APOIO À PREPARAÇÃO DA EDIFICAÇÃO O DISCÍPULO QUE PERMANECE. Jo 21,21-25

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1 CÉLULAS PAROQUIAIS DE EVANGELIZAÇÃO APOIO À PREPARAÇÃO DA EDIFICAÇÃO TEMA O DISCÍPULO QUE PERMANECE Jo 21,21-25 OBJETIVO EDIFICAR-SE EM CRISTO A - EXORTAÇÃO DO PASTOR B - OBSERVAÇÃO, EXPLORAÇÃO E APLICAÇÃO C - ANEXOS O SUSPENSE DO QUARTO EVANGELHO O DISCÍPULO QUE PERMANECE Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.

2 A- EXORTAÇÃO DO PASTOR O Senhor deseja fazer de cada um de nós um discípulo que vive uma amizade pessoal com Ele. Para realizar isto não é suficiente segui-lo e ouvilo exteriormente; é preciso também viver com e como Ele. Isto é possível apenas no contexto de uma relação de grande familiaridade, repleto do calor de uma total confiança. Isto Bento XVI nos diz do discípulo João, o que se debruçara sobre o coração de Jesus. Coração que veria, junto com a Mãe, ser trespassado na Cruz. Para se tornar fonte da vida da Igreja. Bebamos da fonte de João.

3 B- OBSERVAÇÃO, EXPLORAÇÃO E APLICAÇÃO O apóstolo é um enviado, mas, sobretudo, um profundo conhecedor de Cristo Bento XVI B.1 - OBSERVAÇÃO Diz-nos Bento XVI: Segundo a tradição, João é "o discípulo predileto", que no Quarto Evangelho apoia a cabeça no peito do Mestre durante a Última Ceia (cf. Jo 13, 21), encontra-se aos pés da Cruz juntamente com a Mãe de Jesus (cf. Jo 19, 25) e, por fim, é testemunha quer do túmulo vazio quer da própria presença do Ressuscitado (cf. Jo 20, 2; 21, 7). Sabemos que esta identificação hoje é debatida pelos estudiosos, alguns dos quais veem nele simplesmente o protótipo do discípulo de Jesus. Deixando aos exegetas a tarefa de resolver a questão, contentamo-nos com receber uma lição importante para a nossa vida: o Senhor deseja fazer de cada um de nós um discípulo que vive uma amizade pessoal com Ele. Para realizar isto não é suficiente segui-lo e ouvi-lo exteriormente; é preciso também viver com e como Ele. Isto é possível apenas no contexto de uma relação de grande familiaridade, repleto do calor de uma total confiança; por isso um dia Jesus disse: "Ninguém tem

4 mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos... Já não vos chamo servos, visto que um servo não está à corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai" (Jo 15, 13.15). Nos apócrifos Atos de João o Apóstolo é apresentado não como fundador de Igrejas nem sequer como guia de comunidades já constituídas, mas em contínua itinerância como comunicador da fé no encontro com "almas capazes de ter esperança e de ser salvas" (18, 10; 10, 8). Tudo é movido pela intenção paradoxal de mostrar o invisível. De fato, ele é chamado pela Igreja oriental simplesmente "o Teólogo", isto é, aquele que é capaz de falar das coisas divinas em termos acessíveis, revelando um arcano acesso a Deus mediante a adesão a Jesus.... De fato, sem adequado recolhimento não é possível aproximar-se do mistério supremo de Deus e da sua revelação. Isto explica porque, há anos, o Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Atenágoras, aquele que o Papa Paulo VI abraçou num memorável encontro, afirmou: "João está na origem da nossa mais alta espiritualidade. Como ele, os "silenciosos" conhecem aquele misterioso intercâmbio dos corações, invocando a presença de João e o seu coração inflama-se" (O. Clément, Diálogos com Atenágoras,Turim 1972, p. 159). O Senhor nos ajude a pormo-nos na escola de João para aprender a grande lição do amor, de modo que nos sintamos amados por Cristo "até ao fim" (Jo 13, 1) e empreguemos a nossa vida por Ele. Bento XVI O Apóstolo e Evangelista João - Audiência de 05/07/2006.

5 B.2 - EXPLORAÇÃO Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Ao final, uma questão, uma lição permanece para Pedro. Porque Deus pôs ao lado de Pedro esse discípulo constante, talvez como constante incômodo, pois é o primeiro que é chamado e que com o Senhor permanece; que é o que se senta à sua direita, se debruça sobre o peito e recebe a extrema confidência; que é o que permanece ao pés da Cruz e recebe a Mãe; que é o que mais corre e chega primeiro e primeiro crê na Ressurreição; que é o que primeiro e de longe discerne o Senhor vivo; e de quem se diz que o Senhor mais ama e deve permanecer até que Ele venha? Porque esta constante presença deste amigo comum que parece diminuir a Pedro? Porque o misericordiosíssimo Jesus quer evitar a Pedro o Pedra da Igreja, o líder dos Doze, citado mais de 40 vezes! - o constante perigo da soberba, da vaidade, da posse do poder. Jesus quer dar a Pedro uma vacina contra esse mal, esta cizânia, este joio, que põe tudo a perder: Não seja assim entre vós!. Jesus quer dar a Pedro a virtude da alegria maior de servir para ver o outro ser mais elevado e amado. Pois esta será a missão de Pedro: elevar todos a discípulo que Jesus mais ama!

6 Sim, Jesus quer que este discípulo que ele mais ama permaneça, de alguma forma, até que ele venha, como um motivo para manter nossa humildade e desprendimento em qualquer posição que o Senhor nos colocar. Mas talvez também esse discípulo que Jesus mais ama não receba nome porque deverá assumir incontáveis nomes em todas as gerações. O meu nome. O teu nome. Pois, ao final, uma ordem permanece para nós, hoje e agora: Quanto a ti, segue-me!. B.3- APLICAÇÕES (sugestões, pense-se em outras) O Senhor deseja fazer de cada um de nós um discípulo que vive uma amizade pessoal com Ele. Para realizar isto não é suficiente segui-lo e ouvi-lo exteriormente; é preciso também viver com e como Ele. Isto é possível apenas no contexto de uma relação de grande familiaridade, repleto do calor de uma total confiança. Partilhem: 1. Que meios podemos utilizar para melhorar nosso relacionamento, nossa familiaridade e confiança em Cristo?

7 2. Até que ponto tomamos consciência de que é do relacionamento com Cristo que transborda o relacionamento de amor e misericórdia para a Igreja e a Célula? 3. Como fazer que nossa Célula tenha como prioridade levar outros a um relacionamento de amor com Cristo? COLETA - (sugestão não se prenda a ela, ouça o Espírito!) Pode ser uma oração, inspirada pelo que o Espírito Santo revelou e realizou na partilha. Por exemplo: Senhor, assim como a João, fazei que conheçamos vosso coração e vos amemos

8 EXERCÍCIO PARA A SEMANA - Sugestão Procurar aproximar-se, sem medo, de Jesus Cristo e orar: Senhor, que eu vos conheça e vos ame ANEXOS O SUSPENSE DO QUARTO EVANGELHO Há um suspense, um mistério que perpassa todo o Quarto Evangelho, como um artifício do Espírito para resplandecer uma verdade importante.

9 Quem é este discípulo, de quem não se diz o nome, e do qual se dirá que era o que Jesus mais amava - e que se revela ao final como o evangelista (Jo 21, 20.24)?...o discípulo que Jesus amava, o mesmo que se reclinara sobre o peito de Jesus durante a ceia... é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. No Quarto Evangelho, o termo discípulo aparece 87 vezes, indicando que o discipulado é extremante importante para Jesus e como foi intenso seu relacionamento. Em Jo 1,35-51, no chamado dos Primeiros Discípulos, se identifica André com um dos dois discípulos de João que permaneceram com Jesus até a hora décima. Há precisão na hora, mas não se identifica o outro discípulo. Por quê? Logo também são nomeados Pedro, Filipe, Natanael. Filipe e André serão novamente citados na Multiplicação dos Pães (Jo 6,1-21) e como intermediários dos gregos que queriam ver Jesus (cap. 20). Natanael será citado também ao final, na última pescaria (Jo 21,2). Na figura dos Doze - citados quatro vezes-, que surge em Jo 6,67-71, no episódio da confissão de Pedro, aparece também a infeliz figura de Judas, filho de Simão Iscariotes: Este, um dos Doze, o haveria de entregar. Judas será nominado mais dez vezes, salientando a importância de sua trágica opção.

10 Entre os Doze, Pedro recebe merecido destaque é citado 41 vezes. Judas Tadeu será citado em Jo 14,22, com a importante questão: Senhor, como se explica que tu te manifestarás a nós e não ao mundo? Tomé um dos Doze - será testemunha do ressuscitado em Jo 20,24-29, e também ao final, na última pescaria (Jo 21,2). Aí então são citados, sem nomes, os filhos de Zebedeu, junto com dois outros. Sabemos pelos sinóticos que os filhos de Zebedeu são Tiago e João, mas o quarto evangelista parece evitar seus nomes, apesar do destaque que os dois têm nos outros três Evangelhos. Sim, o autor do Quarto Evangelho deseja camuflar-se. Assim o faz também na negação de Pedro, Jo 18, Mas, ao narrar o Anúncio da Traição, em Jo 13, 21-25, ele vai ocultar-se sob uma fórmula impactante: o que Jesus mais amava : Bem ao lado de Jesus, estava reclinado um dos seus discípulos, aquele que Jesus mais amava. Simão Pedro acenou para que perguntasse de quem ele estava falando. O discípulo, então, recostando-se sobre o peito de Jesus, perguntou: Senhor, quem é? Em Jo 19,25-27, este incógnito discípulo que ele amava, se torna capital testemunha: Junto à cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o

11 discípulo que ele amava, disse à mãe: Mulher, eis o teu filho! Depois disse ao discípulo: Eis a tua mãe! A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu. Este discípulo que ele mais amava reaparece na manhã da Ressurreição, Jo 20,1-9:... Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Ela saiu correndo e foi se encontrar com Simão Pedro e com o outro discípulo, aquele que Jesus mais amava. Disse-lhes: Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram. Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo. Os dois corriam juntos, e o outro discípulo correu mais depressa, chegando primeiro ao túmulo. Inclinando-se, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. Simão Pedro, que vinha seguindo, chegou também e entrou no túmulo. Ele observou as faixas de linho no chão, e o pano que tinha coberto a cabeça de Jesus: este pano não estava com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. O outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também, viu e creu.. O discípulo que ele mais amava, já como filho de Zebedeu, tem nova intervenção (ele sempre está junto a Pedro...) na aparição de Jesus ressuscitado junto ao lago de Genesaré (Jo 21,7): Então, o discípulo que Jesus mais amava disse a Pedro: É o Senhor! Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu e arregaçou a túnica (pois estava nu) e lançou-se ao mar.

12 Finalmente, no nosso trecho de Jo 21,20-25, temos a tensão entre Pedro, que se apavora com novo segueme! de Jesus, que o poderia levar à morte, e o discípulo que Jesus amava, o que o seguira até a Cruz. Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Ao final, uma questão, uma lição permanece para Pedro. Porque Deus pôs ao lado de Pedro esse discípulo constante, talvez como constante incômodo, pois é o primeiro que é chamado e que com o Senhor permanece; que é o que se senta à sua direita, se debruça sobre o peito e recebe a extrema confidência; que é o que permanece ao pés da Cruz e recebe a Mãe; que é o que mais corre e chega primeiro e primeiro crê na Ressurreição; que é o que primeiro e de longe discerne o Senhor vivo; e de quem se diz que o Senhor mais ama e deve permanecer até que Ele venha? Porque esta constante presença que parece diminuir a Pedro? Porque o misericordiosíssimo Jesus quer evitar a Pedro o Pedra, o citado mais de 40 vezes! - o constante perigo da soberba, da vaidade, da posse do poder. Jesus quer dar a Pedro uma vacina contra esse mal que põe tudo a perder: Não seja assim entre vós!. Jesus quer dar a Pedro a virtude da alegria maior de servir para ver o outro ser mais elevado e amado. Pois esta será a missão de Pedro: elevar todos a discípulo que Jesus mais ama!

13 Sim, Jesus quer que este discípulo que ele mais ama permaneça, de alguma forma, até que ele venha, como um motivo para manter nossa humildade e desprendimento em qualquer posição que o Senhor nos colocar. Mas talvez também esse discípulo que Jesus mais ama não receba nome porque deverá assumir incontáveis nomes em todas as gerações. O meu nome. O teu nome. Pois, ao final, uma ordem permanece para nós, hoje e agora: Quanto a ti, segue-me!. O DISCÍPULO QUE PERMANECE Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? O discípulo que Jesus mais ama e quer que permaneça, é o que: - o procura com coragem Rabi, onde moras? e permanece com ele.

14 - se debruça no seu coração, partilha seu Corpo e Sangue, e se angustia pela traição que o faz derramar-se. - mesmo fraquejando na Hora maior, se reergue e persevera. - nasce de novo aos pés da Cruz, e acolhe como dele a Mãe do Crucificado. - corre impulsionado pela luz da Ressurreição, mas deixa sempre a seu irmão a prioridade. - contempla as mais profundas e altas verdades iluminado pelo amor. - cheio do Espírito, testemunha a vitória e a herança da Misericórdia. - não se gloria, esconde seu nome e exalta o de Cristo Jesus. Este é o modelo do discípulo que Jesus ama, que quer que se torne coluna de sua Igreja até que Ele volte.