MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

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Cármen Bandeira Cordeiro
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1 PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO 1. Trata-se de Inquérito Civil instaurado para apurar os fundamentos do aumento da tarifa de energia elétrica pela concessionária Eletricidade e Serviços S. A. ELEKTRO, atingindo parte dos Municípios de atribuição desta Procuradoria da República. 2. Aportou neste órgão ministerial representação (fls. 05/20), instruída com os documentos de fls. 21/73, formulada por João Eduardo Barbosa Rocha, por meio da qual aduz que o reajuste tarifário médio de 37,78% (trinta e sete ponto setenta e oito por cento) concedido pela Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL à Eletricidade e Serviços S. A. ELEKTRO é extremamente abusivo, afetando a população de consumidores carentes, bem como as empresas e indústrias de médio e grande porte. 3. Ademais, afirmou que haveria indícios de infrações à ordem econômica, consistente no aumento abusivo da lucratividade da empresa, na imposição de preços excessivos e no aumento sem justa causa do preço da energia elétrica, além da prática de contratos de self-dealing (auto-contratação).

2 4. Instada a se manifestar, a ELEKTRO demonstrou, às fls. 149/276, a assimetria entre os índices de reajuste das tarifas e de inflação, bem como informou que as distribuidoras de energia elétrica adquirem seus montantes de energia por meio de leilões promovidos pelo poder concedente, não sendo possível escolher com quem vai contratar, afastando a alegação de self-dealing afirmada pelo representante (fls. 149/276). 5. Por sua vez, a ANEEL afirmou que o reajuste tarifário anual tem por objetivo essencial verificar em quantos pontos percentuais as tarifas que surgiram no processo de revisão periódica devem ser reajustadas para manter o equilíbrio econômico-financeiro estabelecido no momento da revisão, conforme a Lei n /95. De outro turno, alegou que não há irregularidade, falha ou distorção no cálculo dos reajustes tarifários, visto que se submete ao disposto no contrato por imposição legal (fls. 280/288). 6. Este órgão ministerial solicitou à 3ª Câmara de Coordenação e Revisão a realização de perícia nos documentos que embasaram o aumento da tarifa de energia elétrica mencionado nos autos (fl. 292). 7. Por fim, realizou-se reunião na sede deste órgão ministerial, entre este Procurador da República, o representante da ELEKTRO e o diretor jurídico da concessionária, na qual expuseram que a intenção da reunião era esclarecer a tecnicidade da tarifa. Na oportunidade, foi informado por este órgão que os autos foram encaminhados para perícia perante a 3ª Câmara de Coordenação e Revisão (fls. 305/307). 8. Às fls. 295/303, consta o Parecer n. 027/2014/AP, emitido pela 3ª

3 Câmara de Coordenação e Revisão, conclusivo pela previsão legal do reajuste aplicado. Informou-se a sensibilidade no modelo atual de comércio de energia, diante do contexto hidrológico desfavorável, ensejando na alteração dos limites do preço de energia no mercado a curto prazo. Ademais, informou que a implementação do Sistema de Bandeiras Tarifárias é medida que alerta o consumidor sobre a variação do custo de energia gerada e seu impacto na conta de luz mensal (fls. 295/304). 9. Essa a síntese do necessário. 10. Compulsando-se os autos, é possível verificar que não há elementos que indiquem a ilicitude da majoração das tarifas de energia elétrica da concessionária de serviço público de distribuição de energia elétrica ELEKTRO. 11. As informações apresentadas pela ELEKTRO evidenciam que o procedimento de aumento das tarifas de energia elétrica foi aprovado por votação unânime da Diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL, por meio da Resolução Homologatória n /2014 (fls. 161/169), além de ter sido embasada no Contrato de Concessão de Distribuição n. 187/98 ANEEL e aditivos (fls. 204/ 276). Ademais, foi devidamente fundamentado e editado pela Autarquia competente, nos termos da legislação aplicável (art. 29, V, da Lei n /95 e art. 3 da Lei n /96). 12. A ANEEL apresentou o detalhamento do cálculo do reajuste, além da Nota Técnica n. 266/2014 e o Contrato de Concessão de Distribuição n. 187/98, explicando os efeitos da compra de energia sobre o reajuste da ELEKTRO. Salientou, ainda, que conforme o contrato vigente desde 2010 (texto alterado pelo último aditivo), os valores resultantes da aplicação dos componentes tarifários passaram a

4 variar de acordo com o mercado (fl. 280). 13. Por fim, em análise aos documentos apresentados, a 3ª Câmara de Coordenação e Revisão Consumidor e Ordem Econômica não vislumbrou qualquer irregularidade, concluindo pela legalidade do Reajuste Tarifário Anual em análise (fls. 295/303). 14. Deste modo, inexistindo quaisquer irregularidades a serem apuradas, não há motivo para prosseguimento da investigação levada a efeito nestes autos, devendo ser arquivado. 15. Diante das razões acima mencionadas, PROMOVO O ARQUIVAMENTO do presente Inquérito Civil, pelos motivos acima descritos. 16. Outrossim, com fulcro no art. 17 e da Resolução nº 87 do CSMPF, determino a adoção, sucessivamente, das seguintes providências: 1. Oficie-se ao representante, a fim de que tome ciência do presente arquivamento, facultando-lhe apresentar razões escritas e/ou documentos que serão juntados aos autos, nos termos do artigo 9.º da Lei nº 7.347/1985, c.c, o artigo 17, 3.º, da Resolução n. 87 do CSMPF; 2. No prazo de três dias, contado da comprovação da efetiva cientificação pessoal dos interessados, ou de sua impossibilidade, remetam-se à 3ª Câmara de Coordenação e Revisão, a rigor do que dispõe o referido dispositivo, bem como o 1º do art. 9º da Lei n.º 7.347/85, para possibilitar a adoção das providências constantes no artigo 62, inciso IV, da Lei Complementar nº 75/93. De tudo, certifiquese nos autos.

5 87 do CSMPF. 3. Publique-se nos termos do artigo 16, 1.º, I, da Resolução nº Três Lagoas/MS, 30 de janeiro de LUIZ EDUARDO CAMARGO OUTEIRO HERNANDES Procurador da República MPM

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