MARIEL SILVA DE OLIVEIRA

Transcrição

1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS ESPECIALIZAÇÃO LATU SENSU - CURSO METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA MARIEL SILVA DE OLIVEIRA Produzindo experiências do voleibol no Centro Educacional de Tempo Integral Jõao dos Santos Braga MANAUS 1

2 2015 Produzindo experiências do voleibol no Centro Educacional de Tempo Integral Jõao dos Santos Braga Autor: Mariel Silva de Oliveira Matricula O relato apresentado descreve minha primeira experiência com o ensino de voleibol com turmas mistas, alunos oriundos do ensino fundamental segundo segmento 6º ao 9º e do ensino médio 1º ao 3º ano. A atividade foi desenvolvida no centro educacional de tempo integral João dos Santos Braga, situada no Estado do Amazonas, distrito educacional 07 (CDE07) da secretaria educacional e qualidade do ensino (SEDUC-AM). Essa escola está localizada na zona Norte da capital, cito Manaus. Funcionando apenas em dois turnos (manhã e tarde) e possui um fluxo de alunos oriundos dos bairros: Nova Cidade, Monte das Oliveiras, Santa Etelvina, em sua grande maioria. A experiência com que venho compartilhar é o treinamento Desportivo do Voleibol, cumprindo a regra do Desporto escolar obrigatório aqui no estado do Amazonas, minhas conquistas e frustrações no ensino do Desporto. Seguindo a divisão das cargas (horas) de Educação Física para os professores aqui no estado do Amazonas está incluído nessa carga à hora do desporto escolar, pelo menos até o ano de 2015, pois é uma data de modificações políticas e financeiras (recessão), horário esse que o professor ministra um desporto em forma de técnico e\ou alto rendimento, a sua escolha e necessidade da escola. Os alunos participantes desse desporto deverão ter um mínimo de rendimento escolar para participar desse treinamento, além da autorização escrita de seus respectivos responsáveis. Devido à escola já possuir a cultura do Handebol é notório que os alunos também deveriam ter a oportunidade de usufruir de outro esporte com características do alto rendimento esse esporte foi o voleibol. O vôlei foi criado em 1895, pelo americano William G. Morgan, então diretor de educação física da Associação Cristã de Moços (ACM) em 2

3 Massachusetts, nos Estados Unidos. O primeiro nome deste esporte que viria se tornar um dos maiores do mundo foi mintonette. Naquela época, o esporte da moda era o basquetebol, criado apenas quatro anos antes, mas que tivera uma rápida difusão. Era, no entanto, um jogo muito cansativo para pessoas de idade. Por sugestão do pastor Lawrence Rinder, Morgan idealizou um jogo menos fatigante para os associados mais velhos da ACM e colocou uma rede semelhante à de tênis, a uma altura de 1,98 metros, sobre a qual uma câmara de bola de basquete era batida, surgindo assim o jogo de vôlei. A primeira bola usada era muito pesada e, por isso, Morgan solicitou à firma A.G. Spalding & Brothers a fabricação de uma bola para o referido esporte. No início, o mintonette ficou restrito à cidade de Holyoke e ao ginásio onde Morgan era diretor. Um ano mais tarde, numa conferência no Springfield's College, entre diretores de educação física dos EUA, duas equipes de Holyoke fizeram uma demonstração e assim o jogo começou a se difundir por Springfield e outras cidades de Massachussetts e Nova Inglaterra. Em Springfield, o Dr. A.T. Halstead sugeriu que o seu nome fosse trocado para volley ball, tendo em vista que a idéia básica do jogo era jogar a bola de um lado para outro, por sobre a rede, com as mãos. A primeira quadra de Voleibol tinha as seguintes medidas: 15,24m de comprimento por 7,62m de largura. A rede tinha a largura de 0,61m. O comprimento era de 8,235m, sendo a altura de 1,98m (do chão ao bordo superior). A bola era feita de uma câmara de borracha coberta de couro ou lona de cor clara e tinha por circunferência de 63,7 a 68,6 cm e seu peso era de 252 a 336g. Na América do Sul, o primeiro país a conhecer o volley ball foi o Peru, em 1910, através de uma missão governamental que tinha a finalidade de organizar a educação primária do país. O primeiro campeonato sul-americano foi patrocinado pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), com o apoio da Federação Carioca de Volley Ball e aconteceu no ginásio do Fluminense, no Rio, entre 3

4 12 e 22 de setembro de 1951, sendo campeão o Brasil, no masculino e no feminino. A Federação Internacional de Volley Ball (FIVB) foi fundada em 20 de abril de 1947, em Paris, sendo seu primeiro presidente o francês Paul Libaud e tendo como fundadores os seguintes países: Brasil, Egito, França, Holanda, Hungria, Itália, Polônia, Portugal, Romênia, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Estados Unidos e Uruguai. O primeiro campeonato mundial foi disputado em Praga, na Tchecoslováquia, em 1949, vencida pela Rússia. O jogo tem por objetivo para cada equipe enviar a bola por cima da rede para que toque o solo do campo adversário, evitando que a mesma toque o solo do próprio campo. Uma equipe tem o direito de golpear a bola três vezes para enviá-la de volta ao campo adversário (incluindo o toque de bloqueio). A bola é colocada em jogo pelo sacador. Este executa o saque golpeando a bola com uma das mãos ou braço, por sobre a rede em direção ao campo oponente. A jogada continua até que a bola toque o solo, caia fora e / ou uma equipe cometa uma infração não devolvendo a bola corretamente para o campo adversário. Nos últimos 30 anos o voleibol ganhou as manchetes nacionais por conta das vitórias conquistadas nas décadas de 80, 90 e nos anos Durante a década de 80 o Voleibol Masculino ficou marcado pela Geração de Prata, os atletas que disputaram os Jogos Olímpicos em 1984 na cidade de Los Angeles - EUA ganharam a primeira medalha para o esporte. Em 1992 o Voleibol Masculino ganha a sua primeira medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona - Espanha. E nos anos 2000 o esporte passa a despertar maior interesse por conta dos diversos campeonatos ganhos. O Voleibol Feminino também cresceu, atualmente a seleção brasileira é recordista em conquistas no Grand Prix com 10 conquistas em 23 edições disputadas (Sem contar o campeonato de 2015), conforme site da FIVB. 4

5 O desporto voleibol, objeto de estudo aqui apresentado iniciou no final do mês de fevereiro de 2015, na escola de tempo integral João dos Santos Braga em decorrência da seletiva para os jogos escolares e distritais. Além do cumprimento das horas obrigatórias dos professores de Educação física, os alunos na ocasião eram os mesmos que no ano anterior cito 2014 foram meus atletas nos jogos distritais (CDE07) um quantitativo de 15 alunos. Entretanto com material obsoleto (rede rasgada, bolas rasgadas e algumas murchas), a quadra da escola oferecendo risco de escorregar (cair), pois, o piso foi pintado com tinta não apropriada deslizando muito, e em dias alternados terças e quintas, visto a necessidade dos outros professores também terem que utilizar a quadra. Mesmo em situações adversas foram feitas as aulas de desporto com um número reduzido de alunos (15) e em especial com o público juvenil misto masculino e feminino, transcorrendo os treinos e a insistência de outros alunos em entrar para o treino. Foram abertas as inscrições para novos alunos, agora inclusos o ensino fundamental misto masculino e feminino, Resultando em mais de 70 alunos entre infantil e juvenil masculino e feminino. Forçando-me a utilizar outras metodologias de ensino (aulas abertas) para dar conta desse quantitativo e com materiais reduzidos, como todos os colegas de profissão tive que improvisar então foi feito uma improvisação com bolas de outras modalidades como: queimada, handebol, futebol de campo e basquete. A aceitação por parte dos alunos não foi muito boa, contudo nos momentos finais dos treinos sempre oportunizava uma competição entre os alunos, mas respeitando suas características de ensino fundamental e de ensino médio. Nesses primeiros momentos, os treinos eram voltados para a preparação física e depois para o treino propriamente dito com as técnicas de passe, recepção, toque entre outros. Com a chegada de muitos alunos no desporto voleibol, houve a necessidade de materiais mais específicos como bolas próprias do voleibol. Mas que infelizmente, a escola não poderia adquirir pela falta de verbas, que em outro momento foi suprido com os materiais entregues pela secretaria de educação no mês de abril em forma de kit educacional nos ajudando em muito, pois agora já dispomos naquele 5

6 momento de 7 bolas, mesmo que não oficiais mas que vem a contribuir substancialmente para o treino de voleibol. Visto o crescimento do número de alunos treinando, e apenas com dois dias para a realização dos treinos me vi em cheque na metodologia usada, tendo que fazer adaptações nessa metodologia, onde na terça os alunos do fundamental faziam as técnicas do voleibol e o grande jogo enquanto os alunos do médio faziam o treinamento físico e na quinta-feira isso era invertido. No transcorrer dos tempos pude notar que os alunos no dia de treinamento físico faltavam e no dia das técnicas e grande jogo apareciam tornando-se assim um habito corriqueiro. Com esse novo método, como só havia um professor para fiscalizar ficava meio perdido, pois não poderia acompanhar nem um e nem outro no treino, sempre havia uma turma dispersa. Em conseqüência da dispersão dos alunos, ficou decidido junto com os mesmos que os alunos do fundamental ficariam com a terça-feira e os alunos do médio com a quinta-feira, acabando assim com a dispersão e tendo um maior controle dos alunos, mas em conseqüência, ficariam apenas com um dia na semana para a prática do voleibol, entretanto ao possuir algum evento na escola eles notariam mais tarde que passariam a semana toda sem a prática da modalidade, contudo esse foi o único meio de organização para que os alunos possuíssem um acompanhamento melhor pelo professor. No transcorrer do desporto e lembrando que possuíamos apenas 7 bolas de voleibol, o trabalho era limitado a poucas técnicas da modalidade e muito jogo devido a baixíssima quantidade de bolas. Apesar disso, com o advento de um projeto federal chamado de atleta na escola, pude inscrever a escola nesse projeto e ter renda direta na escola para o agora projeto, atleta na escola, na modalidade voleibol, onde foi adquirida mais de 15 bolas de voleibol, agora com um número suficiente de bolas de voleibol pude ensinar mais as técnicas do desporto, porém como os alunos já estavam acostumados a poucas técnicas e muito jogo a grande maioria dos alunos desistiu da modalidade permanecendo apenas os que realmente estavam interessados em aprender o desporto, reduzindo ao máximo esse número de alunos, houveram dias que fui obrigado a completar os times com os alunos 6

7 que ali estavam independente de fazerem parte ou não dos treinos para poder existir o grande jogo tanto em nível de fundamental como o do médio. A partir do momento em que começaram as atividades e que houve o contato com a bola oficial e bolas não oficiais, mas de vôlei, despertou-se neles a curiosidade pelo desporto voleibol e a vontade de brincar de vôlei coisa que antes não era sequer aceitada. Com essa curiosidade os alunos vêm proporcionando uma nova vivencia para uma modalidade nova na escola, visto que a sua prática era quase nula, com a implantação do desporto e logo depois com o projeto atleta na escola ficou percebido um grande avanço nas metas, como a participação dos meninos nesse esporte, visto que este é normalmente tratado pela comunidade escolar como um esporte exclusivo do sexo feminino e durante as atividades os alunos tiveram uma boa interação, pois um ajudava os outros e em especial nos trabalhos em grupo visando uma ação coletiva sempre. No transcorrer do projeto, pude notar a dificuldade de lidar com alunos de idades diferentes e em especial vivencias motoras diferentes, em um mesmo espaço e ter que adaptar a linguagem e forma de agir em fração de segundos com os alunos, me desgastando muito fisicamente e psicologicamente. Ao decidir pela separação dos dias aí sim pude notar um crescimento mesmo que pequeno nas habilidades dos alunos em relação às técnicas e também pude incluir táticas de jogo que anteriormente jamais pensaria em implementar, mesmo seguindo o pensamento de apenas uma aula durante a semana. A formação dos alunos em atletas do voleibol se deu de forma lenta e paciente, mas com uma leve decepção, pois ao adquirirem controle motor de seus movimentos digo o movimento pensado trabalhado para o jogo, houve o interesse por parte de outro desporto o mais experimentado na escola caindo assim à freqüência dos alunos no voleibol, havendo assim mais uma vez a necessidade de mudança na metodologia, para novamente ter uma forma de atração para esses alunos que estavam pensando em desistir do voleibol. A mudança de metodologia foi a prática pura do grande jogo onde assim pude no transcorrer do jogo ensinar táticas, mas de forma sutil para 7

8 não espantar mais uma vez os alunos com isso consegui manter pelo menos um time juvenil para competições futuras e também manter alguns alunos para o time de base (mirim e infantil) da escola. É notório o quão é importante a reciclagem dinâmica pelo professor e a implementação de técnicas novas no treinamento, mas é de fundamental importância o uso de materiais específicos do esporte para a atração do aluno e vivencia do dia a dia do esporte, apesar de enfrentar dificuldades na obtenção de materiais e manutenção dos alunos no projeto considero os resultados satisfatórios, uma vez que mobilizou bastantes alunos e a comunidade escolar além do que a prática do esporte aqui relatado na escola se deu mais efetivamente, ao mesmo tempo, que houve identificação pelos alunos com o esporte, notado em seus tempos livres onde solicitam a bola de voleibol para suas distrações e prática do lazer gerando uma melhor qualidade de vida. 8