- Tem como objeto o Novo Código de Processo Penal. - Aprovado no Senado e encaminhado para análise da Câmara dos Deputados em 2010

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1 Edilson Santana Gonçalves Filho Defensor Público Federal Especialista em Direito Processual Tema: IMPLEMENTAÇÃO (OU TENTATIVAS DE IMPLEMENTAÇÃO) DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA NO BRASIL Palavras-chave: Audiência de Custódia. Implementação. Projetos de Leis. Ação Civil Pública. Provimentos. 1. Projeto de Lei do Senado nº 156/ Tem como objeto o Novo Código de Processo Penal - Aprovado no Senado e encaminhado para análise da Câmara dos Deputados em A audiência de custódia foi objeto de debate (e rejeição) quando da tramitação do PLS 156, através das Emendas 170 e 171, apresentadas pelo então senador José Sarney. - Ambas as emendas foram rejeitadas no relatório final do projeto, sob o argumento de que as próprias normativas internacionais citadas nas justificativas da Emendas que abririam a possibilidade de que o preso seja conduzido à presença de outra autoridade habilitada/autorizada por lei a exercer funções judiciais, papel que em nosso ordenamento é exercido pelo delegado de polícia judiciária. - Previsão (de apresentação ao delegado) é equivocada e contradiz a jurisprudência da Corte Interamericana, a exemplo do decidido nos Casos Bámaca Velásquez; Juan Humberto Sánchez; Maritza Urrutia; Hermanos Gómez Paquiyauri; Bulacio; e Castillo Petruzzi. 2. Projeto de Lei no Senado 554/ De autoria do Senador Antonio Carlos Valadares - Altera o artigo 306, 1º, do CPP que passará a prevê a obrigatoriedade de apresentação da pessoa presa, no prazo de 24 horas.

2 - Durante a tramitação o PL teve emenda apresentada pelo Senador Randolfe Rodrigues, na Comissão de Constituição e Justiça. Após a Emenda Substitutiva o texto passou a detalhar de forma mais ampla o procedimento. - Esse texto, contudo, foi objeto de nova Emenda Substitutiva, apresentada pelo senador João Capiberibe, na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa. - Com a Emenda Substitutiva do Senador João Capiberibe a alteração passaria a se dar no art. 283 do CPP - e não mais não o art ampliando a audiência de custódia, portanto, para todas as modalidades de prisão. - No entanto, no dia 18/09/2013 o Senador João Capiberibe devolveu o seu Relatório reexaminado e, curiosamente, sem nenhuma explicação, encampou a Emenda Substitutiva do Senador Randolfe Rodrigues, nela fazendo apenas algumas modificações redacionais, deixando de lado, portanto, a ideia de se trabalhar a questão da audiência de custódia no art. 283 do CPP (aplicação para todas as modalidades de prisão). - O Senador Francisco Dornelles apresentou Emenda Substitutiva na CCJ a fim de que a audiência de custódia pudesse se realizar pessoalmente ou pelo sistema de videoconferência. Tal emenda foi rejeitada. - Após a juntada de notas técnicas e de manifestações de entidades associativas, o parecer do relator - Senador Humberto Costa - se encontra pendente de apreciação pela CCJ do Senado. 3. Ação Civil Pública ajuizada pela Defensoria Pública da União - Em junho de 2014 foi ajuizada Ação Civil Pública pela DPU. - Objeto: Obrigar a União a cumprir o disposto no Pacto de San José e no Pacto de Direitos Civis e Políticos, viabilizando a realização de audiência de custódia, com a condução do preso em no máximo 24 horas. - Requereu-se, também, efeitos nacionais para a decisão.

3 - Passados mais de sete meses do ajuizamento, o processo foi extinto sem julgamento do mérito, sob o fundamento de que a Defensoria não detém legitimidade para a causa, já que a ação não tem como titulares pessoas necessitadas. - Nada obstante seja fato notório - que, inclusive, independe de prova, nos termos no CPC que a maioria das pessoas detidas no Brasil são hipossuficientes e, muitas delas, clientes da Defensoria. - Detalhe: A sentença proferida nesse caso é um modelo padrão deste juízo. Uma espécie de sentença-formulário. Trata-se de um juízo que ainda insiste em discutir a legitimidade da Defensoria para o manejo de ações civis públicas. Todas as ACP s ajuizadas desde que cheguei na DPU Manaus e que foram distribuídas para este juízo, e já são quase dois anos de DPU/AM, tiveram o mesmo destino, independente da matéria, e foram extintas com a decisão-formulário. Algumas delas, inclusive, após anos do ajuizamento. - Da sentença foi ajuizada Apelação, ainda pendente de julgamento. - O mérito da questão, portanto, não foi enfrentado. - Aspecto positiva da ACP: é que ela chamou atenção para o tema, levando-o ao conhecimento da comunidade jurídica e reabrindo o debate. 4. Provimento 14/2014 da Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Maranhão - Surgiu em decorrência da situação caótica no sistema carcerário do Maranhão. - Especialmente a superlotação dos estabelecimentos prisionais e a falta de locais suficientes para custódia de presos provisórios no âmbito estadual.

4 - Audiência de Custódia foi adotada como medida emergencial para evitar a superlotação nos estabelecimentos prisionais da Comarca de São Luís, conforme consta no próprio provimento. - Esse Provimento foi regulamentado pelo Provimento 21/2014, o qual foi revogado pelo Provimento 23/2014 sob o fundamento de que a Corregedoria Geral da Justiça ainda estaria ultimando os estudos para melhor disciplinamento da matéria. - A matéria voltou a ser disciplinada alguns dias depois, pelo Provimento 24/2014, publicado em Encontra-se em vigor. - O Provimento 24, assim, disciplinou a audiência de custódia de presos em flagrante no âmbito do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. - Nada obstante, em São Luís, as audiências de custódia já vinham sendo realizadas desde setembro de Observações finais: - A implantação do projeto na Justiça estadual do Maranhão foi planejada em conjunto pelos representantes do Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública. Pontos críticos: - As audiências somente ocorrem na cidade de São Luís e não em todo o Estado. - O Provimento prevê a possibilidade de audiência por meio de sistema de videoconferência, quando no auto de prisão em flagrante houver elementos indicativos de que o preso possa por em risco a escolta policial, a segurança do prédio, as autoridades e demais pessoas que participarão do ato. 5. Programa do Conselho Nacional de Justiça - Em fevereiro de 2015, o CNJ, em parceria com o Ministério da Justiça e o TJSP, lançou o projeto Audiência de Custódia, visando a implementação

5 da prática nos Estados, mediante um acordo de cooperação, que prevê o repasse de recursos pelo Ministério da Justiça. - Teve seu projeto-piloto no Estado de São Paulo, onde se encontra em execução. - Em São Paulo, as audiências de custódia tiveram início em fevereiro de Um Provimento conjunto (da Presidência e Corregedoria Geral do TJ SP) regulamentou o tema. - Conforme estatísticas divulgadas pelo TJ SP, na primeira semana houve 57 autuações de flagrantes analisadas, envolvendo 76 presos. Foram concedidos 32 alvarás de soltura, sendo nove com recolhimento de fiança. Os demais (44) tiveram a prisão mantida. - Segundo informações do CNJ outros Estados estão em vias de institucionalizar o Projeto.