CONTROLE PROCESSUAL DOCUMENTO SIAM Nº /2016 Indexado ao Processo n.º 00426/2003/003/2014

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1 CONTROLE PROCESSUAL DOCUMENTO SIAM Nº /2016 Indexado ao Processo n.º 00426/2003/003/2014 Auto de infração n.º /2013 Data: 24/04/2013 às 13h Auto de fiscalização n.º 036/2013 Data: 24/04/2013 às 14:30h Infração: Art. 83, do Dec /08 Código 105 Instalar, construir, testar, operar ou ampliar atividade efetiva ou potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente sem Licenças de Instalação ou de Operação, se constatada a existência de poluição ou degradação ambiental -.. Código 127 Fabricar, transportar, comercializar ou armazenar produtos em desacordo com as normas e padrões ambientais vigentes, que impliquem dano à saúde humana, meio ambiente ou recursos hídricos. Pena aplicada: multa simples Empreendedor: Santa Maria Comércio e Reciclagem de Resíduos Industriais LTDA Empreendimento: Santa Maria Comércio e Reciclagem de Resíduos Industriais LTDA CNPJ: / Município: Varginha/MG 1-ADMISSIBILIDADE: Concernente à tempestividade do Recurso sub examine, há que se ressaltar que o empreendedor propôs recurso à decisão que manteve Auto de Infração com protocolo datado de 16/12/2015. Assevera-se então, que em razão do AR juntado aos autos, o empreendedor tomou ciência da r. decisão em 18/11/2015. Conforme dispõe o art. 43 do Decreto nº de 25 de Junho de 2008, o prazo recursal é de 30 dias, contados da notificação a que se refere o art. 42. Assim, tempestivo é o recurso apresentado. 2- DA COMPETÊNCIA PARA A DECISÃO: Conforme estabelece o art. 37, 2º do Decreto Estadual /08 e delegação de competência estabelecida pela Resolução conjunta SEMAD/IGAM/FEAM/IEF n.º 1.203, de 03/09/2010, a defesa aos autos de infração devem ser decididos pelos Superintendentes Regionais de Regularização Ambiental, quando as infrações forem lavradas por seus servidores. Ato contínuo, pode-se verificar que da decisão do Superintendente Regional, em casos que envolvam aplicação de penalidades, caberá Recurso no prazo de 30 (trinta) dias a ser julgado perante a URC do COPAM, nos termos do Art. 69 da Deliberação Normativa COPAM nº 177, de 22 de Agosto de 2012: 1

2 Art Compete à URC do Copam julgar recurso, como última instância administrativa, contra decisão proferida pelo Superintendente Regional de Regularização Ambiental, quando se tratar de infração ao disposto na lei nº 7.772, de 08 de setembro de Destaca-se ainda, o Decreto Estadual nº /16, o qual dispõe sobre a organização do Conselho Estadual de Política Ambiental COPAM, de que trata a Lei nº , de 21 de janeiro de 2016, estabeleceu em seu art. 3º, que compete ao COPAM, decidir, em grau de recurso, sobre a aplicação de penalidades pela prática de infração à legislação ambiental, nos termos da legislação vigente: Art. 3º. O COPAM tem por finalidade deliberar sobre diretrizes e políticas e estabelecer normas regulamentares e técnicas, padrões e outras medidas de caráter operacional para a preservação e conservação do meio ambiente e dos recursos ambientais, competindo-lhe: I VI decidir, em grau de recurso, sobre a aplicação de penalidades pela prática de infração à legislação ambiental, nos termos da legislação vigente. Por fim, o mesmo decreto estadual, estabeleceu em seu art. 27, que a Deliberação Normativa COPAM n.º 177, de 22 de agosto de 2012, aplica-se, no que couber, ao funcionamento do COPAM, até que seja aprovado o regimento interno de acordo com este regulamento. Assim sendo, apresenta-se o presente Controle Processual ao Julgamento desta Egrégia Unidade Regional Colegiada Sul de Minas. 3- RELATÓRIO: Extrai-se dos autos, que em vistoria ao empreendimento, com vista a atender demanda do Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente CODEMA foi constatado que o empreendimento operava atividade efetiva ou potencialmente poluidora passível de regularização ambiental sem a respectiva Licença. Foi constatada, também, degradação ambiental tendo em vista que o empreendimento armazena produtos em desacordo com as normas ambientais vigentes. Ante os fatos narrados foi o empreendedor multado por instalar, construir, testar, operar ou ampliar atividade efetiva ou potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente sem Licenças de Instalação ou de Operação, se constatada a existência de poluição ou degradação ambiental e fabricar, transportar, comercializar ou armazenar produtos em desacordo com as 2

3 normas e padrões ambientais vigentes, que impliquem dano à saúde humana, meio ambiente ou recursos hídricos. Em função da autuação, o Empreendedor apresentou defesa administrativa que fora julgada em 09/03/2015, decidindo pela manutenção da penalidade aplicada. Assim, irresignado com o teor da decisão, vem o Recorrente através da presente manifestação, pretendendo afastar a penalidade que lhe recai, apresentar os seguintes argumentos: - Em caráter preliminar, rechaça a atualização do crédito procedida pela SUPRAM, aduzindo ser estratosférico o valor cobrado Suscita ainda, preliminarmente que nas comunicações a ele enviadas, constam números diversos de autos de infração, o que, por sua vez impedem o prosseguimento do feito. - Já no mérito alega que possuía um Termo de Ajustamento de Conduta junto ao Ministério Público Estadual, onde se comprometera a cumprir diversas exigências do órgão ministerial. Diante disso, pondera que diante do cumprimento destas exigência, deva perceber o decréscimo de 50% do valor da penalidade nos termos do artigo 49 2º inc III do Dec /08. Por fim, requereu: a) que sejam acatadas as preliminares para que se proceda a anulação do auto de infração em voga. b) eventualmente, caso não sejam conhecidas as preliminares, seja concedido o que dispõe o artigo 49 2º inc III do Dec /08. É o relatório. 4 DA PRELIMINAR: Ab initio, o Recorrente aduz em caráter preliminar que a atualização e correção monetária do valor da multa encontram-se à margem da legalidade, impondo-lhe ônus indevido Justifica suas alegações argumentando que o credito ora cobrado sobrepõe-se em muito o valor da penalidade aplicada no auto de infração. Em que pese a expressa rechaça do Recorrente ao trabalho dos servidores responsáveis pela apuração do crédito no caso em comento, e a ausência de profissional contabilista nos quadros da SUPRAM SM, o que certamente afastaria a desconfiança por parte do administrado, há que se elucidar então, a correta subsunção ao preceito legal quanto ao procedimento de apuração do crédito em tela, senão vejamos: No que tange à correção monetária, imperioso destacar que o Decreto /14, em seu artigo 50 preleciona que: Art. 50. Os créditos do Estado, decorrentes de quaisquer das hipóteses que possam, ou não, vir a compor a dívida ativa não tributária do Estado, nos termos do art. 39, 2º, da Lei Federal nº 4.320, de 1964, terão a correção monetária e 3

4 valor. os juros de mora calculados com base na Taxa SELIC ou em outro critério que vier a ser adotado para cobrança dos débitos fiscais federais. Tem-se então que a planilha de demonstra a aplicação da taxa SELIC, bem como o seu Ainda, no mesmo dispositivo legal, tem-se os seguintes comandos: 3º A autoridade administrativa competente deverá atualizar os créditos não tributários do Estado segundo os índices legais fixados ou pactuados antes de encaminhar o processo para inscrição em dívida ativa, discriminando-os em planilha de cálculo. Impõe-se ressaltar, que a planilha de cálculo deixa claro a maneira como é procedida a atualização. Nela, pode-se verificar discriminadamente o computo dos juros e aplicação da tabela TJMG até a entrada Dez/2014, e dali em diante, calcado no que dispõe o Dec 46668, a atualização com fulcro na taxa SELIC. Sendo assim, tem-se que a atualização monetária que incide sobre o crédito fora realizada de acordo com o que dispõe o diploma legal, injustificando, destarte, a rechaça do Recorrente neste sentido. Conforme já mencionado alhures, fora apresentada planilha de cálculos, demonstrando o cálculo de forma pormenorizada, garantindo ao Recorrente o contraditório e a ampla defesa. Desta feita, imperioso destacar, apenas em tom reflexão, que o Recorrente sequer apresenta um memorial de cálculo nos termos em que entende ser correto, limitando-se apenas a combater o valor que fora apresentado pela administração. Neste sentido, demonstrada a correta subsunção aos preceitos legais quando da elaboração do memorial de cálculo, não há razões para que se conheça a preliminar erigida, razão pela qual deva-se manter incólume a decisão que manteve a aplicação da penalidade no caso em comento. Num segundo plano o Recorrente aduz que nas comunicações a ele feitas quanto ao tramite do processo, julgamentos, cobranças etc, são mencionados números de referencias distintos ao do processo ora analisado. Compulsando-se os autos, pode verificar que de fato em algumas comunicações houve erro material quanto à grafia do número de referência do auto de infração. Todavia, inegável que tal situação não possui o condão de anular o auto de infração ora analisado. Vejamos, é cediço que tais erros não impuseram óbice à defesa do Administrado, vez que todos os atos legalmente facultados, foram produzidos por ele nos autos. (vide a apresentação de defesa, recurso, vista dos autos, juntada de substabelecimento). Tem-se assim, que em que pese o vício, não foi possível vislumbrar qualquer prejuízo ao processo, sendo certo que tais atos são absolutamente sanáveis, e, devem portanto, serem convalidados, vez que inviolada a garantida da defesa e contraditório do autuado, estes atingiram sua finalidade. 4

5 Com brilhantismo, Weida Zancaner 1 abandona o velho modelo burocrático elaborado por Max Weber e mostrar o norte ao administrador público quando, a passos largos, avançou para o modelo gerencial de Administração Pública ao afirmar, em outras palavras, que erro material de pequena relevância causado por falha humana quando atinge sua finalidade sem prejudicar o interessado e sem ferir o Direito deve ser convalidado, revelando-se como eficiente o atuar da Administração Pública, senão vejamos: Os atos absolutamente sanáveis, embora devam ser expressamente convalidados, tem como característica primacial o fato de que a impugnação do interessado, quer expressamente, quer por resistência, não cria uma barreira ao dever de convalidar, pois o atuar da Administração Pública não é coartado pela ação do particular. Esse tipo de ato inválido é portador de vício que não causa repugnância à ordem jurídica e o princípio da segurança jurídica exige sua recepção dentro do sistema. Exemplificando-os como sendo aqueles que contém erro de grafia, referência inexata do ano de publicação de uma lei, erro de capitulação de um parágrafo, quando da indicação do motivo legal que autoriza ou exige a prática do ato culmina por enfatizar à página 87 que essa espécie de ato não se equipara àqueles capitulados de forma totalmente errônea, geradora de vício de causa, onde a enunciação do motivo legal propiciador, por exemplo, de uma punição não guarda coerência lógica com o conteúdo do ato tendo em vista sua finalidade. Estamos, sim, nos referindo a um tipo de irregularidade que ocorre normalmente em razão da falibilidade humana, mas não deixa margem à dúvida razoável sobre o conteúdo emanado, nem cerceia o direito de defesa, em se tratando de ato punitivo. Em assim sendo, perfeitamente demonstrado as razões pelais quais as preliminares erigidas não devam ser acolhidas. 5 - ANÁLISE DAS RAZÕES RECURSAIS: Ultrapassada a análise das preliminares, passa-se a apreciação das razões de mérito elencadas no Recurso. 1 Zancaner, Weida. da Convalidação e da Invalidação dos Atos Administrativos, REVISTA DOS TRIBUNAIS, são paulo,1990, v

6 Pois bem, sabe-se que o Recorrente fora autuado em função de operar sem a devida regularização e, outrossim, tendo em vista a armazenagem de resíduos em desacordo com as especificações normativas. Em sede de Recurso, o Empreendedor traz aos autos situação nova, consubstanciada na juntada de um TAC celebrado junto ao órgão Ministerial do Estado, e diante do arquivamento do referido termo, solicita a aplicação do disposto no artigo 49 2ºincIII. Antes de se adentrar de fato ao mérito da alegação e do pedido, há que se considerar que tal matéria não foi alvo de alegação no âmbito da defesa, e não constitui fato novo, vez que o mencionado TAC remonta aos idos de Todavia, a fim de garantir ao autuado um processo calcado nos princípios da ampla defesa e do contraditório, passa-se a analisar a argumentação ora trazida. Compulsando-se detidamente o Termo firmado pelo Recorrente junto ao Ministério Público, verifica-se que avença consubstancia-se na mudança da sede do empreendimento, e cumprimento das exigências ambientais, sem, contudo, especificação de quais seriam tais exigências. Pois bem, neste sentido, o simples arquivamento do TAC não tem o condão de atestar que todas as exigências foram devidamente cumpridas, vez que, por exemplo, o empreendimento sequer providenciou sua regularização ambiental, diante da obtenção de Licença Ambiental, ou AAF. Ainda assim, há que se apresentar o dispositivo legal que embasa o pedido do Recorrente, qual seja: Art. 49. As multas poderão ter sua exigibilidade suspensa nos seguintes casos: III - assinatura do termo de ajustamento de conduta, quando houver aplicação da penalidade de multa, exclusivamente ou cumulada com penalidades distintas das de suspensão ou de embargo. 2º A multa poderá ter o seu valor reduzido em até cinqüenta por cento, na hipótese de cumprimento das obrigações relativas a medidas específicas para reparar o dano ambiental, corrigir ou cessar a poluição ou degradação assumidas pelo infrator no termo de ajustamento de conduta, desde que promovidas dentro dos prazos e condições nele previstos. Diante da leitura do artigo, há que se atentar para as seguintes situações: a) o termo de ajustamento de conduta foi assinado anteriormente à aplicação da penalidade e não apresenta nenhuma correlação com a mesma. b) no termo de ajustamento de conduta não há medidas especificas para reparar ou cessar o dano advindo da autuação em voga, logicamente pelo fato dos dois atos não se correlacionarem. Enfim, o documento juntado aos autos não tem o condão de lastrear o deferimento do pedido formulado pelo Recorrente, razão pela qual opina-se pelo não provimento do Recurso e consequentemente pela manutenção da decisão que manteve a autuação. 6

7 6- CONCLUSÃO: Ante o exposto, verifica-se que a materialidade do ato resta devidamente comprovada. E, em assim sendo, com base nos fundamentos do presente parecer, reiteramos pela manutenção da decisão recorrida, mantendo-se as penalidades nela aplicadas. Após decisão administrativa definitiva, o Empreendedor deverá ser notificado para recolher o valor da multa no prazo de 20 (vinte) dias, conforme estabelece o artigo 48 1º do Dec /08, sob pena de inscrição em dívida ativa. Varginha-MG 28 de Abril Analista Ambiental de Formação Jurídica MASP Assinatura Frederico Augusto Massote Bonifácio 1.364,259-0 Original assinado 7