ANATÔMIA DA MADEIRA DE Cordia alliodora C. (R & P.) Oken e Cordia goeldiana Huber, COMERCIALIZADAS COMO FREIJÓ NA REGIÃO AMAZÔNICA
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- Pedro Lucas Vilanova Quintanilha
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1 ANATÔMIA DA MADEIRA DE Cordia alliodora C. (R & P.) Oken e Cordia goeldiana Huber, COMERCIALIZADAS COMO FREIJÓ NA REGIÃO AMAZÔNICA João Rodrigo Coimbra Nobre 1 ; Luiz Eduardo de Lima Melo 1 ; Antônio José Vinha Zanuncio 1 ; Débora Fernanda Reis Nascimento 2 ; Camilo Antônio Costa Barcelos Dias 2 ; Márcio Franck de Figueiredo 3. 1 Mestrandos em Ciência e Tecnologia da Madeira- UFLA (sokonobre@hotmail.com luizeduardo_47@yahoo.com.br; ajvzanuncio@yahoo.com.br); 2 Graduandos em Engenharia Florestal pela UFLA (debora.fernanda25@yahoo.com.br; camilobarcelos@hotmail.com); 3 Professor do departamento de Tecnologia da Madeira na Universidade do Estado do Pará (marciofranck@hotmail.com) Classificada na família Boraginaceae, Cordia é um táxon encontrado nas regiões tropicais, subtropicais, América Central, América do Sul e América tropical. As espécies C. alliodora C. (R & P.) Oken, C. goeldiana Huber e C. trichotoma (Vellozo) Arrabida ex Steud são as três principais espécies utilizadas comercialmente na América. Neste trabalho foram analisadas a estrutura anatômica macroscóspica e microscópica das espécies C. alliodora e C. goeldiana, visando subsidiar a identificação de cada uma. O trabalho foi realizado na Xiloteca do Laboratório de Botânica da Embrapa Amazônia Oriental e Laboratório de Madeira da Universidade Estadual do Pará. A metodologia para a caracterização anatômica do lenho seguiu procedimento comum em anatomia de madeira. Observou-se que apesar de serem muito semelhantes, as espécies apresentam características anatômicas úteis na sua diferenciação, tais como camadas de crescimentos, diâmetro dos vasos e altura dos raios. Palavra chave: Anatomia do lenho, Espécies amazônicas, Comércio madeireiro. 1. Introdução A exploração e o processamento industrial de madeira estão entre as principais atividades econômicas da Amazônia ao lado da mineração e da agropecuária. Esse fato está ligado principalmente à oferta abundante de madeira de diversas espécies. Notadamente no que diz respeito à utilização de espécies madeireiras nativas da Floresta Amazônica, pode-se dizer que o verdadeiro potencial desse material biológico não tem sido devidamente explorado. Um dos fatores culminantes para esse fato se figura na inadequação do uso da madeira, em 1
2 virtude de erros de identificação das espécies comercializadas; como conseqüência tem-se o comprometimento do uso final dessa matéria-prima. Nesse contexto o freijó, destaca-se como árvore produtora de madeira de excelente qualidade, moderadamente pesada (0,55 a 0,79 g/cm 3 ), de boa estabilidade dimensional, propriedades mecânicas médias, se comportando bem frente à colagem, a pintura e o polimento. Além das propriedades, a aparência de sua madeira é comparável a de espécies já consagradas no mercado internacional, como o mogno (Swietenia macrophylla King.) e a teca (Tectona grandis L.F.) (Correa 1952, Mainieri 1958). Segundo Gomes (1982) as três espécies mais importantes do gênero Cordia Line. que produzem madeira comercial na América, são, Cordia alliodora (R. & P.) Oken (explorada principalmente na América Central e áreas tropicais a noroeste da Amazônia Brasileira), Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. (principalmente na Região Sul do Brasil e regiões limítrofes da Argentina e Paraguai) e Cordia goeldiana Huber. (larga ocorrência nas matas de terra firma da Amazônia brasileira). Para a Assontion Technique International de Bois Tropicaux (1965) é recomendado que estas espécies sejam comercializadas também no mercado internacional, sob o mesmo nome (freijó), ficando a cargo do comerciante ou importador conhecer as prováveis variações, decorrentes da origem do material. Diante do exposto este trabalho tem por objetivo estudar a anatomia da madeira de duas espécies comercializadas como freijó, Cordia goeldiana Huber. e Cordia alliodora (R. & P.) Oken, disponíveis no acervo da xiloteca IAN da Embrapa Amazônia Oriental e verificar se os caracteres anatômicos do lenho podem ser utilizados para segregar essas espécies. 2. Material e métodos As amostras utilizadas neste trabalho foram coletadas do acervo da xiloteca IAN, da Embrapa Amazônia Oriental com respectivo material botânico correspondente no Herbário IAN, da mesma instituição (Tabela 1). Os corpos de prova foram obtidos com tamanho aproximado de 2 x 2 x 2 cm, respeitando os planos transversal, longitudinal tangencial e longitudinal radial. 2
3 TABELA 1 Espécies analisadas com seus respectivos números de registros Espécie Nº Xiloteca Nº Herbário 525 IAN Cordia alliodora (Ruiz & Pav) Oken 526 IAN IAN IAN Cordia goeldiana Huber 558 IAN O trabalho foi desenvolvido na Xiloteca IAN, da Embrapa Amazônia Oriental e no Laboratório de Tecnologia da Madeira da Universidade do Estado do Pará. A descrição macroscópica do lenho foi realizada com uma lupa de 10x de aumento, seguindo as normas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA (1992). A descrição microscópica seguiu as normas do International Association of Wood Anatomists Committee IAWA (1989). 3. Resultados e discussão No presente estudo constatou-se que as duas espécies de Cordia analisadas apresentam características anatômicas macroscópicas similares, nas quais o parênquima axial é visível somente com o auxilio da lupa de 10x de aumento, aliforme losangular, vasicêntrico e ocasionalmente em linhas marginais, na espécie C. alliodora, no entanto, há a ocorrência de parênquima paratraqueal escasso. Nas espécies C. goeldiana as camadas de crescimento apresentam-se associadas ao parênquima marginal, diferentemente da C. alliodora que possui a camada de crescimento distinta por distribuição dos anéis de poros semi-porosos. Dentre as madeiras investigadas, C. alliodora mostrou os menores comprimentos de fibras, em comparação C. goeldiana (Tabela 1). Observou-se também que em C. alliodora as fibras possuíam paredes relativamente finas, características esta confirmada pela fração parede das fibras mais baixa na referida espécie. 3
4 A espécie C. alliodora, além dos poros, que são menores, há uma diferença marcante nos raios que são as poucas camadas de células que ficam na parte central do raio, tornado-o mais finos. Algumas características, para essas espécies estão discordantes com os dados quantitativos publicados por FEDALTO, MENDES & CORADIN (1989), entretanto é importante ressaltar que em certos casos pode ocorrer variação dos elementos celulares tanto no sentido axial (base até o ápice da árvore), como horizontal, sentido medula-casca (PAULA & ALVES, 2007). A disposição dos vasos na madeira das duas espécies são muito semelhantes, ou seja, tangencial, radial e racemiforme; a heterogeneidade dos raios dessas espécies estão condizentes com as descrições publicadas por RICHTER &DALLWITZ, TABELA 1 Valores médios da biometria celular das espécies analisadas Variáveis anatômicas Espécies C. goeldiana C. alliodora Comprimento de fibras (µm) 1167,2 1084,1 Diâmetro do lume das fibras (µm) 9,77 10,2 Largura do lume da fibra (µm) 20,6 20,1 Espessura da parede das fibras (µm) 5,4 4,9 Fração parede das fibras (%) 53,7 51,5 Frequência dos vasos (nº/mm²) 3,4 5,7 Comprimento dos vasos (µm) 349,3 407,7 Diâmetro dos vasos (µm) Frequência dos raios (nº/mml) 3,4 5,7 Altura dos raios (µm) ,3 Altura dos raios (nº células) 25,6 25,3 Largura dos raios (µm) 119,6 106,3 Largura dos raios (nº células) 5 4,3 4. Conclusão No aspecto macroscópico, as madeiras de C. alliodora e C. goeldiana são muito parecidas, dificultando de certa maneira a identificação, entretanto, os poros de C. alliodora são menores que os de C. goeldiana. Ressalta-se também demarcação diferente das camadas de crescimento entre ambas as espécies. A largura dos raios representa um parâmetro importante na identificação de C. alliodora, pois os raios dessa espécie são mais finos. 5. Referencias bibliográficas CORREA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro, Ministério da Agricultura, v. 3. p
5 FEDALTO, L.C., MENDES, I.C.A. & CORADIN, V.T.R., Madeiras da Amazônia: Descrição do lenho de 40 espécies ocorrentes na floresta nacional do Tapajós. IBAMA, Brasília p. GOMES, J. I., A madeira de Cordia goeldiana Huber. Belém, Embrapa-CPATU, INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS RENOVÁVEIS IBAMA. Normas para procedimento em estudos de anatomia de madeira: I. angiospermae, II. gimnospermae. Brasilia, Série Técnica, n. 15, p INTERNATIONAL ASSOCIATION OF WOOD ANATOMISTS IAWA COMMITTEE. Listo of microscope features for hardwood indetification. IAWA Bull. New Ser. v. 10, n. 3, 332 p., MAINIERI, C. Identificação das principais madeiras do comércio no Brasil. São Paulo, Instituto de Pesquisas Tecnólogicas, (IPT. Boletim, 46). PAULA, J. E. & ALVES. J. L.H., 897 madeiras nativas do Brasil: anatomia- dendrologiadendrometria- produção e uso. Porto alegre, Cinco Continentes. 438p RICHTER, H. G. & DALLWITZ, M. J. Comercial timbers: descriptions, illustration, identification and information retrieval. In English, German, Portuguese and Spanish. Versão 25 th, June Disponível em: < 5
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