Amanda Santos Oehlmeyer 1 ; Marcelo Nivert Schlindwein 2 ;Milton Kampel 3 RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
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1 502 OCORRÊNCIA DE PINGUINS DE MAGALHÃES (Spheniscus magellanicus FORSTER, 1781) NO LITORAL NORTE DE SÃO PAULO E SUL DO RIO DE JANEIRO E SUA POSSÍVEL RELAÇÃO COM VARIAÇÕES AMBIENTAIS OCEÂNICAS Amanda Santos Oehlmeyer 1 ; Marcelo Nivert Schlindwein 2 ;Milton Kampel 3 1 Especialista em Bioecologia e Conservação pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) - Rodovia do Açúcar, Km 156, Piracicaba, SP -amandaoeh@yahoo.com.br; 2 Professor Adjunto - CAS - Campus de Sorocaba, Rodovia João Leme dos Santos, Km 110, Sorocaba, SP - mnivert@ufscar.br; 3 Pesquisador - INPE - Av. dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP - milton@dsr.inpe.br RESUMO A migração do pinguim de Magalhães está relacionada com a das anchovas que ocorre durante o inverno quando há a penetração da corrente das Malvinas. Analisou-se o período em que os pinguins ocorreram nas praias do Norte de SP e Sul do RJ e as relações com a TSM, CSM e anos de El Niño e La Niña. Para os resultados foram utilizados, o Coeficiente de Pearson e a base de dados do NOAA de 2000 a Os indivíduos encontrados nesse período tiveram relação significativa com a CSM, não significativa com TSM e nenhuma com os anos dos fenômenos. ABSTRACT The migration of Megellanic penguim is related with the one of the anchovies that happens during the winter, when there is the penetration of the Falklands current. There were analyzed the period which the penguins had occurred in the beaches of the North of SP and South of RJ and the relationships with TSM, CSM and years of El Niño and La Niña. For the results there were used the Pearson Coefficient and the data base of NOAA from 2000 to The individuals found in that period had significant relationship with CSM, no significant with TSM and none with the years of the phenomena. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS A distribuição do pinguim de Magalhães é restrita a zonas temperadas e locais costeiros e Ilhas Malvinas (SIGRIST, 2007). Durante o inverno, essas aves são abundantes na plataforma continental do sul do Brasil e Uruguai, atraídos pela fartura de anchovas que acompanha a variação latitudinal da Convergência Subtropical (PÜTZ et al., 2007). Nesta época, ocorre a influência de águas subantárticas da Corrente das Malvinas e de águas do Rio da Prata e da Lagoa dos Patos. Estas águas ricas se estendem sobre a
2 503 plataforma continental de toda a região sul do Brasil (KAMPEL, 2003). É possível que a intensidade dessas águas esteja relacionada a episódios do El Niño (SILVA et al., 1996). O objetivo do trabalho foi estudar a ocorrência do Pinguim de Magalhães nas praias do litoral Norte de SP e Sul do RJ, nos anos de 2000 a 2007 verificando possíveis relações com o padrão de concentração de clorofila superficial (CSM), de temperatura de superfície do mar (TSM) estimados por satélites e eventos de El Niño e La Niña. MATERIAL E MÉTODOS As informações foram obtidas através do Aquário de Ubatuba em Ubatuba e do Inpe em São José dos Campos. Foram relacionados os registros dos anos 2000 a 2007 anualmente e de 2002 a 2007 mensalmente, com as alterações ambientais. Para variação sazonal e anual dos resgates em relação a TSM e CSM, empregou-se o logaritmo da média do número de ocorrências. Nos anos de El Niño e La Niña foi utilizada a base de dados on line do NOAA Satellite and Information Service (s.d.). A abrangência do Aquário de Ubatuba para o resgate dos animais são as cidades São Sebastião, Caraguatatuba, Ubatuba, Paraty e Angra dos Reis. O litoral localiza-se sobre a Plataforma Continental do Sudeste (BOROVIK, 2006). As imagens de CSM foram obtidas através do sensor SeaWiFS e as de TSM, dos AVHRR e MODIS. Para extração dos valores das imagens foi definido um transecto que percorresse a trajetória dos animais no mar. RESULTADOS E DISCUSSÃO É principalmente no inverno (Figura 8) que ocorre a migração desses animais para norte da zona de confluência entre as correntes CM e CB onde são encontrados ovos e larvas de anchovas (FRANCO & MUELBERT, 2003). Número de indivíduos Anos Outono Inverno Primavera Verão Figura 8. Densidade de pinguins registradas ao longo das estações. Comportamentos semelhantes foram observados nos pinguins-rei (Aptenodytes patagonicus) (BOST et al.,1997), focas leopardo (Hydrurga leptonyx) e alguns cetáceos (RODRIGUEZ et al., 2003; PINEDO & LAMMARDO, 2001).
3 504 Não há relações óbvias entre o número de registros com os anos dos eventos El Niño e La Niña (Figura 10), devido aos padrões não muito claros utilizados. Noernberg, Kampel e Brandini (2007) sugerem haver influência de eventos do El Niño, na concentração de clorofila na região da plataforma continental o que poderia comprometer as áreas de alimentação do pinguim de Magalhães e os padrões de migração. Segundo Vargas et al. (2006) e Hays (1986), anos de fortes El Niño afetam a população do pinguim de Galápagos (Spheniscus mendiculus), colônias de pinguins Humboldt (Spheniscus humbotdti). 120 Número de indivíduos La Niña Fraco Moderado El Niño Neutro Fraco Moderado Ano Figura 10. Ocorrência anual dos pinguins demonstrando os anos de El Niño e La Niña (NOAA, s.d.). Os meses de maior concentração de clorofila também tem maior incidência de resgates (Figura 11 a), isso ocorre devido a procura dos animais por áreas mais ricas e com maior disponibilidade de alimento. Com relação a temperatura, ocorre uma relação inversa (Figura 11b). O coeficiente de Pearson (r) utilizado e o p que o mostram que na figura 12, não há nenhuma relação entre o número de ocorrências e as duas variáveis de interesse (concentração de clorofila e temperatura).
4 505 Figura 11 : Relações entre média do número de resgates e a média mensal de CSM e TSM. (a) Coeficiente de correlação de Pearson: r = 0.86, g.l. = 10, p < (b) Coeficiente de correlação de Pearson: r = -0.83, g.l. = 10, p < Figura 12: Relações entre a média o número de resgates e a média anual de CSM e TSM. (a) Coeficiente e correlação de Pearson: r = -0.05, g.l. = 10, p = (b) Coeficiente de correlação de Pearson: r = -0.08, g.l. = 10, p = Noernberg, Kampel e Brandini (2007), afirmam que a maior ocorrência do pinguim de Magalhães durante o inverno esteja relacionada com a penetração de águas frias vindas do sul, que contém maiores concentrações de clorofila e nutrientes e Culik; Hennicke e Martin (2000) que os pinguins Humboldt migram por conseqüência do comportamento migratório das anchovas. Existem também associações entre o movimento de outros animais e a variação de TSM, como no caso de elefantes marinhos (Mirounga leonina) (CAMPAGNA et al., 2006) e baleias Jubartes (Megaptera novaeagliae) (RASMUSSEN, 2007). CONCLUSÕES A ocorrência do pinguim de Magalhães é maior no inverno; Não foi possível avaliar relações dos resgates desses animais com os efeitos El Niño e La Niña; Os resultados
5 506 obtidos a respeito da TSM não foram significativos; Uma vez que CSM influencia o ciclo migratório dos pinguins, sugere-se uma relação entre duas variáveis; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SIGRIST, T. Família Spheniscidae. Aves do Brasil Oriental. Guia de Campo. São Paulo: Avisbrasilis p. 23. PÜTZ, K. et al. Winter migration of Magellanic penguins (Spheniscus magellanicus) from the southernmost distributional range. Marine Biology, vol. 152, (2007); p KAMPEL, M. - Estimativa da produção primária e biomassa fitoplanctônica através de sensoriamento remoto da cor do oceano e dados In situ na costa sudeste brasileira. São Paulo: Universidade de São Paulo, Tese de Doutorado. SILVA, C. L. et al. - Observação da penetração do ramo costeiro da Corrente das Malvinas na costa Sul-sudeste do Brasil a partir de imagens AVHRR. SIMPÓSIO DE SENSORIAMENTO REMOTO, INPE, VIII. Anais. Salvador: NOAA SATELLITE AND INFORMATION SERVICE. National Oceanic And Atmospheric Administration [online]. Disponível em URL: < (15/04/2008) BOROVIK, R. P. - Determinação da circulação marítma forçada por ventos no Litoral Norte do Estado de São Paulo através de modelagem numérica Hidrodinâmica. São Paulo: Universidade de São Paulo, Dissertação de Mestrado. FRANCO, B. C.; MUELBERT, J. H. Distribuição e composição do ictioplâncton na quebra de plataforma do sul do Brasil. Atlântica, vol. 25, no. 1 (2003); p BOST, C. A. et al. Foraging habitat and food intake of satellite-tracked king penguins during the austral summer at Crozet Archipelago. Marine Ecology Progress Series. vol. 150, (1997); p RODRIGUEZ, D. et, al. Occurrence of Leopard seals in northen Argentina. LAJAM. vol. 2, no. 1 (2003); p PINEDO, M. C.; LAMMARDO, M. P. Review of Ziphius cavirostris, Mesoplodon grayi and Lagenodelphis hosei (Cetacea: Ziphiidae and Delphinidae) in brazilian waters, with new records from southern brazil. In: Atlântica. vol. 23, (2001); p SILVA, C. L. et al. - Observação da penetração do ramo costeiro da Corrente das Malvinas na costa Sul-sudeste do Brasil a partir de imagens AVHRR. SIMPÓSIO DE SENSORIAMENTO REMOTO, INPE, VIII. Anais. Salvador: 1996.
6 507 NOERNBERG, M. A.; KAMPEL, M.; BRANDINI F. P. Estudo da variabilidade temporal da concentração de clorofila estimada por satélite na plataforma continental catarinense: latitude 26º 46 S. SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, INPE, XIII Anais. Florianópolis: VARGAS, F. H. et al. Biological effects of El Niño on the Galápagos penguin. Biological Conservation, vol. 127, (2006); p HAYS, C. Effects of the El Niño on Humboldt Penguin Colonies in Peru. Biological Conservation, vol. 36, (1986); p CULIK, B.; HENNICKE, J.; MARTIN, T. Humboldt Penguins Outmanoeuvring El Niño. The Journal of Experimental Biology. vol. 203, (2000); p CAMPAGNA, C. et al. Southern elephant seal trajectories, fronts and eddies in the Brazil/Malvinas Confluence. Deep-Sea Research I. vol. 53, (2006); p RASMUSSEN, K. et al. Southern Hemisphere humpback whales wintering off Central America: insights from water temperature into the longest mammalian migration. Biology Letters. vol. 3, no. 3 (2007).
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