e é efectuada de uma forma tecnologicamente neutra de acordo com as especificidades da situação (e.g. circuitos analógicos ou digitais de baixo débito são normalmente suportados na rede de acesso em cobre, ao passo que os circuitos de alto débito suportam-se em fibra óptica) 57. A própria definição, por parte da PTC, do serviço 58 um circuito alugado corresponde a uma ligação física permanente e transparente entre dois pontos distintos, para transporte de tráfego 54 Por exemplo, PDH ou STM sobre SDH ou Ethernet sobre DWDM, etc. Vide glossário, no Apêndice I. 55 Tecnologias de comutação de circuitos em modo estático, PDH e SDH, suportadas sobre cabos fibra óptica ou feixe hertziano. 56 Recorrendo, nomeadamente, a técnicas de emulação de circuitos. 57 Aliás, em determinados segmentos, nomeadamente em zonas remotas, podem ser utilizadas várias infra-estruturas e tecnologias em simultâneo (e.g. feixe hertziano e tecnologias de transmissão sobre fibra óptica e.g. SDH e sobre pares de cobre). 58 Vide ORCA. 19 / 169

20 de voz e/ou de dados, suportada em tecnologia analógica ou digital, com capacidade de transmissão simétrica e dedicada é um elemento relevante para esta constatação. Registe-se que a CE advoga o mesmo princípio (da neutralidade tecnológica), entendendo que os mercados de serviços devem ser analisados independentemente das redes ou infra-estrutura utilizadas para fornecer esses mesmos serviços aos utilizadores. Os circuitos alugados são utilizados por dois grandes tipos de clientes: clientes finais (de retalho) 59, que utilizam os circuitos alugados nomeadamente para transporte de tráfego de dados, voz e/ou vídeo entre duas ou mais instalações com localizações geográficas distintas; e clientes grossistas (operadores que oferecem redes e serviços de comunicações electrónicas), que utilizam a oferta grossista de circuitos alugados para efeitos de 60 : interligação entre redes fixas, móveis ou de dados 61 ; desenvolvimento de rede própria dos operadores, necessária ao fornecimento de outros serviços de comunicações electrónicas que são adquiridos a jusante pelos seus clientes serviços de transporte de dados 62, serviços de acesso à Internet, serviços de comunicações fixas e móveis e soluções empresariais (por exemplo, redes privativas virtuais VPN), entre outros; e revenda (a clientes grossistas ou retalhistas). Contrariamente às ofertas de retalho de circuitos alugados dirigidas aos utilizadores finais, as ofertas grossistas aos operadores fixos e móveis especialmente a ORCA 63 e, mais recentemente, as ofertas grossistas Ethernet (como a Rede Ethernet PT da PTC), pelas próprias características deste negócio, têm sido utilizadas fundamentalmente no desenvolvimento de rede própria e apenas residualmente na revenda de circuitos alugados, com excepção da PT Prime, empresa do Grupo PT que é a principal revendedora de circuitos alugados no retalho. 59 PME ou grandes empresas, privadas ou públicas (incluindo, nomeadamente, a Administração Pública). 60 Segundo a ORCA, [o]s circuitos alugados encontram-se especialmente vocacionados para a constituição de ligações ponto a ponto, redes públicas de comunicações electrónicas, ligações de acesso, sistemas de securização e redes privativas de comunicações electrónicas, dispondo de características que permitem oferecer níveis adequados de disponibilidade, protecção e desempenho. 61 Incluindo circuitos para interligação de tráfego com a PTC, nomeadamente circuitos de interligação e extensões internas para interligação, ou para ligações entre operadores no interior das centrais da PTC. 62 Por exemplo, ATM, tecnologia de banda larga criada para a comutação e transporte de diferentes serviços de voz, dados e vídeo. 63 A actual versão da ORCA abrange os seguintes serviços (vide secção 4.1 para mais detalhes): Circuitos alugados, incluindo circuitos extremo-a-extremo e circuitos parciais; Circuitos para interligação de tráfego com a PTC, incluindo circuitos de interligação e extensões internas para interligação; Circuitos para acesso a cabos submarinos (backhaul); Ligações entre operadores no interior das centrais da PTC. 20 / 169

21 Os produtos e serviços grossistas de circuitos alugados são assim elementos que permitem a oferta de capacidade de transmissão simétrica, dedicada e transparente a nível grossista e retalhista. Estas funcionalidades caracterizam os serviços prestados, independentemente da tecnologia utilizada para os fornecer. Os circuitos alugados mantêm-se assim como um instrumento fundamental para o desenvolvimento dos mercados de serviços de comunicações electrónicas, induzindo também em grande medida o desenvolvimento das redes de transporte e acesso (em banda larga) em todo o território nacional. Finalmente, refiram-se alguns dados genéricos relativos ao serviço de circuitos alugados: O número de circuitos analógicos é ainda relativamente elevado face ao número total de circuitos, ainda que se tenha vindo a reduzir substancialmente e de modo sustentado nestes últimos anos 64, principalmente ao nível retalhista, sendo oferecidos praticamente em exclusivo pelo Grupo PT. A nível grossista, são fornecidos menos de uma centena de circuitos analógicos a operadores fora do Grupo PT. A receita obtida através do aluguer destes circuitos é marginal, nomeadamente face à receita total obtida com o aluguer de circuitos no mercado grossista, em 2008, cifrou-se em cerca de 5% (face à receita total de circuitos alugados). Gráfico 1 - Evolução do volume total de circuitos alugados retalhistas e grossistas contratados entre 2003 e O número de segmentos terminais é muito superior ao de segmentos de trânsito, devido nomeadamente ao elevado número de circuitos de curta distância (circuitos locais) ou para interligação e circuitos parciais 66. O número de circuitos analógicos e digitais com baixa capacidade (até 2 Mbps) é 64 Os circuitos analógicos grossistas constituíam cerca de 29% do total de circuitos em 2006 e, em 2008, cerca de 19%. 65 Fonte: Situação das Comunicações 2008 (vide 66 Dada a maior extensão das redes de transporte dos operadores alternativos que chegam a um maior número de centrais locais da PTC. Os circuitos parciais ou de interligação são tipos de circuitos alugados em que, normalmente, o operador não aluga o segmento de trânsito por se encontrar co-instalado na própria central local. Nestes casos, o suporte para interligação de tráfego com a PTC é uma extensão interna, ou seja, uma ligação no interior dessa central. 21 / 169

22 significativamente superior ao número de circuitos com capacidade superior a 2 Mbps. O número de circuitos alugados de muito elevada capacidade (de 155 Mbps e superior) é praticamente residual ao nível do retalho e pouco expressivo nos mercados grossistas 67, ainda que a sua importância tenha aumentado significativamente desde 2005 um aumento de cerca de 50%, de 2005 para 2008, no volume de circuitos de capacidade superior a 155 Mbps. Esta tendência dever-se-á manter no futuro, associada a necessidades crescentes de largura de banda por parte dos clientes finais, inclusivamente no que respeita a banda larga sem fios. Existem actualmente vários operadores e entidades concessionárias de serviços públicos que são fornecedores grossistas de infra-estrutura óptica passiva 68, i.e. fibra óptica escura, havendo mais de km.par actualmente contratados, para a construção de redes de transporte e a oferta de circuitos alugados grossistas e retalhistas. Actualmente todos os operadores activos nos mercados de circuitos alugados retalhistas e grossistas recorrem (na totalidade ou em parte) a rede própria e apenas um operador retalhista recorre apenas a redes (grossistas) terceiras. De um modo geral, com uma ou outra excepção, o número de circuitos alugados (especialmente segmentos de trânsito) pela PTC a operadores fora do Grupo PT tem-se reduzido ligeiramente 69. Existe, no caso da oferta da PTC, um maior recurso por parte de outros operadores a circuitos parciais e a extensões internas para interligação, em detrimento de circuitos extremo-a-extremo, sendo que, no final de 2008, mais de 40% dos circuitos alugados pelos operadores são circuitos daquele tipo. 67 Igualmente pouco relevante é o parque instalado de circuitos internacionais (analógicos e digitais). 68 Nomeadamente, a [Início de Informação Confidencial doravante IIC] [Fim de Informação Confidencial doravante FIC]. 69 Por exemplo, de acordo com a informação mensal da PTC, o volume de segmentos de trânsito contratados por outros operadores à PTC reduziu-se 12% entre 2006 e / 169

23 3. O MERCADO RETALHISTA DE CIRCUITOS ALUGADOS A CE considerou, na anterior Recomendação sobre mercados relevantes, que o mercado relevante retalhista incluía o conjunto mínimo de linhas alugadas, o qual compreend[ia] os tipos especificados de linhas alugadas de débito igual ou inferior a 2 Mbps referidas no artigo 18.º e no Anexo VII da Directiva de Serviço Universal. Este conjunto mínimo de linhas alugadas dizia respeito a circuitos alugados específicos com características harmonizadas que deveriam estar disponíveis em determinadas condições em todo o território nacional 70. De acordo com a legislação em vigor, compete ao ICP-ANACOM impor as obrigações de oferta do conjunto mínimo de circuitos alugados (e condições associadas) às empresas com PMS relativamente à oferta dos elementos específicos ou da totalidade do conjunto mínimo, em todo ou em parte do território nacional. Com efeito, a LCE trata expressamente do conjunto mínimo de circuitos alugados no âmbito dos controlos nos mercados retalhistas vide artigos 82.º e 83.º 71. Na sequência da análise de mercado efectuada em 2005 considerou-se que, em Portugal, o mercado retalhista de circuitos alugados era constituído por circuitos analógicos e por circuitos digitais até 2 Mbps, abrangendo todo o território nacional, tendo-se imposto ao prestador com PMS as obrigações referidas na Tabela 1 (ver secção 1.1). Tendo o ICP-ANACOM analisado os circuitos alugados digitais de capacidade igual ou superior a 34 Mbps, não identificou então um mercado relevante de retalho que cobrisse estes produtos, considerando também que a regulação dos mercados ao nível grossista seria suficiente para cumprir os objectivos regulatórios nesta matéria, e tendo especialmente em conta o extremamente reduzido volume e receita dos circuitos retalhistas de maior capacidade (até 2004). Este mercado de circuitos analógicos e de circuitos digitais até 2 Mbps coincidia com o mercado retalhista de linhas alugadas abrangidas pelo conjunto mínimo, como definido anteriormente pela CE. Contudo, a CE já não identifica, na actual Recomendação, o mercado retalhista de circuitos alugados como um mercado relevante susceptível de regulação ex ante e propôs desde logo reduzir o conjunto mínimo de linhas alugadas a zero 72. Com efeito, a CE adoptou, em 70 Garantindo, nomeadamente: o acesso aberto aos circuitos alugados em condições de igualdade, a transparência e não discriminação; a disponibilização e publicação de informações relativas às condições de oferta; a observação, nos preços a cobrar e nos descontos a realizar, dos princípios fundamentais da orientação para os custos, da transparência e da não discriminação; e a observação dos objectivos que eventualmente sejam definidos pelo ICP-ANACOM para as condições de oferta fixadas (nomeadamente para os níveis de qualidade de serviço). 71 A LCE (art.º 121, n.º 3) mantém, ainda, em vigor as obrigações constantes das bases da concessão do serviço público de telecomunicações aprovadas pelo Decreto-Lei n.º 31/2003, de 17 de Fevereiro, pelo que a empresa concessionária continua sujeita à obrigação de disponibilização de circuitos alugados necessários à prestação de serviços de telecomunicações de uso público em todo o território nacional. 72 Cf. Exposição de Motivos, página / 169

24 21/12/2007, a Decisão da Comissão que altera a Decisão 2003/548/CE 73 no que respeita à eliminação de tipos específicos de linhas alugadas do conjunto mínimo de linhas alugadas, interessando especificamente o seu artigo 1.º A lista intitulada Identificação do conjunto mínimo de linhas alugadas com características harmonizadas e respectivas normas é suprimida do anexo da Decisão 2003/548/CE da Comissão 74. Para a CE, os circuitos alugados analógicos já não são tecnicamente relevantes, dada a migração generalizada para as novas arquitecturas de rede suportadas em tecnologias digitais. Adicionalmente, entende que a procura de circuitos digitais está a ser satisfeita pelo mercado e está também a aumentar para ligações de elevado débito, acima dos 2 Mbps. Contudo, tal facto não exclui, por si, a possibilidade de o mercado retalhista de circuitos alugados ser identificado como um mercado relevante para efeitos de regulação ex ante a nível nacional. Por outro lado, tendo passado algum tempo após a realização da anterior análise dos mercados de circuitos alugados, o ICP-ANACOM considera ser necessário verificar se os factores considerados nessa altura não se terão alterado ao nível do retalho. Assim, e dado o indicado pela CE na Recomendação em causa, é necessário analisar em qualquer caso se o mercado retalhista de circuitos alugados satisfaz o teste dos três critérios vide secção 1.4 acima e se se deve manter como um mercado relevante sujeito a regulação ex ante. De modo a aplicar este teste ao mercado retalhista de circuitos alugados é necessário proceder previamente à definição do mercado do produto e do mercado geográfico no retalho, o que se faz nas secções seguintes. Finalmente, de acordo com o Grupo de Reguladores Europeus (ERG European Regulators Group) 75, se a ARN, na sua análise de um determinado mercado, concluir que os três critérios que poderão justificar a imposição de obrigações regulamentares ex ante não são satisfeitos cumulativamente, tem que concluir também que nenhum operador detém PMS nesse mercado e, em conformidade, deve suprimir as obrigações anteriormente impostas, num período razoável após a notificação às partes interessadas, não sendo necessário realizar adicionalmente uma análise aprofundada de PMS Metodologia de definição de mercado Nesta secção é caracterizada, de um modo abreviado, a metodologia de definição de mercado utilizada pelo ICP-ANACOM nas suas análises de mercado. 73 Decisão, de 24 de Julho de 2003, relativa ao conjunto mínimo de linhas alugadas, com características harmonizadas e respectivas normas, referido no artigo 18.º da Directiva Serviço Universal (Directiva 2002/22/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 7 de Março de 2002). 74 O n.º 3 do artigo 18.º da Directiva Serviço Universal prevê que a CE possa proceder à eliminação de certos tipos de linhas alugadas do conjunto mínimo. A consulta pública da CE revelou um vasto apoio da parte dos Estados-Membros, associações do sector e partes interessadas à eliminação dos cinco tipos de linhas alugadas do conjunto mínimo actual. 75 Vide ERG Report on Guidance on the application of the three criteria test. 24 / 169

25 De acordo com o quadro regulamentar comunitário aplicável às comunicações electrónicas, que segue o direito comunitário da concorrência, os mercados relevantes definem-se através da intersecção de duas dimensões diferentes: o mercado do produto e o mercado geográfico. O processo de definição do mercado do produto tem como objectivo identificar todos os produtos e/ou serviços suficientemente permutáveis ou substituíveis, quer em termos de procura, quer de oferta, não só em termos das suas características objectivas, graças às quais estão particularmente aptos para satisfazer as necessidades dos consumidores, mas também em termos dos seus preços e da sua utilização pretendida 76. O exercício de definição do mercado do produto ou serviço inicia-se com o agrupamento dos produtos ou serviços utilizados pelos consumidores para as mesmas finalidades/utilização final 77. Estes produtos e serviços farão parte do mesmo mercado de produto se o comportamento dos produtores ou fornecedores de serviços em causa estiver sujeito ao mesmo tipo de pressões concorrenciais, nomeadamente, em termos de fixação de preços. Neste contexto, identificam-se dois tipos principais de pressões da concorrência: (i) a substituibilidade do lado da procura; e (ii) a substituibilidade do lado da oferta 78. Estas pressões concorrenciais poderão, alternativamente ou em conjunto, constituir fundamento para definir o mesmo mercado do produto. Em termos teóricos, o grau de substituibilidade ou complementaridade entre dois produtos pode ser estimado através da elasticidade cruzada da procura. No entanto, na prática, tal análise é complexa e os dados disponíveis escassos, pelo que uma das formas utilizadas na avaliação da existência de substituibilidade do lado da procura e da oferta consiste na aplicação do denominado teste do monopolista hipotético, o teste SSNIP Small but significant nontransitory increase in price 79. O mercado geográfico relevante inclui a área na qual as empresas em causa participam na oferta e procura dos produtos ou serviços relevantes, e onde as condições de concorrência são semelhantes ou suficientemente homogéneas em relação às áreas vizinhas 80. A definição do mercado geográfico pressupõe a utilização de metodologia similar à utilizada na definição do mercado do produto, i.e., identificam-se pressões concorrenciais no que respeita à substituibilidade do lado da procura e à substituibilidade do lado da oferta. De acordo com a 76 Cf. Linhas de Orientação Idem. 78 Cf. Linhas de Orientação 38. Existe, também, uma terceira fonte de pressão concorrencial no comportamento do operador que é a concorrência potencial. Esta possibilidade será considerada sempre que relevante. 79 Cf. Linhas de Orientação Cf. Linhas de Orientação, / 169

26 Exposição de Motivos, há a necessidade de identificar concorrentes de potenciais empresas com PMS e determinar a sua área geográfica de actuação (e oferta). Estes potenciais concorrentes podem incluir os actuais operadores já com ofertas alternativas no mercado de produto ou operadores que poderão vir a entrar no mercado no caso de um aumento pequeno mas significativo e não transitório do preço da oferta do monopolista hipotético nesse mercado. A avaliação e definição de mercados de produto e geográficos serão baseadas, nomeadamente, no grau das restrições impostas à prestação dos serviços de circuitos alugados, independentemente da infra-estrutura utilizada pelos fornecedores de tais serviços. A este respeito, importa referir a posição da CE na Explicação de Motivos, relativamente ao princípio da neutralidade tecnológica : A abordagem regulatória da União Europeia aos serviços é independente da tecnologia utilizada na rede core [/nos circuitos alugados] ( ). [A]o definir os mercados, tendo em conta a presente Recomendação, as ARNs devem analisar a substituibilidade de serviços suportados em diferentes tecnologias numa base casuística, assumindo como ponto de partida o princípio de uma regulação tecnologicamente neutra Definição do mercado de circuitos alugados retalhistas Definição do mercado do produto Nesta secção é definido o mercado do produto, no que se refere ao serviço de aluguer de circuitos a clientes de retalho. De acordo com o entendimento da CE, os mercados retalhistas devem, em princípio, ser analisados, para efeitos de definição de mercados, de um modo que não tome em linha de conta a rede ou infra-estrutura utilizada na oferta dos serviços, podendo existir duas formas de avaliar a substituibilidade do lado da procura 81 : através da avaliação da reacção dos clientes a uma alteração ligeira e duradoura dos preços dos serviços e eventuais substitutos; e através da comparação das características dos produtos ou serviços a fim de determinar se estão especialmente aptos a satisfazer necessidades permanentes dos clientes e se são substituíveis por outros produtos e serviços. Os elementos essenciais na procura e na oferta de ligações dedicadas no retalho são a largura de banda, a distância e a qualidade de serviço garantida, pelo que os serviços potencialmente substitutos dos circuitos alugados devem ser capazes de fornecer conexões transparentes e dedicadas extremo-a-extremo, assegurar débitos elevados e simétricos (e constantes) e garantir os níveis de qualidade de serviço acordados. 81 Cf. Linhas de Orientação, / 169

27 Nas análises de substituibilidade são utilizados, quando relevante, os preços do serviço de aluguer de circuitos praticado pelo Grupo PT no retalho 82. Tendo em conta os pressupostos identificados e as análises de substituibilidade realizadas à data, o ICP-ANACOM considera que, dada a reduzida evolução registada desde a última análise do mercado, as conclusões que foram daí extraídas se mantêm válidas no que diz respeito à definição do mercado de produto. Ou seja, considera-se que continuam válidas e actuais as análises de substituibilidade realizadas anteriormente 83 entre: circuitos analógicos e circuitos digitais de baixo débito; grandes empresas e PME; e circuitos alugados e outros serviços de dados. Neste contexto, apresenta-se de seguida uma breve síntese destas três análises de substituibilidade, devidamente actualizadas, tendo em conta a evolução do mercado e, nomeadamente, os dados estatísticos mais recentes recolhidos pelo ICP-ANACOM. Posteriormente, em secções autónomas, discute-se em maior detalhe a fronteira do mercado e a eventual necessidade de o segmentar em função da tecnologia de transporte (circuitos suportados em tecnologia tradicional vs. Ethernet) e do débito/capacidade dos circuitos digitais Síntese das análises de substituibilidade realizadas na anterior análise de mercado Circuitos alugados de baixo débito e analógicos Do ponto de vista estritamente funcional, o serviço de aluguer de circuitos digitais de baixo débito (até 64 Kbps, inclusive) apresenta-se como uma possível alternativa ao aluguer de circuitos analógicos, já que ambos os serviços fornecem uma ligação física permanente e dedicada entre dois pontos, com débito simétrico, que permite a transmissão de tráfego de voz e/ou de dados, distinguindo-se pelo maior nível de qualidade de serviço e flexibilidade de utilização que assegura às empresas clientes finais. A aplicação do teste do monopolista hipotético sobre os preços apresentados pelo Grupo PT confirma, para um aumento de 10% do preço dos circuitos analógicos, a existência de 82 Os preços utilizados para efeitos da presente análise os preços praticados pela PT Prime, empresa retalhista do Grupo PT para a oferta de serviços a empresas poderão ser considerados como equivalentes ao nível de preços praticados em ambiente concorrencial, dada a obrigação regulamentar de orientação dos preços para os custos que lhe foi, até à data, imposta pelo ICP-ANACOM. 83 Vide secção 2.1 da anterior análise de mercado. 27 / 169

28 substituibilidade entre circuitos analógicos e circuitos digitais até 64 Kbps 84. Vista a evolução dos preços dos circuitos alugados desde 2004 até 2008, verifica-se que os preços de instalação e mensalidades dos circuitos analógicos têm-se mantido praticamente constantes ou aumentado apenas ligeiramente, tendo os preços dos circuitos digitais de baixo débito diminuído em média cerca de 2% entre 2006 e Assim, a própria evolução do tarifário constitui um incentivo à substituição de circuitos analógicos por circuitos digitais de baixo débito 85. O fornecimento de circuitos analógicos e digitais de baixo débito pode ser suportado na mesma plataforma/solução tecnológica, diferenciando-se essencialmente ao nível do equipamento terminal de rede. Consequentemente, a substituição de um serviço analógico por um serviço digital assenta basicamente na substituição do referido equipamento terminal de rede, um processo relativamente simples do ponto de vista técnico 86. Tem vindo a verificar-se ao longo dos últimos anos uma substituição de circuitos analógicos por circuitos digitais, sendo que o volume de circuitos analógicos tem vindo progressivamente a reduzir-se, observando-se um decréscimo menos pronunciado no parque dos circuitos digitais de baixa capacidade. Esta substituição tecnológica tenderá a manter-se e até a crescer, dada a progressiva migração das redes de comunicações electrónicas para suportes digitais mais avançados. Assim, e tendo também em conta as funcionalidades acrescidas dos circuitos alugados digitais de baixo débito, o ICP-ANACOM conclui que estes circuitos podem, do lado da procura e da oferta, ser considerados substitutos dos circuitos analógicos, conclusão que se mantém da anterior análise de mercados. Serviços assimétricos ou outros serviços de transmissão de dados É possível identificar um conjunto de serviços de banda larga ou de transmissão de dados hipoteticamente passíveis de ser analisados numa perspectiva de substituibilidade do serviço de aluguer de circuitos por parte dos clientes de retalho, nomeadamente os serviços baseados em ADSL e serviços de transmissão fornecidos através da rede de distribuição de televisão por 84 Tomando como exemplo um circuito alugado constituído por dois segmentos terminais e um segmento de trânsito com 5 km, conclui-se que, à partida, os circuitos digitais de débito igual ou inferior a 64 Kbps têm na generalidade um preço mais baixo do que um (dos vários tipos de) circuito analógico cujo preço foi aumentado em 10% vide secção da anterior análise de mercados. 85 Ainda que, para alguns clientes, a opção de migração pudesse ser condicionada pela existência de um conjunto de custos de mudança (e.g. substituição do equipamento terminal ou de cessação de contratos existentes). 86 Considera-se que existem fornecedores de circuitos digitais de baixo débito que poderiam passar a fornecer circuitos analógicos, no caso de um aumento pequeno mas significativo e não transitório do preço dos circuitos analógicos por parte de um monopolista hipotético, uma vez que o acréscimo de investimento não seria significativo, nem os fornecedores incorreriam em custos irrecuperáveis associados a alterações de fundo nas configurações e funcionalidades das respectivas redes, mas apenas em investimento pontual em equipamento terminal de rede e respectiva instalação e configuração. 28 / 169

29 cabo 87 ou por sistemas sem fio. Contudo, no âmbito destes serviços não é garantida ao utilizador final uma ligação extremo-aextremo simétrica 88, dedicada (não partilhada/sem contenção) e transparente, entre duas localizações distintas, pelo que não são serviços totalmente comparáveis aos disponibilizados através do aluguer de circuitos. Por outro lado, estes últimos têm assegurado níveis de qualidade de serviço mais exigentes. Os serviços assimétricos apresentam, assim, características distintas do serviço de circuitos alugados, não impondo restrições ao comportamento de um monopolista hipotético que oferecesse este último serviço. Do lado da oferta, conclui-se que a generalidade dos prestadores do serviço de circuitos alugados também participa activamente na oferta de serviços baseados em ADSL, nomeadamente para acesso à Internet de banda larga, mas já não o inverso 89. Deste modo, além da limitada complementaridade indicada pela oferta de ambos os serviços, considera-se que a possibilidade de um prestador de serviços assimétricos iniciar a oferta do serviço de circuitos alugados, na sequência de um aumento pequeno mas significativo e não transitório (e.g. 10%) do preço deste serviço, não se afigura relevante. Além disso, as diferenças de preço entre os serviços ADSL e o serviço de circuitos alugados são de tal modo significativas que não indiciam uma real substituibilidade (do lado da procura) entre estes serviços, reflectindo antes a diferença de funcionalidade e níveis de desempenho. Por exemplo, a mensalidade de um acesso local da Classe era, em meados de 2009, de 15,02 euros e a mensalidade de um segmento terminal com capacidade equivalente 1024 Kbps de 75,26 euros. De facto, além do débito garantido, também a qualidade de serviço garantida pelos circuitos alugados, quer em termos de reparação de avarias quer em termos de disponibilidade, é substancialmente superior à disponibilizada pelos serviços assimétricos e de transmissão de dados. Assim, não se considera que exista efectiva substituibilidade, quer ao nível da procura, quer ao nível da oferta, entre circuitos alugados e serviços assimétricos, designadamente considerando a diferenciação existente ao nível das funcionalidades associadas a cada um destes serviços. As características dos serviços e das ofertas em causa e a dimensão do segmento potencialmente afectado pela possibilidade de substituição entre os dois tipos de serviços em análise não são de molde a justificar que o comportamento de um monopolista hipotético fosse restringido por essa 87 Neste tipo de serviços, o utilizador comum está normalmente interessado em larguras de bandas assimétricas uma vez que a necessidade de informação no sentido rede-utilizador é, regra geral, superior à necessidade de envio de informação. De facto, a generalidade das ofertas de acesso à Internet em banda larga comercialmente disponíveis são assimétricas. 88 Teoricamente, um produto ADSL de, por exemplo, 2.048/512 Kbps permite constituir um produto simétrico de 512 Kbps. No entanto, esta seria uma forma muito pouco eficiente de alocar recursos de transmissão. 89 Isto é, os operadores de rede de cabo e a generalidades dos operadores alternativos de menor dimensão (sem rede própria ou com reduzida extensão) não oferecem circuitos alugados. 90 Acesso local com 1024 kbps/1024 kbps e com contenção máxima de 1:10 (taxa inferior ao de um circuito alugado, que tem uma taxa de contenção nula, i.e., de 1:1). 29 / 169

30 eventual substituibilidade 91. Por outro lado, os serviços suportados em FWA, Redes Locais via Rádio (RL-R) 92 e os serviços VPN e de gestão de capacidade 93 só poderiam ser considerados substitutos do serviço de aluguer de circuitos se, entre outros, a sua cobertura territorial fosse similar, o número de clientes desses serviços fosse comparativamente relevante e o nível de preços fosse semelhante ao praticado para o serviço de aluguer de circuitos, o que continua a não se verificar. Acresce que, para a generalidade dos referidos serviços, existem importantes limitações ao nível da oferta de ligações extremo-a-extremo transparentes e dedicadas (existindo normalmente uma partilha de recursos 94 ), da qualidade (níveis) de serviço e do débito a contratar. Existe ainda um elevado nível de incerteza associado à evolução destes serviços, tanto a nível tecnológico, como quanto à definição e estabilização da própria oferta de serviços e do modelo de negócio. Igualmente, para os serviços de dados (e.g. VPN) e os suportados em redes sem fios, não é expectável que qualquer prestador destes serviços passe a oferecer, num horizonte de curtoprazo, circuitos alugados simétricos a clientes de retalho, caso não detenha já à partida as infraestruturas de rede necessárias para o fazer, sem ter de incorrer em investimentos significativos 95. A análise da substituibilidade do lado da procura e da oferta permite rejeitar a hipótese de que os serviços assimétricos e os serviços suportados em FWA, RL-R e os serviços VPN e de gestão de capacidade, dada a diferença ao nível das próprias características técnicas e das suas funcionalidades, bem como ao nível da actual penetração, constituam substitutos do serviço de circuitos alugados. Releve-se ainda que grande parte destes serviços (nomeadamente, de transmissão de dados) se encontra efectivamente suportada numa oferta grossista de circuitos alugados. Especificamente, de acordo com o sítio da PT Prime, a família de serviços de Banda Larga/ATM ( ) [é] baseada 91 Um reflexo da sua fraca substituibilidade é ainda a quase total inexistência de correspondência entre o tipo de clientes que contrata cada um destes serviços: essencialmente clientes residenciais, no caso das redes de distribuição de televisão por cabo, ADSL ou móvel, e clientes empresariais (especialmente as médias e grandes empresas), no caso dos circuitos alugados. 92 As áreas potencialmente cobertas por ofertas RL-R/BWA estão limitadas a certas zonas urbanas de maior densidade e a zonas/prédios onde há linha de vista para as estações de base. Limitações ao nível da cobertura podem ainda afectar a qualidade de serviço (degradação do sinal). Os serviços de aluguer de circuitos suportados naquelas ofertas não constituem, assim, uma alternativa efectiva aos serviços de circuitos alugados para a generalidade dos clientes de retalho, dada a sua reduzida disponibilização em termos comerciais e de cobertura territorial. 93 Não obstante a definição de circuito alugado pressupor uma ligação física permanente entre dois pontos, para o uso exclusivo do utilizador, com velocidade de transmissão simétrica e capacidade de transmissão de voz e dados, existem algumas soluções como VPNs ou outros serviços de gestão de capacidade que, do ponto de vista funcional, poderão ser consideradas por alguns clientes finais como substitutos dos circuitos alugados convencionais para efeito de certas aplicações. 94 Ainda que, por exemplo através de FWA, possa ser garantida uma ligação simétrica até 2 Mbps, dedicada e transparente, para o transporte de tráfego de voz e dados com níveis de qualidade de serviço aceitáveis, existindo no mercado de retalho ofertas baseadas nestes tipos de suporte. 95 Considerando a diferença de preços e flexibilidade percebida entre estes dois tipos de solução para o utilizador final, com vantagens claras para os serviços de transmissão de dados mais complexos, não existem à partida incentivos para que um prestador de serviços baseados em BWA (FWA), RL-R, VPNs ou gestão de capacidade, altere o seu portfólio de serviços em resultado de um aumento pequeno e não transitório dos preços praticados ao nível do serviço de aluguer de circuitos por parte de um monopolista hipotético. 30 / 169

31 no maior e mais avançado backbone ATM do país, suportado em mais de 70 nós de comutação ATM e rede de transporte SDH/DWDM sobre fibra óptica, amplamente disseminada pelos principais centros urbanos. Finalmente, e no que respeita aos serviços suportados em tecnologias simétricas xdsl, como HDSL e SHDSL, do ponto de vista do uso pretendido pelos clientes de retalho e das próprias características do produto, podem constituir efectivos substitutos do serviço tradicional de circuitos alugados, para débitos até cerca de 2 Mbps ou até um pouco superiores. De facto, aqueles serviços permitem a transmissão de tráfego de voz e de dados extremo-a-extremo, de um modo simétrico, transparente e dedicado. Por exemplo, a Sonaecom refere, no seu site, que Durante o segundo semestre de 2008, o número de centrais desagregadas para circuitos SHDSL manteve-se estável. Com estes circuitos (instalados em 174 centrais), a Sonaecom tem capacidade para efectuar ligações directas para a maior parte da sua rede de acesso móvel, reduzindo assim a dependência em relação aos circuitos alugados do operador incumbente 96. Desta forma, mantém-se a conclusão da anterior análise de mercado de que, ao contrário dos serviços simétricos suportados em SHDSL, os serviços assimétricos e outros serviços de dados não fazem parte do mesmo mercado do produto de circuitos alugados retalhistas, não sendo expectáveis evoluções significativas até à realização da próxima definição de mercado e análise de PMS. Grandes empresas vs. PME Sendo o mercado retalhista de circuitos alugados essencialmente orientado para o segmento empresarial importará analisar se existe alguma segmentação da oferta e da procura entre PMEs e grandes empresas. Ainda que os requisitos das pequenas e médias empresas (PME) e das grandes empresas não sejam, a priori, exactamente os mesmos, tendo estas últimas empresas normalmente necessidades mais exigentes, conhecendo mais aprofundadamente os produtos e serviços de comunicações electrónicas e tendo maior poder negocial 97, as condições da oferta publicitada pelos operadores para os circuitos alugados são independentes do tipo de utilizador. Parece existir substituibilidade em cadeia, tanto do lado da procura como da oferta, entre clientes não residenciais de diferentes dimensões, o que determinará a definição de um único mercado relevante. Com efeito, os operadores oferecem serviços de aluguer de circuitos em todo o território e sem aparente discriminação por tipo de cliente, apesar de as grandes empresas poderem localizar-se 96 Vide 97 As ofertas dos operadores às grandes empresas constituem, normalmente, ofertas integradas de soluções de comunicações de voz e dados, sistemas de informação, Internet, comércio electrónico, outsourcing de redes, entre muitos outros. Estas empresas são mais exigentes também em termos de garantias de qualidade de serviço, dado o maior volume e criticidade da informação que transportam. 31 / 169

32 em zonas distintas das PME. Actualmente, as empresas que oferecem serviços às PME, normalmente também os oferecem às grandes empresas, e vice-versa, independentemente da existência de um aumento de preços pequeno mas significativo e não transitório por parte de um monopolista hipotético. Considerando a uniformidade das condições da oferta, incluindo preços, de circuitos alugados a grandes empresas e PME, e não parecendo existir restrições à definição de preços, o ICP-ANACOM, embora reconhecendo algumas particularidades diferenciadoras dos segmentos PME e grandes empresas, mantém o entendimento já constante da anterior análise de que o mercado de retalho relevante inclui qualquer cliente empresarial Circuitos digitais tradicionais vs. circuitos suportados em Ethernet Recentemente, para além da continuação da utilização de fibra óptica e de tecnologias PDH e SDH, constatou-se a crescente utilização de outra tecnologia alternativa a Ethernet para suporte de serviços de capacidade/circuitos alugados, que em diversos países já representa um peso muito relevante na oferta desses serviços 98. Sendo a introdução no mercado de serviços suportadas na tecnologia Ethernet um facto relevante ocorrido desde a anterior análise, interessa analisar se estes serviços são substitutos do serviço tradicional de aluguer de circuitos (para além das soluções simétricas baseadas em xdsl, já consideradas substitutas, conforme concluído supra. A este propósito, assinale-se que o ICP-ANACOM concorda com o entendimento da CE, segundo o qual os mercados retalhistas devem, em princípio, ser analisados, para efeitos de definição de mercados, de um modo que não tome em linha de conta a rede ou infra-estrutura utilizada na oferta dos serviços, isto é, deverá ser tido em conta o princípio da neutralidade tecnológica ao analisar-se o(s) mercado(s) dos serviços de circuitos alugados. A procura de serviços Ethernet Desde a sua criação, a Ethernet foi utilizada como protocolo básico para a implementação de redes de acesso local (vulgo LANs), permitindo numa segunda fase a oferta de soluções empresariais virtuais (VLAN). As soluções suportadas em Ethernet eram no início maioritariamente utilizadas para a prestação de serviços de dados, enquanto os circuitos tradicionais tinham uma utilização mista (transportando também serviços de voz, nomeadamente nos circuitos de interligação). 98 Em Espanha, em 2008 correspondia a 46% em volume e 58% em receitas do total de serviços de circuitos alugados, detendo a Telefónica uma quota de mercado de 73% Vide 7/resolucin_ pdf/_ES_1.0_&a=d. 32 / 169

33 Mais recentemente, tem-se assistido, no entanto, a uma progressiva migração das tecnologias tradicionais de suporte dos serviços de comunicações electrónicas (voz, dados ou até imagem) para tecnologias baseadas em IP, passando assim as redes de dados suportadas em Ethernet a transportar qualquer tipo de tráfego. De facto, actualmente, praticamente todo o tráfego Internet tem origem e/ou termina numa interface Ethernet. Esta convergência em torno das redes de comunicações de dados suportadas em tecnologias Ethernet/IP, nomeadamente ao nível das redes das empresas, tem levado, por parte destas, a uma cada vez maior procura de serviços (de capacidade/transporte) Ethernet junto dos operadores de rede 99. As empresas têm procurado activamente soluções para interligar os seus diferentes pontos de presença geográfica ( inter-office ), incluindo a sua infra-estrutura de tecnologias de informação, de forma a que estas possam utilizar recursos comuns, recorrendo aos mesmos interfaces, equipamentos e protocolos especialmente sobre Ethernet que já usam nas suas redes locais ( intra-office ). A disponibilização de circuitos Ethernet numa rede (pública) de comunicações electrónicas pode satisfazer esta necessidade. Do lado da procura, parece assim razoável assumir que as empresas, principalmente as grandes e médias empresas, que já instalaram LAN (ou mesmo WLAN) suportadas em tecnologias Ethernet, reconhecem óbvias vantagens em optar por contratar circuitos alugados também suportados em Ethernet, por exemplo para (inter)ligação dessas LAN. Estas vantagens podem ser medidas em termos de eficiência e redução de custos face a soluções de interligação baseadas em circuitos alugados tradicionais. A oferta de serviços Ethernet Os principais operadores e prestadores de serviços presentes no mercado de comunicações electrónicas português têm ofertas baseadas em Ethernet tal como acontece com a OniTelecom, a Sonaecom ou a COLT e a PT Prime, a empresa do Grupo PT presente nos mercados retalhistas de serviços empresariais. Esta última empresa apresenta uma grande variedade de oferta de Serviços de dados 100, incluindo o serviço Prime Link (circuitos analógicos, digitais e Premium ) e serviços Ethernet, os quais se descrevem brevemente de seguida. 99 Tradicionalmente, estas necessidades têm sido satisfeitas através de circuitos alugadas suportados em tecnologias tradicionais (TDM). É provável que serviços baseados, por exemplo, em Frame Relay e ATM, os quais tinham vindo a utilizar exclusivamente tecnologias de transporte TDM (e.g., SDH), sejam, no futuro, transportados através de uma plataforma de transporte comum: em Ethernet. 100 Vide, por exemplo, e lasse=ethernet. 33 / 169

34 Acessos Ethernet e Ethernet2Connect 101 da PT Prime Através do serviço Ethernet2Connect (E2C) da PT Prime são estabelecidas ligações lógicas para transporte de tráfego entre os acessos da rede Ethernet do cliente retalhista no fundo, prolongamentos da plataforma Ethernet da PT Prime até às instalações do cliente final. Estas ligações têm classes de serviço associadas 102 e podem ser do tipo ponto-multiponto e ponto-aponto 103. Os acessos à rede Ethernet da PT Prime, entre os quais o serviço E2C é estabelecido, podem ser prestados com interface E (10 Mbps), FE (100 Mbps) ou GE (1 Gbps) 104 conforme os débitos solicitados e são implementados sobre fibra óptica ponto-a-ponto. Segundo a PT Prime, a utilização da tecnologia Ethernet como interface com a rede pública, baseando-se numa norma amplamente divulgada e dominada em ambientes de rede local, conduz a um conjunto de benefícios, entre os quais salienta a: economia; simplicidade, flexibilidade e rapidez; vanguarda tecnológica; e fiabilidade e elevado desempenho. Estes serviços permitem às empresas interligar as suas LAN através de um conjunto diversificado de opções de ligações Ethernet, em regime ponto-multiponto e ponto-a-ponto, mantendo o controlo do tráfego, i.e., sendo possível estabelecer ligações transparentes e dedicadas. O ICP-ANACOM reconhece que, em teoria, as garantias de qualidade proporcionadas pelos circuitos suportados em Ethernet poderiam ser inferiores às dos circuitos alugados tradicionais, tendo em conta que as normas ETSI estabelecem parâmetros de qualidade muito exigentes para as tecnologias tradicionais, PDH ou SDH. No entanto, podem ser prestados serviços Ethernet de acesso securizado às redes de comunicação de dados (cada vez mais exigentes nos níveis de qualidade de serviço que são requeridos) Serviços de acesso à rede e transporte em layer 2 (OSI) Ethernet da PT Prime. Vide goria=192&classe=serviços%20de%20dados&idfamilia=2&idclas= Adicionalmente, associado a cada acesso, pode ser disponibilizada uma oferta diversificada de acessos com securização (ao nível da interface, ligação e/ou nó de rede). 103 A utilização do serviço E2C pressupõe a existência, ou instalação prévia, de acessos (à rede) Ethernet da PT Prime. 104 E Ethernet; FE FastEthernet e GE GigaEthernet. 34 / 169

35 Para os circuitos de alto débito suportados em Ethernet, o acesso (segmento terminal) e a ligação na rede de transporte (segmento de trânsito) são normalmente suportados em fibra óptica, o que, só por si, garante uma maior fiabilidade ao nível do meio físico de transmissão. A oferta grossista Rede Ethernet PT A PTC mantém em vigor, por sua iniciativa, uma oferta grossista denominada Rede Ethernet PT 106, que oferece ligações de elevada capacidade ponto-a-ponto, i.e., conectividade Ethernet entre pontos terminais da rede, disponibilizando uma gama alargada de débitos, desde 10 Mbps até 1 Gbps, a preços competitivos, segundo o sítio da própria PTC. Os operadores alternativos têm vindo, nos anos mais recentes, a contratar circuitos alugados no âmbito desta oferta, alegando existirem vantagens económicas significativas no recurso a serviços suportados na oferta Rede Ethernet PT face às condições disponibilizadas na ORCA. O preço aparentemente mais reduzido dos circuitos Ethernet face ao dos circuitos tradicionais (de capacidade equivalente) 107 pode ser explicado, em parte, pela maior eficiência na utilização da rede de transporte Ethernet, uma vez que é de acesso múltiplo, não havendo uma ligação física totalmente dedicada como acontece com os circuitos SDH, ainda que se garanta a existência de capacidade dedicada ponto-a-ponto. Adicionalmente, as interfaces Ethernet apresentam preços actualmente inferiores às interfaces tradicionais 108. Vide informação mais detalhada a este respeito na secção Neste contexto, parece já existir, na prática, uma substituibilidade entre circuitos tradicionais e Ethernet, tanto do lado da oferta como do lado da procura. Quer no caso dos pares de cobre quer no caso da fibra óptica, os custos de substituir circuitos alugados tradicionais por circuitos Ethernet são relativamente reduzidos e podem, em muitos casos, resumir-se à substituição de equipamento (interfaces) no(s) extremo(s) da ligação. A possibilidade de os operadores presentes nos mercados retalhistas poderem contratar circuitos no mercado grossista a preços eventualmente mais reduzidos relativamente à oferta tradicional no âmbito da ORCA, ainda que actualmente existam limitações na cobertura da rede Ethernet da 105 Associa[n]do a cada acesso, e caso solicitado, ( ) uma oferta diversificada de acessos com securização (interface, caminho e/ou POP), segundo a PT Prime. De acordo ainda com o sítio da PT Prime, Com o objectivo de assegurar elevados níveis de Qualidade de Serviço e elevados requisitos de rede, a PT Prime definiu três soluções técnicas: - Securização da Rede de Acesso Acesso Premium; - Securização da Rede de Acesso e da Rede Core Acesso Premium Plus; - Securização da Rede de Acesso, da Rede Core e dos POPs Acesso Premium Gold. 106 Oferta analisada em maior detalhe no Capítulo 4, na definição dos mercados de produto grossistas. Vide Embora se não disponha de elementos específicos e detalhados de custeio (relativos a circuitos Ethernet), importa salientar que em determinados casos, abordados em maior detalhe no Capítulo 4, os circuitos Ethernet fornecidos pela PTC (e.g. uma ligação lógica de 10 Mbps entre dois pontos pertencentes ao mesmo Grupo de Redes) apresentam preços de instalação e mensalidade inferiores a um circuito equivalente oferecido no âmbito da ORCA (inclusivamente inferior ao custo de um circuito de 2 Mbps em condições similares ao exemplo referido). 108 Refira-se a este respeito que a utilização de interfaces baseadas em Ethernet poderá resultar numa substancial redução nos custos de equipamento face à utilização de interfaces tradicionais (TDM). 35 / 169

36 PTC, poderá permitir àqueles operadores, à partida, a revenda de circuitos alugados (e serviços retalhistas) às empresas em condições potencialmente mais favoráveis. É assim expectável que estas reduções de custo para os operadores se possam traduzir em preços mais reduzidos para as empresas clientes finais. Migração entre circuitos alugados tradicionais e Ethernet Existe uma evidência, suportada em dados concretos, que há uma crescente procura (e oferta) de circuitos alugados suportados em Ethernet, isto é, uma efectiva migração no âmbito do mercado retalhista (e grossistas). Noutros mercados, talvez em virtude de uma maior concorrência, essa migração é ainda mais evidente. É, por exemplo, o caso de Espanha, em que a percentagem dos circuitos baseados em Ethernet já correspondia, em 2008, a 46% em volume e 58% em receitas do total de serviços de circuitos alugados. Esta evidência é reconhecida pelo próprio operador histórico, que refere um paulatino abandono das tecnologias tradicionais por tecnologias Ethernet (e IP), resultante de maior eficiência e menores custos. Poderá ser mais correcto afirmar que para alguns clientes específicos e mais exigentes (como, por exemplo, alguns bancos em algumas situações) é que os circuitos baseados em Ethernet podem não constituir ainda uma alternativa (global) aos circuitos tradicionais, mas uma eventual existência de tal segmento específico não permite contradizer a presunção de que os circuitos suportados em Ethernet e em tecnologias tradicionais se encontram, no mesmo mercado do produto. Com efeito, em bom rigor, a aplicação do princípio da neutralidade tecnológica na definição do mercado retalhista de produto de circuitos alugados resulta antes de mais da actual realidade dos mercados, em particular da crescente utilização (e em substituição de outras) de tecnologias Ethernet para a oferta destes serviços. Conclusão Em conclusão, apesar de poderem existir (pequenas) diferenças quanto aos serviços prestados por ambos os tipos de circuitos (tradicionais e Ethernet), quer no tocante à capacidade de transporte efectivamente contratada quer à qualidade de serviço, parecem existir uma procura e oferta acrescidas e sustentadas de circuitos suportados em Ethernet, os quais são utilizados para os mesmos fins que os circuitos digitais tradicionais e tenderão mesmo, com o desenvolvimento cada vez maior das redes (totalmente) suportadas em IP, a assumir um peso preponderante num futuro próximo. Com efeito, de acordo com os Resultados Anuais 2008 do Grupo PT 109, ainda que as receitas 109 Vide pág / 169

37 de wholesale [tenham] diminui[do] ( ) em resultado da diminuição das vendas de circuitos alugados e de capacidade ( ), [a]s receitas de dados e serviços empresariais aumentaram ( ), em resultado ( ) do continuo sucesso na migração de clientes de serviços tradicionais de voz e dados para soluções mais avançadas e integradas, que incluem a: (1) oferta de maior largura de banda para clientes finais suportadas em tecnologias Ethernet e IP, e (2) oferta de soluções customizadas e convergentes, combinando telecomunicações e tecnologias de informação. Lembre-se também nesta oportunidade que a Recomendação define o mercado relevante (grossista), no seu Anexo, seja qual for a tecnologia utilizada para fornecer a capacidade alugada ou dedicada, sendo que o mercado grossista é definido a partir do mercado retalhista, o que significa que este último mercado é também independente da tecnologia. Com efeito, várias ARN incluíram, na análise dos mercados de circuitos alugados, explicitamente os serviços ponto-a-ponto Ethernet no mercado de retalho. Foram, por exemplo, os casos da Alemanha, da Áustria, da Eslovénia, da Espanha, da Estónia, da França, da Irlanda, da Itália, da Lituânia, do Reino Unido e da Suécia. Tal não significa que nos restantes países a Ethernet não seja implicitamente considerada como fazendo parte do mercado relevante, atendendo ao princípio da neutralidade tecnológica. Deste modo, e atento também o princípio da neutralidade tecnológica, para um pequeno mas significativo e não transitório aumento do preço de um circuito tradicional, há fortes indícios que os utilizadores finais passem a contratar circuitos Ethernet, fazendo com que esse aumento de preço não seja lucrativo, o que permite concluir que os circuitos tradicionais e os circuitos Ethernet fazem parte do mesmo mercado de produto. Nestas condições e verificado um elevado grau de substituibilidade, quer do lado da oferta quer da procura, não há qualquer motivo para estabelecer uma diferenciação (do mercado) em função da tecnologia Segmentação dos circuitos digitais segundo a capacidade Na anterior análise de mercado o ICP-ANACOM concluiu que todos os circuitos digitais de capacidade até 2 Mbps (inclusive) se encontravam no mesmo mercado de produto, assistindo-se neste ponto a uma quebra da cadeia de substituibilidade, tanto do lado da procura como do lado da oferta. Esta conclusão permitiu excluir do mercado de retalho relevante os circuitos de capacidade superior a 2 Mbps, entendimento que estava, à data, em linha com a posição da CE sobre a oferta mínima de circuitos alugados 110. Dadas as alterações ocorridas desde a anterior análise, tanto ao nível do quadro regulatório, como do desenvolvimento do mercado retalhista, especialmente ao nível das ligações de mais alto 110 Os circuitos alugados de capacidade superior a 2 Mbps tinham, no retalho e à data, um baixo peso no volume total de circuitos, bem como no volume de receita associada. 37 / 169

38 débito, suportadas agora também em Ethernet 111, importa rever a anterior análise de substituibilidade entre circuitos digitais de diferente capacidade, para determinar se se mantém (da análise de 2005), ou não, o ponto de quebra da cadeia de substituibilidade nos 2 Mbps ou se, eventualmente, existem outros pontos de quebra 112. Substituibilidade do lado da procura Na Tabela 3 apresentam-se os preços praticados pela PT Prime na sua oferta retalhista de circuitos alugados tradicionais: Débitos (Kbps) Tabela 3 - Preços praticados pela PT Prime para os circuitos entre 64 Kbps e 34 Mbps Escalão 1 Circuito Local Escalão 2 5 km Escalão 3 6 a 10 km Escalão 4 11 a 30 km Mensalidade Circuito Escalão 5 31 a 60 km Escalão 6 61 a 125 km Escalão km CAM Instalação Preço 113 em euros por Kbps , , , , , , , , , , ,06 Fonte: PT Tarifário actual (todos os valores encontram-se em Euros, sem IVA). Para circuitos até 2 Mbps (inclusive), face a um aumento pequeno mas significativo e não transitório do preço dos circuitos de menor débito, a diferença de preços entre a contratação ou a manutenção de uma solução assente em circuitos de menor débito face à contratação de uma nova solução assente em circuitos de débito imediatamente superior, permite concluir que existem incentivos para a maioria dos clientes de retalho optarem pela segunda alternativa. Ou seja, uma parte significativa dos clientes tenderá a contratar novos circuitos de débito imediatamente superior ao invés de (manter) circuitos de débito inferior que aumentaram de preço, tornando não rentável o aumento de preços por parte do monopolista hipotético 114. Esta conclusão é válida tanto para situações de contratação inicial do serviço por parte de novos clientes, como para situações de substituição do serviço previamente contratado por parte de 111 Especialmente os circuitos Ethernet - 10 Mbps e Fast Ethernet Mbps (e, em menor grau, Giga Ethernet - 1 Gbps ), que não foram considerados, à data, como relevantes ao nível da oferta retalhista de circuitos alugados. 112 Note-se que, já na anterior análise de mercado, os operadores (com excepção do Grupo PT) consideraram que o mercado relevante retalhista de circuitos alugados deveria incluir os circuitos de mais alto débito (superiores a 2 Mbps), pelo menos até à capacidade de 34 Mbps. Uma das entidades defendeu dever considerar-se um segundo mercado pelo menos até 622 Mbps. 113 Mensalidade do circuito local. 114 Por exemplo, um circuito local de 384 Kbps custa 220 euros mensais. Um SSNIP (10%) sobre este preço representa um aumento para 244 euros, que é exactamente o preço de um circuito imediatamente superior (512 Kbps). A substituibilidade neste caso parece evidente (maior débito pelo mesmo preço). 38 / 169

39 Quociente entre o preço do circuito de capacidade superior e o preço do circuito de capacidade inferior incrementado em 10% clientes do monopolista hipotético. Note-se ainda o decréscimo gradual do preço por Kbps à medida que a capacidade do circuito aumenta, efeito dos ganhos de escala, que traduz uma potencial valorização dos circuitos de maior capacidade. Relativamente à possibilidade de existir substituibilidade em cadeia para os circuitos digitais de 2, 10, 34, 100, 155 Mbps ou 1 Gbps, para a maioria dos clientes de retalho, do ponto de vista estritamente funcional, esta hipótese ainda se afigura provável, considerando que já não se verifica o elevado diferencial de capacidade anteriormente existente entre os patamares 2 vs. 34 vs. 155 Mbps, dado passarem a existir dois níveis intermédios, 10 Mbps e 100 Mbps, associados à oferta Ethernet (que, conforme se concluiu, faz parte do mercado relevante) o que permite uma redução da diferença de preço entre os circuitos de capacidades sequenciais. Até recentemente, nomeadamente até à maturação/operacionalização das ofertas suportadas em Ethernet, não seria credível que, para a maioria dos clientes de retalho, os circuitos digitais de maior capacidade pudessem ser considerados substitutos dos circuitos digitais de 2 Mbps, tendose identificado, na análise de 2005, um corte na cadeia de substituibilidade nos 2 Mbps vide Gráfico 2. Gráfico 2 - Diferença de preço considerando apenas circuitos tradicionais: contratação de circuitos de maior capacidade vs. manutenção de circuitos de menor capacidade, com aumento de 10% (circuito local) > > > > > > > > >2M 2M->34M 34M->155M Contudo, as recentes evoluções tecnológicas ao nível das soluções de transmissão simétrica sobre xdsl e Ethernet têm vindo a suportar a crescente (e recente) procura de circuitos com capacidades superiores a 2 Mbps (e.g. 10 Mbps e 100 Mbps), já que estes apresentam preços concorrenciais face aos circuitos tradicionais a 34 Mbps e superiores (e, em certos casos, face aos próprios circuitos tradicionais de 2 Mbps). Este efeito de substituibilidade em cadeia mantém-se no caso de circuitos digitais com 115 No caso dos circuitos de 155 Mbps, em que o preço de retalho é estabelecido caso a caso, não havendo um preço fixo de tabela, estimou-se que este seria equivalente ao preço grossista acrescido de uma margem de 26% (margem mínima para assegurar o cumprimento da obrigação de retalho menos actualmente em vigor). 39 / 169

40 Quociente entre o preço do circuito de capacidade superior e o preço do circuito de capacidade inferior incrementado em 10% velocidades de transmissão até 1 Gbps inclusive, como é visível no Gráfico 3. Gráfico 3 - Diferença de preço considerando circuitos tradicionais e circuitos Ethernet: contratação de circuitos de maior capacidade vs. manutenção de circuitos de menor capacidade, com aumento de 10% (circuito local) > > > > > > > > >2M 2M->10M 10M->100M 100M->155M 155M->1G Considerando um cenário de aumento não transitório de 10% no preço dos circuitos de 2 Mbps, praticado por um monopolista hipotético, a reduzida diferença existente entre este preço e o preço de um circuito no patamar seguinte, tornaria viável a substituição de circuitos de 2 Mbps por circuitos de 10 Mbps 117. O mesmo comportamento é observado no caso dos circuitos de 34 Mbps, com a sua provável substituição por circuitos de 100 Mbps. A substituibilidade em cadeia que existia até aos 2 Mbps pode ser assim estendida como se observa no Gráfico 3 para os circuitos (locais) até 1 Gbps (GE). Finalmente, há que relevar que apesar das interfaces Ethernet disponibilizarem débitos (máximos) standard de 10 Mbps, 100 Mbps, 1 Gbps, etc., é possível e até corrente, serem estabelecidos circuitos ( ligações lógicas ) com submúltiplos daqueles patamares standard (e.g. circuitos Ethernet de 5 Mbps interface 10 Mbps, 50 Mbps interface 100 Mbps, ou 500 Mbps interface 1 Gbps), pelo que, conceptualmente, existirá uma cadeia praticamente contínua nos débitos dos circuitos suportados em Ethernet. Também do ponto de vista técnico, a actual tendência de migração para soluções convergentes e tecnologicamente mais evoluídas, nomeadamente com recurso à Ethernet (e protocolo IP), leva, na prática, a uma crescente substituição de circuitos tradicionais por circuitos suportados em Ethernet E e FE (ou até GE, em casos mais pontuais), de maior capacidade. Adicionalmente, em face dos dados actualmente disponíveis, assiste-se a um aumento da procura de circuitos de maior capacidade. Com efeito, os circuitos digitais de capacidade superior a Para os cálculos com as mensalidades dos circuitos Ethernet (normalmente estabelecidos caso a caso, no retalho) foram utilizados valores de referência representativos, a partir de certas ofertas da PT Prime. 117 Na prática, um circuito local de 10 Mbps (E) será substituto de um circuito tradicional de 4 Mbps (constituído por 2 circuitos de 2 Mbps), sendo que, pelo mesmo preço, é disponibilizado à empresa cliente final um débito 2,5 vezes superior. 40 / 169

41 Mbps tinham uma representação residual em e, no final de 2008, existiam já 200 circuitos de capacidade superior a 2 Mbps alugados no mercado de retalho. Acresce que a actual tendência de migração de circuitos de mais baixa capacidade para circuitos de maior capacidade, satisfeita também através de circuitos alugados por novos operadores com acesso às mesmas tecnologias do operador histórico, e.g., Ethernet, constitui um indicador relevante da efectiva substituibilidade entre circuitos alugados de diferentes capacidades. Considerando as evoluções tecnológicas e de mercado, bem como as diferenças de preço verificadas, conclui-se, com base na análise realizada, que uma solução assente em circuitos digitais de maior capacidade constitui, para a maioria dos clientes de retalho, uma real alternativa na sequência de um aumento pequeno mas significativo e não transitório do preço de circuitos de menor capacidade (elemento anterior na cadeia) 119. Substituibilidade do lado da oferta Da análise do lado da procura, verificou-se já não existir um ponto de quebra da cadeia de substituibilidade para circuitos de débito superior a 2 Mbps. Do ponto de vista da infra-estrutura/tecnologia de suporte aos serviços de circuitos alugados é de referir a aparente existência de um ponto de quebra naquele nível de capacidade, tendo em conta que a maior parte da oferta de circuitos de capacidade superior a 2 Mbps é normalmente suportada em redes de fibra óptica e tecnologias SDH e, mais recentemente, Ethernet, recorrendo-se, normalmente, à rede de cobre (e.g., PDH e/ou xdsl) para os circuitos de mais baixo débito, sobretudo na rede de acesso 120. No entanto, no caso de um aumento pequeno mas significativo e não transitório dos preços dos circuitos de débito até 2 Mbps (suportados em rede de cobre) por parte de um monopolista hipotético, os operadores que já oferecessem circuitos de alto débito suportados em redes de fibra óptica poderiam passar a fornecer aquele tipo de serviço recorrendo a circuitos de mais alto débito (e.g., 10 ou até 34 Mbps), ainda que incorrendo em (algum) investimento associado a alterações nas configurações e funcionalidades das respectivas redes 121. Assume-se assim uma substituibilidade em cadeia do lado da oferta entre circuitos com capacidades iguais ou inferiores a 2 Mbps e com capacidades superiores 2 Mbps vs. 10 Mbps vs. 34 Mbps vs. 100 Mbps vs. 155 Mbps vs. 1 Gbps. 118 De acordo com os dados obtidos das respostas ao questionário sobre circuitos alugados para efeitos de avaliação de PMS, em 2004 existiam 28 circuitos de capacidade superior a 2 Mbps no retalho. 119 Ao contrário do resultado da análise de substituibilidade realizada na anterior análise de mercado (em que os circuitos suportados em Ethernet não foram considerados). 120 Acresce que os circuitos alugados de capacidade superior a 2 Mbps terão uma maior complexidade de implementação, sendo normalmente necessário proceder a uma avaliação casuística mais complexa (nomeadamente ao nível do planeamento da rede de transporte), podendo também existir, dado o grande volume de tráfego associado, necessidades acrescidas em termos de securização. 121 E.g., na multiplexagem (e desmultiplexagem) de ligações de baixo débito em ligações de alto débito, ao nível do acesso. 41 / 169

42 Adicionalmente, assiste-se à instalação massiva de fibra óptica na rede de acesso, nomeadamente no âmbito das novas redes de acesso (NRA) e em acréscimo ao continuado investimento na rede óptica de transporte, o que facilita essa substituibilidade do lado da oferta. Registe-se que as recentes evoluções tecnológicas ao nível das soluções de transmissão simétrica sobre Ethernet têm possibilitado a oferta de circuitos com capacidades superiores a 2 Mbps a preços concorrenciais face aos circuitos tradicionais PDH/SDH a 34 Mbps e aos próprios circuitos de 2 Mbps (e mesmo de capacidade inferior) vide a este respeito a secção Por outro lado, existindo uma oferta grossista com diversas capacidades disponíveis, qualquer operador poderá oferecer circuitos de diversas capacidades, integrando com maior ou menor amplitude elementos da sua própria rede. Conclusão: segmentação dos circuitos digitais segundo a capacidade Tendo em conta a análise efectuada, considera-se que os circuitos alugados de capacidade até 1 Gbps, independentemente da tecnologia ou infra-estrutura de suporte, encontram-se no mesmo mercado do produto, não existindo uma quebra da cadeia de substituibilidade, tanto do lado da procura como do lado da oferta. Esta conclusão permite inferir que já não se pode excluir do mercado do produto de circuitos alugados retalhistas os circuitos de capacidades superiores a 2 Mbps, entendimento que se revê face à anterior análise de mercado Conclusão: definição do mercado do produto A análise da substituibilidade do lado da procura e da oferta aponta para a definição de um único mercado de produto de circuitos alugados a clientes de retalho, designadamente: o mercado retalhista de circuitos alugados analógicos e digitais, sem distinção de capacidade ou tecnologia. Entendendo-se existir substituibilidade, tanto do lado da procura como do lado da oferta, de circuitos alugados suportados em tecnologias Ethernet e tradicionais e, por conseguinte, dada a existência de novos patamares intermédios (e.g. 10 Mbps e 100 Mbps) n(ess)a cadeia de substituibilidade, entende esta Autoridade não dever ser este mercado segmentado por capacidade. Adicionalmente, também não se prevê utilidade prática numa eventual segmentação em vários sub-mercados (no limite, em número elevado), porquanto essa segmentação não iria alterar substancialmente o entendimento do ICP-ANACOM relativamente à situação concorrencial no(s) mercado(s) (retalhista e, consequentemente, grossistas) de circuitos alugados. Isto porque, como se demonstrou, no mercado de retalho, qualquer que fosse o subsegmento, que o mesmo não 42 / 169

43 cumpre o teste dos três critérios por inexistência de barreiras à entrada e suficiência da Lei da Concorrência Definição do mercado geográfico Após a identificação do mercado do produto, é necessário definir a sua dimensão geográfica. De acordo com as Linhas de Orientação o mercado geográfico relevante inclui uma área na qual as empresas em causa participam na oferta e procura dos produtos ou serviços relevantes, onde as condições de concorrência são semelhantes ou suficientemente homogéneas e que podem ser distinguidas das áreas vizinhas onde as condições de concorrência prevalecentes são consideravelmente diferentes 122. Neste contexto, o âmbito geográfico de um mercado pode ser definido em função de dois critérios principais: A existência de instrumentos legais e regulamentares, nomeadamente, restrições associadas à licença/autorização, obrigações tarifárias e de prestação de serviços O Grupo PT presta serviços de circuitos alugados retalhistas em todo o território nacional 123 e não apresenta, no último tarifário conhecido, preços específicos para diferentes áreas geográficas ou rotas específicas. Apenas os preços para circuitos CAM são distintos, dado que são suportados em grande parte em cabos submarinos 124, sendo o preço dos circuitos de mais alto débito (iguais ou superiores a 155 Mbps) definido caso a caso, mas com um volume actualmente pouco significativo para justificar uma eventual segmentação geográfica. A área abrangida por uma rede A rede do Grupo PT abrange todo o território nacional, mas as redes de transporte dos principais operadores alternativos, suportadas, em larga medida, em fibra óptica e em sistemas de transmissão DWDM e SDH, interligam fundamentalmente as principais cidades do território continental, existindo um conjunto reduzido de redes metropolitanas em fibra óptica 125 em algumas destas cidades 126. Existem ainda operadores e outras entidades detentoras de extensas infra-estruturas de fibra 122 Cf. Linhas de Orientação Obrigação (aplicável ao conjunto mínimo) constante das bases da concessão do serviço público de telecomunicações aprovadas pelo Decreto-Lei n.º 31/2003, de 17 de Fevereiro. 124 Vide, a este respeito, análise mais detalhada nesta secção, bem como no Capítulo 4, na parte relativa ao serviço grossista de backhaul da PTC. 125 MAN, Metropolitan Area Network Rede de comunicações de alta velocidade de uma área metropolitana. Concebida de forma fechada em cabo de fibra óptica. 126 As MAN da Novis cobriam, segundo este prestador, mais de 23 mil kms de pares de fibra óptica em Adicionalmente, a Sonaecom possui 920 km de condutas de redes metropolitanas. 43 / 169

44 óptica e de rede de transporte, e.g., REN e ReferTelecom, que cobrem sobretudo as principais ligações entre cidades (nomeadamente as capitais de distrito e outras cidades de dimensão média) no território continental, mas cuja oferta não tem tido expressão em termos do serviço de circuitos alugados a nível retalhista. O nível de concorrência existente no mercado de fibra óptica tem impacto significativo no mercado grossista de circuitos alugados, nomeadamente nos segmentos de trânsito. A rede de transmissão dos operadores de menor dimensão está sobretudo presente nos centros urbanos de Lisboa e Porto. Esta matéria será tratada em maior detalhe no Capítulo 4. Apesar de existirem mais operadores concentrados nos principais centros urbanos, os produtos retalhistas são oferecidos homogeneamente dentro e fora destas áreas, não existindo, na generalidade, diferenças nas suas estratégias de marketing referentes aos produtos, preços e condições 127 para, por exemplo, Lisboa ou Porto, ou para outras áreas do território. O Grupo PT que detém a maior quota de mercado no retalho pratica preços homogéneos em todo o território. Para além disso, os operadores alternativos podem recorrer às ofertas grossistas do Grupo PT (reguladas e não reguladas) para complementar a sua oferta e revender circuitos alugados no retalho, apresentando assim perante o cliente final um portfolio a nível nacional. Neste sentido, o ICP-ANACOM entende que o produto é oferecido de maneira homogénea em todo o território nacional. De acordo com a informação disponível, e não obstante se reconhecer diferenças ao nível da cobertura e posse de infra-estrutura, não são reconhecidas, no mercado retalhista, diferenças na dinâmica concorrencial entre áreas geográficas ou rotas específicas, não se justificando a identificação de mercados geográficos distintos ao nível do retalho. No que diz respeito aos circuitos CAM, correspondentes aos circuitos alugados entre dois pontos, um no continente e outro na região autónoma dos Açores ou da Madeira, que servem o cliente retalhista, considera-se que as condições concorrenciais que enfrentam são mais gravosas do que as associadas aos restantes circuitos alugados, dado que não existem ofertas grossistas alternativas nas actuais ligações para as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, suportadas em cabo submarino da PTC. Isto é, qualquer prestador que pretenda oferecer o serviço retalhista de circuitos alugados para as referidas regiões terá que contratar circuitos CAM (grossistas), pois a alternativa, o desenvolvimento de rede própria desde o continente até essas regiões, é economicamente inviável. Estas condições não são, contudo, suficientemente heterogéneas das restantes para justificar a sua exclusão de um único mercado retalhista nacional. As especificidades próprias destes circuitos serão tratadas ao nível grossista. Relativamente aos circuitos alugados internacionais, regista-se que a procura deste tipo de 127 Por exemplo, ao nível da securização ou qualidade de serviço. 44 / 169

45 circuitos por parte dos operadores diminuiu consideravelmente desde 2001 até e, de acordo com os dados actualmente disponíveis para o retalho 129, mantêm um reduzido peso no volume total de circuitos, bem como no volume de receitas Conclusão: mercado retalhista de circuitos alugados Na sequência da análise efectuada considera-se que o mercado retalhista de circuitos alugados é constituído por circuitos analógicos e circuitos digitais sem distinção de capacidade, independentemente da tecnologia de suporte, e abrange todo o território nacional (incluindo os circuitos para as Regiões Autónomas dos Açores e Madeira) A aplicação do teste dos três critérios O mercado retalhista ( do conjunto mínimo de linhas alugadas 131 ) já não faz parte da lista de mercados susceptíveis de regulação ex ante da Recomendação. Contudo, de acordo com a mesma Recomendação da CE, um dado mercado pode ser definido como relevante se cumprir o teste dos três critérios. Nesta secção é analisado se o mercado retalhista de circuitos alugados, acima definido, cumpre o teste dos três critérios e, nessa condição, é considerado como um mercado relevante para efeitos de regulação ex ante. Os três critérios são cumulativos e, por isso, devem ser aplicados em conjunto. De acordo com a Recomendação, [p]ara identificar os mercados que são susceptíveis de regulamentação ex ante, interessa aplicar os critérios cumulativos seguintes. O primeiro critério é a presença de obstáculos fortes e não transitórios à entrada no mercado, sejam de natureza estrutural, jurídica ou regulamentar. No entanto, dada a natureza e o funcionamento dinâmicos dos mercados das comunicações electrónicas, devem igualmente ser tomadas em consideração, quando se efectua uma análise prospectiva para identificar os mercados relevantes para eventual sujeição a regulamentação ex ante, as possibilidades de superar os obstáculos à entrada no horizonte temporal pertinente. Por conseguinte, o segundo critério admite apenas os mercados cuja estrutura não tende para uma concorrência efectiva no horizonte temporal pertinente. A aplicação deste critério implica que se examine a situação da concorrência por detrás dos obstáculos à entrada. O terceiro critério é o facto de a aplicação do direito da concorrência, só por si, não corrigir adequadamente a ou as deficiências apresentadas pelo mercado. 128 Dados do sistema de contabilidade analítica da PTC, de 2001 a 2004 (1.º semestre). 129 Dados fornecidos pelas respostas aos questionários de 2006 a Por outro lado, verifica-se que a actual situação concorrencial nos circuitos alugados internacionais é substancialmente diferente da dos circuitos alugados nacionais, sendo que a oferta daqueles circuitos é muito diversificada, quer sendo disponibilizada por infra-estrutura própria dos operadores, quer pelos acordos ou parcerias estabelecidos com operadores internacionais. 131 Como definido na anterior Recomendação. 45 / 169

46 Se um critério não é cumprido, então pode-se concluir que o mercado em causa não será, à partida, um mercado relevante susceptível de regulação ex ante Presença de obstáculos fortes e não transitórios à entrada no mercado À partida, não existem quaisquer barreiras legais, administrativas ou regulatórias à entrada no mercado retalhista de circuitos alugados. Relativamente às barreiras estruturais, importa analisar, segundo a Recomendação, os indicadores relativos aos obstáculos à entrada na ausência de regulamentação (incluindo a medida dos custos irrecuperáveis), à estrutura do mercado, ao seu desempenho, à sua dinâmica, incluindo indicadores como as quotas de mercado e as tendências nessa matéria, os preços do mercado e as tendências nessa matéria, assim como a extensão e a cobertura das redes ou infraestruturas concorrentes. Na anterior análise de mercado, o ICP-ANACOM concluiu que a elevada e persistente quota de mercado das empresas do Grupo PT, juntamente com as barreiras à entrada associadas à extensão da rede e integração vertical dessas empresas, constituía um indicador de que a dominância do Grupo PT no retalho iria manter-se no futuro. Por outro lado, considerou o ICP-ANACOM que a regulação ao nível grossista não era, só por si, suficiente para colmatar eventuais falhas de mercado, isto é, para cumprir os objectivos regulatórios nesta matéria. Com efeito, em 2004, apenas o Grupo PT estava presente no mercado retalhista de circuitos alugados analógicos, pelo que a sua quota de mercado era, naturalmente, de 100%. Ao nível dos circuitos alugados digitais, a quota de mercado do Grupo PT, no final do mesmo ano, era de cerca de 93% ao nível de receitas 133 no mercado de circuitos até 2 Mbps, circuitos abrangidos pelo conjunto mínimo. A quota do Grupo PT nas componentes de 64 Kbps e de n 64 Kbps era superior aquele valor (cerca de 97%), mas o mesmo já não acontecia para os circuitos de 2 Mbps e superiores (mas estes já fora do mercado relevante 134 ), em que a quota descia para cerca de 81%. Este facto já indiciava uma apetência para uma entrada no mercado fundamentalmente ao nível dos circuitos de maior capacidade, nomeadamente associados a distâncias mais longas, os quais permitem, à partida, uma maior rentabilidade. Estas elevadas quotas de mercado do Grupo PT têm-se vindo a reduzir ao longo do período agora em análise (2006 a 2008). Nos circuitos analógicos, ainda que a quota do Grupo PT se mantenha próximo de 100%, assistiu-se à entrada, em 2007, de dois operadores neste segmento do mercado retalhista. Acresce 132 Vide ERG Report on Guidance on the application of the three criteria test. 133 E de cerca de 96% ao nível do volume de circuitos. 134 Tendo em conta o reduzido volume e receitas, no retalho, dos circuitos de maior capacidade (superior a 2 Mbps), estes foram excluídos do mercado relevante nessa decisão, sendo que já não integravam o conjunto mínimo de circuitos alugados definido a nível da União Europeia. 46 / 169

47 que existe uma clara migração de circuitos analógicos para circuitos digitais de baixo débito, tendo o volume de circuitos analógicos no retalho diminuído 16,1% entre 2006 e Ao nível dos circuitos alugados digitais (até 2 Mbps, exclusive), o volume e a receita globais destes circuitos encontra-se, nos últimos anos, em queda acentuada (de, respectivamente 47,1% e 23,7%, de 2006 para 2008). A quota de mercado do Grupo PT 135 nestes circuitos que, no final de 2008, era de 87,3% ao nível de receitas e de 90,8% ao nível do volume, apresenta descidas da ordem dos 6%. À primeira vista, esta descida da quota de mercado do Grupo PT parece representar uma redução pouco significativa, mas o certo é que não tem em conta a evolução verificada nos segmentos dos circuitos de 2 Mbps (e de capacidade superior, mas que actualmente não são regulados), cujas receitas e volume, ao contrário dos circuitos analógicos e digitais de baixa capacidade, tem vindo a aumentar de modo significativo e em que importa salientar que as quotas de mercado do Grupo PT nestes dois segmentos (2 Mbps e de capacidade superior) descem, no final de 2008, para valores de 70,3% e 39,7% em termos de volume, respectivamente para os segmentos de circuitos de 2 Mbps e de capacidades superiores 136. Adicionalmente, importa salientar que, desde 2005, entraram no mercado retalhista, em particular nos segmentos de capacidade igual ou superior a 2 Mbps, vários novos operadores, o que tem vindo a trazer uma nova dinâmica a este mercado, principalmente nestes segmentos considerados mais rentáveis, concretizada num aumento expressivo da quota de mercado dos novos operadores neste mesmo segmento. Não há, portanto, obstáculos intransponíveis à entrada no mercado, como já se tinha concluído supra, relativamente aos circuitos analógicos. Assim, face: à entrada de novos prestadores no mercado de retalho (incluindo a entrada de dois operadores no segmento de circuitos analógicos em 2007); à redução continuada do volume de circuitos analógicos e digitais de baixo débito e correspondente receita; à tendência para a migração de circuitos analógicos para circuitos digitais de baixo débito, bem como destes para circuitos de capacidade superior (nomeadamente, superior a 2 Mbps); e às expressivas quotas de mercado (especialmente em volume) já conseguidas pelos novos operadores no segmento de circuitos de 2 Mbps e, fundamentalmente, de capacidade superior a 2 Mbps, é razoável afirmar que as barreiras à entrada no mercado retalhista de circuitos alugados já não 135 A partir de 2005, apenas uma empresa do Grupo PT, a PT Prime, está presente no mercado de retalho de circuitos alugados. 136 E para 87,2% e 34,2%, ao nível das receitas de circuitos, respectivamente de 2 Mbps e de capacidades superiores a esta. 47 / 169

48 serão (tão) elevadas. Numa análise prospectiva, é expectável que estas tendências sejam confirmadas e até acentuadas. As principais barreiras à entrada identificadas pelo ICP-ANACOM na anterior análise de mercado estavam associadas ao controlo, por parte do Grupo PT, da rede de suporte ao serviço de circuitos alugados. Os custos irrecuperáveis (ou afundados), que no caso dos circuitos alugados são extremamente elevados, constituíam e ainda constituem uma importante barreira estrutural à entrada 137. Com efeito, não é economicamente viável para os novos operadores replicarem toda a rede de acesso da PTC, devendo também ter-se em conta as significativas economias de escala e de gama associadas a esta rede. Adicionalmente, o Grupo PT é composto por operadores integrados verticalmente, com presença quer ao nível do mercado grossista quer ao nível do mercado de retalho. Se existisse dificuldade em conseguir inputs do mercado grossista ou em obter esses inputs a um preço competitivo, poderiam acentuar-se as barreiras à entrada ao nível do retalho. Todas estas barreiras foram consideradas, na anterior análise de mercado de 2005, como elevadas e não transitórias, não sendo previsível, à altura, que pudessem ser reduzidas num período de tempo razoável. Esta conclusão poderia previsivelmente manter-se no futuro, se não acontecessem alterações estruturais substanciais nos mercados, especialmente ao nível das redes e tecnologia (e.g. Ethernet), pois, em termos globais, a quota do Grupo PT, ainda que tendo decrescido, continua actualmente elevada, acima de 80% para a totalidade do mercado retalhista de circuitos alugados. Contudo, e de acordo com as Linhas de Orientação, a presente análise deve ser realizada partindo do princípio que o mercado retalhista não está sujeito a regulação ex ante, sendo no entanto considerada a eventual regulação dos mercados grossistas conexos. Neste âmbito, considera o ERG que, por exemplo, uma obrigação grossista de acesso pode reduzir ou até eliminar as seguintes barreiras no mercado retalhista a jusante: controlo de infra-estrutura não facilmente replicável: os operadores alternativos podem aceder e utilizar recursos específicos da rede do operador dominante em condições razoáveis e não discriminatórias; vantagens ou superioridade tecnológica: os operadores alternativos podem ter acesso a tecnologias utilizadas pelo operador dominante e concorrer utilizando as mesmas vantagens tecnológicas; integração vertical: a oferta de produtos grossistas regulados pode permitir aos 137 Um potencial entrante pretenderá suportar tais custos de investimento se for expectável cobrir os mesmos, bem como os custos de produção, através das receitas conseguidas. O operador histórico (que já fez os seus investimentos) pode assim explorar esta assimetria sinalizando junto do potencial entrante que, caso decida iniciar a actividade naquele mercado, os preços serão demasiado baixos para cobrir os custos irrecuperáveis. Desta forma a entrada é desencorajada. 48 / 169

49 operadores alternativos desenvolver gradualmente a sua própria rede, suportando-se (em complemento) na rede do operador dominante. Para o ERG, uma obrigação grossista de orientação dos preços para os custos, em conjunto com a referida obrigação de acesso, pode contribuir ainda mais para a redução das barreiras à entrada no mercado retalhista a jusante, permitindo aos operadores adquirir os necessários inputs grossistas que lhes possibilitam concorrer ao mesmo nível que o prestador retalhista dominante. Finalmente, poderá ser útil, segundo a mesma entidade, analisar o impacto efectivo das obrigações grossistas ao nível da entrada de operadores a jusante, isto é, se essas obrigações são efectivas na eliminação da falha de mercado. Como já referido, o ICP-ANACOM concluiu, na anterior análise, que o Grupo PT detinha PMS nos mercados grossistas relevantes identificados e por conseguinte impôs a essa entidade as seguintes obrigações: i) acesso e utilização de recursos de rede específicos; ii) não discriminação na oferta de acesso e interligação e na respectiva prestação de informações; iii) transparência na publicação de informações; iv) separação de contas quanto a actividades específicas relacionadas com o acesso e/ou a interligação; v) controlo de preços e contabilização de custos e vi) reporte financeiro. A PTC publicou em 2005, em cumprimento das referidas obrigações, a oferta de referência de circuitos alugados grossistas ORCA, abrangendo todo o território nacional e as tecnologias analógicas e digitais, contemplando, neste caso, os débitos de 64 Kbps a 2 Mbps, 34 Mbps e 155 Mbps. Esta oferta é activamente utilizada pela maioria dos operadores e prestadores de serviços, incluindo os operadores a actuar no mercado de retalho de circuitos alugados. No âmbito da ORCA, os operadores têm acesso garantido em todo o território nacional e de modo não-discriminatório aos inputs grossistas, a preços orientados para os custos em prazos bem definidos e com determinada qualidade de serviço, o que lhes permite, para além da construção de rede própria, revender circuitos alugados no mercado retalhista, beneficiando da ubiquidade da rede da PTC, sem que tenham que, por exemplo, investir fortemente em infraestruturas de rede alternativas. Podem ainda os operadores alternativos rentabilizar as infraestruturas que detenham recorrendo ao aluguer de circuitos parciais, acessíveis através de coinstalação em centrais da PTC onde podem partilhar espaços e funcionalidades já disponíveis para outros serviço, nomeadamente acesso a lacetes locais e interligação de redes. Adicionalmente, o ICP-ANACOM considera ser possível e mesmo necessário melhorar diversos aspectos da actual oferta grossista regulada, prevendo promover a sua alteração na sequência da presente análise de mercado de forma a que a mesma tenha um maior impacto nos mercados de retalho nomeadamente com a inclusão dos circuitos Ethernet na ORCA. Esta matéria será abordada em detalhe no Capítulo 6, mas importa salientar desde já que a imposição de obrigações de controlo de preços, nomeadamente em termos de orientação para os custos, permite aos operadores alternativos beneficiar das economias de escala e de gama do Grupo PT. Sem prejuízo, deve ser ainda salientado que os operadores alternativos têm vindo a desenvolver 49 / 169

50 as suas redes de transporte em fibra óptica, nomeadamente recorrendo a fibra escura (por exemplo, de utilities ), e instalando pontos de acesso/nós de rede nas principais cidades. Pelo facto de existir infra-estrutura de transporte alternativa nas rotas que ligam esses nós de rede, pode-se afirmar que, nessas mesmas rotas, não existirão barreiras à entrada, mesmo que não haja oferta grossista regulada. Esta matéria será mais detalhada no Capítulo seguinte. Em conclusão, e em linha com o referido pela CE, podendo os operadores presentes no mercado retalhista manter uma oferta ubíqua, recorrendo à oferta grossista regulada de circuitos alugados, nomeadamente para complementar a infra-estrutura própria, então as barreiras à entrada já não são elevadas. Os mercados grossistas e as obrigações a impor ao operador com PMS são analisados em secções posteriores, mas, para o propósito do presente teste, o ICP-ANACOM considera que a imposição efectiva, onde apropriado, das referidas obrigações grossistas é suficiente para reduzir as elevadas e não transitórias barreiras à entrada no mercado retalhista de circuitos alugados. Tendo em conta a análise supra, considera o ICP-ANACOM que as obrigações impostas ao Grupo PT, e actual e efectivamente consagradas na oferta de referência grossista e na sua operacionalização, permitiram, efectivamente, a entrada e expansão de operadores no retalho, bem como o incremento da concorrência neste mercado, em especial ao nível dos circuitos de 2 Mbps e de capacidade superior a esta, sendo que estes últimos agora também fazem parte do mercado de produto. Assim, o ICP-ANACOM considera que o mercado retalhista de circuitos alugados não cumpre o primeiro critério para definição de um mercado relevante susceptível de regulação ex ante. Sendo os três critérios cumulativos, o facto de o primeiro não ser cumprido implica, automaticamente, o incumprimento do teste e a correspondente exclusão do mercado retalhista do conjunto de mercados relevantes para efeitos de regulação ex ante. Não obstante, far-se-á uma análise sucinta dos dois restantes critérios, aliás como tem sido prática corrente por parte dos restantes reguladores Tendência do mercado para a concorrência efectiva Como acima referido, assiste-se, desde há vários anos e, especialmente, desde a anterior análise de mercado, a uma alteração na estrutura da procura de circuitos alugados retalhistas, com a tendência para a substituição das linhas analógicas e digitais de baixo débito por circuitos de maior capacidade, segmentos onde se tem assistido a uma crescente dinâmica concorrencial. Com efeito, o número de prestadores no mercado retalhista tem aumentado consideravelmente, em especial no ano de 2007, de dez (em 2006) para dezassete, incluindo dois novos operadores que forneceram circuitos analógicos. Por outro lado, deve-se referir a progressiva e continuada redução dos volumes de circuitos alugados no retalho e correspondente receita para os operadores, sentida principalmente ao nível 50 / 169

51 dos circuitos analógicos e digitais de baixo débito, até 2 Mbps vide Capítulo 2 e o anexo estatístico da Situação das Comunicações, publicado em 2009 pelo ICP-ANACOM 138 : Tabela 4 - Evolução do volume de circuitos alugados no retalho A actual tendência de migração de circuitos de baixa capacidade para circuitos de maior capacidade parece estar a ser também satisfeita através de circuitos alugados por novos operadores, os quais têm actualmente acesso às mesmas tecnologias do operador histórico, i.e., utilizando as mesmas vantagens tecnológicas (e.g. Ethernet). Por outro lado, esta tendência de migração de circuitos analógicos e digitais de baixa capacidade para circuitos de maior capacidade (igual ou superior a 2 Mbps), em parte agora alugados a novos operadores, não permitiu ainda uma redução substancial da quota global do Grupo PT no mercado retalhista. Ao nível dos circuitos analógicos e digitais de baixo débito, o volume e correspondente receita estão em queda, mas esses circuitos constituem ainda, em termos de volume global, uma parte significativa do mercado retalhista, e as quotas de mercado do Grupo PT ainda se mantêm a um nível elevado, ainda que se tenham reduzido desde Já ao nível dos circuitos de capacidade igual ou superior a 2 Mbps, a dinâmica concorrencial é substancialmente diferente, sendo que o mesmo Grupo PT vê a sua quota reduzir-se, no fim de 2008, para 70,3% e 39,7% em volume, respectivamente para os segmentos de circuitos de 2 Mbps e de capacidades superiores 139. Por outro lado, o contrapoder negocial dos compradores de serviços de circuitos alugados, essencialmente grandes clientes empresariais, é relativamente importante e apresenta uma tendência para aumentar, dada a maior dinâmica dos principais operadores concorrentes da PTC e as ofertas alternativas de que os compradores dispõem. Neste segmento de mercado, o comportamento do operador histórico poderia ser constrangido pela conjugação de esforços de um reduzido número de clientes com elevado peso no volume de negócios, mas que está dependente da existência de operadores alternativos, que era no passado reconhecidamente limitada, nomeadamente ao nível da oferta de rede local. Essa limitação é agora colmatada, quer pela rede própria (de que dispõem nomeadamente nas principais rotas), quer pela existência da oferta grossista ORCA, já estabilizada. Como se referiu anteriormente a evolução das quotas de mercado do Grupo PT nos circuitos de 138 Vide o Capítulo 3 do Anexo em Em termos de receitas, respectivamente, de 87,4% e 34,2%. 51 / 169

52 capacidade igual ou superior a 2 Mbps (actualmente de cerca de 70% e 40%, respectivamente) indicia uma tendência prospectiva no sentido da redução da quota global no mercado retalhista de circuitos alugados, atendendo à tendência do progressivo desaparecimento dos circuitos analógicos e de n 64 Kbps. Note-se, a este respeito, que o número de clientes do Grupo PT tem vindo a reduzir-se ao longo dos anos, especialmente desde a anterior análise, tendo-se inclusivamente reduzido, em 2007, a sua quota de mercado em número de clientes para 62,6% e 9,4%, nos circuitos com capacidade, respectivamente, igual ou superior a 2 Mbps. A PT Prime é o prestador com maior dimensão no mercado retalhista de circuitos alugados, tendo a OniTelecom, a Sonaecom e a COLT, como prestadores alternativos, alguma presença neste mercado, além de outros prestadores alternativos com menor dimensão. Deverá levar-se em consideração que os principais prestadores de serviços de circuitos alugados estão inseridos em importantes grupos económicos, e.g. Grupo Sonae e, até 2007, Grupo EDP 140, para além da COLT (um grupo internacional), com acesso facilitado ou privilegiado a recursos financeiros e/ou mercado de capitais. Estas ligações dos principais operadores a grupos de grande dimensão poderão ter ajudado e continuar a ajudar no aumento da rivalidade com o Grupo PT no mercado em causa. Por outro lado, não se tem assistido a um grande desenvolvimento de ofertas inovadoras no âmbito do mercado de circuitos alugados, exceptuando o caso dos circuitos suportados em Ethernet e em tecnologia SHDSL (utilizando lacetes desagregados). A oferta Ethernet é principalmente utilizada para suporte de circuitos de mais alta capacidade, superior a 2 Mbps, considerando o ICP-ANACOM expectável que a mesma venha a exercer uma pressão suficiente neste segmento, de modo a que a estrutura de mercado evolua, no médio a longo prazo, no sentido de uma concorrência efectiva. Apesar de se verificar um aumento da dinâmica concorrencial, resultante da expansão dos operadores já existentes e da entrada de novos operadores, consubstanciada num aumento da sua penetração, especialmente ao nível da quota de mercado nos circuitos de capacidade igual ou superior a 2 Mbps, ou de um contrapoder negocial dos compradores, não é expectável, contudo, que, no curto prazo, a quota de mercado do operador dominante, o Grupo PT, se venha a reduzir substancialmente de valores próximos de 80% (em 2008) 141 e possa atingir rapidamente níveis inferiores a 50%, especialmente em volume, dado o ainda importante peso dos circuitos analógicos e digitais de baixo débito no mercado retalhista de circuitos alugados. Este facto poderia ser um indicador de manutenção de PMS pelo que, não obstante a maior dinâmica no mercado, não resulta claro o incumprimento do segundo critério. Sendo, no entanto, os critérios cumulativos, recorda-se que a análise do critério anterior já permitiu concluir que já não existem barreiras elevadas e não transitórias à entrada. 140 Sendo que a OniTelecom pertenceu ao Grupo EDP até Neste valor teve-se também em conta as últimas respostas recebidas no âmbito do questionário relativo à situação das comunicações. 52 / 169

53 Insuficiência da lei da concorrência O ICP-ANACOM considera que os desenvolvimentos que se irão registar prospectivamente no mercado retalhista, em especial, com a diminuição das barreiras à entrada e o acréscimo da dinâmica concorrencial (nomeadamente nos circuitos de maior capacidade e nos circuitos suportados em tecnologia Ethernet) dos operadores com rede própria em expansão e/ou dos clientes grossistas das ofertas de circuitos alugados da PTC, não permitem concluir que o Grupo PT venha a manter no retalho uma posição de força económica que lhe permita agir de forma completamente independente das empresas clientes finais e de outros operadores que forneçam o mesmo tipo de serviços. A Autoridade da Concorrência interveio no âmbito de um concurso público para aquisição de serviços de comunicações electrónicas, incluindo o serviço de circuitos alugados, solicitando ao ICP-ANACOM um parecer sobre a alegada existência de cláusulas anti-concorrenciais numa das propostas apresentadas a concurso. Contudo, o ICP-ANACOM não tem recebido directamente queixas de entidades a actuar no mercado retalhista de circuitos alugados com excepção de preocupações pontuais relacionadas com a oferta grossista (em particular, a inexistência de oferta regulada de circuitos Ethernet e alguns SLAs 142 ) ou com a insuficiência de capacidade, durante um determinado período de tempo, nas ligações CAM não tendo, por isso, vindo a intervir neste mercado desde a anterior análise, com excepção da análise realizada no âmbito do supra referido concurso, que permitiu concluir sobre a ausência de indícios de práticas e comportamentos anti-concorrenciais por parte do Grupo PT. Tendo em atenção a análise agora efectuada e atendendo à informação disponível, esta Autoridade considera que a ausência de intervenções no mercado justifica a não imposição de obrigações ex ante no mercado retalhista uma vez que a existência de uma oferta grossista regulada reduz o espaço para eventuais comportamentos anti-competitivos. A ocorrerem tais situações, essencialmente no que diz respeito às condições existentes nos mercados da negociação e oferta de serviços agregados de comunicações electrónicas e suportados em circuitos alugados a empresas, a lei da concorrência será suficiente para as resolver 143. Conclui-se, portanto, que a ausência de queixas ou litígios permite concluir que a lei da concorrência será suficiente para resolver eventuais problemas que possam vir a ocorrer no mercado retalhista de circuitos alugados, não se cumprindo, também, o terceiro critério. Sem prejuízo, na definição das obrigações associadas aos mercados grossistas, o ICP-ANACOM procurará salvaguardar situações de alavancagem ilegítima para os mercados retalhistas e de práticas anti-competitivas nestes mercados, nomeadamente a nível de esmagamento de margens e colaborará activamente com a Autoridade da Concorrência em eventuais processos associados aos mercados que vão deixando de estar sujeitos a regulação ex ante. 142 Service Level Agreement Acordo de nível de serviço, definindo objectivos de qualidade e compensações por incumprimento dos mesmos. 143 Intervindo o ICP-ANACOM nos mercados grossistas conexos através da imposição de obrigações ex ante. 53 / 169

54 3.4. Comparação internacional De acordo com o Relatório de progresso sobre o mercado único europeu das comunicações electrónicas em 2008 (14.º Relatório) da CE, os preços retalhistas praticados pelo Grupo PT em 2007 e 2008 comparam favoravelmente com os preços praticados pelos operadores históricos de 26 Estados Membros. Com efeito, os preços dos circuitos alugados com capacidades de 2 Mbps e 34 Mbps (e para uma distância de 2 km) eram, em ambos os casos, inferiores à média dos preços apresentados pelos operadores históricos 144 o preço do aluguer mensal de um circuito de 2 Mbps com 2 km de extensão era de 290 euros, ou seja, o terceiro preço mais baixo do conjunto dos 26 países e inferior a 50% do preço médio 145 vide Error! Reference source not found. e Error! Reference source not found.. Gráfico 4 - Comparação de preços dos circuitos alugados de 2 Mbps de 2 km de comprimento 144 Vide secção 6 do documento de trabalho anexo ao Relatório da Comissão: Os preços para circuitos de 200 km são muito pouco representativos, dada a escassa procura de circuitos de retalho com comprimentos dessa ordem de grandeza. 54 / 169

55 Gráfico 5 - Comparação de preços dos circuitos alugados de 34 Mbps de 2 km de comprimento Por outro lado, a CE entende que uma oferta concorrencial ao nível do retalho pode ser assegurada nomeadamente com a imposição de obrigações ao operador com PMS nos mercados grossistas de circuitos alugados. Entendimento similar foi também seguido em análises de mercado efectuadas por ARN de outros Estados-Membros. De facto, a maior parte das ARN que efectuou a análise dos mercados de circuitos alugados ao abrigo da Recomendação revista sobre mercados relevantes concluiu que o mercado retalhista não justificava a imposição de obrigações regulamentares ex ante. Foram o caso da Eslovénia, da Espanha, da Holanda, da Irlanda e da República Checa. Inclusivamente, em alguns destes países (como, por exemplo, no caso da Holanda), a quota de mercado do operador histórico situa-se entre os 70 e os 80%. Apenas a Áustria, a Hungria e o Reino Unido consideraram que o mercado retalhista de circuitos alugados justificava a imposição de obrigações regulamentares ex ante. No caso da Áustria e Hungria essas obrigações incidiram nos circuitos até 2 Mbps e no caso do Reino Unido até 8 Mbps. No caso da Áustria, apenas três operadores que disponibilizam ofertas retalhistas celebraram um acordo com a Telekom Austria para utilizar a oferta de referência grossista e nunca, ou raramente, recorreram a essa oferta. Nos seus comentários à decisão da RTR, a CE convidou a RTR a reconsiderar a eficiência das actuais obrigações grossistas, devendo alterá-las de forma a que as mesmas tenham efeito nos mercados de retalho. No caso do Reino Unido, o OFCOM concluiu, entre outros aspectos, que existem elevadas barreiras (não transitórias) à entrada, que não são mitigadas pelos remédios impostos no mercado grossista, devido a certas deficiências na implementação da regulação grossista, e que tornam difícil a replicação das ofertas retalhistas por parte de outros operadores o facto de a quota de mercado da BT ser elevada e de ter inclusivamente aumentado de 2004 para 2006 (de 78 para 55 / 169

56 80%) confirmaria, segundo o OFCOM, a existência destas barreiras à entrada 146. Nos comentários efectuados à notificação do OFCOM, a CE referiu que com a imposição de regulação grossista as barreiras à entrada devem ser reduzidas e, caso haja um cumprimento estrito das obrigações impostas (ou a impor) a nível grossista, então as barreiras à entrada podem desaparecer. Neste sentido, a CE convidou o OFCOM a aumentar os esforços no sentido de assegurar o cumprimento total das obrigações grossistas e a monitorizar intensivamente os desenvolvimentos do mercado, em particular no sentido de verificar se o primeiro e segundo critérios continuam a se verificar no futuro (e.g. com a transição para tecnologias alternativas). No caso da Hungria, a CE efectuou comentário idêntico aos anteriores: o facto de o regulador húngaro ter concluído que o mercado grossista de segmentos de trânsito era concorrencial, conjugado com a imposição de obrigações apropriadas no mercado grossista de segmentos terminais, devia levar à redução das barreiras à entrada no mercado de retalho e facilitar o fornecimento do conjunto mínimo de linhas alugadas. Nesse sentido, a CE convidou a NHH a assegurar uma efectiva aplicação da regulação ao nível grossista Conclusão: mercado retalhista de circuitos alugados Como resultado desta análise, não se identificaram barreiras à entrada e à expansão significativas e intransponíveis no mercado retalhista de circuitos alugados. Com efeito, quer a expansão da rede própria dos operadores, quer as obrigações entretanto impostas fundamentalmente ao nível grossista, parecem ter sido suficientes para reduzir as barreiras à entrada e à expansão e permitir aos operadores alternativos, querendo, ultrapassar essas mesmas barreiras e entrar e/ou aumentar a sua quota de mercado no retalho. O ICP-ANACOM considera que, na presença de regulação ex ante ao nível grossista, nas áreas em que tal for necessário, as barreiras potenciais ao desenvolvimento de uma concorrência efectiva no mercado retalhista não são intransponíveis, não se cumprindo o primeiro critério do teste 147, não se exigindo, por isso, intervenção regulatória e a imposição de medidas correctivas através de controlos regulamentares ex ante. Também o nível de intervenção por parte desta Autoridade no retalho tem sido nulo, pelo que se considera que, havendo necessidade de intervir neste mercado, a lei da concorrência será, per se, suficiente. Na sequência da análise efectuada considera-se assim que, em Portugal, o mercado retalhista de circuitos alugados não é um mercado relevante susceptível de regulação ex ante, aliás em linha com a Recomendação da CE. Releve-se que, neste âmbito e como já exposto, a CE entende que a regulação nos mercados grossistas de circuitos alugados, nomeadamente a imposição de 147 Bem como o 3º critério, tendo-se considerado suficiente a lei da concorrência. 56 / 169

57 obrigações ao operador com PMS nesses mercados, pode ser suficiente para assegurar uma oferta concorrencial ao nível do retalho. O ICP-ANACOM considera que os factores considerados nesta análise não se irão alterar a curto/médio prazo, até à realização da próxima definição de mercado e análise de PMS A próxima definição de mercado será desencadeada logo que: (1) ocorra um facto que altere significativamente as condições de concorrência no mercado ou (2) logo que a Recomendação seja revista no que diz respeito a este mercado ou (3) no espaço de 24 meses. 57 / 169

58 4. DEFINIÇÃO E ANÁLISE DOS MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS Identificam-se agora os mercados grossistas relevantes, i.e., os mercados onde os operadores e prestadores de serviços procuram e oferecem circuitos alugados tanto para utilização no desenvolvimento das próprias redes como para suporte às ofertas de circuitos alugados ou outros serviços nos mercados grossistas e retalhistas. Na definição destes mercados grossistas é necessário ter em conta, sempre que tal seja considerado relevante, o mercado retalhista conexo, uma vez que a procura de serviços grossistas resulta, geralmente, da procura dos serviços de retalho oferecidos aos utilizadores finais Os serviços grossistas de circuitos alugados A nível grossista é possível definir componentes autónomas de um circuito alugado, nomeadamente os segmentos terminais e os segmentos de trânsito ver Capítulo 2. Os segmentos terminais fornecem capacidade de transmissão simétrica desde um ponto terminal da rede do lado do cliente até um ponto de agregação apropriado, sendo que, no caso nacional, este ponto é a central local 150. Os segmentos de trânsito, por seu turno, fornecem capacidade de transmissão simétrica entre dois pontos de agregação de tráfego, i.e., genericamente entre duas centrais locais. Um operador poderá adquirir, no mercado grossista, um circuito alugado constituído apenas por: i) um ou dois segmentos terminais; ii) apenas pelo segmento de trânsito (por exemplo, um circuito a ligar duas centrais em duas cidades ou um circuito CAM); ou iii) ambos os segmentos, terminal(ais) e de trânsito, dependendo em última instância da cobertura e tipologia da sua própria rede, a qual poderá ser utilizada na prestação do serviço ao utilizador final. 149 O ponto de partida para a definição e identificação de mercados grossistas é uma caracterização dos mercados retalhistas num dado horizonte temporal e das pressões concorrenciais a que estão sujeitos, do lado da procura e da oferta, tal como decorre da metodologia adoptada na Recomendação. Tal justifica-se pelo facto de, na generalidade, a procura dos serviços grossistas ser uma procura derivada, i.e., o nível de procura de inputs grossistas depende, regra geral, da procura de serviços retalhistas. No caso dos circuitos alugados, como se referiu, uma parte da procura é directamente induzida pela procura de circuitos retalhistas e outra parte da procura é para satisfação das necessidades próprias dos operadores e prestadores de serviços para a expansão da sua própria rede e serviços (e.g. acesso em banda larga). 150 A oferta grossista de referência (ORCA) define o segmento terminal (ou prolongamento local) como sendo o troço que liga a central local da PTC até às instalações do cliente final. 58 / 169

59 No mercado nacional tem existido procura, por parte dos operadores de rede fixa, de distribuição por cabo e de rede móvel, de segmentos terminais e de segmentos de trânsito de circuitos alugados (incluindo circuitos CAM), de circuitos parciais de linhas alugadas, de circuitos para interligação e de circuitos de acesso a cabo submarinos, para suporte às redes próprias e também a outros serviços prestados por estes operadores no retalho (como por exemplo, VPNs ou acessos directos). Esta procura tem sido satisfeita, em parte, pela oferta grossista de referência da PTC, a ORCA. Tem sido também satisfeita pelas ofertas não reguladas de circuitos Ethernet da PTC e de circuitos alugados de outros operadores, especialmente nas rotas/segmentos de trânsito onde esses operadores têm infra-estrutura própria 151. Como já referido, a ORCA foi publicada em cumprimento da decisão do ICP-ANACOM de 8 de Julho de 2005 e estabelece as características e as condições técnicas 152 e comerciais associadas ao fornecimento dos circuitos alugados grossistas por parte da PTC, abrangendo todo o território nacional e para as tecnologias analógica e digital (incluindo, neste caso, os débitos de 64 Kbps, N 64 Kbps (N = 2,..., 30), 2 Mbps, 34 Mbps e 155 Mbps) 153. A ORCA abrange os seguintes serviços grossistas: circuitos alugados extremo-a-extremo e circuitos parciais 154 (vide Figura 2 e Figura 3); circuitos para interligação de tráfego com a PTC, incluindo circuitos de interligação e extensões internas para interligação 155 ; circuitos para acesso a cabos submarinos ( backhaul ) 156 ; ligações entre operadores no interior das centrais da PTC Ou alugada, por exemplo, contratando fibra escura, como é o caso dos principais operadores alternativos, como a OniTelecom a Sonaecom ou a Vodafone. 152 Os parâmetros de qualidade de serviço, os objectivos de desempenho aplicáveis e as compensações por incumprimento desses objectivos, associados aos serviços prestados no âmbito da ORCA, encontram-se especificados no Anexo 4 desta oferta. 153 Segundo a ORCA, [o]s operadores podem utilizar a oferta de circuitos alugados da PTC, designadamente, para: i) Constituição e desenvolvimento da sua rede de comunicações electrónicas; ii) Interligação entre redes públicas de comunicações electrónicas (fixas e móveis), incluindo a interligação com a rede da PTC; iii) Suporte à prestação de outros serviços retalhistas de comunicações electrónicas adquiridos a jusante pelos seus clientes serviços de transporte de dados (ATM, Frame-Relay, etc.), serviços de acesso à Internet (acesso IP), serviços de comunicações electrónicas fixas e móveis, soluções empresariais (e.g., VPN), etc.; iv) Aluguer de circuitos alugados aos seus clientes. 154 Também segundo a ORCA, [u]m circuito parcial consiste na ligação entre um PTR não co-instalado em centrais da PTC e um PTR co-instalado numa central da PTC, sendo a extensão interna e o meio circuito, constituído por um PL e um TP, se este for necessário, fornecidos pela PTC. No caso em que o operador dispõe de infra-estrutura própria para, por exemplo, fornecer segmentos de trânsito, pode recorrer à oferta de segmentos terminais da PTC para a prestação do serviço de circuitos alugados no retalho ou a nível grossista, através do serviço de circuitos parciais de linhas alugadas. 155 De acordo com a ORCA [a] ligação entre os PGI da rede da PTC e os PGI da rede do OPS é realizada através de ligações dedicadas, designadas por circuitos para interligação de tráfego, os quais se destinam a cursar tráfego comutado com origem e/ou destino nas respectivas redes. 156 Na ORCA é referido que [o] serviço de circuitos para acesso a cabos submarinos (backhaul) consiste na ligação de uma determinada capacidade de um sistema internacional de cabos submarinos que amarre numa das ECS da PTC (Sesimbra ou Carcavelos), até ao POP de um OPS, localizado em território nacional. 157 Segundo a ORCA [u]ma extensão interna OPS-OPS consiste na ligação entre dois OPS co-instalados em centrais da PTC. 59 / 169

60 Figura 2 - Arquitectura simplificada dos circuitos extremo-a-extremo 158 Figura 3 - Arquitectura simplificada dos circuitos parciais Os mercados grossistas de segmentos terminais e de trânsito Os anteriores mercados 13 e 14 e a Recomendação A CE identificou na anterior Recomendação dois mercados grossistas que contemplam componentes relacionadas com a oferta de circuitos alugados com características distintas, nomeadamente ao nível das redes de suporte, débito e comprimentos: Mercado 13: Mercado grossista dos segmentos terminais de circuitos alugados; Mercado 14: Mercado grossista dos segmentos de trânsito de circuitos alugados. 158 Fonte: ORCA Anexo / 169

61 Conforme já referido na secção 1.4, a CE adoptou, no dia 17 de Dezembro de 2007, a Recomendação, na qual foram identificados sete mercados relevantes de comunicações electrónicas cujas características podem justificar a imposição de obrigações regulamentares ex ante. Na actual versão da Recomendação, apenas é definido um mercado grossista de circuitos alugados (antigo Mercado 13), da seguinte forma: Mercado 6: Fornecimento grossista de segmentos terminais de linhas alugadas, seja qual for a tecnologia utilizada para fornecer a capacidade alugada ou dedicada. É pois necessário proceder a uma definição dos mercados grossistas, incluindo a verificação se o anterior Mercado 14 é ainda, ou não, relevante para efeitos de aplicação de regulação ex ante. Dada a diferente dinâmica concorrencial em algumas rotas/segmentos de trânsito específicos, facto também evidenciado pela CE na Recomendação, será dada especial atenção à definição de eventuais mercados geográficos distintos. Registe-se que já na anterior análise de mercado se reconheceram as especificidades de certas rotas e a crescente dinâmica concorrencial nelas presentes Definição dos mercados de produto Segundo a Exposição de Motivos, o que constitui um segmento terminal dependerá da topologia de rede de um Estado-Membro em particular e deve ser decidido pela respectiva ARN. Na análise efectuada em 2005, para efeitos de identificação do ponto de separação/delimitação entre os dois mercados grossistas aí definidos, o ICP-ANACOM adoptou uma correspondência directa entre segmentos terminais e prolongamentos locais e entre segmentos de trânsito e troços principais, sendo a central local da PTC o ponto de delimitação entre as duas componentes de um circuito alugado grossista. Relembre-se que os segmentos terminais constituem os elementos que se encontram na periferia da rede, promovendo a ligação aos utilizadores finais/operadores e os segmentos de trânsito fazem parte do núcleo da rede (de transporte), fornecendo capacidade entre os nós que a constituem. De facto, os dois segmentos constituem mercados de produto distintos, sendo produtos complementares e não substitutos, correspondendo a necessidades diferentes relacionadas com elementos de rede distintos, dependentes da rede de cada cliente grossista. Por exemplo, um operador com uma extensa rede de transporte pode optar por alugar só segmentos terminais e não os (pode) substituir por segmentos de trânsito. Neste contexto, um operador que estivesse presente (co-instalado) em todas as centrais locais da PTC, e a elas acedendo através de rede própria, apenas necessitaria, no limite, de contratar segmentos terminais (na figura de circuitos parciais e respectivas extensões internas) para poder oferecer em todo o território um serviço de circuitos alugados extremo-a-extremo. 61 / 169

62 A oferta de segmentos terminais requer uma rede de acesso ubíqua, sendo, por outro lado, o investimento em segmentos de trânsito mais célere, com (maiores) economias de escala por virtude da agregação de débito que permite e, consequentemente, de retorno mais fácil. Por outro lado, a generalidade dos circuitos alugados disponibilizados no mercado grossista segue esta desagregação, sendo assim de relevar que do lado da oferta não será fácil a um prestador de segmentos de trânsito passar a fornecer segmentos terminais sem incorrer num aumento muito significativo de custos e em riscos de investimento e prazos de implementação elevados, não sendo por isso expectável que constranja um monopolista hipotético deste mercado. O ICP-ANACOM mantém também o entendimento de que uma alteração ao nível da fronteira entre as duas componentes, segmentos terminais e segmentos de trânsito, poderia provocar um impacto significativo e instabilidade no mercado, principalmente ao nível das decisões dos operadores alternativos relativamente a futuros investimentos para o desenvolvimento das suas redes e dos actuais modelos de rede de suporte à oferta de circuitos alugados e também, por exemplo, de suporte às ligações às centrais locais onde existe equipamento co-instalado e, consequentemente, nos modelos de negócio dos operadores. Acresce que os operadores co-instalados desenvolveram na maior parte dos casos as suas redes core precisamente até às centrais locais estão co-instalados. Assim, para efeitos da presente análise, mantém-se a central local como ponto de fronteira entre os segmentos terminais e os segmentos de trânsito que constituem, pelas razões acima expressas, mercados distintos Resumo de análise de substituibilidade anteriores O ICP-ANACOM considera que, dada a evolução registada desde a última análise do mercado e as análises de substituibilidade realizadas à data, as conclusões que foram daí extraídas se mantêm válidas no que diz respeito à definição do mercado de produto. Ou seja, continua válida e actual a análise de substituibilidade entre segmentos terminais e outros serviços de dados e segundo a capacidade. Esta substituibilidade é mais visível a nível de segmentos terminais, nomeadamente nos casos das tecnologias xdsl e das redes locais via rádio (R-LAN), uma vez que estas tecnologias não são as mais adequadas no caso dos segmentos de trânsito. Tendo também em conta a análise efectuada para o mercado retalhista (nas secções e ) e considerando que a análise e as conclusões para os mercados grossistas serão muito semelhantes, optou-se por analisar de uma maneira agregada e simplificada a substituibilidade do lado da procura e do lado da oferta dos vários serviços de dados/transmissão existentes, bem como a segmentação do mercado dos segmentos terminais de acordo com a sua capacidade. 62 / 169

63 Segmentos terminais vs. outros serviços de dados Alguns operadores utilizam actualmente tecnologias xdsl simétricas para a prestação do serviço de aluguer de circuitos na sua componente de terminação local. Mais especificamente, do ponto de vista funcional, e com base na OLL 159, é possível, em alguns casos, substituir a contratação de segmentos terminais por soluções SHDSL, assentes sobre lacetes desagregados contratados ao operador histórico, disponibilizando circuitos de baixa capacidade e até 2 Mbps, inclusive 160. No entanto, para obter uma solução equivalente em termos gerais e funcionais ao aluguer de segmentos terminais, seria necessário investimento adicional em equipamento de transmissão e na co-instalação num elevado número de centrais locais, bem como ao nível da qualidade de serviço os níveis actualmente garantidos pela ORALL são inferiores aos definidos para o serviço de circuitos alugados no âmbito da ORCA por exemplo, com a constituição de mais equipas técnicas na área da operação e manutenção de rede local em pares de cobre. Por outro lado, esse investimento ao nível da co-instalação permite aos operadores estender a sua rede de transporte até essas centrais locais, o que leva a uma diminuição na procura de segmentos de trânsito para a ligação às mesmas, situação que se tem confirmado na prática 161. Adicionalmente, os operadores podem utilizar essa infra-estrutura para, eles próprios oferecerem circuitos alugados no mercado grossista. Por outro lado, serviços oferecidos através de: a) redes de distribuição de televisão por cabo; b) ADSL; c) Redes locais via Rádio; d) serviços FWA; e e) serviços como VPNs ou outros serviços de gestão de capacidade 162, não constituem alternativas viáveis e generalizadas aos serviços grossistas de circuitos alugados vide a este respeito a análise de substituibilidade realizada no Capítulo 3 para os correspondentes serviços retalhistas 163. Neste contexto, a nível grossista, mais que substitutos, aqueles serviços assumiriam um elevado grau de complementaridade, até porque muitas destas ofertas de serviços (grossistas e retalhistas) se suportam elas mesmas em circuitos alugados Isto é, recorrendo à oferta de referência grossista, ORALL. Por exemplo, de acordo com o Relatório e Contas 2008 da Sonaecom, Durante o segundo semestre de 2008, o número de centrais desagregadas para circuitos SHDSL manteve-se estável. Com estes circuitos (instalados em 174 centrais), a Sonaecom tem capacidade para efectuar ligações directas para a maior parte da sua rede de acesso móvel, reduzindo assim a dependência em relação aos circuitos alugados do operador incumbente. 160 Ainda que as mais recentes soluções tecnológicas a este nível, utilizando múltiplos pares de cobre, permitam velocidades até cerca de 5 Mbps. 161 Um dos principais operadores co-instalados tinha, no final de 2008, mais de 86% dos circuitos contratados à PTC como circuitos parciais e extensões internas, i.e., menos de 14% do total de circuitos era constituído apenas por circuitos extremo-aextremo, o que indicia que este operador possui rede própria até um conjunto muito alargado de centrais locais da PTC. 162 Incluindo serviços ATM. Por exemplo, o transporte de tráfego entre comutadores ATM é também feito, normalmente, com recurso ao serviço de circuitos alugados (nomeadamente, segmentos de trânsito). 163 De facto, para a generalidade dos referidos serviços, existem limitações ao nível (i) da prestação de ligações extremo-aextremo transparentes e dedicadas, existindo partilha de recursos, (ii) da qualidade de serviço (níveis de serviço) a contratar; (iii) da velocidade de transmissão, sendo esta conclusão ainda reforçada pela inexistência (com excepção do ADSL) de qualquer tipo de oferta grossista por parte dos prestadores dos serviços em causa dirigida à generalidade dos operadores/prestadores de serviços de comunicações. 164 Por exemplo, o transporte de tráfego entre comutadores ATM ou a interligação ao nível do Acesso Agregado na oferta ADSL ( Rede ADSL PT ) são também implementados com recurso ao serviço de circuitos alugados. 63 / 169

64 Por fim, o volume dos investimentos e o tempo necessário à implementação de infra-estrutura fixa de acesso ao cliente final tornam difícil que outros operadores ofereçam, a curto e médio prazo e de modo generalizado no território nacional, segmentos terminais, como resposta a um aumento pequeno mas significativo e não transitório do preço daqueles serviços. Tendo em conta que, de um modo geral: os serviços potencialmente substitutos dos circuitos alugados apresentam diferentes características e funcionalidades perceptíveis pelos operadores, especialmente ao nível da qualidade, simetria e partilha no transporte de tráfego; os seus preços são distintos; a oferta destes serviços é diminuta e/ou geograficamente dispersa, um monopolista hipotético não veria o seu comportamento minimamente constrangido pelos serviços em causa. O ICP-ANACOM considera, pelas razões anteriormente expressas, não dispor de evidência suficiente que permita concluir que os serviços em análise são substitutos, do lado da procura ou da oferta, dos circuitos alugados. Manter-se-á, contudo, a excepção dos serviços de circuitos alugados baseados em tecnologias xdsl simétricas. Isto é, mantém-se a conclusão que estes serviços pertencem ao mesmo mercado relevante de segmentos terminais de circuitos alugados, como explicado no início da secção (e na anterior análise de mercado). Aliás, conforme atrás referido, a Sonaecom, recorrendo à tecnologia SHDSL tem capacidade para efectuar ligações directas para a maior parte da sua rede de acesso móvel, reduzindo assim a dependência em relação aos circuitos alugados do operador incumbente. Segmentação dos mercados grossistas de segmentos terminais segundo a capacidade 165 Como ponto prévio, refira-se que o ICP-ANACOM mantém o entendimento de que não devem ser considerados mercados distintos para os segmentos de trânsito com diferentes capacidades, até porque neste caso esses segmentos são normalmente agregados em sistemas de capacidade superior ao nível da rede de transporte, propiciando a oferta sem qualquer dificuldade especial de segmentos de diversas capacidades, sendo que a própria natureza dos sistemas de transmissão o facilita. Por exemplo, uma ligação SDH a 155 Mbps entre duas centrais pode agregar 63 circuitos alugados de 2 Mbps ou 3 circuitos de 34 Mbps, entre outras hipóteses. 165 O ICP-ANACOM mantém o entendimento de que não devem ser considerados mercados distintos para os segmentos de trânsito com diferentes capacidades, dado que, ao contrário do que acontece no caso dos segmentos terminais, aquelas componentes são normalmente agregadas em sistemas de capacidade superior ao nível da rede de transporte. Por exemplo, uma ligação SDH a 155 Mbps entre duas centrais pode agregar 63 circuitos alugados de 2 Mbps ou 3 circuitos de 34 Mbps, entre outras hipóteses. 64 / 169

65 Os mesmos argumentos utilizados na análise de Julho de 2005, bem como na análise do mercado retalhista realizada no Capítulo 3, podem ser utilizados na análise do mercado grossista conexo de segmentos terminais, pois a procura neste mercado é também, em parte, considerada uma procura derivada da procura no retalho 166. Neste caso, as capacidades dos segmentos terminais são determinadas, em parte, pelas capacidades existentes ou contratadas nos circuitos alugados no retalho. Com efeito, ao nível dos segmentos terminais, a procura de circuitos de maior débito (superior a 2 Mbps) é mais reduzida do que a de circuitos de baixo débito, situação equivalente à do retalho, ainda que em termos prospectivos possa ser expectável que a procura de segmentos terminais de débito mais elevado venha a aumentar, considerando as crescentes necessidades de largura de banda 167, nomeadamente ao nível das redes de acesso em fibra óptica, com o desenvolvimento das chamadas redes de nova geração (NGN/NRA) 168. A questão relevante do lado da oferta é avaliar a substituibilidade em cadeia ao nível do fornecimento de segmentos terminais: por exemplo, se um fornecedor de circuitos de 2 Mbps entraria no mercado de segmentos terminais de 10 Mbps ou 34 Mbps em resposta a um aumento pequeno mas significativo e não transitório dos preços destes componentes por parte de um monopolista hipotético. A actual tendência de migração de circuitos de baixa capacidade para circuitos de maior capacidade, também verificada nos mercados grossistas com o decréscimo acentuado do volume de circuitos de mais baixo débito, é um indicador relevante da tendência para uma efectiva substituibilidade entre circuitos alugados de diferentes débitos. De igual modo, as recentes soluções convergentes (baseadas em IP) e tecnologicamente mais evoluídas, nomeadamente com recurso à Ethernet, leva, na prática, a uma crescente substituição de circuitos tradicionais por circuitos Ethernet de maior capacidade. Por outro lado, actualmente, e devido à ainda muito reduzida penetração dos novos operadores ao nível da infra-estrutura de rede local, não é provável que possa existir uma rápida e não onerosa entrada no mercado dos segmentos terminais por parte de um operador alternativo, seja qual for a capacidade considerada para o segmento terminal. Não existe, portanto, evidência relativa à substituibilidade do lado da oferta de prolongamentos de diferentes capacidades de molde a poder constranger um monopolista hipotético na definição dos seus preços para uma determinada capacidade. Relativamente aos circuitos de maior capacidade (superior a 155 Mbps ou a 100 Mbps no caso de 166 Nomeadamente, a constatação de que a possibilidade de existir substituibilidade em cadeia para os circuitos digitais de 2, 10, 34, 100, 155 Mbps ou até 1 Gbps, para a maioria dos clientes de retalho, se afigura provável do ponto de vista funcional, considerando que já não se verifica o elevado diferencial de capacidade/preço existente entre os patamares 2 vs. 34 vs. 155 Mbps verificados anteriormente (vide secção ). 167 Ainda que se deva salientar que no mercado retalhista não estão presentes os operadores móveis (e também parte dos operadores fixos), os quais são, de facto, grandes clientes grossistas de circuitos alugados, fundamentalmente para as componentes com capacidades iguais ou superiores a 2 Mbps. 168 Este aumento da procura de débitos mais elevados também se verifica, naturalmente, a nível dos segmentos de trânsito. 65 / 169

66 circuitos suportados em Ethernet), acresce que os custos a incorrer na sua oferta não são particularmente relevantes face aos custos de fornecer circuitos a 155 Mbps (ou 100 Mbps no caso da Ethernet), a não ser os associados a uma eventual maior necessidade de securização. Além desse factor, e obviamente da maior eficiência da tecnologia Ethernet face à tradicional, a principal diferença a nível do custo da oferta de circuitos tradicionais ou Ethernet encontra-se, fundamentalmente, ao nível das cartas de interface o custo das interfaces Ethernet, e.g. Gigabit Ethernet 169, é menor que o das interfaces tradicionais. O ICP-ANACOM entende assim que, apesar de se poder identificar, em teoria e no momento actual, do lado da oferta, uma cadeia de substituibilidade de segmentos terminais de mais baixa capacidade que terminaria nos circuitos de 2 Mbps, i.e., uma separação entre os segmentos terminais suportados em rede de cobre até 2 Mbps e os segmentos de capacidade superior, suportados em fibra óptica, não se justifica uma divisão em função da capacidade dos segmentos terminais. De facto, a fronteira dessa divisão, na realidade associada à infra-estrutura e não à capacidade, tenderá a esbater-se com o tempo e não tem qualquer justificação a nível da substituibilidade do lado da procura salientando-se ainda que, do ponto de vista regulatório, definir um único mercado ou vários mercados consoante a capacidade teria o mesmo efeito, já que, como se verá adiante, a situação concorrencial é semelhante, o que resultaria na imposição do mesmo tipo de obrigações regulamentares. Recorde-se que também a Recomendação define o mercado grossista dos segmentos terminais sem distinção de capacidade. Em conclusão, da análise da substituibilidade do lado da procura e da oferta, no entender do ICP-ANACOM, resulta que o mercado grossista de segmentos terminais não deve ser segmentado em função da capacidade Circuitos digitais tradicionais vs. circuitos suportados em Ethernet No Capítulo 3 foi já realizada uma análise detalhada no sentido de se avaliar a substituibilidade dos circuitos alugados suportados em Ethernet face aos circuitos suportados em tecnologias tradicionais (e.g. SDH) no mercado de retalho, tendo-se concluído que estes são efectivamente substitutos, tanto do lado da procura como do lado da oferta. Os argumentos utilizados naquela análise têm total aplicabilidade na análise dos mercados grossistas conexos 170. Com efeito, especialmente no caso de circuitos com débitos superiores a 2 Mbps, parecem existir vantagens económicas no recurso a serviços suportados na oferta Ethernet da PTC face às condições disponibilizadas pela actual oferta de referência grossista de circuitos alugados (tradicionais). Na presente secção pretende-se aferir a validade de tal pressuposto, estimar a 169 Vide secção seguinte. 170 Como já referido, a procura nestes mercados é também considerada uma procura induzida pela procura no retalho. 66 / 169

67 dimensão dessas eventuais vantagens e avaliar se, por esse facto, os circuitos suportados em Ethernet pertencem ao mesmo mercado grossista, i.e., se são substitutos, tanto do ponto de vista da procura como da oferta, dos circuitos tradicionais. Como ponto de partida, é conveniente esclarecer que a adopção per se do princípio da neutralidade tecnológica a ofertas com funcionalidades semelhantes levaria a considerar-se desde logo, a inclusão dos circuitos alugados suportados em Ethernet nos mercados grossistas de circuitos alugados. Isto em linha com a Recomendação que explicita esse princípio na própria definição do mercado relevante de segmentos terminais. A procura por serviços Ethernet Nos mercados grossistas, as soluções de capacidade suportadas em Ethernet têm sido cada vez mais utilizadas para o suporte de serviços (de dados) no retalho e também para utilização própria dos operadores beneficiários dessas ofertas grossistas 171. De facto, conforme já referido, tem-se assistido a uma progressiva migração das tecnologias tradicionais para tecnologias baseadas em Ethernet e IP, o que leva a que, actualmente, praticamente todo o tráfego Internet, incluindo o associado ao serviço VoIP que tem substituído de modo cada vez mais significativo o serviço telefónico tradicional, tenha origem e/ou destino numa interface Ethernet. As empresas e os operadores têm procurado activamente soluções mais eficientes para interligar os seus diferentes pontos de presença geográfica e/ou nós de rede, procurando utilizar recursos comuns, nomeadamente recorrendo aos mesmos interfaces, equipamentos e protocolos, o que é disponibilizado pela(s) oferta(s) de circuitos Ethernet. Assim, os operadores que contratam serviços de capacidade suportados em Ethernet obtêm vantagens em termos de flexibilidade, eficiência e redução de custos face a soluções de capacidade/interligação baseadas em circuitos alugados tradicionais, ao mesmo tempo que satisfazem as suas necessidades em termos de capacidade dedicada e transparente. A possibilidade de os operadores contratarem circuitos no mercado grossista a preços reduzidos face à oferta tradicional no âmbito da ORCA, ainda que actualmente com algumas limitações na cobertura da(s) rede(s) Ethernet, permite-lhes, à partida, a revenda de circuitos alugados (e outros serviços retalhistas) às empresas suas clientes finais em condições potencialmente mais favoráveis, bem como a redução de custos na construção de rede/soluções próprias. 171 Tem-se assistido a uma progressiva migração das tecnologias de suporte dos serviços (e.g. voz) para tecnologias baseadas em IP e das redes de dados em transporte (e acesso) Ethernet para todo o tipo de tráfego de voz, dados ou até imagem. Esta convergência em torno das redes de comunicações de dados (suportadas em Ethernet e IP), nomeadamente nas empresas e mesmo nos operadores, tem levado, por parte destes, a uma cada vez maior procura por serviços (de capacidade/transporte) Ethernet. Note-se que, actualmente, praticamente todo o tráfego Internet terá origem e/ou destino numa interface Ethernet. 67 / 169

68 A Rede Ethernet PT A PTC lançou em 2004, por sua iniciativa, uma oferta grossista denominada Rede Ethernet PT, ainda em vigor 172. Esta oferta assegura conectividade Ethernet para transporte de dados a alto débito entre locais geograficamente distintos, permitindo ligações lógicas suportadas em tecnologia Ethernet (com interfaces do tipo E, FE ou GE) no acesso e comutação ao nível da rede backbone/transporte. Estas soluções são implementadas sobre fibra óptica ponto-a-ponto. De acordo com a PTC, esta oferta disponibiliza: uma gama alargada de débitos desde 10 Mbps (E) até 1 Gbps (GE); elevada escalabilidade e flexibilidade no aumento do débito das ligações lógicas; suporte a múltiplos protocolos, de forma transparente, sobre a conectividade Ethernet; diferentes modalidades de securização (na componente de acesso); preços competitivos; simplicidade de configuração e de instalação do serviço; supervisão técnica especializada (atendimento técnico prestado em regime de 24 horas durante 7 dias por semana). A oferta é assim configurável em função das necessidades técnicas e comerciais dos operadores. Neste contexto, as condições de oferta, nomeadamente preços e prazos de instalação, são disponibilizadas caso a caso, incluindo os orçamentos, segundo a PTC, uma margem comercial para negociação 173. Circuitos alugados suportados na Rede Ethernet PT Existem vários operadores que têm vindo, mais recentemente, a contratar à PTC circuitos de capacidade mais elevada no âmbito da oferta Rede Ethernet PT, por vezes substituindo (ou não contratando) circuitos com base na ORCA, uma vez que aquela oferta Ethernet lhes traz, alegam esses operadores, vantagens substanciais nomeadamente ao nível dos preços. Com efeito, entre 2006 e 2008, os operadores contrataram à PTC cerca de quatro vezes mais circuitos Ethernet do que circuitos tradicionais de capacidade igual ou superior a 2 Mbps, sendo 172 Ainda que a PTC tenha informado que, devido a limitações de crescimento, estará a proceder à reorganização dos equipamentos de rede (comutadores e plataforma de gestão), com impacto ao nível das ligações lógicas (i.e., o tráfego efectivo a cursar). Vide sítio da PT Wholesale (unidade da PTC que presta serviços a operadores): Não se encontrando regulada a oferta Rede Ethernet PT, a PTC efectua orçamentos caso a caso para cada um dos pedidos de circuitos dos operadores. 68 / 169

69 que vários destes últimos referem-se a circuitos para acesso a cabos submarinos ( backhaul ) ou CAM, sem ofertas alternativas e onde as necessidades de qualidade e securização são maiores. O ICP-ANACOM dispõe também de informação relativa a vários orçamentos e propostas de preços apresentados pela PTC relativos a pedidos de operadores para o aluguer de circuitos baseados na tecnologia Ethernet. Nessa informação encontra-se também, em algumas situações e para a mesma localização do circuito Ethernet, o preço do circuito SDH oferecido no âmbito da ORCA. A tabela seguinte identifica alguns exemplos de pedidos de orçamento e as respectivas características 174 : Tabela 5 - Principais características de alguns dos orçamentos solicitados à PTC 175 Pedido Data Operador cliente Tecnologia Débito A B Instalação (Euros) Mensalidade (Euros) Ethernet 100 Mbps Ethernet 256 Mbps SDH 155 Mbps Ethernet FE 100 Mbps Ethernet GE 500 Mbps Ethernet GE 1 Gbps SDH 155 Mbps C 176 Ethernet FE 100 Mbps SDH/CAM 155 Mbps D E C Ethernet GE 256 Mbps SDH 155 Mbps Ethernet FE 10 Mbps SDH/PDH 5 2 Mbps Ethernet FE 100 Mbps Ethernet GE 1 Gbps SDH 155 Mbps Deve-se ter em consideração que não é possível comparar directamente valores entre os diferentes pedidos de orçamentos uma vez que os circuitos em causa, podendo ser suportados na mesma tecnologia e ter o mesmo débito, não terão os mesmos pontos terminais. No entanto, 174 Os orçamentos analisados apresentam vários pedidos de orçamentação relativamente a circuitos suportados nas ofertas grossistas Rede Ethernet PT e ORCA, em diferentes momentos do tempo e em resultado de pedidos de vários operadores considerando diversas necessidades de débitos. 175 Entre 2005 e 2006, o preço dos circuitos alugados fornecidos ao abrigo da ORCA sofreu alterações, mais significativas nos débitos de 155 Mbps. 176 Ligação entre o Continente e a Região Autónoma da Madeira. 69 / 169

70 dentro de um mesmo pedido, as várias opções podem ser comparadas. Assim, a comparação diz respeito aos circuitos que dentro do mesmo pedido de orçamento, com os mesmos pontos terminais, são suportados em diferentes ofertas grossistas, a ORCA e a Rede Ethernet PT. Da comparação realizada a partir dos dados disponíveis, verifica-se que: a mensalidade de um circuito SDH de 155 Mbps pode ser mais de quatro vezes superior à mensalidade de um circuito Ethernet com débito superior (256 Mbps), sendo que a PTC em determinadas situações, ao contrário do praticado para os circuitos SDH, não cobra a instalação do circuito Ethernet; a mensalidade de um circuito Ethernet de 1 Gbps pode ser inferior à mensalidade de um circuito SDH de 155 Mbps; na generalidade dos casos, os circuitos SDH apresentam mensalidades superiores aos circuitos Ethernet de débito superior 177. Substituibilidade do lado da procura Os exemplos apresentados, além de mostrarem que, na generalidade das situações, as soluções suportadas na tecnologia Ethernet apresentam condições económicas significativamente mais vantajosas face às soluções fornecidas através da ORCA, mostram também que os operadores, ao solicitarem orçamentos para tecnologias SDH e Ethernet, consideram os serviços nelas suportados, pelo menos numa primeira fase, como possíveis substitutos. Da análise supra, conclui-se que o recurso à oferta Ethernet é economicamente mais favorável quando é necessária capacidade superior a 2 Mbps e quanto maior for a distância entre os extremos, i.e., quanto mais extenso for o segmento de trânsito, verificando-se efectivamente uma procura acrescida e sustentada de circuitos Ethernet nestas condições, os quais são assim utilizados para os mesmos fins que os circuitos tradicionais. Também como já referido, tem-se assistido a uma progressiva migração das tecnologias de suporte dos serviços de comunicações electrónicas para tecnologias baseadas em Ethernet (e em IP), o que tem originado uma procura crescente de serviços Ethernet junto e por parte dos operadores de rede. Do lado da procura, é razoável assumir que os operadores que já instalaram soluções de rede suportadas em tecnologias Ethernet têm vantagens em optar por circuitos alugados suportados em Ethernet, as quais podem ser medidas em termos de eficiência e redução de custos face a soluções baseadas em circuitos alugados tradicionais. 177 Verifica-se que, por exemplo, a mensalidade do circuito SDH/CAM (155 Mbps) é 3,5 vezes superior à mensalidade do circuito Ethernet orçamentado (100 Mbps). Mesmo considerando o preço por Mbps, verifica-se que o preço do circuito Ethernet é inferior a 45% do preço de um circuito SDH equivalente. 70 / 169

71 Substituibilidade do lado da oferta O facto de existirem diferenças significativas no preço de ofertas que apresentem soluções que satisfaçam necessidades similares não significa que os preços dessas ofertas não sejam adequados. Essas diferenças de preços podem ser justificadas por vários factores, nomeadamente, pelas diferentes soluções tecnológicas utilizadas. Neste contexto, do lado da oferta, a substituibilidade entre circuitos tradicionais e Ethernet parece ser ainda maior que do lado da procura. De facto, quer no caso dos pares de cobre quer no caso da fibra óptica, os custos de substituir circuitos alugados tradicionais por circuitos Ethernet são relativamente reduzidos e poderão, em certos casos, resumir-se à substituição de equipamento (interface) em ambos os extremos da linha alugada. Assim, o preço aparentemente mais reduzido dos circuitos Ethernet face ao dos circuitos tradicionais (de capacidade equivalente) pode ser explicado, em parte, pela maior eficiência na utilização da rede de transporte Ethernet, uma vez que esta é partilhada 178, não havendo uma ligação física unívoca e permanentemente dedicada 179. Adicionalmente, as interfaces Ethernet apresentam preços actualmente inferiores aos das interfaces tradicionais. Refira-se a este respeito que, de acordo com vários estudos 180, a migração de interfaces tradicionais (TDM) para interfaces Ethernet poderá resultar numa redução de até 75% nos custos de equipamento. De acordo com um dos estudos, os serviços baseados em Frame Relay e ATM, os quais tinham vindo a utilizar exclusivamente tecnologia de transporte TDM (e.g., SDH), serão, no futuro, transportados através de uma plataforma de transporte comum em Ethernet 181. Por outro lado, e em teoria, poderia considerar-se que as garantias de qualidade proporcionadas pelos circuitos suportados em Ethernet seriam inferiores às dos circuitos alugados tradicionais, tendo em conta que as normas ETSI estabelecem parâmetros de qualidade muito exigentes para as tecnologias tradicionais, nomeadamente SDH. No entanto, são prestados (por exemplo, no retalho, como acima referido) serviços de acesso Ethernet devidamente securizados a nível das redes de comunicação de dados. Segundo a PT 182, [a]s receitas de dados e serviços empresariais aumentaram ( ), em resultado ( ) [d]a migração de clientes de serviços tradicionais de voz e dados para soluções mais avançadas e integradas, que incluem a: (1) oferta de maior largura de 178 Nas tradicionais topologias Ethernet todos os nós/estações partilham a largura de banda total da rede. 179 Por outro lado, os circuitos sobre Ethernet são mais eficientes na transmissão de pacotes IP, pois reduzem o número de overheads e eliminam conversões de protocolo desnecessárias. 180 Vide, por exemplo, ou A capacidade das ligações em Ethernet tem aumentado continuamente, estando já disponíveis interfaces a 10 Gbit/s e em desenvolvimento versões para capacidades na ordem dos 100 Gbit/s. A Ethernet tem também sido utilizada para a disponibilização de redes públicas WAN (Wide Area Networks), o que permite a utilização destas tecnologias no domínios das redes de dados e de serviços de (tele)comunicações, com vantagens sobre a utilização de múltiplas tecnologias tradicionais (e.g. Frame Relay, ATM ou SDH). 182 Vide Resultados Anuais 2008 do Grupo PT. 71 / 169

72 banda para clientes finais suportadas em tecnologias Ethernet e IP e (2) oferta de soluções customizadas e convergentes, combinando telecomunicações e tecnologias de informação. Acresce que para os circuitos de alto débito suportados em Ethernet o acesso (segmento terminal) e a ligação na rede de transporte (segmento de trânsito) são normalmente suportados em fibra óptica, o que, só por si, garante uma elevada fiabilidade ao nível do meio físico de transmissão. Conclusão: circuitos alugados tradicionais vs. circuitos suportados em Ethernet O ICP-ANACOM conclui que apesar de existirem algumas diferenças quanto aos serviços prestados por ambos os tipos de ofertas, nomeadamente no tocante à existência (ou não) de partilha de recursos, estas não são de molde a contrariar a acrescida e sustentada procura e oferta de circuitos suportados em Ethernet, os quais são utilizados para os mesmos fins que os circuitos tradicionais. Note-se que, como já referido, várias ARN adoptaram medidas regulatórias no âmbito da oferta de circuitos alugados suportados em Ethernet, nomeadamente a Alemanha, a Áustria, a Eslovénia, a Espanha, a Estónia, a França, a Irlanda, a Itália, a Lituânia, o Reino Unido e a Suécia. Além da demonstrada substituibilidade entre os dois tipos de circuitos (tradicionais e Ethernet), o ICP-ANACOM reconhece que um dos riscos da não inclusão dos circuitos Ethernet nos mercados grossistas relevantes e susceptíveis de regulação ex ante será poder-se permitir ao operador com PMS nestes mercados utilizar esta tecnologia para apresentar propostas comerciais mais atractivas do que é possível recorrendo aos circuitos grossistas tradicionais no âmbito da ORCA, não permitindo a sua replicabilidade e propiciando situações de falta de transparência e de discriminação. De facto, os circuitos tradicionais com preços regulados e actualmente mais elevados do que os circuitos Ethernet são, em muitos casos, a única opção dos operadores alternativos para o suporte da sua oferta de serviços a clientes finais, ficando estes operadores em desvantagem face ao operador dominante verticalmente integrado e que fornece internamente esses circuitos sobre Ethernet (e a menor custo). A este respeito, assinale-se ainda que já houve situações em que o ICP-ANACOM foi chamado a pronunciar-se sobre as condições oferecidas no âmbito da oferta Ethernet, por alegadamente poderem constituir-se discriminatórias. Finalmente, neste contexto, dado o entendimento do ICP-ANACOM relativamente à substituibilidade, tanto do lado da procura como do lado da oferta, de circuitos alugados suportados em tecnologias Ethernet e tradicionais, existe por conseguinte também o entendimento relativamente à (não) segmentação por capacidade 183. Adicionalmente, também não se prevê utilidade prática numa eventual segmentação em vários sub-mercados (no limite, 183 Dada, fundamentalmente a existência de novos patamares intermédios (e.g. 10 Mbps e 100 Mbps) na cadeia de substituibilidade. 72 / 169

73 em número elevado), porquanto essa segmentação não iria alterar substancialmente o entendimento do ICP-ANACOM relativamente à situação concorrencial nos mercados grossistas de circuitos alugados Conclusão da análise de substituibilidade definição do mercado do produto A análise da substituibilidade do lado da procura e da oferta resulta na definição dos seguintes mercados grossistas de produto: o mercado dos segmentos terminais dos circuitos alugados analógicos e digitais, sem distinção de capacidade e de tecnologia; o mercado dos segmentos de trânsito dos circuitos alugados analógicos e digitais, sem distinção de capacidade e de tecnologia Definição do mercado geográfico Após a identificação do mercado do produto relevante, é necessário definir a sua dimensão geográfica. De acordo com as Linhas de Orientação ( 56) o mercado geográfico relevante inclui uma área na qual as empresas em causa participam na oferta e procura dos produtos ou serviços relevantes, onde as condições de concorrência são semelhantes ou suficientemente homogéneas e que podem ser distinguidas das áreas vizinhas onde as condições de concorrência prevalecentes são consideravelmente diferentes. No sector das comunicações electrónicas, o âmbito geográfico de um mercado relevante tem sido tradicionalmente definido em função de dois critérios principais: a existência de instrumentos legais e regulamentares e a área abrangida por uma rede Existência de instrumentos legais e regulamentares, nomeadamente, restrições associadas à licença/autorização, obrigações tarifárias e de prestação de serviços A PTC presta serviços de circuitos alugados ao abrigo das suas obrigações enquanto detentora de PMS nos mercados grossistas de circuitos alugados, estando obrigada a prestá-los em todo o território nacional, actualmente ao abrigo da ORCA. A PTC apresenta preços específicos para rotas pré-definidas (Lisboa-Coimbra, Lisboa-Porto e Lisboa-Faro), para circuitos CAM e para circuitos de backhaul, o que não significa necessariamente que essa diferença de preços seja justificada por diferentes pressões concorrenciais, podendo ser antes o resultado natural de maiores economias de escala, nomeadamente no caso daquelas rotas. 73 / 169

74 A área abrangida por uma rede A rede da PTC A rede da PTC, especificamente a rede de transporte óptica, é uma rede bem desenvolvida, com flexibilidade para crescimento e com tecnologia actualizada, abrangendo todo o território nacional. Esta rede suporta grande parte da oferta de circuitos alugados grossistas, que, por sua vez, suporta grande parte das redes de transporte das empresas subsidiárias do Grupo PT, nomeadamente da TMN 184 e da PT Prime 185. Conforme acima referido, a rede da PTC cobre todo o território nacional. A rede dos operadores alternativos e de outras entidades Sonaecom A Sonaecom não possui rede própria de acesso em pares de cobre, utilizando a ORALL para a oferta de acesso directo em banda larga e de circuitos alugados suportados em SHDSL. Para este efeito, e para a interligação da sua rede (nomeadamente com a PTC), possui equipamento de rede de transporte/circuitos na esmagadora maioria das centrais locais da PTC onde se encontra coinstalada, recorrendo a várias soluções para a ligação desses equipamentos 186 : rede de fibra óptica própria e alugada; rádio (e.g. feixes hertzianos); circuitos alugados. Em 184 dessas centrais locais utiliza o serviço de transporte de sinal da PTC, i.e., a rede óptica da Sonaecom chega também a estas centrais/nós de rede 187. A rede de transporte da Sonaecom é baseada em tecnologias DWDM e SDH 188, cobrindo, em 184 Tanto na rede de core como nas ligações das estações de base (incluindo Nós B da rede UMTS), utilizando múltiplos circuitos de 2 Mbps. Com a evolução dos standards UMTS será possível no futuro a utilização da tecnologia Ethernet também nestas ligações. A PTC suporta a rede da TMN fundamentalmente na componente de circuitos de interligação entre estações de base e nós de comutação. Por outro lado, de acordo com uma notícia da revista Convergir da AICEP, numa lógica de redução de custos de exploração, a TMN posiciona-se para alugar fibra óptica à PTC em oposição ao aluguer de transporte de sinal sobre circuitos alugados. Vide Nomeadamente a sua rede ATM, com presença geográfica relevante em cerca de 80 locais e a rede IP/MPLS, redes com arquitectura hierárquica e redundantes ao nível da rede core (e transporte). 186 Vide Dados relativos ao ano A Sonaecom utiliza ainda a tecnologia Ethernet para a agregação de tráfego das diferentes plataformas de serviço instaladas nos seus nós de rede e a entrega deste tráfego na rede de transporte. 74 / 169

75 2006, mais de km lineares (comprimento dos segmentos em fibra) do território. Adicionalmente, as suas redes metropolitanas cobriam 920 km lineares (km de conduta). Nas figuras seguintes são apresentados os diagramas da rede acesso e de transporte da Sonaecom 189 : Figura 4 - Rede de acesso - cobertura OLL da Sonaecom (2007) 189 Fontes: Relatório e Contas de 2007 ( e 75 / 169

76 Figura 5 - Rede de transporte em fibra óptica da Novis/Sonaecom (2005) Figura 6 - Rede metropolitana em fibra óptica da Novis/Sonaecom (2005) 76 / 169

77 Segundo o Relatório e Contas de 2008 da Sonaecom 190, a rede de transmissão backhaul foi melhorada, de forma a poder acomodar os crescentes requisitos de largura da banda e de capacidade de tráfego ( ). Esta evolução, baseada em soluções de transmissão IP (incluindo tecnologia Ethernet First Mile e fibra óptica para fazer a ligação entre sites 2G e 3G) ( ) vai preparar a rede para quaisquer desenvolvimentos futuros. A Sonaecom aumentou também a resiliência da sua rede, ao aumentar o número ligações em fibra óptica na sua rede de transmissão, reforçando a capacidade da rede e diminuindo a probabilidade de falhas de transmissão 191. OniTelecom A OniTelecom tem investido regularmente em redes de fibra óptica própria 192, que em 2008 apresentava uma extensão de mais de quilómetros de fibra 193, complementada com infraestrutura de fibra óptica alugada a antigos accionistas como a EDP e a Brisa cerca de 40% dos pares de fibra óptica que utiliza. 190 Vide ( ) Foram ainda adoptadas novas tipologias de rede e novos equipamentos, para garantir uma ainda maior disponibilidade da rede. Além disto, em 2008, a Sonaecom completou a integração das suas redes principais (incluindo as já existentes redes da Optimus, da Novis e da Tele2) na sua rede Rede de Nova Geração, aumentando os níveis dos serviços e optimizando os custos operacionais. 192 De acordo com declarações da empresa, até ao momento já investiu cerca de 400 milhões em rede própria, dos quais 200 milhões em fibra óptica e equipamentos activos (routers de alto débito que constituem a rede IP Metropolitana e equipamentos da rede de transporte de longa distância). Vide, por exemplo, De acordo com o Relatório e Contas de 2008 ( 77 / 169

78 Figura 7 - Rede de transporte (óptico) da OniTelecom 194 [IIC] [FIC] A rede de transporte da OniTelecom, com cobertura nacional, estrutura-se em vários planos, ao nível SDH (backbone e ligação de clientes) com múltiplos elementos multiplexadores e anéis regionais, DWDM e um anel metropolitano em Lisboa. As redes de transporte ATM, Metro Ethernet e IP/MPLS suportam uma grande variedade de serviços a operadores e empresas (mercado alvo da OniTelecom), incluindo a oferta de circuitos alugados 195. Os métodos de acesso a clientes locais são variados 196 : fibra óptica ponto-a-ponto (própria); 194 Fonte: Informação remetida no âmbito da análise de PMS. 195 Segundo ainda o mesmo relatório, a OniTelecom disponibiliza, neste segmento, um portfolio abrangente de produtos e serviços que incluem ( ) Conectividade: inclui serviços nacionais e internacionais de linhas alugadas de 64kbps a 155Mbps, serviços de lambdas até 10Gbps, SAN e LAN Extension e vários serviços de Ethernet de 10Mbps a 10Gbps. 196 A sua rede de acesso está presente em todos os concelhos de Portugal. 78 / 169

79 lacete local desagregado; FWA; circuitos alugados. No final de 2008, a OniTelecom dispunha de ligação em fibra óptica em 111 das centrais locais da PTC onde se encontrava co-instalada. Vodafone A Vodafone partilha a sua infra-estrutura de rede de transporte para a prestação de serviços de rede móvel e de acesso fixo, recorrendo também à ORALL e estando ligada através de fibra óptica em 185 centrais locais da PTC no final de A (parte da) rede de transporte da Vodafone que utiliza unicamente recursos próprios apresenta ainda uma dimensão relativamente reduzida, suportando-se em fibra alugada a terceiros 197 e em circuitos alugados à PTC 198 e privilegiando ligações rádio na rede de acesso móvel. Segundo o Relatório e Contas de 2007 da Vodafone, [c]omo parte da sua estratégia de independência tecnológica, a Vodafone reforçou, em 2007, o seu programa de construção de rede de transmissão, tendo ultrapassado o marco dos 60% de rede própria. Ainda durante este ano, e como consequência do crescimento dos serviços de banda larga, iniciou um programa ambicioso de construção de rede de fibra óptica para interligar os seus pontos de presença, inicialmente nas áreas urbanas. Outros operadores Existem ainda operadores detentores de infra-estrutura de fibra óptica, nomeadamente a Cabovisão e a ZON 199, que não têm tido expressão em termos do serviço de circuitos alugados a terceiros, a nível retalhista ou grossista, mas que cobrem algumas das principais ligações entre cidades. Estas entidades possuem redes de transporte em fibra óptica e também redes de fibra óptica local que chegam até aos nós ópticos (no âmbito da sua rede híbrida de fibra óptica/cabo coaxial). Na figura abaixo apresenta-se um diagrama de cobertura da rede de transporte da Cabovisão no início de Não exclusivamente à PTC. De acordo com o Relatório e Contas da ReferTelecom de 2007, a Vodafone é o seu principal cliente de fibra óptica escura. 198 Ainda que para as ligações aos Nós B, a Vodafone tenha iniciado a adopção do transporte baseado em Ethernet, para obter maior flexibilidade no uso da capacidade em relação aos circuitos alugados da PTC. 199 A rede de acesso dos operadores de redes de distribuição em cabo coaxial, nomeadamente da ZON e da Cabovisão é baseada em tecnologia de acesso híbrida de fibra óptica e cabo coaxial (HFC). 79 / 169

80 Figura 8 - Rede de transporte da Cabovisão 200 (2007) [IIC] [FIC] A rede de transmissão dos restantes operadores de rede fixa, por exemplo da COLT 201 e da ARTelecom 202, está sobretudo presente nos grandes centros urbanos, nomeadamente em Lisboa e Porto. Outras entidades detentoras de fibra óptica Finalmente, releve-se a extensa oferta de fibra óptica e de capacidade por parte de entidades cujos accionistas são empresas concessionárias de serviços de interesse público, como a ReferTelecom, ou de utilities como a REN, cujas redes de fibra óptica se suportam nas suas redes de transporte (ferroviário, de electricidade e de gás) e cobrem as principais áreas populacionais do território Português 203. Nas figuras seguintes apresenta-se a rede das linhas de transporte de energia da REN uma vez que, segundo aquela empresa, a sua rede de fibra óptica acompanha o traçado daquelas linhas de transporte de energia e a rede de transmissão de fibra óptica da ReferTelecom, bem como a rede ferroviária, uma vez que são, em grande parte coincidentes. 200 Fonte: COGECO (empresa accionista da Cabovisão). 201 Em 2005, a COLT continuou a desenvolver a sua rede de fibra óptica, que cresceu 110 quilómetros para atingir um total de 300 quilómetros. Adicionalmente, a COLT está presente em nove centrais locais da zona de Lisboa, a partir das quais oferece serviço de acesso directo a clientes. 202 A capacidade da rede de transporte (em fibra óptica) é relativamente reduzida, mas a ARTelecom utiliza fibra óptica própria e alugada para a oferta de serviços a clientes empresariais e para a ligação às suas estações de base (FWA). A sua rede IP/MPLS está estruturada em dois nós principais e nós de acesso (com dezasseis pontos de presença em Lisboa) e está interligada com os principais prestadores de serviços em Portugal. 203 Existem ainda outras entidades que disponibilizam uma oferta de fibra escura, mas que não estão presentes nos mercados de circuitos alugados, como a EDP, o Metro de Lisboa ou a Lusoponte. 80 / 169

81 Figura 9 - Mapa da Rede Nacional de Transporte de Electricidade Fonte: REN ( 81 / 169

82 Figura 10 - Diagrama da rede de transmissão de fibra óptica da REFER TELECOM 205 [IIC] [FIC] 205 Fonte: Informação remetida ao abrigo da análise de mercado. 82 / 169

83 Figura 11 - Mapa da Rede Ferroviária Nacional A ReferTelecom tem vindo a desenvolver a sua rede de transporte em fibra óptica (actualmente com mais de km e com presença nos principais centros urbanos do continente) ao longo 206 Fonte: Refer ( 83 / 169

84 dos troços ferroviários nacionais, também com vista a aumentar a sua oferta no mercado de circuitos alugados 207. O âmbito das diversas redes Historicamente, a definição do mercado geográfico tem seguido, de forma genérica, a área coberta pela rede do operador histórico, tendendo, por isso, a ter um âmbito nacional. No entanto, os desenvolvimentos entretanto ocorridos nos mercados de acesso e, fundamentalmente, nas infra-estruturas de transporte suportadas em fibra óptica 208, como acima apresentado, mostram que, actualmente, há vários operadores e entidades com extensas redes de transporte com uma cobertura já significativa, com pontos de presença (nós de rede óptica/ transmissão) nas principais cidades do território nacional, especialmente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, mas também na maioria das capitais de distrito e das principais áreas urbanas do território continental. Estas redes de transporte, ao ligarem em fibra óptica estes pontos de presença, nomeadamente as centrais locais onde a OniTelecom e a Sonaecom, bem como a Vodafone, estão co-instalados, permitem uma oferta de circuitos alugados na sua componente de segmentos de trânsito nestas mesmas ligações. Isto sugere assim a existência de diferentes condições concorrenciais entre diferentes áreas, ou mais precisamente nas ligações entre centrais locais, i.e., entre diferentes rotas/segmentos de trânsito, podendo-se identificar, duas situações extremas: segmentos de trânsito (rotas/ligações entre centrais locais) onde apenas a PTC possui rede, i.e., não há alternativa de oferta grossista de circuitos alugados; e segmentos de trânsito onde existem várias alternativas à rede da PTC que possibilitam uma oferta (concorrencial) de circuitos alugados nessas mesmas rotas/segmentos de trânsito. Com efeito, a existência de condições concorrenciais heterogéneas a nível geográfico, justificará que a definição de mercado(s) geográfico(s) relevante(s) no caso em apreço já não corresponda à totalidade do território nacional Segmentos terminais A nível grossista, a possibilidade de existência de condições concorrenciais heterogéneas e, consequentemente, de diferentes graus de possibilidade de escolha por parte dos clientes (neste 207 De acordo com o seu sítio na Internet ( a ReferTelecom encontra-se a instalar fibra óptica entre Castelo Branco e a Guarda, entre Abrantes e Portalegre e o Entroncamento, inserindo-se dentro do plano da ReferTelecom de fecho de anéis ópticos interiores através da instalação de cabos ópticos nos eixos ferroviários de penetração no interior do país. De acordo com esta entidade, estes investimentos permitirão também aumentar a oferta a nível de Carrier e ir ao encontro das necessidades e expectativas de alguns dos nossos principais clientes no mercado de Operadores. 208 Bem como os desenvolvimentos observados no mercado de banda larga, com destaque para a expansão da OLL, em termos de centrais locais com operadores co-instalados. 84 / 169

85 caso, operadores que oferecem redes ou serviços de comunicações electrónicas), encontrar-se-á relacionada com a cobertura geográfica das redes de comunicações electrónicas dos vários detentores de infra-estrutura própria activos nestes mercados. Importa salientar desde logo que uma análise de substituibilidade do lado da oferta indicia que a oferta de redes de acesso alternativas é extremamente limitada e praticamente inexistente, no caso da rede de pares de cobre (a não ser através da OLL) e que, de acordo com a informação disponível, não existem, de facto, ofertas de segmentos terminais suportados em rede própria, com excepção da PTC. Vide a este respeito a secção 5.1.2, relativa à análise das quotas de mercado no âmbito de PMS do mercado de segmentos terminais. Com efeito, apesar de vários operadores alternativos terem desenvolvido significativamente infra-estrutura própria de transporte nas suas redes core, mantém-se em muitos casos a necessidade de os mesmos operadores terem que recorrer à oferta grossista da PTC para a instalação dos seus equipamentos (e de cliente), nomeadamente ao nível da rede de acesso, i.e., dos segmentos terminais. Acresce que os operadores, na generalidade, não diferenciam as suas estratégias de marketing referentes aos preços e descontos e demais condições dos segmentos terminais consoante as áreas do território. Neste sentido, o ICP-ANACOM mantém o entendimento de que os segmentos terminais são oferecidos de maneira globalmente homogénea em todo o território nacional, sendo que algumas diferenças existentes nas condições concorrenciais não permitem identificar de modo claro e permanente as suas fronteiras. A este respeito, verifica-se também que dos países que já efectuaram análises de mercado ao abrigo da Recomendação revista sobre mercado relevantes 209, apenas a Áustria e o Reino Unido consideraram que a oferta de certos tipos de segmentos terminais normalmente em áreas muito limitadas apresentavam condições concorrenciais distintas dos restantes, que indiciavam uma concorrência efectiva. Foi o caso dos segmentos terminais de capacidade igual ou superior a 2 Mbps nas principais cidades da Áustria 210 ou dos segmentos terminais tradicionais até 155 Mbps na zona Central e Este de Londres 211. Em relação à segmentação do mercado de segmentos terminais na Áustria, a CE referiu que a diferenciação geográfica deve ser baseada em evidência robusta relacionada com a 209 Realizaram já análises do mercado de segmentos terminais ao abrigo da Recomendação revista, a Áustria, a Espanha, a Irlanda, a Hungria, a Holanda, a Eslovénia e o Reino Unido. 210 Os (12) municípios em causa cumprem os seguintes critérios cumulativos: (a) têm pelo menos 15 mil habitantes; (b) há pelo menos 3 operadores que alugam segmentos terminais no município com base em infra-estrutura própria; e (c) a quota de mercado da Telekom Austria, medida em termos de capacidade equivalente (64 Kbps) e número de circuitos, é inferior a 50%. Os segmentos terminais de capacidade superior a 155 Mbps foram considerados concorrenciais independentemente da localização. 211 Sendo os segmentos terminais tradicionais de 622 Mbps e os circuitos Ethernet de débito superior a 1 Gbps considerados concorrenciais independentemente da localização geográfica. 85 / 169

86 heterogeneidade das condições concorrenciais nas diferentes regiões identificadas e convidou a RTR a disponibilizar dados mais detalhados sobre a existência de diferentes condições concorrenciais nas áreas identificadas pela RTR, em particular, dados relativos à evolução das quotas de mercado e da estrutura tarifária. No caso do Reino Unido, a CE referiu que a definição de mercados geográficos baseados apenas no número de operadores presentes no mercado não é suficientemente detalhada ou robusta para identificar diferenças significativas nas condições concorrenciais (para efeitos de definição de mercados). Neste contexto, além de defender a necessidade de identificar factores estruturais e comportamentais que suportem esse pressuposto, a CE reconhece que o OFCOM demonstrou que existiam diferentes condições de procura e oferta na zona Central e Este de Londres, com três ou mais operadores em condições de prestar serviços a clientes empresariais. A CE convidou ainda o OFCOM a avaliar se os circuitos alugados de baixo débito também não seriam concorrenciais nas áreas em causa, uma vez que entendia que não parece haver uma elevada correlação entre o desenvolvimento da rede dos operadores e o débito a oferecer Segmentos de trânsito A CE entende que, para fins da regulamentação ex ante, o mercado geográfico pode ser definido numa base rota-a-rota 212. Ainda de acordo com a CE 213, em todos os Estados-Membros assiste-se à construção de infra-estruturas de rede em paralelo, particularmente nas principais rotas. Na maioria desses países, segundo aquela entidade, a respectiva ARN concluiu que o mercado de segmentos de trânsito era efectivamente concorrencial. Com efeito, nas análises de mercado realizadas até à data, cerca de metade dos Estados-Membros considerou o mercado de segmentos de trânsito como concorrencial e não sujeito a regulação ex ante 214. Ao abrigo da anterior Recomendação sobre mercados relevantes, já a Alemanha, a Bélgica, a Dinamarca, a Finlândia, a Lituânia, a Eslováquia, a Eslovénia, a República Checa e a Suécia tinham considerado a totalidade do mercado de segmentos de trânsito concorrencial. Note-se, no entanto, que esta conclusão depende em grande parte da definição utilizada em relação aos segmentos terminais e segmentos de trânsito. De facto, alguns países definem os segmentos de trânsito como as ligações entre as principais centrais da rede dos operadores, enquanto em Portugal, os segmentos de trânsito chegam ao nível das centrais locais. Todas as análises realizadas ao abrigo da Recomendação revista sobre mercados relevantes concluíram que o mercado de segmentos de trânsito era, na totalidade ou em parte, concorrencial. Foram os casos da Áustria, da Holanda, da Hungria e da Irlanda que concluíram que o mercado era totalmente concorrencial e da Espanha e da Polónia, que concluíram que várias rotas eram concorrenciais (no caso da Espanha, apenas algumas ligações através de cabos submarinos foram 212 Cf. Linhas de Orientação, Cf. Exposição de Motivos. 214 Vide documento COCOM09-07 Rev1 - Article 7 procedures, disponível em 86 / 169

87 consideradas não concorrenciais). A este respeito, o ERG considera que, no mercado de segmentos de trânsito, as decisões de investimento não são muitas vezes realizadas com base numa área geográfica, mas sim em determinadas ligações ( by destination ) 215. Neste caso, será mais apropriado considerar como unidades geográficas as ligações entre determinados pontos geográficos, como os segmentos de trânsito entre determinadas cidades. O número de unidades geográficas depende das circunstâncias específicas de cada caso, mas, como demonstra a experiência, pode ser significativo. De acordo com o ERG, apesar de ser possível realizar análises de mercado separadas para cada unidade, será provavelmente mais apropriado e prático agregar essas unidades de acordo com a homogeneidade das condições concorrenciais, em linha com as orientações da CE. Em Portugal, a possibilidade de existência de condições concorrenciais heterogéneas e, consequentemente, de diferentes graus de possibilidade de escolha por parte dos clientes grossistas (neste caso, operadores que oferecem redes ou serviços de comunicações electrónicas), encontrar-se-á relacionada com a cobertura geográfica das redes de transporte dos vários detentores de infra-estrutura própria activos nestes mercados. Estas rotas/segmentos de trânsito específicos estão no mesmo mercado relevante se o comportamento dos fornecedores de serviços em causa estiver sujeito ao mesmo tipo de pressões concorrenciais, nomeadamente, em termos de fixação de preços. Saliente-se que, a PTC já apresenta preços diferenciados para os segmentos de trânsito específicos das rotas no eixo Porto- Coimbra-Lisboa-Faro, bem como na sua oferta de capacidade suportada em Ethernet, em que o preço de qualquer ligação/rota é calculado caso a caso, através de orçamento. As rotas no referido eixo têm tido historicamente um tratamento diferenciado ao nível dos preços, no âmbito da oferta de circuitos alugados da PTC (actualmente na ORCA), justificando-se, segundo a PTC, pelas poupanças de custos, i.e., através das economias de escala decorrentes da utilização de sistemas de grande capacidade nessas rotas específicas, onde há uma maior concentração/ agregação de tráfego e maior procura e oferta de capacidade 216. Por outro lado, existem determinadas rotas/segmentos de trânsito entre as centrais locais das principais zonas urbanas do país, nomeadamente de Lisboa e Porto e restantes capitais de distrito 217, que, por existirem outros operadores com infra-estrutura de transmissão óptica aí disponível, apresentam condições concorrenciais diferentes das restantes rotas nomeadamente entre centrais locais de menor dimensão, localizadas em zonas mais remotas e/ou menor 215 ERG draft Common Position on Geographic Aspects of Market Analysis (definition and remedies). 216 Na sua decisão de 8 de Julho de 2005, o ICP-ANACOM, reconhecendo as poupanças de custos inerentes, entendeu que os preços a definir para as rotas Porto-Coimbra-Lisboa-Faro podiam continuar a ser diferentes dos estabelecidos para os mercados dos segmentos de trânsito, mas sempre numa óptica de orientação para os custos. 217 As mais de 200 (principais) centrais locais da PTC, onde os operadores beneficiários da ORALL (e ORCA e ORI) já se encontram co-instalados, proporcionam uma cobertura de mais de 60% do número de acessos telefónicos e em banda larga, o que corresponde, no caso dos circuitos alugados, a uma cobertura potencialmente superior uma vez que as empresas (nomeadamente as grandes e médias) têm a sua actividade concentrada nos principais centros urbanos (onde se situam, na maioria, aquelas centrais locais). 87 / 169

88 atractividade económica, e onde apenas a PTC possui rede de transporte, ou seja, é o único fornecedor grossista de segmentos de trânsito de circuitos alugados. Utilizando a informação mais recente (2008), relativa à cobertura das redes de transporte dos operadores de rede e fornecedores de circuitos alugados, de entidades como a ReferTelecom ou REN (com extensas redes ópticas), bem como informação da PTC relativa à(s) sua(s) oferta(s) grossista(s) a operadores 218, foi realizada uma análise exaustiva das condições de oferta de rede em todas as rotas/segmentos de trânsito (no âmbito da ORCA), i.e., em todas as ligações entre as centrais locais da PTC. Na figura seguinte identificam-se as redes de transporte da ReferTelecom ou REN e as centrais com operadores com infra-estrutura própria co-instalados em centrais da PTC. As centrais locais representadas são aquelas que se encontram ligadas por rede própria dos operadores, conforme informação recolhida no âmbito do questionário sobre a análise dos mercados de circuitos alugados. 218 Dados relativos aos segmentos de trânsito fornecidos pela PTC no âmbito da ORCA e da oferta Ethernet a outros operadores. 88 / 169

89 Figura 12 - Infra-estruturas de transporte da ReferTelecom 219 e da REN (ligações a azul e verde) e centrais locais da PTC onde existem apenas um (amarela), dois (laranja) ou três (preta) operadores co-instalados com transmissão própria Rede ferroviária. 220 Devido a diferenças de formatação dos dados base, a informação apresentada não se encontra exactamente à mesma escala. 89 / 169

Análise dos mercados do produto e geográficos, avaliação de PMS e imposição, manutenção, alteração ou supressão de obrigações regulamentares

Análise dos mercados do produto e geográficos, avaliação de PMS e imposição, manutenção, alteração ou supressão de obrigações regulamentares MERCADO DE FORNECIMENTO RETALHISTA DE CIRCUITOS ALUGADOS E MERCADOS DE FORNECIMENTO GROSSISTA DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS Análise dos mercados do produto e geográficos,

Leia mais

MERCADO RETALHISTA E MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS

MERCADO RETALHISTA E MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS MERCADO RETALHISTA E MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS Análise dos mercados do produto e geográficos, avaliação de PMS e imposição, manutenção, alteração ou

Leia mais

CIRCUITOS ALUGADOS E MERCADOS DE FORNECIMENTO GROSSISTA DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS

CIRCUITOS ALUGADOS E MERCADOS DE FORNECIMENTO GROSSISTA DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS RESPOSTA DA ZON AO PROJECTO DE DECISÃO DO ICP-ANACOM RELATIVO À DEFINIÇÃO DOS MERCADOS DO PRODUTO E MERCADOS GEOGRÁFICOS, AVALIAÇÃO DE PMS E IMPOSIÇÃO, MANUTENÇÃO, ALTERAÇÃO OU SUPRESSÃO DE OBRIGAÇÕES

Leia mais

DECISÃO MERCADO RETALHISTA DE CIRCUITOS ALUGADOS E MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS

DECISÃO MERCADO RETALHISTA DE CIRCUITOS ALUGADOS E MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS DECISÃO MERCADO RETALHISTA DE CIRCUITOS ALUGADOS E MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS Definição dos mercados do produto e mercados geográficos, avaliações de

Leia mais

MERCADOS DE FORNECIMENTO GROSSISTA DE ACESSO (FÍSICO) À INFRA-ESTRUTURA DE REDE NUM LOCAL FIXO E DE FORNECIMENTO GROSSISTA DE ACESSO EM BANDA LARGA

MERCADOS DE FORNECIMENTO GROSSISTA DE ACESSO (FÍSICO) À INFRA-ESTRUTURA DE REDE NUM LOCAL FIXO E DE FORNECIMENTO GROSSISTA DE ACESSO EM BANDA LARGA MERCADOS DE FORNECIMENTO GROSSISTA DE ACESSO (FÍSICO) À INFRA-ESTRUTURA DE REDE NUM LOCAL FIXO E DE FORNECIMENTO GROSSISTA DE ACESSO EM BANDA LARGA Definição dos mercados do produto e mercados geográficos,

Leia mais

grossista dos segmentos terminais de linhas alugadas grossista dos segmentos de trânsito de linhas alugadas

grossista dos segmentos terminais de linhas alugadas grossista dos segmentos de trânsito de linhas alugadas COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 15/09/2010 C(2010)6383 SG-Greffe (2010) D/13900 Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) Avenida José Malhoa n.º 12 P-1099-017 Lisboa Portugal Ao cuidado de: Exmo. Senhor

Leia mais

NOVIS TELECOM SA OPTIMUS

NOVIS TELECOM SA OPTIMUS CONSULTA PÚBLICA RELATIVA AO MERCADO RETALHISTA DE CIRCUITOS ALUGADOS E MERCADOS GROSSISTAS DOS SEGMENTOS TERMINAIS E DE TRÂNSITO DE CIRCUITOS ALUGADOS - Definição dos mercados do produto e mercados geográficos,

Leia mais

COMISSÃO EUROPEIA. Bruxelas, SG-Greffe (2004) D/203936

COMISSÃO EUROPEIA. Bruxelas, SG-Greffe (2004) D/203936 COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 3.09.2004 SG-Greffe (2004) D/203936 Autoridade Nacional de Comunicações Avenida José Malhoa nº 12 P-1099-017 Lisboa PORTUGAL Ao cuidado de: Sr. Álvaro Dâmaso, Presidente do

Leia mais

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 4º TRIMESTRE DE 2009 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO... 3 2. PQS1-PRAZO DE FORNECIMENTO DE UMA LIGAÇÃO INICIAL... 5 3. PQS2 - NÚMERO DE AVARIAS PARTICIPADAS

Leia mais

A Nova Recomendação sobre Mercados Relevantes Os mercados que saem e os que ficam na nova lista de mercados susceptíveis de regulação ex ante

A Nova Recomendação sobre Mercados Relevantes Os mercados que saem e os que ficam na nova lista de mercados susceptíveis de regulação ex ante MASTER CLASS Revisão do Novo Pacote Regulamentar das Comunicações Electrónicas (Revisão 2006) A Nova Recomendação sobre Mercados Relevantes Os mercados que saem e os que ficam na nova lista de mercados

Leia mais

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO ANO 2013 E OBJETIVOS DE DESEMPENHO PARA 2014

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO ANO 2013 E OBJETIVOS DE DESEMPENHO PARA 2014 INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO ANO E OBJETIVOS DE DESEMPENHO PARA 2014 Índice 1. Introdução... 5 2. Qualidade de serviço relativa às ofertas de STF destinadas a clientes residenciais...

Leia mais

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 1ºTRIMESTRE DE 2013

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 1ºTRIMESTRE DE 2013 INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 1ºTRIMESTRE DE 2013 Indicadores de Qualidade de Serviço 1º trimestre 2013 Índice 1. Introdução... 5 2. Qualidade de serviço relativa às ofertas de

Leia mais

COMISSÃO EUROPEIA. Ex. ma Senhora,

COMISSÃO EUROPEIA. Ex. ma Senhora, COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 4.8.2014 C(2014) 5698 final Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) Avenida José Malhoa, n.º 12 1099-017 Lisboa Portugal Ao cuidado de: Fátima Barros Presidente Fax: +351

Leia mais

MERCADOS GROSSISTAS DE ORIGINAÇÃO E DE TERMINAÇÃO DE CHAMADAS NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO

MERCADOS GROSSISTAS DE ORIGINAÇÃO E DE TERMINAÇÃO DE CHAMADAS NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO MERCADOS GROSSISTAS DE ORIGINAÇÃO E DE TERMINAÇÃO DE CHAMADAS NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO - Projecto de Deliberação - ICP-ANACOM Maio de 2004 ÍNDICE INTRODUÇÃO: ENQUADRAMENTO REGULAMENTAR...7

Leia mais

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO NO ANO 2014 E OS OBJETIVOS DE DESEMPENHO PARA 2015

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO NO ANO 2014 E OS OBJETIVOS DE DESEMPENHO PARA 2015 INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO NO ANO E OS OBJETIVOS DE DESEMPENHO PARA 2015 Índice 1. Introdução...5 2. Qualidade de serviço relativa às ofertas de STF destinadas a clientes residenciais...8

Leia mais

(mercado retalhista de acesso em banda larga nas áreas NC)

(mercado retalhista de acesso em banda larga nas áreas NC) AUTORIDADEDA Exmo. Senhora Prof. Doutora Fátima Barros Presidente da ANACOM Nacional de Comunicações Av. José Malhoa, 12 1099-017 Lisboa Autoridade S!referência S/comunicação N/referência Data S0114001201

Leia mais

MERCADO DE TRÂNSITO NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO DEFINIÇÃO DO MERCADO RELEVANTE E AVALIAÇÃO DE PMS DECISÃO

MERCADO DE TRÂNSITO NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO DEFINIÇÃO DO MERCADO RELEVANTE E AVALIAÇÃO DE PMS DECISÃO MERCADO DE TRÂNSITO NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO DEFINIÇÃO DO MERCADO RELEVANTE E AVALIAÇÃO DE PMS DECISÃO ICP-ANACOM Maio 2005 ÍNDICE: I ENQUADRAMENTO... 2 II ANÁLISE... 4 A. Definição de

Leia mais

DECISÃO MERCADO GROSSISTA DE ACESSO DESAGREGADO

DECISÃO MERCADO GROSSISTA DE ACESSO DESAGREGADO http://www.anacom.pt/template31.jsp?categoryid=206902 DECISÃO MERCADO GROSSISTA DE ACESSO DESAGREGADO Definição dos mercados do produto e mercados geográficos, avaliações de PMS e imposição, manutenção,

Leia mais

Análise de mercados relevantes Quadro síntese das medidas adoptadas

Análise de mercados relevantes Quadro síntese das medidas adoptadas Análise de mercados relevantes Quadro síntese das medidas adoptadas Medidas adoptadas Mercados Avaliação PMS Obrigações a impor aos operadores identificados com PMS em cada mercado relevante Mercados retalhistas

Leia mais

Caso PT/2004/0118: Mercado Grossista de acesso em banda larga em Portugal Observações nos termos do nº 3 do artigo 7º da Directiva 2002/21/CE 1

Caso PT/2004/0118: Mercado Grossista de acesso em banda larga em Portugal Observações nos termos do nº 3 do artigo 7º da Directiva 2002/21/CE 1 COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 22.12.2004 SG-Greffe (2004)D/206322 Autoridade Nacional de Comunicações Avenida José Malhoa nº 12 P-1099 017 Lisboa Portugal Att: Sr. Dr. Pedro Duarte Neves Fax: +351-21-721.10.04

Leia mais

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 1ºTRIMESTRE DE 2016

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 1ºTRIMESTRE DE 2016 INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 1ºTRIMESTRE DE 2016 Indicadores de Qualidade de Serviço 1º trimestre 2016 Índice 1. Introdução... 5 2. Qualidade de serviço de ofertas de STF destinadas

Leia mais

MERCADO DE ACESSO DE ELEVADA QUALIDADE GROSSISTA NUM LOCAL FIXO (CIRCUITOS ALUGADOS GROSSISTAS)

MERCADO DE ACESSO DE ELEVADA QUALIDADE GROSSISTA NUM LOCAL FIXO (CIRCUITOS ALUGADOS GROSSISTAS) MERCADO DE ACESSO DE ELEVADA QUALIDADE GROSSISTA NUM LOCAL FIXO (CIRCUITOS ALUGADOS GROSSISTAS) Definição dos mercados do produto e mercados geográficos, avaliações de PMS e imposição, manutenção, alteração

Leia mais

DECISÃO MERCADO GROSSISTA DE ACESSO EM BANDA LARGA

DECISÃO MERCADO GROSSISTA DE ACESSO EM BANDA LARGA http://www.anacom.pt/template15.jsp?categoryid=143762 DECISÃO MERCADO GROSSISTA DE ACESSO EM BANDA LARGA Definição dos mercados do produto e mercados geográficos, avaliações de PMS e imposição, manutenção,

Leia mais

RESPOSTA DA ZON À CONSULTA PÚBLICA DO ICP-ANACOM RELATIVA AO ETHERNET (ORCE) CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS

RESPOSTA DA ZON À CONSULTA PÚBLICA DO ICP-ANACOM RELATIVA AO ETHERNET (ORCE) CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS RESPOSTA DA ZON À CONSULTA PÚBLICA DO ICP-ANACOM RELATIVA AO SENTIDO PROVÁVEL DE DECISÃO SOBRE AS ALTERAÇÕES À OFERTA DE REFERÊNCIA DE CIRCUITOS ALUGADOS (ORCA) E À OFERTA DE REFERÊNCIA DE CIRCUITOS ETHERNET

Leia mais

Regulação: tempestade ou bonança

Regulação: tempestade ou bonança 22º Congresso das Comunicações APDC 21 22 novembro 2012 Regulação: tempestade ou bonança João Confraria ANACOM 1 Segurança Neutralidade darede Espectro radioeléctrico Terminações fixas e móveis Acesso

Leia mais

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 1º E 2º TRIMESTRES DE 2017

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 1º E 2º TRIMESTRES DE 2017 INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 1º E 2º TRIMESTRES DE 2017 1/25 Índice 1. Introdução... 5 2. Qualidade de serviço relativa às ofertas de STF destinadas a clientes residenciais...

Leia mais

COMISSÃO EUROPEIA. Observações nos termos do artigo 7.º, n.º 3, da Diretiva 2002/21/CE.

COMISSÃO EUROPEIA. Observações nos termos do artigo 7.º, n.º 3, da Diretiva 2002/21/CE. COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 7.9.2018 C(2018) 5959 final Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) Avenida José Malhoa, n.º 12 1099-017 Lisboa PORTUGAL Ao cuidado de: João Cadete de Matos Presidente

Leia mais

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 4º TRIMESTRE DE 2016 / ANO 2016

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 4º TRIMESTRE DE 2016 / ANO 2016 INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 4º TRIMESTRE DE / ANO Indicadores de Qualidade de Serviço 4º Trimestre de e Ano 1/ Índice 1. Introdução... 5 2. Qualidade de serviço relativa às

Leia mais

1/(L CONCORRÊNCIA AUTORIDADE DA

1/(L CONCORRÊNCIA AUTORIDADE DA AUTORIDADE DA Exmo. Senhora Presidente do Conselho de Administração da Autoridade Nacional de Comunicações - ANACOM Prof. Doutora Fátima Barros Av. José Malhoa, 12 1099-017 Lisboa Slreferência Slcomunicação

Leia mais

I. PONTOS GEOGRÁFICOS DE INTERLIGAÇÃO. A. Descrição genérica. Deve ser apresentada a seguinte informação:

I. PONTOS GEOGRÁFICOS DE INTERLIGAÇÃO. A. Descrição genérica. Deve ser apresentada a seguinte informação: http://www.anacom.pt/template31.jsp?categoryid=204342 ELEMENTOS MÍNIMOS A INCLUIR NA PROPOSTA DE REFERÊNCIA DE INTERLIGAÇÃO PARA 2000 Nos termos do n.º 2 do artigo 10º do Decreto-Lei n.º 415/98, de 31

Leia mais

Foi também deliberado submeter o SPD ao parecer do Gabinete para os Meios de Comunicação Social (GMCS).

Foi também deliberado submeter o SPD ao parecer do Gabinete para os Meios de Comunicação Social (GMCS). Data de publicação - 15.9.2008 RELATÓRIO DA AUDIÊNCIA PRÉVIA RELATIVO AO SENTIDO PROVÁVEL DE DELIBERAÇÃO SOBRE O PREÇO DO SERVIÇO DE DISTRIBUIÇÃO E DIFUSÃO DO SINAL DE TELEVISÃO PRATICADO PELA PT COMUNICAÇÕES,

Leia mais

MERCADO GROSSISTA DE ORIGINAÇÃO DE CHAMADAS NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO

MERCADO GROSSISTA DE ORIGINAÇÃO DE CHAMADAS NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO MERCADO GROSSISTA DE ORIGINAÇÃO DE CHAMADAS NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO - Definição dos mercados do produto e mercados geográficos, avaliação de PMS e imposição, manutenção, alteração ou

Leia mais

Resposta do Grupo SGC Telecom à consulta pública sobre oferta grossista de linha exclusiva para serviços de banda larga ( Naked DSL ) Maio 2007

Resposta do Grupo SGC Telecom à consulta pública sobre oferta grossista de linha exclusiva para serviços de banda larga ( Naked DSL ) Maio 2007 Resposta do Grupo SGC Telecom à consulta pública sobre oferta grossista de linha exclusiva para serviços de banda larga ( Naked DSL ) Maio 2007 Introdução O Grupo SGC Telecom, em representação das suas

Leia mais

Ccent. 11/2013 Altice VII/Cabovisão. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 11/2013 Altice VII/Cabovisão. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência Ccent. 11/2013 Altice VII/Cabovisão Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência [alínea b) do n.º 1 do artigo 50.º da Lei n.º 19/2012, de 8 de maio] 18/04/2013 DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE

Leia mais

MERCADO GROSSISTA DE ACESSO EM BANDA LARGA

MERCADO GROSSISTA DE ACESSO EM BANDA LARGA MERCADO GROSSISTA DE ACESSO EM BANDA LARGA Definição dos mercados do produto e mercados geográficos, avaliações de PMS e imposição, manutenção, alteração ou supressão de obrigações regulamentares ICP-ANACOM

Leia mais

Caso PT/2007/0707: Obrigações relacionadas com o mercado para a t erminação de chamadas vocais em redes móveis individuais em Portugal

Caso PT/2007/0707: Obrigações relacionadas com o mercado para a t erminação de chamadas vocais em redes móveis individuais em Portugal COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 26/11/2007 SG-Greffe (2007) D/207191 Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) Avenida José Malhoa, n.º 12 P-1099-017 Lisboa Sr. Alvaro Dâmaso Presidente Fax: +351 21 721

Leia mais

A nova regulação do acesso perspetiva regulatória Novo Código Europeu das Comunicações Eletrónicas

A nova regulação do acesso perspetiva regulatória Novo Código Europeu das Comunicações Eletrónicas A nova regulação do acesso perspetiva regulatória Novo Código Europeu das Comunicações Eletrónicas Luis Manica O B J E T I V O S D E R E G U L A Ç Ã O Promover a concorrência Todos os agregados familiares

Leia mais

MERCADOS DE ACESSO EM BANDA ESTREITA À REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO. Definição dos mercados relevantes e avaliações de PMS

MERCADOS DE ACESSO EM BANDA ESTREITA À REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO. Definição dos mercados relevantes e avaliações de PMS http://www.anacom.pt/template15.jsp?categoryid=91239 MERCADOS DE ACESSO EM BANDA ESTREITA À REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO Definição dos mercados relevantes e avaliações de PMS ICP-ANACOM Março

Leia mais

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 3ºTRIMESTRE DE 2016

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 3ºTRIMESTRE DE 2016 INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 3ºTRIMESTRE DE 2016 Indicadores de Qualidade de Serviço 3º trimestre 2016 Índice 1. Introdução... 5 2. Qualidade de serviço de ofertas de STF destinadas

Leia mais

Redes de Computadores. Tecnologias de redes metropolitanas

Redes de Computadores. Tecnologias de redes metropolitanas Redes de Computadores Tecnologias de redes metropolitanas Tecnologias de redes metropolitanas! FDDI Fiber Distributed Data Interface! DQDB Distributed Queue Dual Bus! SDH/SONET Synchronous Digital Hierarchy/Synchronous

Leia mais

MERCADO GROSSISTA DE ORIGINAÇÃO DE CHAMADAS NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO

MERCADO GROSSISTA DE ORIGINAÇÃO DE CHAMADAS NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO MERCADO GROSSISTA DE ORIGINAÇÃO DE CHAMADAS NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO - Definição dos mercados do produto e mercados geográficos, avaliação de PMS e imposição, manutenção, alteração ou

Leia mais

Quanto ao Sentido Provável de Decisão:

Quanto ao Sentido Provável de Decisão: Deliberação de 11.12.2008 Aprovação de decisões que introduzem alterações nas Linhas de Orientação sobre o conteúdo mínimo a incluir nos contratos para a prestação dos serviços de comunicações electrónicas,

Leia mais

COMENTÁRIO DA CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL À PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO EM MATÉRIA DE «MUST CARRY» I ENQUADRAMENTO GERAL

COMENTÁRIO DA CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL À PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO EM MATÉRIA DE «MUST CARRY» I ENQUADRAMENTO GERAL COMENTÁRIO DA CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL À PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO EM MATÉRIA DE «MUST CARRY» I ENQUADRAMENTO GERAL O projecto de deliberação sobre «especificação de obrigações

Leia mais

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 3ºTRIMESTRE DE 2017

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 3ºTRIMESTRE DE 2017 INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 3ºTRIMESTRE DE 2017 1/28 Índice 1. Introdução... 5 2. Qualidade de serviço das ofertas de STF destinadas a clientes residenciais... 8 2.1. PQS1-

Leia mais

SISTEMAS DE ACESSO FIXO VIA RÁDIO (FWA) - DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA -

SISTEMAS DE ACESSO FIXO VIA RÁDIO (FWA) - DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA - http://www.anacom.pt/template15.jsp?categoryid=65709 SISTEMAS DE ACESSO FIXO VIA RÁDIO (FWA) - DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA - 1 A. Introdução Em 28 de Junho de 1999, no âmbito da preparação do mercado

Leia mais

Comparação Internacional de Preços do Serviço de Aluguer de Circuitos - Janeiro de 2003 Índice

Comparação Internacional de Preços do Serviço de Aluguer de Circuitos - Janeiro de 2003 Índice http://www.anacom.pt/template15.jsp?categoryid=51469 Comparação Internacional de Preços do Serviço de Aluguer de Circuitos - Janeiro de 23 Índice I. Sumário e principais resultados... 1 II. Introdução...

Leia mais

Proporcionar acesso apropriado aos serviços básicos de comunicações electrónicas a preços razoáveis.

Proporcionar acesso apropriado aos serviços básicos de comunicações electrónicas a preços razoáveis. CAPÍTULO III OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS E PROJECTOS PRIORITÁRIOS OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS Em termos de Objectivos estratégicos manteve-se o definido no Plano anterior, ou seja existem três vectores que se

Leia mais

ICP Autoridade Nacional de Comunicações (ICP-ANACOM) Terminologia comum no âmbito da informação. pré-contratual e contratual

ICP Autoridade Nacional de Comunicações (ICP-ANACOM) Terminologia comum no âmbito da informação. pré-contratual e contratual ICP Autoridade Nacional de Comunicações (ICP-ANACOM) Terminologia comum no âmbito da informação pré-contratual e contratual Nota justificativa Na sequência da consulta pública sobre as Opções no âmbito

Leia mais

- RELATÓRIO DA AUDIÊNCIA PRÉVIA. (Elaborado nos termos do artigo 105º do Código do procedimento Administrativo)

- RELATÓRIO DA AUDIÊNCIA PRÉVIA. (Elaborado nos termos do artigo 105º do Código do procedimento Administrativo) http://www.anacom.pt/template31.jsp?categoryid=236886 Publicação 14.3.2007 RENOVAÇÃO DO DIREITO DE UTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIAS ATRIBUÍDO À TMN TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS NACIONAIS, S.A. PARA A PRESTAÇÃO DO

Leia mais

COMISSÃO EUROPEIA. Artigo 7.º, n.º 3, da Diretiva 2002/21/CE: Sem observações

COMISSÃO EUROPEIA. Artigo 7.º, n.º 3, da Diretiva 2002/21/CE: Sem observações COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 14.1.2017 C(2017) 8894 final Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) Avenida José Malhoa n.º 12 1099-017 Lisboa Portugal Ao cuidado de: Dr. João Cadete de Matos Presidente

Leia mais

sobre a prestação do serviço de postos no âmbito do serviço universal

sobre a prestação do serviço de postos no âmbito do serviço universal Consulta pública sobre a prestação do serviço de postos públicos no âmbito do serviço universal (Deliberação do Conselho de Administração do ICP-ANACOM, de 18 de Março de 2011) Comentários do Grupo PT

Leia mais

Consulta Pública sobre Cadastro de Infra-estruturas

Consulta Pública sobre Cadastro de Infra-estruturas Consulta Pública sobre Cadastro de Infra-estruturas 1 A presente consulta visa aferir a necessidade e o âmbito de um sistema de cadastro de infra-estruturas das comunicações electrónicas. Para o efeito,

Leia mais

Deliberação de DELIBERAÇÃO

Deliberação de DELIBERAÇÃO http://www.anacom.pt/template31.jsp?categoryid=240482 Deliberação de 29.3.2007 DELIBERAÇÃO A Lei nº 5/2004, de 10 de Fevereiro (LCE) reconhece aos assinantes dos serviços telefónicos acessíveis ao público

Leia mais

Índice QUESTIONÁRIO ANUAL DE COMUNICAÇÕES ELETRÓNICAS (2018)

Índice QUESTIONÁRIO ANUAL DE COMUNICAÇÕES ELETRÓNICAS (2018) Índice QUESTIONÁRIO ANUAL DE COMUNICAÇÕES ELETRÓNICAS (2018) Parte I Elementos de identificação e de caracterização da atividade das empresas que oferecem redes e serviços de comunicações eletrónicas 1.

Leia mais

INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA SERVIÇO DE ACESSO À INTERNET. Serviço de Acesso à Internet 4.º Trimestre de 2010

INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA SERVIÇO DE ACESSO À INTERNET. Serviço de Acesso à Internet 4.º Trimestre de 2010 INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA DO SERVIÇO DE ACESSO À INTERNET 4.º TRIMESTRE DE 2010 Serviço de Acesso à Internet 4.º Trimestre de 2010 Índice de gráficos Gráfico 1 - Evolução do número de clientes de banda larga...

Leia mais

Informação de Qualidade de Serviço

Informação de Qualidade de Serviço Informação de Qualidade de Serviço Índice 1. Qualidade do Serviço Telefónico Fixo 2. Qualidade de Serviço das Ofertas Grossistas 3. Qualidade de Serviço do Serviço Universal de Listas e de informações

Leia mais

Data de publicação RELATÓRIO ECSI PORTUGAL 2007 ÍNDICE NACIONAL DE SATISFAÇÃO DO CLIENTE SÍNTESE

Data de publicação RELATÓRIO ECSI PORTUGAL 2007 ÍNDICE NACIONAL DE SATISFAÇÃO DO CLIENTE SÍNTESE Data de publicação 14.7.2008 RELATÓRIO ECSI PORTUGAL 2007 ÍNDICE NACIONAL DE SATISFAÇÃO DO CLIENTE SÍNTESE 1. ENQUADRAMENTO Em mercados progressivamente concorrenciais, a informação sobre as características

Leia mais

http://www.anacom.pt/template31.jsp?categoryid=203642 Nos termos do n.º 2 do artigo 10º do Decreto-Lei n.º 415/98, de 31 de Dezembro, o ICP determinou e publicou, em 21 de Julho de 1999 os Elementos mínimos

Leia mais

Parâmetros de qualidade de serviço para o serviço de acesso à Internet. Comentários do Grupo PT

Parâmetros de qualidade de serviço para o serviço de acesso à Internet. Comentários do Grupo PT Parâmetros de qualidade de serviço para o serviço de acesso à Internet (Deliberação do Conselho de Administração do ICP-ANACOM de 4.10.2006) Comentários do Grupo PT Novembro 2006 Comentários do Grupo PT

Leia mais

Ccent. 59/2016 Vodafone / ROA. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 59/2016 Vodafone / ROA. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência Ccent. 59/2016 Vodafone / ROA Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência [alínea b) do n.º 1 do artigo 50.º da Lei n.º 19/2012, de 8 de maio] 12/01/2017 DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE

Leia mais

AVALIAÇÃO DAS FORMAS DE IMPLEMENTAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES QUE SE MANTÊM SOBRE O GRUPO PT NO ÂMBITO DO MERCADO 12

AVALIAÇÃO DAS FORMAS DE IMPLEMENTAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES QUE SE MANTÊM SOBRE O GRUPO PT NO ÂMBITO DO MERCADO 12 AVALIAÇÃO DAS FORMAS DE IMPLEMENTAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES QUE SE MANTÊM SOBRE O GRUPO PT NO ÂMBITO DO MERCADO 12 A Enquadramento 1. Na deliberação de 3 de Abril de 2008 1, o Conselho de Administração do ICP-ANACOM

Leia mais

Políticas públicas e regulamentação em termos de transformação digital

Políticas públicas e regulamentação em termos de transformação digital Políticas públicas e regulamentação em termos de transformação digital X Seminário TelComp2017 Informação Digital e as Telecomunicações São Paulo Brasil João Cadete de Matos 07.11.2017 1. Atribuições da

Leia mais

DECISÃO SOBRE A PUBLICAÇÃO DOS NÍVEIS DE DESEMPENHO NA QUALIDADE DE SERVIÇO DA OFERTA DE REFERÊNCIA DE ACESSO A POSTES

DECISÃO SOBRE A PUBLICAÇÃO DOS NÍVEIS DE DESEMPENHO NA QUALIDADE DE SERVIÇO DA OFERTA DE REFERÊNCIA DE ACESSO A POSTES DECISÃO SOBRE A PUBLICAÇÃO DOS NÍVEIS DE DESEMPENHO NA QUALIDADE DE SERVIÇO DA OFERTA DE REFERÊNCIA DE ACESSO A POSTES Por deliberação de 11 de março de 2009 1, o ICP-ANACOM aprovou a decisão relativa

Leia mais

Sentido provável de decisão relativo à designação de um novo código de identificação da área geográfica de Braga no Plano Nacional de Numeração

Sentido provável de decisão relativo à designação de um novo código de identificação da área geográfica de Braga no Plano Nacional de Numeração Sentido provável de decisão relativo à designação de um novo código de identificação da área geográfica de Braga no Plano Nacional de Numeração destinado à prestação do serviço telefónico acessível ao

Leia mais

OS PREÇOS DOS CIRCUITOS CAM E INTER-ILHAS

OS PREÇOS DOS CIRCUITOS CAM E INTER-ILHAS SENTIDO PROVÁVEL DE DECISÃO SOBRE OS PREÇOS DOS CIRCUITOS CAM E INTER-ILHAS ANACOM 2017 Índice 1. ENQUADRAMENTO... 1 2. ANÁLISE... 2 2.1. Circuitos tradicionais CAM e Inter-ilhas... 2 2.2. Circuitos Ethernet

Leia mais

de chamadas na rede telefónica pública num local fixo Observações apresentadas ao abrigo do artigo 7.º, n.º 3, da Directiva 2002/21/CE 1

de chamadas na rede telefónica pública num local fixo Observações apresentadas ao abrigo do artigo 7.º, n.º 3, da Directiva 2002/21/CE 1 COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 25/05/2010 C(2010)3338 SG-Greffe (2010) D/7167 Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) Avenida José Malhoa n.º 12 P-1099-017 Lisboa Portugal Ao cuidado de: Eng.º José Manuel

Leia mais

DELIBERAÇÃO DA ANACOM RELATIVA À OFERTA GROSSISTA REDE ADSL PT DA PT COMUNICAÇÕES

DELIBERAÇÃO DA ANACOM RELATIVA À OFERTA GROSSISTA REDE ADSL PT DA PT COMUNICAÇÕES http://www.anacom.pt/template31.jsp?categoryid=206402 DELIBERAÇÃO DA ANACOM RELATIVA À OFERTA GROSSISTA REDE ADSL PT DA PT COMUNICAÇÕES 1. A OFERTA No final de 2000, a PT Comunicações iniciou a prestação

Leia mais

MERCADO GROSSISTA DE SERVIÇOS DE RADIODIFUSÃO PARA A ENTREGA DE CONTEÚDOS DIFUNDIDOS A UTILIZADORES FINAIS

MERCADO GROSSISTA DE SERVIÇOS DE RADIODIFUSÃO PARA A ENTREGA DE CONTEÚDOS DIFUNDIDOS A UTILIZADORES FINAIS http://www.anacom.pt/template31.jsp?categoryid=249590 Deliberação de 2.8.2007 MERCADO GROSSISTA DE SERVIÇOS DE RADIODIFUSÃO PARA A ENTREGA DE CONTEÚDOS DIFUNDIDOS A UTILIZADORES FINAIS Definição dos mercados

Leia mais

INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA SERVIÇO DE ACESSO À INTERNET 3.º TRIMESTRE DE 2009

INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA SERVIÇO DE ACESSO À INTERNET 3.º TRIMESTRE DE 2009 INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA DO SERVIÇO DE ACESSO À INTERNET 3.º TRIMESTRE DE 2009 Índice 1. Evolução do número de prestadores habilitados para a prestação do Serviço de Acesso à Internet... 3 2. Número de clientes

Leia mais

Ccent. 44/2007 SONAECOM/Activos ONI Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

Ccent. 44/2007 SONAECOM/Activos ONI Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência Ccent. 44/2007 SONAECOM/Activos ONI Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência 24/08/2007 DECISÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Processo AC I 44/2007 Sonaecom / Activos ONI I INTRODUÇÃO 1. Em

Leia mais

MERCADO GROSSISTA DE TERMINAÇÃO DE CHAMADAS NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO

MERCADO GROSSISTA DE TERMINAÇÃO DE CHAMADAS NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO MERCADO GROSSISTA DE TERMINAÇÃO DE CHAMADAS NA REDE TELEFÓNICA PÚBLICA NUM LOCAL FIXO - Definição do mercado relevante, avaliação de PMS e imposição, manutenção, alteração ou supressão de obrigações regulamentares

Leia mais

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 4ºTRIMESTRE DE 2017 / ANO 2017

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 4ºTRIMESTRE DE 2017 / ANO 2017 INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 4ºTRIMESTRE DE 2017 / ANO 2017 1/30 Índice 1. Introdução... 5 2. Qualidade de serviço das ofertas de STF destinadas a clientes residenciais... 8

Leia mais

1. Solicitações recebidas Registos de reclamações escritas sobre o serviço telefónico em local fixo (STF) Solicitações por origem

1. Solicitações recebidas Registos de reclamações escritas sobre o serviço telefónico em local fixo (STF) Solicitações por origem Informação estatística anual Solicitações recebidas Índice 1. Solicitações recebidas 3.1.4 de reclamações escritas sobre o serviço telefónico em local fixo (STF) Solicitações por origem de reclamações

Leia mais

Versão Pública DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA. Processo AC I 57/2005 Sonaecom / Novis / Clixgest

Versão Pública DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA. Processo AC I 57/2005 Sonaecom / Novis / Clixgest DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Processo AC I 57/2005 Sonaecom / Novis / Clixgest I. INTRODUÇÃO 1. Em 19 de Setembro de 2005, foi notificada à Autoridade da Concorrência, nos termos

Leia mais

ACESSO LOCAL GROSSISTA NUM LOCAL FIXO ACESSO CENTRAL GROSSISTA NUM LOCAL FIXO PARA PRODUTOS DE GRANDE CONSUMO

ACESSO LOCAL GROSSISTA NUM LOCAL FIXO ACESSO CENTRAL GROSSISTA NUM LOCAL FIXO PARA PRODUTOS DE GRANDE CONSUMO PROJETO DE DECISÃO SOBRE A ANÁLISE DOS MERCADOS DE ACESSO LOCAL GROSSISTA NUM LOCAL FIXO E DE ACESSO CENTRAL GROSSISTA NUM LOCAL FIXO PARA PRODUTOS DE GRANDE CONSUMO Definição dos mercados do produto e

Leia mais

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 1º E 2ºTRIMESTRES DE 2018

INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 1º E 2ºTRIMESTRES DE 2018 INFORMAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÓNICO FIXO 1º E 2ºTRIMESTRES DE 2018 1/28 Índice 1. Introdução... 5 2. Qualidade de serviço das ofertas de STF destinadas a clientes residenciais... 8 2.1.

Leia mais

(Elaborado nos termos do artigo 105º do Código do Procedimento Administrativo)

(Elaborado nos termos do artigo 105º do Código do Procedimento Administrativo) http://www.anacom.pt/template31.jsp?categoryid=250903 RELATÓRIO DA AUDIÊNCIA PRÉVIA A QUE FOI SUBMETIDO O PROJECTO DE DECISÃO RELATIVO À RESOLUÇÃO DE UM LITÍGIO ENTRE A TV CABO PORTUGAL E A BRAGATEL, A

Leia mais

Artigo 1º Objecto e definições

Artigo 1º Objecto e definições http://www.anacom.pt/template31.jsp?categoryid=208522 Projecto de regulamento que define regras para avaliação pela ANACOM das comunicações da concessionária do serviço postal universal de encerramento

Leia mais

Consulta pública sobre a Oferta de realuguer da linha de assinante

Consulta pública sobre a Oferta de realuguer da linha de assinante Exmo. Senhor Dr. Álvaro Dâmaso Presidente do Conselho de Administração do ICP ANACOM Autoridade Nacional de Comunicações Avª José Malhoa, 12 1099-017 Lisboa Lisboa, 26 de Setembro de 2003 Assunto: Consulta

Leia mais

1. ENQUADRAMENTO APRESENTAÇÃO E FORMATO DA OFERTA DE INTERLIGAÇÃO POR CAPACIDADE DESCRIÇÃO DO MODELO DE INTERLIGAÇÃO POR CAPACIDADE...

1. ENQUADRAMENTO APRESENTAÇÃO E FORMATO DA OFERTA DE INTERLIGAÇÃO POR CAPACIDADE DESCRIÇÃO DO MODELO DE INTERLIGAÇÃO POR CAPACIDADE... ALTERAÇÕES À PRI: OFERTA DE INTERLIGAÇÃO POR CAPACIDADE http://www.anacom.pt/template31.jsp?categoryid=209182 SENTIDO PROVÁVEL DE DECISÃO: ESPECIFICAÇÃO PARA ALTERAÇÕES À PRI DE FORMA A INCLUIR A INTERLIGAÇÃO

Leia mais

Relatório Estatístico Reclamações e Pedidos de Informação

Relatório Estatístico Reclamações e Pedidos de Informação Relatório Estatístico Reclamações e Pedidos de Informação 1.º Semestre de Índice Preâmbulo 3 Análise estatística 4 Anexos 14 2 Preâmbulo O presente relatório tem por objecto as solicitações recebidas no

Leia mais

DECISÃO. Enquadramento

DECISÃO. Enquadramento DECISÃO Enquadramento O ICP Autoridade Nacional de Comunicações (ICP-ANACOM), por deliberação do Conselho de Administração de 22 de dezembro de 2011, aprovou o sentido provável de decisão relativo: às

Leia mais

9. Nesta conformidade, foi solicitado à PTC, em 17/10/00, que procedesse a uma revisão da proposta apresentada de acordo com o seguintes pontos:

9. Nesta conformidade, foi solicitado à PTC, em 17/10/00, que procedesse a uma revisão da proposta apresentada de acordo com o seguintes pontos: http://www.anacom.pt/template31.jsp?categoryid=207182 Deliberação de 14.6.2002 DECISÃO SOBRE AS CONDIÇÕES DE DISPONIBILIZAÇÃO DO SERVIÇO DE LISTAS TELEFÓNICAS E SERVIÇO INFORMATIVO, PREVISTOS NO ARTIGO

Leia mais

Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência Ccent. 19/2013 Altice/Winreason Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência [alínea b) do n.º 1 do artigo 50.º da Lei n.º 19/2012, de 8 de maio] 02/08/2013 DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE

Leia mais

Porto Salvo, 22 de Novembro de Assunto: Projecto de Regulamento de alteração ao Regulamento nº 46/2005, de 14 de Junho

Porto Salvo, 22 de Novembro de Assunto: Projecto de Regulamento de alteração ao Regulamento nº 46/2005, de 14 de Junho Exmo. Senhor Professor Doutor José Amado da Silva Presidente do Conselho de Administração da Autoridade Nacional das Comunicações Avª. José Malhoa, 12 1099-017 Lisboa Porto Salvo, 22 de Novembro de 2006

Leia mais

PACOTES DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÕES ELETRÓNICAS

PACOTES DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÕES ELETRÓNICAS PACOTES DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÕES ELETRÓNICAS 2º TRIMESTRE DE 2015 Pacotes de serviços de comunicações eletrónicas - 2º trimestre 2015 Versão 2 / 21-08-2015 Índice SUMÁRIO... 3 1. Prestadores dos serviços

Leia mais

SENTIDO PROVÁVEL DE DECISÃO DO ICP-ANACOM

SENTIDO PROVÁVEL DE DECISÃO DO ICP-ANACOM SENTIDO PROVÁVEL DE DECISÃO DO ICP-ANACOM Alterações à Oferta de Referência de Circuitos Alugados (ORCA) e à Oferta de Referência de Circuitos Ethernet (ORCE) ICP-ANACOM - 1 / 55 - ÍNDICE 1. ENQUADRAMENTO...

Leia mais

RELATÓRIO. ICP-ANACOM Dezembro de / 73 -

RELATÓRIO. ICP-ANACOM Dezembro de / 73 - RELATÓRIO Consulta pública e audiência prévia sobre o sentido provável da decisão relativa à definição dos mercados do produto e mercados geográficos, avaliações de PMS e imposição, manutenção, alteração

Leia mais

ICP - Autoridade Nacional de Comunicações. Regulamento n.º XXXX/2011

ICP - Autoridade Nacional de Comunicações. Regulamento n.º XXXX/2011 ICP - Autoridade Nacional de Comunicações Regulamento n.º XXXX/2011 Metodologia de elaboração e execução dos planos de monitorização e medição dos níveis de intensidade dos campos electromagnéticos resultantes

Leia mais

ANEXO 1 Definições dos parâmetros de qualidade de serviço e objectivos de desempenho aplicáveis ao serviço universal

ANEXO 1 Definições dos parâmetros de qualidade de serviço e objectivos de desempenho aplicáveis ao serviço universal http://www.anacom.pt/template31.jsp?categoryid=232425 ANEXO 1 Definições dos parâmetros de qualidade de serviço e objectivos de desempenho aplicáveis ao serviço universal Prazo de fornecimento da ligação

Leia mais

MERCADO DE COMUNICAÇÕES ELETRÓNICAS DE ELEVADA QUALIDADE NUM LOCAL FIXO SEGMENTO EMPRESARIAL

MERCADO DE COMUNICAÇÕES ELETRÓNICAS DE ELEVADA QUALIDADE NUM LOCAL FIXO SEGMENTO EMPRESARIAL PROJETO DE DECISÃO SOBRE A ANÁLISE DO MERCADO DE MERCADO DE COMUNICAÇÕES ELETRÓNICAS DE ELEVADA QUALIDADE NUM LOCAL FIXO SEGMENTO EMPRESARIAL Definição dos mercados do produto e mercados geográficos, avaliação

Leia mais

PROJECTO DE DECISÃO RELATIVO À ALTERAÇÃO DOS CANAIS DE FUNCIONAMENTO DA TELEVISÃO DIGITAL TERRESTRE

PROJECTO DE DECISÃO RELATIVO À ALTERAÇÃO DOS CANAIS DE FUNCIONAMENTO DA TELEVISÃO DIGITAL TERRESTRE PROJECTO DE DECISÃO RELATIVO À ALTERAÇÃO DOS CANAIS DE FUNCIONAMENTO DA TELEVISÃO DIGITAL TERRESTRE 1. No termo do concurso público, aberto pelo Regulamento n.º 95-A/2008, de 25 de Fevereiro, foi, por

Leia mais

I. Considerações Gerais

I. Considerações Gerais VODAFONE PORTUGAL Comentários ao Projecto de Regulamento Procedimentos de Cobrança e entrega aos Municípios da TMDP (Taxa Municipal de Direitos de Passagem) 1 I. Considerações Gerais 1. Antes de proceder

Leia mais

RECLAMAÇÕES E PEDIDOS DE INFORMAÇÃO INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA

RECLAMAÇÕES E PEDIDOS DE INFORMAÇÃO INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA RECLAMAÇÕES E PEDIDOS DE INFORMAÇÃO INFORMAÇÃO ESTATÍSTICA Índice Preâmbulo...3 1. Solicitações recebidas...4 2. Solicitações escritas do tipo reclamação...5 Registos do tipo reclamação por sector... 6

Leia mais

MERCADO GROSSISTA DE TERMINAÇÃO DE CHAMADAS EM REDES TELEFÓNICAS PÚBLICAS NUM LOCAL FIXO

MERCADO GROSSISTA DE TERMINAÇÃO DE CHAMADAS EM REDES TELEFÓNICAS PÚBLICAS NUM LOCAL FIXO MERCADO GROSSISTA DE TERMINAÇÃO DE CHAMADAS EM REDES TELEFÓNICAS PÚBLICAS NUM LOCAL FIXO - Definição do mercado relevante, avaliação de PMS e imposição, manutenção, alteração ou supressão de obrigações

Leia mais

SERVIÇO MÓVEL TERRESTRE

SERVIÇO MÓVEL TERRESTRE SERVIÇO MÓVEL TERRESTRE FINALIDADES: Recolha de informação para permitir o acompanhamento da evolução do mercado no âmbito do Regulamento de Exploração dos Serviços de Telecomunicações de Uso Público.

Leia mais

PRESCRIÇÕES E INSTRUÇÕES TÉCNICAS

PRESCRIÇÕES E INSTRUÇÕES TÉCNICAS PRESCRIÇÕES E INSTRUÇÕES TÉCNICAS 1 CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS 1.1 CONTEXTO NORMATIVO Na elaboração do presente Manual ITED foram consideradas as Normas Internacionais aplicáveis, designadamente: EN 50083 -

Leia mais