PALAVRA Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus.

Transcrição

1 ANO C - V Domingo do Tempo Comum «Daqui em diante serás pescador de homens» Pouco tempo atrás, na sinagoga de Nazaré, Jesus tinha-se apresentado como o enviado de Deus para uma missão concreta (Lc 4, 16-21). A partir dali, as pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento (Lc 4,32); não estranha, pois que a sua fama se espalhasse rapidamente, por todos os lugares das redondezas (Lc 4,37). A multidão continua a procurá-l O para ouvir a palavra de Deus. E hoje, Jesus, serve-se de umas barcas, de uns pescadores, para proclamar a palavra de Deus. Pede-lhes obediência, pede-lhes uma confiança na sua palavra, aparentemente sem sentido: lançai as redes e o milagre aconteceu, muito maior do que puderam imaginar, apenas porque obedeceram: já que o dizes, lançarei as redes. A sua obediência preparou-os para o seguimento. A partir dali o seu lago será o oceano imenso e os seus peixes serão os corações dos homens que deverão ganhar para Deus. Evangelho segundo S. Lucas (Lc 5,1-11) Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-se e do barco pôs-se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romperse. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-lhe: «Senhor, afasta-te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus. SEGUNDA FEIRA Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Poucos dias antes, na sinagoga de Nazaré, Jesus tinha-se apresentado como o enviado de Deus para uma missão concreta (Lc 4, 16-21). As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento (Lc 4,32); e a fama de Jesus espalhava-se por todos os lugares da redondeza (Lc 4,37). Àquelas pessoas bastaram poucas palavras de Jesus, poucos sinais, pouca convivência, para descobrirem n Ele a presença de Deus, um homem que fala as palavras de Deus: As multidões procuravam-n O e, indo ter com Ele, não queriam deixar que se fosse embora (Lc 4,42). Era um homem 1

2 diferente de Deus! Não estranha, portanto, que se aglomerassem à sua volta para ouvir a palavra de Deus. Os seus gestos são gestos de Deus, as suas palavras são palavras de Deus. Ouvir o Filho é, de facto, tocar o coração do Pai, os seus projectos mais íntimos. Seria fantástico estarmos, todos nós, aglomerados no sentido de Jesus para ouvir a Palavra de Deus! Seria muito fácil descobrir o que é ser filho, viver como filho de Deus! Aqui estou diante de Ti, Senhor, para que me fales. Venho de longe, deixei o meu barco para ouvir a tua palavra, a palavra de Deus. Esperei-te, procurei-te por montes e vales, no deserto e no lago, para estar contigo. Hoje aqui estou mais uma vez, Senhor, diante de ti, para ouvir-te. Fala-me dos projectos do Pai para mim e para meus irmãos. Mostra-me o coração do Pai. Que espera Ele de nós? Fala-nos, Senhor, pois aqui estamos aglomerados à tua volta, para ouvir a palavra de Deus. Passarei o meu dia atento à presença de Jesus à minha volta. Tentarei perceber o que me quer dizer como palavra de Deus. Depois serei consequente. TERÇA FEIRA Ele encontrava-se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-se e do barco pôs-se a ensinar a multidão. A multidão tinha-se aglomerado à volta de Jesus para ouvir a palavra de Deus. Jesus arranjou o melhor modo de a comunicar e de a levar ao coração da multidão. Enquanto uns se afanam por não perder uma palavra de Jesus, outros estão estacionados no lago da vida, a lavar as redes de sempre e como sempre Jesus chegou e com ele novos desafios. Tão distraídos andamos, que corremos o risco de perder a pesca milagrosa em troca de uns poucos peixes, de perder a palavra de Deus, por não aglomerar-se à volta de Jesus. O lago mal tinha saciado a fome àqueles pescadores atarefados. Não se aperceberam, como talvez nós, que o lago, o nosso lago, sem Jesus, sem a palavra de Deus é estéril, apesar de tantos esforços e saberes. E Jesus não defraudou a multidão: mas pôs-se a ensinar, como eles esperavam. Quantas vezes, Senhor, me vieste visitar ao meu lago e eu não me apercebi da tua presença, tão envolto estava com as minhas redes e os meus lamentos de pescas estéreis repetidas. Sobe de novo à minha barca, Senhor, serve-te dela e de mim, para ensinares a multidão que te segue. Sei que pouco posso, mas se é o meu pouco que precisas para te fazeres ouvir nos corações dos que anseiam as tuas palavras, toma, então, o meu pouco, transforma-o numa pesca milagrosa para tantos que se aglomeram à tua volta, Senhor. Com o pouco daqueles pescadores, Jesus consegui levar a palavra de Deus a muitos. Que pouco espera Jesus de mim, mas que se revela decisivo para tantos outros? Coloquemos à sua disposição, barca, voz, braços, redes Mas atenção: Ele pode precisar de nós e encontrar-nos estacionados! 2

3 QUARTA FEIRA Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». São as primeiras palavras de Jesus! Estranhas palavras, para quem vem dizer a palavra de Deus. Não eram estas as palavras que esperavam, certamente. Que pode ensinar um carpinteiro a pescadores experimentados? Que loucura, lançar as redes durante o dia todos sabem que se pesca de noite! Que nos pede Deus? Confiar mais n Ele que nos nossos saberes e fazeres? Tantas canseiras na nossa vida, tanto trabalho durante a nossa noite para a pesca e, sem Deus, revela-se a nossa impotência: «Andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada». E se Pedro não tivesse obedecido? Que milagres portentosos perdeu Deus em nós, por falta de confiança na sua palavra? Deus só precisa de uma palavra nossa, lançarei as redes, para o milagre acontecer Tão pouco para um milagre tão imenso! Não sei, Senhor, o que disseste à multidão naquele dia, mas recordo-me das palavras que me dirigiste: «Faz-te ao largo e lança as redes para a pesca». Que me pedes, Senhor? Que me queres dizer? Perdão, Senhor, por desconfiar de ti, da tua palavra. Perdão, porque me afano em esforços inúteis, sem ti, pensando conseguir, sem ti e com o meu saber, a minha abundância, que se revela tão estéril, sem ti, Senhor. Mas hoje, Senhor, confiarei na tua palavra, lançarei as redes, para que possas fazerte abundante no coração de tantos que vieram ao lago ouvir a palavra de Deus. Senhor, dá-me um coração crente e obediente à tua palavra. Lança as redes para a pesca de Jesus, em gestos concretos. Lança as redes nos corações. Lança as redes ao teu redor, por muito ridículo que te pareça no momento, mas lança as redes para que Jesus possa fazer milagres que não suspeitarias. QUINTA FEIRA Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos de tal modo que quase se afundavam. Pedro obedece a uma ordem sem sentido aparente e o milagre aconteceu, muito maior do que teriam imaginado. E se obedecêssemos como Pedro? Se tivéssemos a mesma confiança? Quem vive e age segundo a palavra de Jesus, verá grandes milagres. Assim foi aqui, nesta quantidade de peixes inesperada, como na abundância de vinho em Caná (Jo 2,1-11) e na multiplicação de pães no deserto (Lc 9,12-17), como sinais da abundância dos dons messiânicos que brotam da ilimitada generosidade de Deus. Confiar-se à palavra de Jesus, é a única exigência para que o milagre aconteça. Os nossos saberes, o nosso esforço é importante, mas só a confiança incondicional na palavra de Jesus, encherá a nossa barca dos peixes que precisamos para cada dia 3

4 Eles assim fizeram, tal como tu lhes pediste, Senhor, e o milagre aconteceu, contra todos os prognósticos racionalistas. A tua presença em nós produz dons abundantes. Perdão, Senhor, se teimo na minha pesca solitária, auto-suficiente, sem ti. Aqui estou, Senhor, aqui tens a minha barca e as minhas redes à tua disposição, para te fazeres abundante em nós. Ajuda-me, Senhor, a confiar mais em ti, na tua palavra. Só assim colmatarás a minha pesca estéril, só assim a minha pesca terá sentido, para mim e para as demais barcas do nosso lago. Senhor, eu creio, mas aumenta a minha fé. Ao longo do dia, a caminho do trabalho ou das aulas, em casa ou no supermercado, vou repetir, em forma de oração e sempre on-line com Deus, a frase: Eu creio, Senhor, mas aumenta a minha fé. SEXTA FEIRA Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-lhe: «Senhor, afasta-te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Simão cai com os joelhos por terra em profunda adoração, experimentando a distância que separa a santidade de Deus e o pecado do homem. Diante de tão grande milagre, diante do Senhor que fala em nome de Deus Pedro reconhece a sua pequenez, advertindo a Jesus que se afaste para que não fique contaminado pelo seu pecado, como era costume entre os judeus. No entanto, Jesus fala pela segunda vez e diz palavras, novamente, que ninguém esperaria, àquele pescador experimentado: «Daqui em diante serás pescador de homens». Esta será a missão de Pedro. Esta é a nossa missão: lançar as redes para a pesca de homens. Como cristão, tomei a sério a missão que Jesus me confiou, ou continuo no meu lago de sempre, na minha pesca de sempre? Hoje te canto, Senhor: Tu, que nas margens do lago, não escolhes nem sábios nem ricos, queres somente que eu te siga. Senhor, tu fixaste os meus olhos e quiseste meu nome chamar. E eu deixei o meu barco na praia e contigo encontrei outro mar. Tu bem sabes, Senhor, que sou um homem pecador, mas que o teu olhar, o teu amor, transformou em pescador de homens. Que bom é pescar contigo; que maravilhoso é amar os irmãos a teu lado, Senhor; que alegria é dar por eles a vida, todos os dias. Recorda-me sempre, Senhor, que sou pescador de homens, que eles são o verdadeiro sentido do meu trabalho, do meu viver, da minha pesca de todos os dias. Hoje vou ser, a sério, pescador de homens ganhá-los para Deus (e não como troféus para o meu orgulho pastoral ). Levarei uma palavra, a palavra de Deus que aquela pessoa concreta precisa para a sua vida. 4

5 SÁBADO Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus. Deixaram as redes e seguiram-no. É o desprendimento exigido pela vocação apostólica. Lucas repete-o com frequência ao longo do seu evangelho (5,28; 9,57-62; 12,33; 14,33; 18,22). Quem encontra um tesouro, tudo o resto torna-se supérfluo. Quem encontra a Deus, nada mais tem valor comparável. As redes e o lago de sempre, não têm mais valor diante do grande oceano que Jesus nos coloca diante. A pesca de sempre não se compara à pesca que agora começa: pesca de homens, pesca de corações sem Deus, pesca de vidas para a Vida. Um oceano, assim, imenso, uma pesca, assim, tão nobre, requer pescadores desprendidos de tudo, ancorados só em Jesus, na sua palavra, na palavra de Deus. Depois de encontrar-te, Senhor, depois de experimentar o teu amor, não posso ficar estacionado no meu lago de sempre. Por ti, Senhor, abandonei a minha barca e as minhas redes que me davam apenas o sustento individual. Agora, na tua barca, preocupo-me também com os outros; preocupo-me com aqueles que tu te preocupas, preocupo-me com os meus irmãos E começo a perceber-te, Senhor, começo a perceber o coração do Pai, começo a perceber o sentido do seguir-te e do dar a vida. Começo a perceber o que é ser pescador de homens. Torna-se difícil, por vezes, seguir Jesus, porque estamos agarrados a tantas coisas que não há lugar para Jesus. Neste momento, o quê que realmente me afasta d Ele e me impede de ser seu seguidor? Sem Jesus a nossa pesca torna-se fatigante e estéril Custa tanto deixar a nossa barca de estimação mas terei coragem de escolher Jesus, para que a minha pesca seja abundante? Sérgio Paulo Pinto Se quiseres entrar em contacto connosco e partilhar as tuas reflexões e sugestões podes fazêlo para o seguinte orarapalavra@gmail.com. Quem quiser receber estes materiais no e- mail basta entrar em contacto connosco através do . 5