UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA CURSO DE GEOLOGIA
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA CURSO DE GEOLOGIA ERISSON TIANO GONÇALVES DOS SANTOS PETROGRAFIA DOS DIQUES FÉLSICOS DA ORLA MARÍTIMA DE SALVADOR - BAHIA Salvador 2009
2 ii ERISSON TIANO GONÇALVES DOS SANTOS PETROGRAFIA DOS DIQUES FÉSICOS DA ORLA MARÍTIMA DE SALVADOR - BAHIA Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientadora: Prof a. Dra. Amalvina Costa Barbosa Salvador TERMO DE 2009 APROVAÇÃO
3 iii ERISSON TIANO GONÇALVES DOS SANTOS PETROGRAFIA DOS DIQUES FÉSICOS DA ORLA MARÍTIMA DE SALVADOR - BAHIA Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora: AMALVINA COSTA BARBOSA - Orientadora Doutora em Geologia IGEO/UFBA CRISTINA MARIA BURGOS DE CARVALHO Doutora em Geologia CPRM RAYMUNDO JOSÉ BULCÃO FRÓES Geólogo IGEO/UFBA
4 iv Dedico essa obra a minha querida mãe, avó, familiares e amigos que estão presentes na minha vida, e nessa árdua e contínua caminhada.
5 v AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço ao meu bondoso Deus Jeová que continuamente me deu bastante força, para que eu continue perseverando, apesar dos imprevistos da vida. Para mim, essa é realmente a oportunidade adequada para mostrar os meus sinceros agradecimentos. A minha mãe que realmente soube cuidar, e porque não dizer aturar, a minha pessoa desde criança. Aproveito essa solene oportunidade para expor o que realmente sinto pela senhora, me apoiando, mesmo sem saber como, realmente a senhora mostrou que amor de mãe é fidedigno, e é por isso Senhora Denise Tiano Gonçalves que sinto orgulho e a honra de dizer que eu te amo. Meus familiares que desde o começo acreditaram em mim e colaboraram com a minha confiança e coragem principalmente os meus primos: Diego, David e Vinícios, guerreiros até o fim, para continuar a enfrentar qualquer tipo de obstáculo meus. Aos meus queridos irmãos da Congregação Caminho de Areia: Neuvane, Nivaldo, Gilvam, Roberto Guerreiro, Jorgenilson Oliveira, Anatevaldo de Queiroz, Gabriel, Gabriele, verlinda, Rita Luz... Ao Corpo de Docente do curso de Geologia que me instruíram: Hailton Melo, Osmário Leite e ao Flávio Sampaio, fazendo com que eu chegasse até aqui, de forma madura no que diz respeito ao mundo que se chama geologia. Principalmente a minha companheira e amiga professora Ângela por realmente, mostrar que nem sempre podemos fazer sacrifícios. Obrigado por me apresentar de modo agradável e compreensivo sua matéria, fazendo com que eu amadurecesse ainda mais meus conhecimentos sobre rochas. E a minha orientadora e companheira professora Amalvina, que me deu bastante força e foi muito compreensiva e como sempre branda, nesses últimos semestres, espero continuar a aprender ainda mais e desvendar os segredos e histórias que as rochas nos fornecem. Ao meu co-orientador César Gomes, por ser também compreensivo e demonstrar prontidão quando consultado. E lhe digo que essa correria acabará em breve.
6 vi Aos professores Johildo e Simone que me tornaram mais capaz de realizar responsabilidades mesmo que elas não venham de forma boa, agradeço sinceramente. Também aos funcionários que foram muito prestativos nessa minha caminhada, entre eles: Mércia, Caetano, José, Aldaci, Gil, Andre, Alberto e Detinha. A Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM e ao Serviço Geológico do Brasil CPRM. Agradeço alegremente pelo apoio e trocas de experiências, por assim dizer, aos meus colegas de graduação, independente de momentos bons ou ruins, de vitórias ou derrotas, enfim a galera. Muito Obrigado. Adelino Ribeiro, Ana Maciel, Ana Luiza, Cleiton Santos, Dante Palmeira, Ulisses Costa, Giselle Damasceno, Ana Carolina, Leila Lopez, Joilma Prazeres, Uyara Machado, Zilda Pena, Denis Faria, Jofre Borges, André Santos, Ana Fábia, Dário, Cleison, Taiane Moreno, Joel Nazário, Marcelo Falcão, Agnaldo, Carlos Balogue, Maria, Ricardo, Sâmia, Rosenilda... Muito Obrigado!!
7 vii O melhor é merecer honrarias e não recebê-las do que recebê-las sem merecer (Autor Desconhecido)
8 viii RESUMO Os diques félsicos que ocorrem na região da orla marítima da cidade de Salvador, estado da Bahia, inseridos no Cráton São Francisco, especificamente no embasamento granulítico do Orógeno Salvador-Esplanada, Esta é uma unidade tectônica alongada na direção N45º, que apresenta uma história evolutiva complexa, destacando-se as diversas rochas metamórficas de alto e médio grau do domínio Alto do Salvador (BARBOSA et al. 2005). Os principais afloramentos destes diques encontram-se nas praias de Itapuã, Jardim de Alah e Paciência (bairro Rio Vermelho). Os corpos intrusivos félsicos apresentam-se completamente fraturados e intemperizados, de coloração rósea e granulometria de média a grossa. São leucocráticos, isotrópicos, inequigranulares e tem dimensões entre 0,4 a 3,0 metros de largura e de 1,0 a 31,0 metros de comprimento. Estão colocados em duas direções preferenciais, no quadrante sudeste e sudoeste com atitudes respectivamente de N115/75ºNE e N080º/86ºNW. Composicionalmente, os diques foram classificados como sienogranitos e monzogranitos, cujos minerais essenciais são: microclina, oligoclásio e quartzo. Associam-se a estes os minerais varietais - biotita e muscovita e uma fase acessória, com magnetita, apatita e zircão, apresentam texturas relacionadas à alteração fraca atribuída a circulações de soluções aquosas Os cristais apresentam fraturas com preenchimento mineral de alteração, evidenciando circulação de fluidos. Palavras chaves: diques félsicos, petrografia, Salvador, Bahia.
9 ix ABSTRACT The felsic dykes are located along the coast of Salvador, Bahia State, situated in to the São Francisco Craton, especially in the directium Granulitic Belt Salvador Curaçá, a tectonic unit elongated in the direction of N45º, which features a complex evolutionary history, highlighting the various metamorphic rocks of high and medium level domain of the Savior High (BARBOSA et al. 2005). The main outcrops are on the beaches of Itapuã, Jardim de Allah, and Paciência (Rio Vermelho district). The felsic intrusive bodies have completely fractured showing high degree of weathering showing pink coloration, due to its location, size of medium to coarse, leucocratic, isotropic, inequigranular, measuring between 0.4 to 3.0 meters wide and 1, 0 to 31.0 meters in length, are placed in two preferential directions in the southeast and southwest quadrant with attitude respectively N115/75 of NE and N080º / 86º NW. As to the petrography, the dikes were classified as sienogranites and monzogranites whose essential minerals are: microcline, oligoclase and quartz are associated with varietal minerals are biotite and muscovite and a phase component, with magnetite, apatite and zircon, have textures related to change attributed to poor circulation of aqueous solutionsthe crystals have fractures filled with mineral alteration minerals, suggesting movement of fluids. Key Words: felsic dykes, petrography, Salvador, Bahia.
10 x SUMÁRIO DEDICATÓRIA AGRADECIMENTOS MENSAGEM RESUMO ABSTRACT SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS LISTA DE FOTOGRAFIAS LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS iv v vii viii ix x xi xii xiii CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO 1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ASPECTOS FISIOGRÁFICOS Geomorfologia Clima Vegetação Solo Hidrografia TRABALHOS ANTERIORES ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO 22 CAPÍTULO II MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. METODOLOGIA Levantamento do acervo bibliográfico Trabalho de Campo Trabalhos de laboratório Estudos Petrográficos Tratamento de Dados 24
11 xi CAPÍTULO III CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL 3.1. GEOLOGIA REGIONAL EVOLUÇÃO GEOTECTÔNICA 32 CAPÍTULO IV CONTEXTO GEOLÓGICO LOCAL 4.1. GEOLOGIA LOCAL Domínio Alto Salvador Diques Margem Costeira Atlântica 41 CAPÍTULO V CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DOS DIQUES FÉLSIMCOS DA ORLA MARÍTIMA DE SALVADOR 5.1. PETROGRAFIA DOS DIQUES DEFINIÇÃO DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Sienogranitos Monzogranitos 49 CAPÍTULO VI CONCLUSÕES 56 REFERÊNCIAS 57 ANEXOS 65
12 xii LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 Figura 3.1 Mapas de situação (A), localização (B) e vias de acesso (C) da cidade de Salvador. (Fonte: IBGE, 2008). Figura 3.1 Cráton do São Francisco e seus terrenos Arqueanos e Paleoproterozóicos (BARBOSA & SABATÉ 2003). Figura 3.2 Mapa geológico simplificado da porção norte do Cráton do São Francisco, expondo os blocos arqueanos Serrinha e Jequié, juntamente com o Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (arco magmático) onde foram amalgamados ao bloco arqueano maior do Gavião na transição entre os períodos Rhyaciano e Orosiriano (elaborado com base em BARBOSA & SABATÉ, 2001). Figura 3.3 Idades Arqueanas Sm-Nd (T DM ) do Cráton do São Francisco na Bahia. Segundo Barbosa & Sabaté (2002, 2004) Figura 3.4 Diagrama e Nd x e Sr (t = 2.0 Ga) mostrando campos distintos de idade arqueana. As idades do BISC (Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá) são mais próximas ao MD (Manto Depletado). BJ (Bloco Jequié), BS (Bloco Serrinha) e BG (Bloco Gavião). Figura 3.5 Posição postuladas dos blocos arqueanos (Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, Bloco Jequié, Bloco Serrinha e Bloco Gavião) antes da colagem/colisão no Paleoproterozóico. Segundo Barbosa & Sabaté (2002). Figura 3.6 Figura 5.1 Figura 5.2 Perfis geotectônicos EW no SSE-SSW do estado da Bahia, destacando apenas rochas paleoproterozóicas. Mapa geológico da cidade de Salvador, Bahia (Souza, em preparação) Nomenclatura das rochas dos diques félsicos de Salvador, com base nos dados modais, segundo o critério estabelecido por Streckeisen (1976), Q= Quartzo, P= plagioclásio, A= feldspato alcalino.
13 xiii LISTA DE FOTOGRAFIAS Fotografia 4.1 Detalhe do bandamento composicional do granulito. Ponto ET-03 (563820/ ) Fotografia 4.2 Dique aplítico com espessura centimétrica e comportamento discordante com a foliação dos granulitos. Ponto ET-02 (563820/ ) Fotografia 4.3 Textura fanerítica média a fina dos diques félsicos da praia de Jardim de Alah. Ponto ET-03 ( /563890) Fotografia 4.4 Dique aplítico com espessura centimétrica e comportamento. Ponto ET-02 ( /563820). Fotografia 4.5 Detalhe do bandamento composicional do granulito. Ponto ET-03 ( /563750) Fotografia 4.6 Relação de contato entre a rocha encaixante e o dique, Praia da Paciência (Rio Vermelho). Ponto ET-05 ( /563820). Fotografia 6.1 Dique félsico com falha com movimento dextral e bifurcado pela rocha encaixante, localizado na praia de Jardim de Alah. Ponto ET 02 ( /563870). Fotografia 6.2 Relação de contato abrupto entre a rocha encaixante e o dique granítico, cortando a foliação, criando um ângulo de 65º. Ponto ET-02 ( /56876).
14 xiv LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS Fotomicrografia 5.1 Fotomicrografia 5.2 Fotomicrografia 5.3 Fotomicrografia 5.4a Fotomicrografia 5.4.b Fotomicrografia 5.5 Fotomicrografia 5.6 Fotomicrografia 5.7 Fotomicrografia 5.8 Fotomicrografia 5.9 Cristais de com intercrescimento mimerquítico (Mi). Lâmina ET-07. Com analisador. Aumento de 25x. Cristais de zircão (Zr) zonado inclusos nos plagioclásios (Pl) intersticia com fenocristal de plagioclásio (Pl). Lâmina ET-07. A Sem analisador. B Com analisador. Aumento de 25X. Quartzo (Qz) e Plagioclásio (Pl) falhados com movimento sinistral. Lâmina SG-8F. A - Sem analisador. B Com analisador. Aumento de 10X. Quartzo (Qz) e Plagioclásio (Pl) falhados com movimento sinistral. Lâmina SG-8F. A - Sem analisador. B Com analisador. Aumento de 10X. Cristais de quartzo falhados com movimento sinistral com preenchimento de óxido de ferro. Lâmina SG-8F. A - Sem analisador. B Com analisador. Aumento de 10X. Cristais de microclina (Mc) albita-periclína, com inclusões de quartzo (Qz). Biotitia (Bt). Lâmina SG-8F.. B A Sem analisador. B Com analisador. Aumento de 25X. Biotita (Bt) alterada, devido ao processo de alteração. Lâmina ET-08. A Sem analisador. B Com analisador. Aumento de 10X. Biotita (Bt) intersticial em volta do plagioclásio (Pl). Lâmina ET-08. A Sem analisador. B Com analisador. Aumento de 10X. Cristal de zircão (Zr) zonado, subédrico, associado a biotita (Bt) e opacos (Op). Lâmina SG-24 A. A Sem analisador. B Com analisador. Aumento de 10X. Cristal de zircão subédrico (Zr) falhado com movimento dextral subédrico, associado a óxido de ferro. Lâmina ET-01B. A Sem analisador. B Com analisador. Aumento de 25x.
15 CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
16 CONSIDERAÇÕES GERAIS De acordo com Barbosa et al. (2005) a cidade de Salvador, de maneira simplista, pode ser dividida em três domínios geológicos principais: (i) Bacia Sedimentar do Recôncavo, de idade mesozóica, que forma a Cidade Baixa, sendo limitada à leste pela Falha de Salvador; (ii) a Margem Costeira Atlântica, composta por depósitos terciários do Grupo Barreiras e coberturas quaternárias, os quais formam acumulações pouco espessas de sedimentos inconsolidados de natureza argilosa, arenosa e areno-argilosa; (iii) o Alto de Salvador, formado por rochas cristalinas metamórficas de alto grau, separando a Bacia Sedimentar do Recôncavo, da Margem Costeira Atlântica, cujos afloramentos rochosos ocorrem de modo relativamente contínuo ao longo da orla marítima (BARBOSA et AL 2005). Todos esses conjuntos foram estudados com variáveis graus de aprofundamento por alguns pesquisadores, tais como Fujimori (1966, 1968), Tanner de Oliveira e Conceição (1992). O Alto Salvador da cidade do Salvador é constituído por litotipos de idades arqueano-paleoproterozóicas do Orógeno Salvador-Esplanada (OSE). O OSE é formado principalmente por metamorfitos de alto grau com estruturas maciças e bandadas, principalmente granulitos félsicos e máficos, e gnaisses-migmatíticos, são intrudidos por corpos tabulares de composição félsica e máfica (Tanner de Oliveira & Conceição 1982). Este conjunto de rochas tem sido alvo de estudos desde o século XIX, inicialmente por Charles Darwin (Fujimori, 1966). A partir dos anos 80 pesquisadores do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia têm desenvolvido pesquisas básicas para esclarecer a origem dessas rochas, principalmente a partir de afloramentos que ocorrem em trechos da orla marítima. Uma questão importante a ser respondida diz respeito às características mineraloquímicas das intrusões graníticas que cortam o OSE na cidade de Salvador. Essas intrusões são focos principais do estudo proposto nesse trabalho de pesquisa. As intrusões graníticas, que são objeto de estudo, foram classificadas por Barbosa et al. (2005) como de composição monzo-sienogratítica. Estes corpos vêm, atualmente, despertando a atenção de alguns pesquisadores, principalmente quanto: (i) às suas geometrias e relações de contato com as rochas encaixantes, (ii) às possíveis variações mineraloquímicas das bordas para o centros, (iii) aos possíveis mecanismos de colocação. Acredita-se que os dados levantados nessa Tiano, E.G.S. Capítulo I - Introdução
17 17 monografia contribuirão para a compreensão da geologia da Cidade de Salvador e também do Orógeno Salvador-Esplanada OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS Os litotipos do Orógeno Salvador-Esplanada (OSE), localizados na orla marítima da cidade de Salvador, são cortados por diques de pegmatitos, aplitos, diabásio e por pequenos corpos tabulares de composição monzo e sienogranítico (BARBOSA et al. 2005), cuja exposição é muito limitada devido à cobertura dos sedimentos do Grupo terciário Barreiras e do extenso manto de alteração das rochas graníticas e granulíticas. Este trabalho propõe-se a contribuir para a compreensão das características petrográficas dos diques de composição granítica. Acredita-se que os dados levantados nesta monografia contribuirão para a compreenção da geologia da cidade de Salvador e também do Orógeno Salvador Esplanada LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Os principais afloramentos estudados situam-se na porção oeste da orla marítima da cidade de Salvador (Figura 1.1), nas proximidades do Farol de Itapuã, na praia de Jardim de Alah e no bairro do Rio Vermelho, especificamente na praia da Paciencia, locais estes que apresentam maior exposição dos diques graníticos. Tiano, E.G.S. Capítulo I - Introdução
18 18 a) b) c) Figura 1.1 Mapas de situação (a), localização (b) e vias de acesso (c) da cidade de Salvador. Fonte: IBGE, Tiano, E.G.S. Capítulo I - Introdução
19 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA CIDADE DE SALVADOR Geomorfologia A cidade de Salvador corresponde à unidade geomorfológica dos Planaltos Cristalinos Rebaixados, com a presença de tabuleiros pré-litorâneos. Possui uma topografia bastante irregular devido à falha de Salvador, de direção N30, que divide a cidade em Alta e Baixa. Ressalta-se que todos os diques, tanto graníticos quanto máficos, estão intrudidos no embasamento cristalino da cidade Alta Clima Possui um clima tropical predominantemente quente, com chuvas no inverno e verão seco, chegando a extremos de 15 C no inverno e 38 C no verão. A brisa oriunda do Oceano Atlântico deixa agradável a temperatura da cidade, mesmo nos dias mais quentes. A temperatura máxima absoluta já registrada no município de Salvador, foi de 34,4 C no dia 8 de fevereiro de 1963 e a mínima absoluta foi de 12 C no dia 20 de julho de Vegetação Com o reflexo da urbanização e do desmatamento acentuado, predominam, em todas as áreas, a cobertura secundária. O tipo de vegetação presente na cidade de Salvador são as florestas ombrófilas secundárias, de densidade variável, com palmeiras e coqueiros em destaque, localizadas nas praias e dunas, seguidas por formações pioneiras com influências marinhas (restinga), do tipo arbórea litorânea Solo Em Salvador, dominam os latossolos vermelho-amarelo álicos (saturação Al> 50%), com horizonte A moderado e textura argilosa, em relevo de tendência plana a ondulada. Nos relevos ondulados a fortemente ondulados aparecem os solos podzólicos vermelho-amarelo distróficos (saturação em Al < 50%), onde a argila é de baixa atividade (capacidade de troca de cátions < 24 miliequivalentes / 100g de argila. Tiano, E.G.S. Capítulo I - Introdução
20 Hidrografia A região de Salvador é influenciada pela bacia hidrográfica do Rio Joanes. Este conjunto de drenagens tem importância fundamental para abastecimento de água e produção de energia elétrica, sendo localmente utilizado para controle de vazão e curso, por barragem e represas TRABALHOS ANTERIORES As rochas da orla marítima de Salvador foram alvo de estudos realizados por diversos autores. Os estudos são restritos a temas específicos ou enfatizam tipos litológicos peculiares encontrados na região, mostrando objetivos e escalas distintos. Fujimori (1968), observou que o grau de metamorfismo a que foram submetidas as rochas do embasamento é bastante alto, enquadrando as associações de minerais estudados no fáceis granulito. Entretanto, foram encontradas evidências de metamorfismo retrógrado seguido de provável ativação na intensidade. As rochas dessa região sofreram intensas deformações no estado plástico, que facilitou a migração de diversas soluções. As deformações segregaram materiais pegmatíticos e aplíticos em fraturas e zonas de menor resistências dos granulitos. Jesus & Marques (1984) puderam inferir que as deformações presentes na faixa costeira de Salvador foram desenvolvidas em níveis crustais distintos, sendo gerados em diferentes condições de P e T. Nos níveis mais profundos se desenvolveu foliação metamórfica regional, correspondendo à fase de metamorfismo de alto grau. Nos níveis crustais intermediários foram desenvolvidas deformações suaves e zonas de cisalhamento. Neste caso, o bandamento metamórfico original encontra-se fracamente dobrado em antiformes e sinformes abertas e ligeiramente assimétricas. Tais dobramentos parecem indicar uma terceira fase de deformação plástica na região, sendo bem evidenciada nas imediações do Morro do Cristo, na Barra. Tiano, E.G.S. Capítulo I - Introdução
21 21 Fujimori (1988), concluiu que as condições metamórficas de formação dos granulitos de Salvador, delineadas por alguns geotermômetros e geobarômetros, permitiram interpretar as condições de diversas fases do polimetamorfismo atuante nos granulitos de Salvador. Após atingir o pico de metamorfismo, sob condições de fácies granulito de pressão intermediária, houve um retrometamorfismo, principalmente com o abaixamento da pressão, dando origem à uma associação com cordierita e posteriormente outro episódio de abaixamento da pressão, para dar origem à uma associação com biotita. Mestrinho et al. (1988) concluíram que o ambiente de colocação corresponde àquele do tipo crosta siálica, de espessura maior que a atual, a qual foi granulitizada durante o último evento tectonometamórfico registrado (Transamazônico). A discussão dos modelos de classificação utilizados, junto com as informações petrográficas e mineralógicas, permitem caracterizar, com razoável consistência, que o material apresenta tendência alcalina, colocado em ambiente continental. Barbosa et al. (2005) concluíram que os litotipos estudados foram deformados por, no mínimo, duas fases contínuas (F+1, F n+2), em profundidades correspondentes às do fácies granulito. As principais estruturas compreendem dobras recumbentes (planos axiais Sn+1 e eixos sub-horizontais) redobradas em isoclinal a apertada (planos axiais Sn+2 sub-verticais e eixos horizontais). Quanto às deformações rúpteis, o conjunto de fraturas N60 - N90 foi ativado durante a penetração dos diques máficos metamórficos e metamonzogranitos e metasienogranitos. Neste conjunto ocorrem estruturas do tipo commingling (mistura de magma) (BLAKE et al., 1965, WALKER e SKELHORN 1966, WIEBE 1991, AIYRTON 1991), sugestivas de colocação de grandes volumes de magma basáltico, de altas temperaturas, na crosta com produção de magmas basálticos/monzosienograníticos contemporâneos (HUPPERT e SPARKS 1988) ou de mobilizados graníticos crustais. Tiano, E.G.S. Capítulo I - Introdução
22 Estruturação da Monografia Esta monografia foi estruturada em 6 capítulos. Eles foram organizados de forma a mostrar os diferentes dados obtidos nos diques graníticos da orla de Salvador. São eles: (i) objetivos e justificativas, localização da área de estudo, seus aspectos fisiográficos e estrutura do trabalho; (ii) materiais e métodos; (iii) contexto geológico regional; (iv) contexto geológico local; (v) petrografia dos diques félsicos; e (vi) conclusões. Tiano, E.G.S. Capítulo I - Introdução
23 CAPÍTULO II MATERIAIS E MÉTODOS
24 METODOLOGIA A metodologia utilizada pode ser dividida em três etapas: levantamento do acervo bibliográfico; trabalhos de campo; 2.3 trabalhos de laboratórios Levantamento do acervo bibliográfico Iniciado através de consultas a trabalhos científicos, livros, revistas e periódicos a respeito dos diques graníticos da região de Salvador, Orógeno Salvador-Esplanada e o Cráton São Francisco, priorizando os eventos de granitogênese juntamente com informações da geologia estrutural. Esta etapa evidenciou a necessidade de entender melhor o modelo de colocação dos corpos graníticos da área no contexto espaço-tempo, a exemplo das características mineralógicas, químicas e estruturais dos mesmos Trabalhos de Campo A priori, foi realizada uma seleção de afloramentos na região litorânea de Salvador, em três lugares, para a inicialização do trabalho. Foi possível o reconhecimento dos afloramentos da praia de Jardim de Alá e da praia da Paciência, localizada no bairro do Rio Vermelho, identificadas como corpos tabulares com várias dimensões. A coleta das amostras foi dificultada devido à variação nas dimensões dos corpos, cujas espessuras variam, desde milimétricas até métricas, ao modo de colocação e à natureza do material. Foram utilizadas ferramentas como: bússola, trena, GPS, martelo, lupa de bolso, coletadas quatro amostras, para estudos de laboratório. Tiano, E.G.S. Capítulo II - Metodologia
25 Trabalhos de laboratório Esta etapa de trabalho foi dividida de acordo com o objetivo da pesquisa, relacionando dos estudos petrográficos e químicos Estudos Petrográficos Foram estudadas 08 seções delgadas dos corpos graníticos da área de estudo, sendo 04 seções de amostras retiradas neste estudo e 04 seções gentilmente cedidas pela Mestre em Geologia Jailma Santos de Souza, do Núcleo de Geologia Básica do Instituto de Geociências UFBA. As seções delgadas foram confeccionadas no Laboratório de Laminação (SEAPE) da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM). Os estudos petrográficos foram feitos no laboratório de Mineralogia Óptica e Petrografia do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), utilizando o microscópio marca Olympus, modelo BX41. As fotomicrografias foram feitas com câmara fotográfica marca Olympus X-775, ajustando a câmera à ocular do microscópio e fotografando diretamente o campo de vista selecionado Tratamento de Dados Para o tratamento dos dados foram utilizados os software: - Corel Draw X3 com a finalidade de reparar as figuras, diagramas e edição de fotografias e microfotografias. - ArcGis 9,2 para digitalização dos mapas de localização e acesso. - Microsoft Word Tiano, E.G.S. Capítulo II - Metodologia
26 CAPÍTULO II MATERIAIS E MÉTODOS
27 METODOLOGIA A metodologia utilizada pode ser dividida em três etapas: levantamento do acervo bibliográfico; trabalhos de campo; 2.3 trabalhos de laboratórios Levantamento do acervo bibliográfico Iniciado através de consultas a trabalhos científicos, livros, revistas e periódicos a respeito dos diques graníticos da região de Salvador, Orógeno Salvador-Esplanada e o Cráton São Francisco, priorizando os eventos de granitogênese juntamente com informações da geologia estrutural. Esta etapa evidenciou a necessidade de entender melhor o modelo de colocação dos corpos graníticos da área no contexto espaço-tempo, a exemplo das características mineralógicas, químicas e estruturais dos mesmos Trabalhos de Campo A priori, foi realizada uma seleção de afloramentos na região litorânea de Salvador, em três lugares, para a inicialização do trabalho. Foi possível o reconhecimento dos afloramentos da praia de Jardim de Alá e da praia da Paciência, localizada no bairro do Rio Vermelho, identificadas como corpos tabulares com várias dimensões. A coleta das amostras foi dificultada devido à variação nas dimensões dos corpos, cujas espessuras variam, desde milimétricas até métricas, ao modo de colocação e à natureza do material. Foram utilizadas ferramentas como: bússola, trena, GPS, martelo, lupa de bolso, coletadas quatro amostras, para estudos de laboratório. Tiano, E.G.S. Capítulo II - Metodologia
28 Trabalhos de laboratório Esta etapa de trabalho foi dividida de acordo com o objetivo da pesquisa, relacionando dos estudos petrográficos e químicos Estudos Petrográficos Foram estudadas 08 seções delgadas dos corpos graníticos da área de estudo, sendo 04 seções de amostras retiradas neste estudo e 04 seções gentilmente cedidas pela Mestre em Geologia Jailma Santos de Souza, do Núcleo de Geologia Básica do Instituto de Geociências UFBA. As seções delgadas foram confeccionadas no Laboratório de Laminação (SEAPE) da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM). Os estudos petrográficos foram feitos no laboratório de Mineralogia Óptica e Petrografia do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), utilizando o microscópio marca Olympus, modelo BX41. As fotomicrografias foram feitas com câmara fotográfica marca Olympus X-775, ajustando a câmera à ocular do microscópio e fotografando diretamente o campo de vista selecionado Tratamento de Dados Para o tratamento dos dados foram utilizados os software: - Corel Draw X3 com a finalidade de reparar as figuras, diagramas e edição de fotografias e microfotografias. - ArcGis 9,2 para digitalização dos mapas de localização e acesso. - Microsoft Word Tiano, E.G.S. Capítulo II - Metodologia
29 CAPÍTULO III GEOLOGIA REGIONAL
30 26 3. GEOLOGIA REGIONAL Os granulitos do da cidade do Salvador fazem partes do embasamento do Cráton do São Francisco (ALMEIDA 1967). Este Cráton, também denominado de Província São Francisco (MASCARENHAS et al. 1984) ou Antepaís do São Francisco (ALKIMIN et al. 1993), constitui um domínio geotectônico cuja evolução orogênica terminou no final do Paleoproterozóico, durante o Ciclo Transamazônico, que ocorreu entre 1,8 a 2,4 Ga (MASCARENHAS e GARCIA 1989) (Figura 3.1). Segundo dados isotópicos e geocronológicos três episódios geotectônicos mais importantes atuaram neste Cráton, mostrando idades distintas: (i) o primeiro em torno de 2.0 Ga, o Ciclo Transamazônico (HURLEY et al. 1967, CORDANI 1973); (ii) outro em tomo de 1,1 Ga, o ciclo Espinhaço (PEDREIRA e MASCARENHAS 1975) e, (iii) ainda outro em torno de 0,7 Ga, o ciclo Brasiliano (ALMEIDA 1971, BRITO NEVES e CORDANI 1973). No período Neoproterozóico, o Cráton do São Francisco funcionou como antepaís em relação as faixa de dobramentos Brasilianas (MASCARENHAS e GARCIA 1989), cujos limites com relação ao Cráton estão relativamente bem definidos por estudos geofísicos (USSAMI 1993). Estes cinturões dobrados são denominados de: (i) Riacho do Pontal (FRPT) e Sergipano (FS) (BRITO NEVES 1975), que limitam o Cráton a norte e a nordeste, respectivamente; (ii) Araçuaí (FA) (ALMEIDA 1977), que é provavelmente a extensão norte do Cinturão Ribeira, situado ao sui; (iii) Brasília (FB) (ALMEIDA 1969), que bordeja a margem oeste e, (iv) Rio Preto (FRP) (INDA e BARBOSA 1978) e Alto Rio Grande (FRG) (ALMEIDA 1969), que representam duas pequenas faixas de rochas dobradas localizadas mais ao norte e mais ao sui do Cráton, respectivamente (Figura 3.1). Tiano, E.G.S. Capítulo III Contexto Geológico Regional
31 27 Figura 3.1 Cráton do São Francisco e seus terrenos Arqueanos e Paleoproterozoícos (BARBOSA & SABATÉ 2003). De acordo com Barbosa (1986), Barbosa et al. (2003), Barbosa & Sabaté (2002), as unidades geotectônicas citadas acima foram agrupadas em 4 maiores denominadas de blocos Gavião (BG), Serrinha (BS), Jequié (BJ) e Itabuna-Salvador- Curaçá (BlSC) (Figura 3.1). O Bloco Gavião (BG) (MARINHO e SABATÉ 1982) é um amplo segmento crustal situado na parte oeste do embasamento do Cráton na Bahia, sendo Tiano, E.G.S. Capítulo III Contexto Geológico Regional
32 28 largamente coberto, na sua parte norte, por coberturas do Meso e Neoproterozóico (Figura 3.1 e 3.2). E constituído por seqüências crustais, equilibradas na fácies xistoverde e anfibolito (Greenstone Belts Contendas-Mirante, Umburanas e Mundo Novo) (MARINHO 1991, MASCARENHAS et al. 1998), além de associações tonalíticas, trondhjemíticas e granodioríticas da fácies anfibolito, incluindo os antigos núcleos TTGs (MARTIN e SABATÉ 1990). Quanto às seqüências vulcanossedimentares arqueanas (greenstone belts) deste Bloco, estudos recentes mostram que elas se formaram em bacias intracratônicas (BARBOSA & SABATÉ, 2002, 2004), na crosta antiga TTG, com a produção inicial de rochas vulcânicas continentais com idades em torno de 3,3 Ga (sub-vulcânicas ácidas do Contendas-Mirante e basaltos tholeíiiticos da Formação Jurema- Travessão). Estas rochas foram. Estas rochas foram superpostas por komatiitos basais, basaltos tholeíiticos com pillow lavas, rochas piroclásticas e sedimentos químicos-exalativos com idades próximas a 3,2 Ga. Estas supracrustais foram soterradas por sedimentos detríticos com idades mínimas de 3,0-2,8 Ga (MARINHO 1991). Quanto aos TTGs, embasamento das bacias intracratônicas antes referidas, dois grupos foram identificados, ambos metamorfisados na fácies anfibolito e constituindo a crosta continental mais antiga da Bahia (Barbosa & Sabaté 2002). Bemarda, com idades variando de 3,4-3,2 Ga, modelizações geoquímicas (MARTIN et al. 1991) mostram que suas rochas se originaram por fusão parcial de protocosta oceânica arqueana, deixando como resíduo anfibolitos ricos em granada ou eclogitos (CORDANI et al. 1985, WILSON 1987, MARINHO 1991, NUTMAN e CORDANI 1992, MARTIN et al. 1991). Além dos greenstone belts e TTGs arqueanos ocorrem também no Bloco Gavião rochas de composição granítica/granodioríticas e migmatitos, equilibrada na fácies anfibolito, exibindo idades em torno de 2,8-2,7 Ga. Estas rochas são interpretadas como originadas por fusão parcial da crosta continental antiga, TTG, durante o fechamento das bacias intercratônicas depositárias dos greenstones belts (NUTMAN e CORDANI 1993, SANTOS PINTO 1996). Em torno de 2,4 Ga, identificou-se no Bloco Gavião rochas vulcânicas calcio-alcalinas, intrusões graníticas metaluminosas, intrusões máficas-ultramáficas (Sill do Rio Jacaré) ao lado de filitos e grauvacas, todas associadas aos greenstone belts (MARINHO 1991). Tiano, E.G.S. Capítulo III Contexto Geológico Regional
33 29 Figura Mapa geológico simplificado da porção norte do Cráton do São Francisco, expondo os blocos arqueanos Serrinha e Jequié, juntamente com o Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (arco magmático) onde foram amalgamados ao bloco arqueano maior do Gavião na transição entre os períodos Rhyaciano e Orosiriano (elaborado com base em BARBOSA & SABATÉ 2001). O Bloco Serrinha localiza-se no extremo nordeste do Cráton formando uma estrutura semi-oval de aproximadamente km 2 (Figura 3.2). Ele vem sendo estudado por levantamentos geológicos regionais, desde a década de 70 (SEIXAS Tiano, E.G.S. Capítulo III Contexto Geológico Regional
34 30 et at. 1975, INDA et al. 1976, PEREIRA 1992 e MELO et al. 1995). O Greenstone Belt do Rio Itapicuru (KISHIDA 1978, KISHIDA e RICCIO 1980), contém basaltos e andesitos de 2,2 e 2,1 Ga (SILVA, 1992), onde o estudo de suas importantes mineralizações auríferas, resultaram em diversas publicações, dissertações de mestrado teses de doutoramento, como os de Silva (1984), Teixeira (1985), Melo (2000) e Barreto (2002). Semelhantemente, o Greenstone Belt do Rio Capim (MASCARENHAS 1976,1979), foi também foco de pesquisas importantes. Nos últimos três anos, intensificou-se a investigação dos eventos que afetaram este Bloco. Entre os trabalhos mais recentes destacam-se as de Cordani et al. (1999), e Rios (2002). As rochas mais antigas deste Bloco são constituídas por ortognaisses graníticos, granodioríticos e tonalíticos, com idades que variam de 3,1 e 2,8 Ga (BRITO NEVES et at. 1980, GAÁL et al. 1987, MASCARENHAS e GARCIA 1989, BASTO LEAL 1992, OLIVEIRA et al. 1999, MELO et at. 2000, RIOS, 2002). Em um desses ortognaisses foram encontrados xenocristais de zircões com 3,6 Ga. (RIOS 2002), indicando que o plutonismo de 3,1-2,8 Ga, foi introduzido em crosta mais antiga (RIOS 2002). Este segmento crustal de natureza granito-greenstone, que leva o nome geral de Complexo Uauá (BASTO LEAL 1992) e Santa Luz (DAVISON et al. 1988), equilibrados nas fácies anfibolito. São eles que constituem o embasamento das seqüências supracrustais dos dois greenstone belts, do paleoproterozóico, antes referidos. O Bloco Jequié (BJ) situa-se entre o leste do Bloco Gavião a oeste do Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, a leste (Figura 3.1, 3.2 e 3.3). Tem idade Arqueana, sendo caracterizado basicamente por: (i) migmatitos/granulitos heterogêneos com encraves de rochas supracrustais (basaltos e basaltos andesíticos, bandas quartzofeldspásticas, cherts /quartzitos, kinzigitos, grafititos, formações ferríferas bandadas e rochas máficas-ultramáficas), constituindo o componente mais antigo, com idades Sm-Nd em tomo de 3,0-2,9 Ga, (MARINHO 1991, MARINHO et al. 1994) e, (ii) intrusões múltiplas, graníticas-granodioríticas (enderbitos, chamo-enderbitos e chamockitos) mais jovens e de baixo e alto teor de Ti (FORMARI 1992, FORMARI e BARBOSA 1994). Os métodos Rb-Sr e Pb-Pb, rocha total, e o método U-Pb SHRIMP em zircões mostram para estes últimas rochas idades em torno de 2,8-2,7 Ga (ALIBERT e BARBOSA 1992). Estes plutonitos granulitizados podem conter às vezes, mega-encraves dos migmatitos/granulitos heterogêneos anteriores (BARBOSA e SABATÉ 2001). Tiano, E.G.S. Capítulo III Contexto Geológico Regional
35 31 O Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá (BlSC) (Barbosa & Sabaté 2002, 2003) estende-se na direção aproximadamente N-S, desde o paralelo de Itabuna, ao sui, até o Rio São Francisco, ao norte, próximo a Curaçá. Ele é balizado, a leste, pelo Bloco Serrinha e a oeste, pelos Blocos Gavião e Jequié (Figura 3.1 e 3.2). Corresponde a uma faixa móvel estruturada no paleoproterozóico, sendo constituída por rochas metamórficas de alto grau, das fácies granulito/anfibolito alto, com a maioria dos protólitos gerados no arqueano. Este bloco abrange o denominado Cinturão Costeiro Atlântico (CORDANI 1973) e o Cinturão Móvel Salvador-Curaçá (SANTOS e SOUZA 1983). O primeiro estende-se desde a região sui da Bahia até as imediações da cidade de Salvador, sendo chamado por Barbosa & Sabaté (2002) de Bloco Itabuna-Salvador. A partir do paralelo de Salvador para norte essa faixa de granulitos se bifurca em dois ramos: o oriental, que conforma o Cinturão Salvador Esplanda (BARBOSA e DOMINGUEZ 1996), e o ocidental, que se projeta até o Rio São Francisco, nesse caso levando o nome de Cinturão Móvel Salvador-Curaçá (SANTOS e SOUZA 1983), no qual a área de estudo localiza-se no domínio oriental. O Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá é composto por no mínimo quatro grupos de tonalitos/trondhjemitos: três são arqueanos com idades em tomo de 2.6 Ga e um paleoproterozóico com idades próximas de 2,1 Ga (BARBOSA e PEUCAT 2003). São exemplos do grupo mais antigo os tonalitos, de Ipiaú e Caraíba, com idades de aproximadamente 2,7-2,6 Ga datados pelos métodos Pb-Pb evaporação e U-Pb SHRIMP em zircões (LEDRU et al. 1993, SILVA et al. 1997, BARBOSA e PEUCAT 2003). Segundo os dois últimos autores, com base principalmente nos elementos Terras Raras, estes tonalitos são interpretados, como resultado da fusão de crosta oceânica toleítica. Este Bloco também inclui corpos de chamockitos de idades próximas de 2,6 Ga e ainda faixas de metassedimentos (quartzitos com granada, gnaisses alumino-magnesianos com safirina, grafititos e formações manganesíferas) além de gabros/basaltos de fundo oceânico e/ou de bacias back-arc de fonte mantelica. Este Bloco contém também importantes intrusões de monzonitos com afinidade shoshonitica (BARBOSA 1990) com idades em tomo de 2,4 Ga, cujos dados foram obtidos por Pb-Pb, pelo método PB-Pb de evaporação em zircões (LEDRU et al. 1993). Todas as unidades litológicas deste Bloco foram reequilibradas nas fácies granulito, no paleoproterozóico. A geração da maioria desses protólitos foi relacionado a processos de subducção com geração de tonalitos-trondhjemitos em ambientes de subducção e arcos de ilhas (BARBOSA e Tiano, E.G.S. Capítulo III Contexto Geológico Regional
36 32 SABATÉ 2002). O Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá foi fortemente afetado pela tectônica paleoproterozóica, durante a construção do Orógeno Itabuna Salvador Curaçá (BARBOSA e SABATÉ, 2001), referido adiante EVOLUÇÃO GEOTECTÔNICA Primariamente foi possível explanar três modelos evolutivos que foram propostos para explicar a geodinâmica do contexto em questão, a saber, a região costeira do estado da Bahia. Baseiam-se nos modelos de Figueiredo (1989), o de Barbosa (2001), e Barbosa & Sabaté (2002). Baseado no aumento crescente do teor de potássio, em direção a oeste, descrito por Barbosa (1986), nas seqüências toleítica, cálcio-alcalino e shoshonitica do Bloco Itabuna, propôs que o mesmo representaria um arco magmático relacionado a uma subducção para oeste, que ocorreu no paleoproterozóico, (FIGUEIREDO 1989). Barbosa (1990), considerou o Bloco Jequié como um antepaís, tendo a leste uma seqüência de arcos insulares, onde parte foi subductada e outra obductada. Com isto, toda a parte sul do Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, está deformada e reequilibrada na fácies granulito. Através do conhecimento sobre a evolução geotectônica das rochas arqueanas e paleoproterozóicas do Cráton do São Francisco na Bahia foi realizada uma síntese por Barbosa (2001). Este autor indicou o Bloco Gavião como apresentando litologias das mais antigas do Cráton, que corresponderia aos TTGs, com idades de 3,4 Ga, as quais teriam se introduzido em um substrato não claramente identificado. Este Bloco, também possuidor de rochas graníticas/granodioríticas, constituiria uma crosta continental no intervalo de 2,9/2,8 Ga, que depositaram as seqüências greenstone-belts correspondendo a Contendas- Mirante, Umburanas e Riacho de Santana. No Bloco Jequié, que por sua vez, formaram-se intrusões múltiplas enderbíticas-charnoenderbíticas-charnockíticas, de 2,7-2,6 Ga, que teriam intrudido em rochas granulíticas mais antigas, com idades em torno de 3,1 Ga. O Bloco Itabuna-Salvador, do paleoproterozóico, posicionado a leste do Bloco Jequié, 2,1-2,0 Ga, seria constituído por rochas metamórficas de alto grau, com o quimismo semelhante a rochas de ambiente de arco de ilhas. Cerca de 2,0 Ga, as deformações e o metamorfismo regional de alto grau se impôs sobre Tiano, E.G.S. Capítulo III Contexto Geológico Regional
37 33 essas rochas, superpondo blocos de rochas granulíticas sobre blocos de rochas das fácies anfibolito e xisto-verde. As deformações e metamorfismo foram de tal intensidade, que não houve preservação ou vestígios de ciclos geotectônicos anteriores. Barbosa & Sabaté (2002), apresentando o modelo baseado pelo método isotópico Sm-Nd e variáveis posicionamentos no diagrama, nas rochas dos quatro blocos arqueanos Gavião, Jequié, Itabuna Salvador Curaçá (Figuras 2.4 e 2.5), integrados aos dados estruturais, metamórficos e radiométricos, sugeriram que cada um desses blocos tiveram origens diferentes. Estes autores entendem que no paleoproterozóico ocorreu movimentação desses segmentos crustais no sentido NW-SE, provocando a colisão dos blocos, e resultando na formação de importante cadeia de montanhas, denominada de Orógeno Itabuna Salvador-Curaçá (Figuras 3.6 e 3.7). Os registros desta colisão foram obtidos não somente com os dados das rochas arqueanas, juntamente com o estudo das rochas paleoproterozóicas, pré e sintectônicas, principalmente nos Blocos Gavião (Marinho 1991, Basto Leal 1998), Itabuna-Salvador-Curaçá (CORRÊA GOMES 2000, BARBOSA e PEUCAT 2003), e Serrinha (MELLO et al. 2000). Tiano, E.G.S. Capítulo III Contexto Geológico Regional
38 34 A colisão deu-se no sentido NW-SE, que e interpretado com base na presença de falhas de empurrão e zonas de transcorrências tardias existentes. As transcorrências tiveram uma cinemática em geral sinistral, como demonstram elementos de trama monoclínica principalmente em seções paralelas e normais ao acamamento composicional desses metamorfitos (Alves da Silva & Barbosa 1997). Por conseqüência da colisão que inevitavelmente deformou e metamorfisou Área de Estudo Figura 3.3 Idades Arqueanas Sm-Nd (T DM ) do Cráton do São Francisco na Bahia. Segundo Barbosa & Sabaté (2002, 2004) As rochas do orógeno, formou-se isógradas metamórficas que está evidenciada na porção central pelas fácies granulito e nas partes externas ou periféricas encontra-se fácies metamórfica anfibolitos e xisto verde. Tiano, E.G.S. Capítulo III Contexto Geológico Regional
39 35 Figura 3.4 Diagrama e Nd x e Sr (t = 2.0 Ga) mostrando campos distintos de idade arqueana. As idades do BISC (Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá) são mais próximas ao MD (Manto Depletado). BJ (Bloco Jequié), BS (Bloco Serrinha) e BG (Bloco Gavião). Tiano, E.G.S. Capítulo III Contexto Geológico Regional
40 36 Figura 3.5 Posição postuladas dos blocos arqueanos (Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, Bloco Jequié, Bloco Serrinha e Bloco Gavião) antes da colagem/colisão no Paleoproterozóico. Segundo Barbosa & Sabaté (2002). Em conseqüência da superposição dos blocos arqueanos durante a colisão (Figura 3.7), houve a duplicação da crosta nesta região em decorrência ao metamorfismo que chegou a uma pressão de aproximadamente de 7 Kbar e temperaturas entre 850 C. Segundo Barbosa (1990, 2001), a idade do pico de metamorfismo ocorreu em aproximadamente 2,0 Ga. Durante o episódio de soerguimento, rampas tectônicas associadas à thrusts, modificaram a zoneação metamórfica primária em função da instalação dos mega-blocos de rochas Tiano, E.G.S. Capítulo III Contexto Geológico Regional
41 37 granulíticas sobre rochas de fácies anfibolito e xisto verde (Barbosa 2001). Na porção sudoeste do Cráton, houve o cavalgamento do Bloco Itabuna-Salvador- Curaçá sobre o Bloco Jequié que transformou as rochas desse bloco, da fácies anfibolito para fácies granulito. Este controle estrutural, apresentando rochas de mais alto grau sobreposta a outras rochas de mais baixo grau é evidenciada através das porções NNE e NNW do Cráton no estado da Bahia. A seguir é apresentada uma seção geológica que explana o contexto regional, acompanhada com trajetória através do diagrama de PTt do metamorfismo, localizados na lateral superior direita da seção (Barbosa 1990, 2001, Leite 2002). Figura Perfis geotectônicos EW no SSE-SSW do estado da Bahia, destacando apenas rochas paleoproterozóicas. (a) Estágio intermediário da colisão paleoproterozóica com deposição final de sedimentos siliciclásticos nos Greenstone Belts de Umburanas e Contendas Mirante, e início da produção de charnockitos na região de Brejões. (b) Estágio final da orogênese com cavalgamento do Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá (granulitos) sobre o Bloco Jequié e deste sobre o Bloco Gavião (rochas das fácies anfibolito e xisto-verde). Diagramas PTt da lateral superior direita das seções obtidos a partir do estudo de gnaisses aluminomagnesianos. Barbosa & Sabaté (2002). Tiano, E.G.S. Capítulo III Contexto Geológico Regional
42 CAPÍTULO IV GEOLOGIA LOCAL Tiano, E.G.S. Capítulo IV Contexto Geológico Local
43 GEOLOGIA LOCAL Segundo Barbosa et al. (2005), a cidade de Salvador pode ser dividida em três domínios geológicos principais: a Bacia Sedimentar do Recôncavo, limitada pela Falha de Salvador, a Margem costeira Atlântica, que corresponde aos sedimentos argilosos, arenosos e areno-argilosos, e o Alto do Salvador composto de rochas metamórficas de alto grau com corpos tabulares máficos e félsicos intrusivos, no qual a área de pesquisa encontra-se localizada. A área de pesquisa distribui-se em três principais pontos da orla marítima da cidade de Salvador, correspondendo às praias de Itapoã, Jardim de Alah e Paciência (bairro do Rio Vermelho). Essa região encontra-se inserida no Cinturão Salvador-Esplanada, especificamente no domínio geológico Alto de Salvador, que compreende rochas metamórficas de alto grau separando a Bacia do Recôncavo do Oceano Atlântico, Barbosa et al. (2005) DOMÍNIO ALTO DO SALVADOR Essas rochas estão localizadas na parte oeste desse domínio, que se distribui por toda a orla marítima, desde os arredores da praia de Itapoã, até o Farol da Barra, pontos cujos afloramentos são mais expressivos. Corresponde a granulitos mesocráticos, de cor cinza, granulação média a grossa, com grãos que variam de 5,0 a 150 mm. Em sua maioria a estrutura é maciça, porém em alguns pontos principalmente em zonas de cisalhamento, observam-se foliações, lineação de estiramento mineral paralela a foliação, bem como estruturas gnáissicas apresentando bandas máficas e félsicas (Fotografia 6.1) com espessuras milimétricas a centimétricas. A rocha exibe estágio de alteração intempérica avançado. Tiano, E.G.S. Capítulo IV Contexto Geológico Local
44 40 Fotografia 4.1 Detalhe do bandamento composicional do granulito. Ponto ET-03 (563820/ ). As rochas onde os corpos intrusivos estão localizadas situam-se na porção oriental do Cinturão Salvador-Esplanada. Classificada por Barbosa et a.l (2005) como domínio Alto Salvador, que apresenta composição granulítica e fazem parte do embasamento da Bacia do Recôncavo Diques Os diques localizados na orla marítima da cidade de Salvador encontra-se no domínio Alto Salvador (Barbosa et al. 2005), apresenta uma textura isotrópica fanerítica média (Fotografia 4.1). os diques apresentam coloração cinza claro para os félsicos mais geralmente encontram-se sobre a cor róseo devido ao grau de alteração intempérica que apresenta relativamente alto e os máficos verdes escuro, ao isotrópicos. A granulometria varia de fina a media nos félsicos, e fina nos máficos. Estes diques apresentam uma relação de idade, onde os máficos cortam os félsicos (Fotografia 4.3). Tiano, E.G.S. Capítulo IV Contexto Geológico Local
45 41 Fotografia 4.2 Detalhe do dique granítico. Jardim de Alah. Ponto ET-03 ( /563890) Fotografia 4.3 Dique máfico cortando o dique félsico. Jardim de Alah. Ponto ET-02 ( /563820) Margem Costeira Atlântica Esse domínio é formada por sedimentos inconsolidados de acumulações pouco espessas de material argiloso, arenoso e areno-argiliso, perfazendo 60% do total da área de estudo. Tiano, E.G.S. Capítulo IV Contexto Geológico Local
46 56 6. Conclusões A partir dos dados levantados durante esta pesquisa sobre os diques félsicos da orla marítima da cidade de Salvador, estado da Bahia, têm-se como principais conclusões: 1 - Os diques estudados foram classificadas como sienogranitos e monzogranitos. Os minerais essenciais são: microclina, oligoclásio e quartzo, os varietais são: biotita e muscovita e os acessórios são magnetita, apatita e zircão. 2 - Os constituintes mostram-se bem preservados, exibindo alteração fraca atribuída à circulação de soluções aquosas, seja no ambiente da superfície ou próximo a ela. Relacionam-se por contatos curvos e retos e por vezes também se observa contatos de reação, com o quartzo substituindo os feldspatos. 3 - A atuação de processos de deformação fica evidenciada pela presença de encurvamento da geminação do plagioclásio, extinção ondulante e fraturas afetando os constituintes de modo geral e a cominuição de borda de cristais de feldspatos e quartzo. 4 - A presença de fraturas com preenchimento pelo material de alteração mostra que a circulação de soluções foi facilitada através das zonas de fraqueza geradas por esforços, posteriores à solidificação. 5 - Os diques félsicos apresentam duas direções preferenciais de colocação, que se encontram no quadrante SW e SE, apresentando correlação direta com a tectônica paleoproterozóica. 6 - Os diques graníticos macroscopicamente não apresentam diferenças mineralógicas e texturais. No entanto, através dos estudos petrográficos foi possível dividir os diques em dois grupos: sienogranitos e monzogranitos. Tiano, E.G.S. Capítulo VI Conclusões
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